• Nenhum resultado encontrado

A investigação pode desempenhar um papel extremamente útil para controlar o desenvolvimento da educação pré-escolar Estudos

fundamentais, abrangendo todos os aspectos da primeira infância, fornecem elementos essenciais para a concretização dos objectivos e dos métodos de

trabalho da educação pré-escolar. Para que esta se possa adaptar às exigências duma sociedade em mudança, é necessário conhecer bem as condições de vida das crianças e as necessidades em matéria de equipamentos pré-escolares. Os estados membros deveriam ver esta investigação como uma parte integrante da planificação da educação pré-escolar.

(Conselho da Europa, 1979: 235-238).

O primeiro projecto "educação pré-escolar" do Conselho da Europa fez ressoar pela Europa fora, em 1979, que os Estados Membros tomassem as medidas necessárias para que:

● todas as crianças possam aceder à educação pré-escolar gratuita pelo menos dois anos antes da entrada na escolaridade obrigatória;

● a experiência da educação pré-escolar seja pacífica para a criança pela percepção da cooperação entre a casa e a comunidade, os pais e os educadores;

● educação pré-escolar constitua uma etapa do processo contínuo que é o desenvolvimento da criança, devendo os conhecimentos e as aptidões nela adquiridos ser consolidados na escola primária;

● educação pré-escolar e a escola primária devam estar na tutela do Ministério da Educação;

● educação pré-escolar e a escola primária devam estar agrupadas no mesmo edifício;

● os educadores de infância e os professores do ensino primário devam ter uma formação comum;

● a investigação neste domínio seja a mais importante forma de controlar o desenvolvimento da educação pré-escolar.

Em 1979, declarado Ano Internacional da Criança pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o Conselho de Cooperação Cultural do Conselho da Europa promoveu a conferência internacional intitulada “Do nascimento até aos 8 anos de idade: a criança na sociedade europeia dos anos 80” e publicou o livro Les grandes priorités de l'éducation préscolaire, para dar a conhecer as conclusões do projecto "educação pré-escolar", que terá seguimento em 1981, em Lisboa, na 12ª sessão da Conferência Permanente dos Ministros Europeus da Educação do Conselho da Europa.

Em 1981, a 3 e 4 de Junho de 1981, em Lisboa, a 12ª sessão da Conferência Permanente dos Ministros Europeus da Educação do Conselho da Europa, subordinada ao tema “Statement on Education of the three to eight years-old”

/”Déclaration sur l'éducation des enfants de trois à huit ans”/”Declaração sobre a educação das crianças dos três aos oito anos”, identifica alguns objectivos a ser alcançados pelos Estados-membros neste nível de educação. Devido à acuidade do tema abordado nesta conferência para esta investigação, achamos pertinente transcrevê-la na íntegra.

1. O valor da educação pré-escolar

1.1. O período dos 3 aos 8 anos é decisivo no desenvolvimento de todas as crianças. É a fase mais activa do seu acordar para o seu mundo e para a sua

cultura. É um estádio de rápida aprendizagem social e relacionamento. É também geralmente o período em que as crianças adquirem as capacidades básicas da comunicação linguística e cálculo que são essenciais para levar uma existência normal e frutuosa na sociedade moderna. A igualdade de oportunidades e as possibilidades de expressão, de autodeterminação e o desempenho de um papel importante na sociedade dependem muito da educação – no sentido mais abrangente do termo – recebida na primeira infância. É, assim, o dever dos pais e da sociedade como um todo assegurar tal educação na escola e fora dela com um cuidado extremo. 1.2. Os estabelecimentos pré-escolares têm um papel indiscutível no desenvolvimento harmonioso das crianças, além de prestarem um serviço importante à sociedade com a função de guarda das crianças cujos pais trabalham fora de casa. Sem retirar aos pais o papel que têm na educação das crianças, os estabelecimentos pré-escolares proporcionam a oportunidade única destas se encontrarem e aprenderem umas com as outras e com outros adultos, adquirirem novas experiências sociais e culturais que as preparam para a escolaridade futura e para o seu desenvolvimento físico, mental e afectivo. Em muitos casos a pré-escola pode ainda proporcionar alguma integração às crianças com incapacidades físicas ou culturais. E permitir aos filhos de emigrantes a familiarização com as condições sociais e culturais do país que os acolhe antes da escolaridade obrigatória. 1.3. Na maioria das nossas sociedades modernas temos vindo a criar condições físicas e sociais (pequenas famílias nucleares, ou famílias monoparentais, e casas isoladas no meio urbano, células parentais restritas, rodeadas de carros e de outros perigos físicos) nas quais a criança cresce sem o estímulo dos contactos exteriores disponíveis nas instituições pré-escolares podendo sofrer de graves privações sociais e intelectuais. Nestas circunstâncias é essencial que os estabelecimentos pré- escolares tenham as condições adequadas e se desenvolvam o mais rapidamente possível de modo a estarem disponíveis para todas as crianças. 1.4. A educação pré-escolar, por razões sociais e educacionais, desenvolveu-se de tal forma (independentemente de como está organizada) que se tornou um dado adquirido para os pais das crianças com idade inferior à escolaridade obrigatória. Com este desenvolvimento, a política de educação em relação ao sector pré- escolar precisa de ser revista em conjunto com os primeiros anos de escolaridade primária e todos os outros aspectos de política que afectam (directa ou indirectamente) as crianças pequenas e suas famílias. 1.5. Por estas razões é apropriado à luz das várias experiências europeias que esta conferência examine o papel específico da educação pré-escolar e a sua interacção

com a educação escolar obrigatória. Esta difere evidentemente de país para país, de acordo com a natureza e extensão da provisão pré-escolar e com a idade de início da escolaridade obrigatória. Considerações sobre os diferentes sistemas podem demonstrar os riscos e as oportunidades relevantes para todos. Os princípios gerais de uma boa educação para este grupo etário foram identificados por pesquisas e incorporados em relatórios políticos; contudo, as soluções encontradas na prática nem sempre estão relacionadas com estes princípios e políticas.