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6. A interoperabilidade interna no Hospital de Braga e nas suas principais aplicações

6.1. Interoperabilidade

A interoperabilidade é definida por Marcondes e Sayão (2011, in Farinelli, Silva, Almeida, 2013) como a possibilidade do utilizador procurar recursos informacionais heterogéneos, armazenados em diferentes locais de uma rede, utilizando-se uma interface única e sem necessidade de conhecimento sobre como os recursos estão armazenados.

Atualmente, no setor da Saúde, há cada vez mais a necessidade de integrar dados provenientes dos vários sistemas de informação que durante anos constituíram um verdadeiro conjunto de ilhas sem qualquer interoperabilidade entre eles. Tal, leva, entre muitos outros fatores, a uma ineficaz, lenta e fragmentada tomada de decisão. Não se pode considerar um SI eficaz, e de alta qualidade de prestação de cuidados sem que os profissionais de saúde tenham acesso a informação relevante e completa de diagnóstico e terapêutica, para poder tomar decisões informadas.

É importante, por isso, prover os profissionais de saúde com informação adequada, já que esta tem uma importância significativa nas opções tomadas (Maldonado, Robles et al. 2003). Por isso, é colocada ênfase nas vantagens de possuirmos mais informação no momento de tomada de decisão (Berner and Moss 2005) (Detmer 2000).

Assistimos, por outro lado, a uma forte agregação das organizações de saúde que se têm vindo a encaixar numa realidade de prestação de cuidados muito diferente daquela que existia há alguns anos e que está em permanente mutação. Esta tendência é o resultado das pressões dos custos crescentes e competitividade, obrigando os SI existentes a uma forte adaptação (Teich 1998).

Neste contexto, deveremos redesenhar os processos para que os profissionais possuam uma visão abrangente da informação no ponto de prestação de cuidados (Maldonado, Robles et al.2003).

Repensar os SI é uma tarefa inevitável, já que os cuidados partilhados, à luz de umamedicina moderna, podem ser substancialmente melhorados, se existir partilha de informação (Maldonado, Robles et al. 2003). Ou seja, é necessária uma partilha de informação efectiva entre todos os profissionais, de uma forma simples, rápida e eficaz, já que se a informação não for correcta ou completa, não tem utilidade para a tomada de decisão, investigação, estudos estatísticos ou definição de políticas de saúde (Marcos da Silveira 2008).

106 Por isto, a qualidade a informação registada no EHR é de extrema importância (Häyrinen, Saranto et al. 2008).

Existem inúmeras vantagens que a interoperabilidade pode proporcionar, daí ser um tema em enfoque emergente nesta área.

As vantagens da interoperabilidade na saúde passam por:  Melhor qualidade de serviços prestados ao doente;

 Redução de erros médicos e duplicações;

 Redução de custos;

 Reduz custos com investigações de diagnósticos desnecessários;  Maior segurança para os doentes;

 Melhor integração dos processos em saúde;

 Utilização de funcionalidades de valor acrescentado dos diferentes SI;  Redução dos papéis nos processos;

 Aumento da eficiência no trabalho;  Melhor controlo administrativo;  Maior satisfação do doente;

 Melhor colaboração entre instituições de saúde;  Melhor apoio à decisão;

 Gestão clínica e administrativa mais eficaz;  Redução de tempos de espera;

 Prevenção de efeitos adversos;

 Prevenção da realização de MCDT desnecessários;  Melhoria da qualidade de dados;

 Melhoria da partilha e fluxo de dados;  Um melhor acesso aos dados;

 Melhor utilização dos recursos;  Melhor partilha de conhecimento;  Redução de ações canceladas.

No entanto, existem inúmeros desafios na integração dos diferentes sistemas de informação, segundo debatem-se com:

 O acesso à informação é descentralizado em vários sistemas de informação;  As interfaces de integração variam drasticamente de sistema para sistema;

 O número de interfaces do sistema aumenta geometricamente conforme o número de sistemas relacionados aumenta. Portanto, multiplicando a complexidade a uma extensão incontrolável que aumentaria o custo total de integração.

