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Na segunda etapa desta pesquisa, os alunos foram convidados a participar de uma intervenção estético-artística. Essa intervenção teve como objetivo envolver os alunos em atividades permeadas pelo elemento sensível. Nesta etapa da pesquisa os estudantes foram convidados a deixar de lado as relações práticas e utilitárias que permeiam as relações humanas na vida cotidiana e a experimentar os fenômenos estéticos, por meio das atividades artísticas.

As atividades envolveram, basicamente, momentos de contemplação/percepção sensível e de criação artística. Lembramos que não tivemos

como objetivo, nessa etapa da pesquisa, ensinar técnicas artísticas ou debater sobre obras de arte. Nesse momento do estudo procuramos dar oportunidade ao aluno envolver-se com o mundo a partir da sua sensibilidade, uma vez que a educação deve ter como compromisso “(...) estimular o sentimento de si mesmo, incentivar esse sentir-se humano de modo integral, numa ocorrência paralela aos processos intelectuais e reflexivos acerca de sua própria condição humana” (DUARTE JR., 2010, p. 175).

Desse modo, durante as intervenções, os alunos foram convidados a experimentarem momentos de contemplação artística, reflexão e expressão artística, com a finalidade de proporcionar ao aluno a vivência estética e a criação como meio de auxiliar no seu desenvolvimento emocional, conforme apresentamos na figura quatro:

FIGURA 4 – FLUXOGRAMA SOBRE OS MOMENTOS PRINCIPAIS DA INTERVENÇÃOESTÉTICO-ARTÍSTICA

Fonte: as autoras (2019).

Desse modo, as intervenções ocorreram durante três semanas. Na primeira semana, a pesquisadora colocou para tocar a melodia Nocturne n. 2 in E- flat major, op n. 9, de Chopin. Esta música foi selecionada por possuir uma melodia calma, o que tornará o ambiente um lugar no qual os alunos podem desligar-se da sua vida cotidiana experimentando o elemento estético contido na melodia. Por último, será disponibilizado aos estudantes diferentes tipos de materiais artísticos-como argila para modelagem, carvão para desenho, giz pastel e de cera, lápis de cor, tintas para que o/a aluno/a elabore uma criação artística a partir do que mais lhe tocou na melodia.

Na segunda semana de intervenção, a pesquisadora apresentou aos alunos as seguintes obras de arte e solicitou que as contemplassem.

Contemplação

artística Reflexão

Expressão artística

FIGURA 5- LA ALEGRÍA DE VIVIR DE DOUGLAS GIRARD

Fonte: larescrituraria.blogspot.com/2015/

FIGURA 6- MULHER CHORANDO DE PABLO PICASSO

FONTE: www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/mulher-chorando-pablo-picasso/

FIGURA 7- QUINTAL DE RICARDO FERRARI

FONTE: aliancapelainfancia.org.br/inspiracoes/curso-de-extensao-busca-contribuir-na-formacao-de-adultos-brincantes/ricardo-ferrari-quintal/

FIGURA 8 - L’ ASCÈTE DE PABLO PICASSO

FONTE: www.artforum.com

FIGURA 9- O GRITO DE EDVARD MUNCH

FONTE: https://followthecolours.com.br/art-attack/edvard-munch/

FIGURA 10- MULHER COM SOMBRINHA DE CLAUDE MONET

FONTE: arteeartistas.com.br

FIGURA 11- LE JARDIM DE VÉTHEUIL DE CLAUDE MONET

FONTE: https://passion-impressionniste.skyrock.com

Essas obras de arte foram selecionadas, pois cada uma traz em sua essência um determinado sentimento, como a raiva, a alegria, o espanto, a tristeza e a tranquilidade. Na sequência, a pesquisadora solicitou a cada estudante que escolhesse a obra que mais tocou os seus sentimentos e expresse o que a obra representa para ele. Por último, foi disponibilizado aquarelas para que os alunos realizem uma criação artística que expresse seus sentimentos.

Na última intervenção, apresentou-se aos estudantes novamente as obras de arte que expressem diversos tipos de sentimentos e emoções. Após a contemplação, a pesquisadora solicitou que eles escolhessem uma obra de arte que represente os seus sentimentos e emoções em relação à escola do ensino regular e digam o porquê da escolha. Por último, solicitou-se aos estudantes que expressassem, por meio da atividade artística, suas emoções e sentimentos em relação à escola. Ao mesmo momento que escutam a melodia “Piano Concert n. 5 in E- flat mayor, Op 73” de Beethoven.

