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4.2 A PSP e o Advento dos Atuais Princípios Reguladores

4.2.1 Intervenção Externa

A lei dos compromissos e pagamentos em atraso é um claro e potencial meio de compressão, a nível de tesouraria pública. No entender de Rocha (2012) algumas organizações “revelam as patologias da despesa pública34”, que foram identificadas

pela “Troika” na 3ª atualização do memorando de entendimento de 15 de Março de 201235, das quais deriva o défice orçamental excessivo e o desequilíbrio financeiro do país.

Com o Memorando de Entendimento36 assinado por Portugal, com vista a concessão financeira, foram definidas as condições gerais da política económica e fixadas as

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Texto-resumo da intervenção sobre a Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso, Universidade do Minho, Rocha (2012).

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Em conformidade com o Regulamento (UE) nº 407/2010 do Conselho, de 11 de Maio de 2010, que cria um Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), em particular do seu Artigo 3º (5), a terceira atualização do Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica (MECPE) descreve as condições gerais de política económica, previstas na Decisão de Execução 2011/344/UE de 17 de Maio de 2011, relativa à concessão de assistência financeira da União Europeia a Portugal, pág. 2.

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Em 8 de Abril de 2011, os Ministros do Eurogrupo e do ECOFIN emitiram uma declaração esclarecendo que o apoio financeiro da UE (mecanismo europeu de estabilização financeira –

european financial stabilisation mechanism — EFSM) e da zona euro (facilidade europeia de

estabilidade financeira - european financial stability facility — EFSF) seria providenciado na base de um programa político apoiado num condicionalismo rigoroso e negociado com as autoridades portuguesas, envolvendo devidamente os principais partidos políticos, pela

ações prévias (prior actions) fixadas no Memorando de Políticas Económicas e Financeiras (Memorandum of Economic and Financial Policies – MEFP), as quais o país teve que cumprir pois delas dependia a decisão do empréstimo, através de avaliações prévias.

Dependentes das avaliações trimestrais da “Troika” para obter os empréstimos necessários para o país e ficando definido que «…Se os objetivos não forem

cumpridos ou for expectável o seu não cumprimento, serão adotadas medidas

adicionais…», as autoridades portuguesas comprometeram‐se a consultar a Comissão

Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto à aceitação de políticas que não estejam em consonância com as medidas preconizadas no memorando. No entanto, mesmo antes da intervenção da “Troika”, o Governo português, já tinha adotado algumas medidas restritivas para o controlo da dívida e para compensar a escassez de liquidez financeira.

Deste modo, os organismos da Administração Pública, em particular, foram confrontados com medidas legislativas que limitavam a execução da despesa, das quais se destacam as normas previstas no Decreto – Lei n.º 29-A/2011, de 11 de Março, que, por exemplo, definia, nos n.ºs 2 e 3 do seu artigo 4.º, com a epígrafe «Regime Duodecimal» os limites para «… autorizar a antecipação de duodécimos….», ou plano trimestral de receita e despesa, que serve de referência à DGO para libertar os fundos, nas condições estabelecidas pelo artigo 5.º do mesmo diploma, ou seja, foi criado um “limite trimestral” do qual dependia a execução da despesa.

Na mesma perspetiva é consagrada a restrição prevista no artigo 6.º do mesmo diploma que estipula as normas de execução orçamental para 2011, isto é, já antes da intervenção da Troika as medidas anteviam um controlo da dívida, por isso, é consagrada a regra dos «Limites de endividamento das entidades públicas incluídas

no perímetro das administrações públicas», que prevê, no seu n.º 2 «…a violação dos limites de endividamento ….(….)…. Tem como consequência a redução equivalente nas verbas que, sob qualquer modo, sejam adstritas àquelas entidades pelo Orçamento do Estado».

Como se constata, mesmo antes da promulgação e aplicação da Lei dos Compromissos, a legislação nacional já continha normas restritivas e sancionatórias Comissão Europeia em conjunto com o BCE e com o FMI. Para além do apoio da União Europeia via EFSM, os empréstimos do EFSF irão também contribuir para a assistência financeira.

(cf. artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 29-A/2011, de 11 de Março), outras normas espelham a preocupação do Estado controlar as despesas públicas, e uma das mais relevantes é aquela que define a obrigatoriedade da «Redução Remuneratória» quer para os trabalhadores com funções públicas quer para a generalidade dos contratos de serviços (artigo 19.º da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro- Lei do Orçamento de Estado para 2011, o artigo 21.º da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro – Lei do Orçamento de Estado para 2012, e artigo 27.º Lei n.º 66-B/2012, de 31 de Dezembro, Orçamento de Estado para 2013), ou ainda a redução ou cessação dos apoios financeiros ou outros concedidos pelo Estado, por exemplo, às fundações.

Na prática, o cumprimento destas normas veio gerar grandes constrangimentos financeiros quer pela exigência burocrática (que faz depender qualquer contrato de aquisição de serviços à prévia autorização do membro do Governo da área de finanças, o famoso pedido de parecer prévio vinculativo (“PPPV”37), que precede

qualquer decisão ou autorização de despesa) quer, como já foi dito anteriormente, pelos limites para a libertação de fundos ou para os ajustamentos orçamentais ligados à gestão flexível).

Considerando a generalização da dívida pública e as metas orçamentais de redução da despesa, verificou-se que as políticas adotadas provocaram graves constrangimentos financeiros que se refletiram na procura de provisão por parte dos organismos públicos, gerando uma contração no mercado, não menos importante, foi a preocupação de estabelecer critérios orientados para a fixação de prazos de regularização dos pagamentos aos fornecedores38 do setor público administrativo e empresarial.

Neste sentido o governo nos termos do artigo 208.º, n.º 7, da lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro, consagra as regras de divulgação da lista das entidades com das dívidas em atraso a fornecedores 39.Neste agrupamento, fica a cargo da Inspeção Geral de Finanças o acompanhamento e controlo da observância destes preceitos, através do Sistema de Informação e Gestão Orçamental (SIGO).

37

Consultar Portaria n.º 16/2013 de 17 de Janeiro.

38

Consultar Combater os atrasos nos pagamentos para evitar a falência de empresas. http://europa.eu/rapid/press-release_IP-12-1071_pt.htm

39

Publica o Governo de Portugal, Ministério da Finanças, Inspeção Geral das Finanças a lista de dívidas a fornecedores, consultar http://www.igf.min-financas.pt/deveres-de-comuni cacao/pagamentos-a-fornecedores-do-spa-see-e-sel1.aspx

4.2.2 Ciclo de despesa anteriormente adotado na Policia