107  Pode estar relacionado com fontes de informação manipuladas pelos sistemas, os quais podem apresentar diferenças sintáticas, estruturais ou semânticas.(Seth (1999) in Farinelli, Silva, Almeida, 2013)) Cruz (2005, in Farinelli, Silva, Almeida, 2013) , defende que a questão sintática diz respeito ao uso de diferentes modelos ou linguagens, a questão estrutural está relacionada a divergências entre as estruturas de dados adotadas por cada sistema, e a questão semântica remete à adoção de interpretações divergentes para a informação partilhada entre os sistemas.

Quando se pretende que dois ou mais Sis colaborem, é preciso que possam interoperar. Isso envolve capacidade de comunicação, de troca de informações, de uso de operações mutuamente, de forma independente das arquiteturas, plataformas e semânticas utilizadas. Os problemas de integração também se revelam noutros níveis que extrapolam o SI e abrangem variáveis contextuais (…) (Farinelli, Silva, Almeida, 2013).

Na área da saúde, existem vários conjuntos de dados, tais como registos médicos do paciente armazenados em bases de dados, imagens médicas, casos clínicos ou conselhos do doutor conservados como originais, e outro vídeo ou imagens. Os sistemas de informação médica, como o HIS (Sistema de Informação Hospitalar), RIS (Sistema de Informação Radiológica), PACS (Sistema de Arquivo e Comunicação de Imagens) entre outros., são utilizados para gerir estes variados dados médicos em hospitais ou departamentos diferentes. Estes sistemas são distribuídos e heterogéneos. Eles estão espalhados por diferentes hospitais e vários departamentos dentro de um hospital. Os dados dentro destes sistemas são de propriedade de diferentes médicos, inspetores, enfermeiros ou pacientes. Eles não podem ser alterados ou lidos por outras pessoas. (Zheng et al., 2008, in Nugawela, 2013)

Isso leva à falta ou contradição de informações no ponto de atendimento. Isto provoca o tratamento insatisfatório dos pacientes devido à tomada de decisão médica desinformada e desfragmentada. (Nugawela, 2013)

Inúmeros sistemas clínicos e administrativos numa organização de saúde devem trabalhar em conjunto de forma plena para um desempenho ideal e eficaz. Mas isso não acontece uma vez que, a maioria dos sistemas provenientes de vários fornecedores não comunicam entre si de forma eficaz. A maioria dos dados de cuidados de saúde, seja em papel ou formato eletrónico, estão presos em várias “ilhas” de dados e em vários produtos de diferentes fornecedores. Como resultado, um paciente pode ter um médico ou sistema de saúde com um EHR avançado, mas se esse paciente necessitar de cuidados noutro lugar, há pouca probabilidade a informação desse sistema avançado estará acessível quando for necessário (Hersh, 2009 in Nugawela(2011)).

108 Todos os dados relacionados aos cuidados de saúde do paciente estão localizados em diferentes hospitais ou diferentes departamentos de um hospital. Cada unidade pode usar diferentes plataformas de hardware e software, os dados médicos também podem estar em vários formatos. Não há apenas um tremendo volume de arquivo de imagem, mas também muita informação médica, como registos médicos, relatórios de diagnóstico e casos com diferentes definições e estruturas no sistema de informação. As heterogeneidades devem ser salvaguardadas e um padrão unificado de acesso padrão deve ser projetado para os utilizadores. (Zheng et al., 2008 in Nugawela, 2013) Há, portanto, uma necessidade de integração de dados nos cuidados de saúde. Mas, muitas dificuldades surgem quando se tenta integrar dados fragmentados.

A integração de informações médicas a partir de vários conjuntos de dados fragmentados exige que cada organização siga padrões de interoperabilidade comumente aceitos. Este é outro desafio enfrentado pelo domínio médico. As tentativas de integração de dados médicos falham principalmente não por incompetência técnica, mas devido a várias outras razões, como a indisponibilidade de políticas e a resistência de médicos para se adaptarem às últimas tecnologias. A relação forte entre a fragmentação dos dados e a falta de padrões de interoperabilidade tem sido relatada em muitas publicações. (Nugawela, 2013)

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6.2. Cooperação entre os diferentes profissionais e especialidades envolvidos/as no