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Intervenção Quadro Europeu Comum de Referência face ao ensino do PLE

CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.2. ANÁLISE DA ESTRATÉGIA DA POLÍTICA LINGUÍSTICA

2.2.5. Intervenção Quadro Europeu Comum de Referência face ao ensino do PLE

Por breves palavras, importa compreender do que se trata especificamente este Quadro de Referência. É uma obra elaborada no âmbito do Projeto “Aprendizagem das Línguas e Cidadania Europeia” desenvolvido pelo Conselho Europeu, que visa sobretudo proporcionar um enquadramento coerente e transparente como um instrumento linguístico essencial para a

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harmonização do ensino/ aprendizagem, das línguas vivas na Europa. Em suma, a principal finalidade assenta numa Política Linguística para uma Europa Multilingue e Multicultural.

No domínio linguístico a abordagem de competência que se traduz na adesão do Quadro Europeu Comum de Referência (doravante designado por QECR), destinado a pôr em prática uma ferramenta comum, para todos os países europeus, sobre os métodos do ensino- aprendizagem de línguas para que todas as classes de pessoas, disponham de meios para adquirir um conhecimento das outras línguas europeias.

Basicamente foram delineados certos objetivos no QECR que serão apresentados de forma resumida:

 Fazer face a situações do quotidiano em outro país e ajudar os estrangeiros a permanecer, isto é, cujo valores se fundamentam na mobilidade e a cooperação;

 Melhorar a compreensão recíproca entre os cidadãos europeus, isto é tolerância;  Favorizar o plurilinguismo como um processo a desenvolver ao longo da vida por cada individuo;

 Evitar a marginalização daqueles que não possuem capacidades de comunicar noutra língua a não ser a sua própria;

 Promover a diversidade linguística e cultural;

 Desenvolver habilidades gerais do aluno e o know-how necessárias à aquisição de qualquer outro idioma, no intuito de melhorar a perceção dos objetivos;

Reforçando a motivação e facilitar a aquisição do conhecimento havendo uma

grande coerência e transparência do domínio da aprendizagem de línguas, entre as línguas e entre os Estados membros.

Fonte: Edições Asa de 2001 – QECR para as Línguas – Aprendizagem, ensino, avaliação

Para além disso, numa aula de língua estrangeira, deve haver a preocupação de privilegiar o desenvolvimento de competências de várias ordens, desde as mais gerais, que pretendem desenvolver no aprendente o saber, o saber-fazer, o saber-estar, saber-ser e o saber-aprender, no momento da realização de uma dada tarefa, até às mais específicas, de que se destaca a competência comunicativa, que compreende as componentes pragmática, sociolinguística e linguística. (QECR, 2001:31-35). É a esta última competência que são

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associados os conhecimentos fonológicos, sintáticos, sistemáticos e lexicais de uma língua que iremos abordar mais a frente neste tópico.

Deste modo, o QECR reforça a motivação e simplifica para os empregadores um reconhecimento das competências que cada indivíduo possui, sem atender à situação económica e seu estatuto na sociedade.

Outro objetivo do QECR, trata-se de organizar uma certificação definindo os termos específicos, com critérios, apreciações, que devem permitir uma maior transparência de resultados. Além de visar uma formulação de itens de avaliação de forma positiva e de colocar em prática uma aprendizagem da consciência das suas competências, dirigida aos aprendentes fixando objetivos realistas, pode-se escolher o seu material de aprendizagem e treinar sua autoavaliação.

No âmbito da aplicação das TIC na aquisição das competências linguísticas, o instrumento QECR refere a sua importância no processo de ensino-aprendizagem como indica o seguinte excerto:

“Fizessem o necessário para conseguir pôr em prática um sistema europeu eficaz de troca de informação, englobando todos os aspectos da aprendizagem e ensino das línguas vivas e de pesquisa neste domínio e fazendo uso pleno das novas tecnologias da informação.”

Fonte: QECR para as Línguas – Aprendizagem, ensino, avaliação: Pág 21

Nesse sentido, a Comissão Europeia identificou problemas na cidadania europeia tais como: xenofobia e manifestações ultra-nacionalistas sendo um impedimento na integração e mobilidade europeia. Com vista a combater essa problemática sublinhou-se que as “…estratégias para diversificar e intensificar a aprendizagem de línguas, de modo a promover o plurilinguismo num contexto pan-europeu”, (QECR,2001:23) e evocou-se a atenção para a importância do desenvolvimento de mais laços educativos e de intercâmbio e

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da exploração do enorme potencial das novas tecnologias da informação e da

comunicação”.

Em suma, o QECR apenas encoraja os aprendentes de línguas estrangeiras na utilização das novas tecnologias que incluem pesquisa em página da Web e acesso a Base de Dados, entre outras ferramentas de multimédia referenciados:

 Capacidade para utilizar as novas tecnologias, procurando informação nas

bases de dados, nos hipertextos, etc.)

 Utilizar novas tecnologias (multimédia, CD-ROM, etc.)

Efetivamente, esta ideologia encara mais uma vez o cuidado em utilizar às TIC como uma ferramenta auxiliar e, jamais como meio exclusivo de ensino de uma LE, sendo claramente visível a possibilidade de afetação dos aspetos da aprendizagem e ensino das línguas vivas.

Para Maurais (1987:499) a noção de igualdade dentro da comunicação, não se limita absolutamente ao reconhecimento voluntário da importância, entre as diferentes línguas utilizadas pelas comunidades vizinhas, mesmo se um estrangeiro considere que essa língua seja muito diferente dum ponto vista linguístico. Afirma também que as línguas europeias são suficientemente parecidas umas com as outras, quanto ao discurso e do ponto de vista linguístico.

Em síntese, o papel primordial da atuação prevista pelo QECR é essencial, apesar das línguas europeias serem consideradas com a mesma importância, estas serão sempre diferentes, fundamentalmente deve ser respeitado as fronteiras entre as normas linguísticas de forma a ser mantidas, estabelecidas ou invertidas por um conjunto de interações complexos, implicando conjunturas e necessidades sociais, económicas e politicas contando com recursos didáticos das TIC.

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