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2.3 Objetivos da LCPA

2.3.1 Princípios Básicos Para a Realização de Despesas

A observância dos princípios e regras orçamentais, contabilísticas e financeiras, que permita acompanhar e desenvolver métodos de trabalho proactivos, através do acompanhamento da execução da despesa e de modo a que a “Lei dos Compromissos e pagamentos em atraso” se cumpra e desempenhe a natureza preventiva e reguladora para a qual foi criada e de modo atingir o seu principal desiderato, que é o de, travar a dívida pública15 desta forma;

Sabendo-se que a LCPA, está especialmente vocacionada para a execução da despesa e que tem particular incidência nos compromissos e pagamentos em atraso, não podemos escamotear os demais requisitos previstos por lei, que antecedem esta fase do processo despesa.

Ou seja, é essencial que assegure os formalismos legais para a realização da despesa, nos termos previstos no artigo 22º do Decreto-Lei n.º 155/92 de 28 de Julho, que estipula a necessidade de verificação dos seguintes requisitos:

― Conformidade legal ― Regularidade financeira

― Economia, eficiência e eficácia

Portanto, quando se fala em despesa considerando que esta é a componente sobre o qual incide a temática, tem de estar bem presente os restantes normativos legais que constituem toda a estrutura jurídica que regula o sistema financeiro português, deste modo, só conjugando os vários preceitos legais, se irá conseguir, perceber amplitude que a “Lei dos Compromissos” veio dar à infraestrutura jurídica nacional.

15

Ver página n.º 228 (1) do Manual do SEC 95 sobre o défice e a dívida das administrações públicas, Junho de 2002, Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2002, ISBN 92-894-3235-7, (Acedido em Agosto de 2013). “A definição de “dívida pública”, constante do Protocolo sobre o procedimento relativo aos défices excessivos e do Regulamento (CE) n° 3605/93, deve ser reformulada, por meio de uma referência aos códigos da nomenclatura do SEC 95; no caso dos produtos financeiros derivados, tal como definidos no SEC 95, não existe um valor nominal idêntico ao dos outros instrumentos de dívida; por este facto, os produtos financeiros derivados não devem ser incluídos nas responsabilidades constitutivas da dívida pública, para efeitos do Protocolo sobre o procedimento relativo aos défices excessivos; além disso, no que diz respeito às responsabilidades que tenham sido objeto de acordos de fixação da taxa de câmbio, é conveniente ter em conta esta taxa na conversão em moeda nacional.

Este dispositivo legal foi gerado ao abrigo das competências exclusivas da Assembleia da República, ou seja, no âmbito da competência política e legislativa consagrada pelo artigo 161.º da Constituição da República Portuguesa, que dota aquele órgão de soberania de vários poderes entre os quais o de «… fazer leis sobre todas as matérias…», daí o alcance desta LCPA.

A sua abrangência é de tal modo relevante que o seu articulado vem complementar a Lei do Enquadramento Orçamental (LEO)16 .

Continuamente, veio objetivar a norma prevista no artigo 2.º da LEO, dando-lhe uma extensão aplicacional, por outro lado, as definições previstas no artigo 3.º introduzem uma clarificação de conceitos, distinguindo o compromisso (anual e plurianual) do passivo, pois apesar de ambos constituírem obrigações, o primeiro só existe «

quando é executada uma ação formal pela entidade, …», enquanto o segundo

caracteriza-se por ser uma obrigação presente para a entidade que implica «… dever

ou responsabilidade para agir ou executar de certa maneira e pode ser legalmente imposta…», especifica um o que é uma «conta a pagar» e quando a mesma se

transforma em «pagamento em atraso», isto é, explica que os passivos a líquidos e exigíveis passam a constituir pagamentos em atraso, quando, decorridos mais de 90 dias posteriormente à data de vencimento acordada ou especificada na fatura, contrato ou documentos equivalentes, não são pagos.

Outro preceito que este diploma estabelece e consubstancia para o controlo sistemático da execução da despesa é que na atual conjuntura desempenha um papel preponderante para não se excederem os limites de liquidez de tesouraria, está subjacente na definição dos «fundos disponíveis» e traduz a preocupação do legislador especificar às entidades públicas os elementos que, efetivamente constituem as verbas disponíveis para a assunção de compromissos e que poderão ser aplicadas para suportar as despesas de curto prazo.

Como se constata, esta norma vem dar maior consistência aos princípios e regras orçamentais, especialmente, o do «equilíbrio» e da «sustentabilidade» na definição dos limites de que está assente no princípio de equilíbrio orçamental.

16

Lei n.º 91/2001, de 20 de Agosto, alterada pela sétima vez pela Lei n.º 37/2013 de 14 de Junho, que transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2011/85/UE, do Conselho, de 8 de Novembro, que estabelece requisitos aplicáveis aos quadros orçamentais dos Estados membros.

Deste modo, o diploma que anualmente estabelece as normas de execução orçamental, prevê que a determinação dos fundos deve resultar de condições concretas designadamente, à situação específica de cada um dos programas orçamentais e o grau de autonomia das entidades que o integram, de modo a garantir que são cumpridas as metas orçamentais em cada ano económico.

Assim, o artigo 6.º “Determinação de fundos disponíveis” e 7.º “Alterações

orçamentais” do Decreto-Lei n.º 36/2013, de 11 de Março refletem o quão importante é

o grau de autonomia financeira dos serviços para a Administração dos Recursos Públicos, por isso, no âmbito da gestão flexível, há uma maior instância interventiva e maior celeridade processual para efetuar alterações orçamentais quando, por exemplo, as mesmas configurem:

1. O reforço das dotações sujeita a cativos por conta de abertura de créditos especiais;

2. O aumento da despesa seja compensado pela cobrança de receita própria ou consignada, superior ao inicialmente previsto.

Ou seja, quando a contrapartida para a despesa derive da cobrança efetiva de receitas próprias.