Após a realização das intervenções estético-artística, se realizou a última etapa da pesquisa. Nesse momento os alunos deveriam responder a uma entrevista final com roteiro semiestruturado e ao instrumento “Mapas Afetivos” de Bomfim (2010), adaptado a partir de Almeida (2015). Com isso, seguimos com o tratamento dos dados.

7. 5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados se deu qualitativamente. As entrevistas gravadas e transcritas foram analisadas seguindo a proposta de Aguiar e Ozella (2006, 2013).

Essa proposta tem por objetivo a elaboração de núcleos de significação para a apreensão de sentidos e significados da fala dos participantes.

Os núcleos de significação constituem-se numa ferramenta metodológica, fundamentada na teoria histórico-cultural, para a apreensão de sentidos e significados no discurso do respondente. Neste instrumento, o empírico é o ponto de partida, mas tem-se a clareza que é necessário ir além do que as aparências dos dados apresentam, sendo necessário buscar explicações do processo de constituição do objeto de estudo (AGUIAR; OZELLA, 2006). Nesse sentido, se realizou diversas leituras do material (entrevistas transcritas), com o objetivo de nos aproximarmos e organizar o mesmo.

Após diversas leituras foram destacados os pré-indicadores, isto é, os temas encontrados de modo recorrente no discurso dos participantes do estudo. Com os pré-indicadores destacados, passamos para a fase do processo de sua aglutinação. Neste momento, agrupou-se os pré-indicadores de acordo com sua similaridade, complementaridade e contraposição. Após a compilação dos pré-indicadores e formação dos indicadores, deu-se início ao processo de articulação e nomeação com o objetivo de formar os núcleos de significação (AGUIAR, OZELLA, 2006, 2013;

AGUIAR, SOARES, MACHADO, 2015).

A análise dos dados referente ao Instrumento Mapas Afetivos foi dividida em duas etapas: primeiramente os mapas afetivos foram pré-analisados, codificados e categorizados com base no quadro síntese, com modificações para a escola regular (QUADRO 3), conforme o processo de análise proposto por Bomfim (2010) e Almeida (2015) (itens modificados: identificação do respondente e ambiente).

Cada mapa afetivo foi analisado individualmente e a partir dessa análise identificou-se aspectos como: identificação do estudante, estrutura do desenho;

nessa etapa de categorização será analisado se o desenho obedece a dimensão cognitiva que envolve a teoria de Lynch em seus aspectos relacionados a estrutura e identidade do ambiente ou se expressa em metáfora. Além disso, procuramos identificar o significado do desenho. Na metodologia de análise de Bomfim (2010), o significado do desenho é atribuído pelo próprio participante, isto é, qual a explicação

do respondente sobre o desenho; a qualidade do desenho sobre- o ambiente escolar da escola regular; o sentimento, aqui buscamos identificar qual a expressão afetiva do participante em relação ao desenho e ao ambiente escolar regular; a metáfora, nesse item foi analisada a comparação da escola regular com algo levantado pelo próprio respondente; e, por fim, analisamos qual o sentido do desenho. Na sequência, apresentamos o quadro 3 com a síntese da metodologia de análise de Bomfim (2010).

QUADRO 3 - MAPA AFETIVO – AMBIENTE ESCOLAR

Identificação

N., Sexo; Idade; Escola

Estrutura Mapa cognitivo de Lynch: desenho do ambiente físico do entorno do ambiente da escola regular

Metafórico: desenho que expressa, por analogia, o sentimento ou estado de ânimo do respondente.

Significado

Explicação do respondente sobre o desenho.

Qualidade

Atributos do desenho e do ambiente escolar regular, apontados pelo respondente.

Sentimento Expressão afetiva do sujeito em relação ao desenho do ambiente escolar da classe regular.

Metáfora Comparação do ambiente da escola regular com algo levantado pelo respondente que tem como função a elaboração de metáforas.

Sentido Interpretação dada pelo investigador à articulação de sentidos entre as metáforas do ambiente escolar regular e as outras dimensões atribuídas pelo respondente (qualidade e sentimentos).

FONTE: MODIFICADO A PARTIR DE BOMFIM (2010).

Após esta análise, os mapas afetivos foram categorizados a partir das imagens que aparecerem nas metáforas, com objetivo de identificar as categorias:

pertencimento, agradabilidade, contrastes e insegurança contido em cada mapa afetivo.

Na segunda etapa do instrumento, que se refere a Escala Likert, os dados foram analisados utilizando o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) com o objetivo de identificar a média das respostas relacionadas às categorias: agradabilidade, contrastes, insegurança e pertencimento apontadas pelos participantes.

Os resultados bem como a discussão serão tratados no próximo capítulo.