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Investigação em contexto pandémico

4. Práticas de saúde e bem-estar: Caracterização do inquérito e apresentação dos

4.1. Investigação em contexto pandémico

4. Práticas de saúde e bem-estar: Caracterização do inquérito e apresentação dos resultados

4.1. Investigação em contexto pandémico

Decorria o ano de 2020 quando o mundo é confrontado com a notícia da existência de um vírus que posteriormente acabaria por se tornar pandémico. COVID-19 é uma doença respiratória aguda causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2)126.

Foi identificado pela primeira vez em Wuhan, na província de Hubei, na República Popular da China, a 1 de dezembro de 2019, tendo em conta que o primeiro caso confirmado foi a 31 de dezembro do mesmo ano. Pressupõe-se que o primeiro caso seja de origem zoonótica, devido ao facto de que os primeiros casos confirmados tenham

123 http://medicinapreventiva.pt/index.php/a-nossa-historia .

124 http://medicinapreventiva.pt/index.php/quem-somos .

125 Ibidem

126 https://www.rtp.pt/noticias/mundo/coronavirus-o-que-e-e-como-comecou_i1203294 .

52 ligações ao Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, que vendia animais vivos127.

A 11 de Março de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou o estado de pandemia128.

Infelizmente, Portugal não fica alheio a este quadro temível e a 2 de março de 2020, surgem os primeiros de muitos milhares casos que se seguiram129.

No âmbito deste cenário, o país passa por algumas transformações a diversos níveis, económico, social, político e inclusive religioso.

Entre inúmeros Estados de Emergência, Estados de Calamidade e Confinamentos, Portugal fecha tanto as portas ao exterior como no seu interior. Medidas tomadas pelo Estado português para que se torne sustentável e eficaz a irradicação do vírus em terras lusas. Ruas desertas, comércio fechado, ensino à distância e teletrabalho, são algumas de muitas restrições implementadas130.

Foram necessárias adaptações, novas aprendizagens porque a distância humana fez-se sentir de forma intensa e singular.

Uma definição muito singela do que é a antropologia, diríamos que é a ciência social que estuda os hábitos, as crenças, os costumes e cultura material de uma determinada sociedade: “O antropólogo é aquele que olha, ouve e escreve”131. Estes são as três ações estratégicas do métier de um antropólogo. Diante de exemplos concretos fornecidos pela etnografia, pretende-se mostrar como cada uma destas três ações pode ser muito eficaz no trabalho antropológico se forem analisados pelo exercício da reflexão epistemológica. É o olhar e o ouvir que permite chegar à função básica na pesquisa empírica e a escrita acaba por ser o culminar de todo o trabalho, é a interpretação do antropólogo face à realidade observada. O antropólogo articula a pesquisa empírica com a interpretação dos resultados que obteve132.

Todavia, nem sempre o trabalho empírico que se deseja executar é exequível ao antropólogo por diversos motivos. Presentemente, e dado ao facto de estarmos a Antropologia. Vol. 39, No. 1 1996, p. 13-37.

132 Ibidem p. 13-37.

53 atravessar por uma realidade invulgar devido à pandemia, qualquer trabalho etnográfico esteve impossibilitado.

Para a realização deste trabalho foram feitas adaptações tendo em conta que ficámos impossibilitados do olhar e do ouvir de forma literal praticamente em quase todo este processo. Desta forma, e porque a observação participante teve de ser praticamente excluída dos planos iniciais, cingimos a nossa busca de informação à aplicação de questionários, para alcançar os objetivos que nos propusemos no início deste estudo.

Inicialmente os questionários foram elaborados para serem aplicados face a face.

No entanto, com as igrejas fechadas os questionários acabaram por chegar às pessoas via eletrónica (Whatsapp /e-mail).

Para tal, obtivemos a colaboração dos ministros de culto das igrejas com as quais nos propusemos trabalhar. Cada igreja tinha acesso ao link do formulário que permitia o acesso a cada membro, para responder e submeter.

Não tivemos acesso aos contactos pessoais, devido ao RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados). Como tal, restava exercer alguma influência sobre os ministros de culto, para que recordassem aos membros a importância da sua participação no estudo. Os pastores das comunidades nem sempre estavam disponíveis para colaborarem. As respostas vinham a conta-gotas e a preocupação e frustração aumentavam a cada dia que passava.

Como tivemos particularmente dificuldade em obter respostas da igreja imigrante, acrescentamos uma outra igreja que tinha os mesmos parâmetros, isto é, a comunidade acrescida era constituída por membros imigrantes. Para além disso, conseguimos obter alguns contactos telefónicos de membros dessas quatro igrejas (duas igrejas imigrantes, uma de nativos em Lisboa e uma de nativos do interior do país) e, solicitámos-lhes que disseminassem a participação no estudo e o respetivo link a quem tinham contacto próximo. Ainda assim, o resultado não foi tão próspero quanto o desejado, contudo, as respostas dadas poderão de algum modo clarificar o assunto em questão.

Havia também a intenção de fazer trabalho de campo, observação participante no dia-a-dia em casa dos ministros de culto. Tal não foi possível porque nos encontrávamo-nos em período prolongado de confinamento.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia acatou todas as diretivas do Estado quanto ao fecho dos espaços de culto. No pouco período de tempo em que se encontraram abertas as portas das igrejas, foram aplicadas as normas da DGS (Direção Geral de Saúde). Aos sábados (dia de culto e adoração), a igreja acedia a um número limitado de membros. O

54 uso da máscara obrigatório, os bancos eram marcados, temperatura medida à porta da igreja, higienização das mãos, a limpeza antes e depois dos serviços religiosos133. Este foi o contexto do único trabalho de campo que nos foi possível nos três sábados em que nos foi facultada a presença nas igrejas.

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