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INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE SUPERFÍCIE

No documento manual-de-projetos (páginas 191-195)

1. CONCEITO

A investigação geotécnica de superfície consiste em uma avaliação preliminar das características geológicas e geotécnicas do terreno tendo em vista sua utilização para o empreendimento habitacional. Compreende o mapeamento geotécnico de superfície, onde se sintetizam as informações geológicas e geotécnicas secundárias e as obtidas em vistoria de campo, e a compartimentação geotécnica do terreno, onde se caracterizam, de forma preliminar, as unidades do terreno que apresentam comportamento geotécnico homogêneo.

Este mapeamento tem por objetivo o estabelecimento do plano de investigações de reconhecimento do subsolo e a definição da necessidade do parecer geotécnico para apoio à elaboração do projeto em suas fases iniciais (programa e estudos preliminares).

2. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

2.1. Insumos

Plantas topográficas do terreno.

3. PARÂMETROS E DIRETRIZES TÉCNICAS

3.1. O mapeamento geotécnico de superfície consiste na elaboração de um mapa do terreno que sintetiza as informações geológicas e geotécnicas secundárias (obtidas da análise de cartas planialtimétricas, fotos aéreas, cartas geológicas, cartas geomorfológicas, cartas geotécnicas, resultados de sondagens em terrenos próximos e semelhantes etc.) e as informações obtidas do levantamento geotécnico de superfície, realizado através de vistorias de campo. No mapeamento geotécnico de superfície, deve-se identificar e localizar em planta (mapa geotécnico de superfície) todos os elementos geológicos e geotécnicos relevantes para o empreendimento habitacional, tais como:

• geologia local;

• declividade do terreno; • vegetação;

• material presente em superfície (camada vegetal, solo residual, solo sedimentar, matacão, afloramento de rocha etc.);

• perfis típicos de intemperismo (seqüência de estratos e suas espessuras), quando passível de observação em superfície (em cortes e taludes, ravinas erosivas, margens de córregos etc.);

• intervenções realizadas anteriormente, como cortes em encostas, remoção de vegetação, depósito de lixo ou entulho, aterro, mineração etc.;

• feições de instabilidade de taludes, tais como cicatrizes de escorregamentos, depósitos de materiais movimentados, trincas no solo, trincas e deformações em muros ou em outras construções, blocos de rocha instáveis etc.;

• ravinas erosivas;

• nascentes e pontos de surgência de água;

• linhas de drenagem naturais, permanentes e intermitentes;

• pontos de lançamento de sistemas de drenagem de águas pluviais ou de esgotos;

• terrenos alagadiços ou inundáveis;

• interferências como linhas de transmissão, estruturas enterradas, córregos canalizados etc.

3.2. A compartimentação geotécnica consiste na identificação das zonas do terreno (unidades geotécnicas) que apresentam, potencialmente, comportamento geotécnico homogêneo quando submetidas às intervenções típicas do empreendimento habitacional, como escavações, cortes em encostas, aterros e fundações de edifícios. A partir das informações sintetizadas no mapa geotécnico de superfície (item 3.1), devem ser identificadas, caracterizadas e delimitadas no mapa as unidades que apresentam características similares em relação aos seguintes aspectos:

• declividade do terreno, classificada de acordo com as classes definidas na tabela 1;

Tabela 1: Classes de declividade

Classe Declividade

Classe 1 menor do que 15% Classe 2 maior ou igual a 15%

• necessidade de preservação (áreas de nascentes, de matas a serem preservadas etc.);

• presença, em superfície, de solos moles, blocos de rocha ou matacões, afloramentos rochosos etc., caracterizando possíveis dificuldades para execução de escavações;

• presença potencial de solos moles compressíveis, caracterizando possíveis problemas para fundações de aterros e de edificações;

• riscos de instabilização de taludes e encostas (escorregamentos, queda de blocos, avalanches etc.) e de desenvolvimento de processos erosivos de grande porte (ravinas, boçorocas etc.);

• riscos de inundação;

• potencialidade da área como jazida (área de empréstimo) para obtenção de material de construção para aterros (tipos de materiais presentes, volumes, distâncias de transporte etc.);

• existência de intervenções anteriores passíveis de gerar problemas para a implantação do empreendimento habitacional, como escavações para obtenção de material de construção (áreas de empréstimo, áreas de mineração etc.), aterros, depósitos de resíduos (entulho, lixo, resíduos industriais etc.), presença de gás, maciços carstificados, entre outras;

• outras feições que representem interferências sobre o terreno, mesmo que externas ao seu perímetro.

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3.3. O plano de investigações de reconhecimento do subsolo define as investigações necessárias para a caracterização geotécnica das camadas do perfil de solo visando subsidiar a elaboração do projeto em suas fases iniciais (programa e estudos preliminares). Este documento define, para cada unidade delimitada na compartimentação geotécnica do terreno (item 3.2), os tipos de investigação a serem utilizados, quantidades, localização em planta e profundidades de investigação. Normalmente, os tipos de investigação a serem utilizados são as sondagens a trado e as sondagens a percussão SPT. Podem ser previstas em casos especiais, desde que devidamente justificadas, investigações complementares como sondagens mistas, investigações geofísicas, ensaios especiais de campo ou ensaios de laboratório. 3.4. A compartimentação geotécnica permite também identificar os terrenos com elevado nível de complexidade geológica ou geotécnica. Para esses terrenos, deve ser indicada a necessidade de elaboração do parecer geotécnico para apoio ao desenvolvimento das fases iniciais do projeto (programa e estudos preliminares). São considerados terrenos de elevada complexidade geológico ou geotécnica aqueles que apresentam uma ou mais das seguintes características:

• mais do que 30% da área total do terreno envolvendo classe 2 de declividade, de acordo com a tabela 1;

• mais do que 30% da área total do terreno apresentando, potencialmente, solos moles de elevada compressibilidade;

• mais do que 30% do terreno apresentando afloramentos de rocha ou matacões em superfície;

• mais do que 30% do terreno apresentando evidências de intervenções anteriores potencialmente problemáticas como cortes, aterros, depósitos de resíduos ou atividades de mineração;

• presença de zonas com risco de escorregamentos, erosão de grande porte ou inundação;

4. PRODUTOS

4.1. Relatório da investigação geotécnica de superfície

O responsável pela investigação geotécnica de superfície deverá emitir relatório final (original e mais três vias) contendo, obrigatoriamente e no mínimo, os seguintes elementos:

• mapa geotécnico de superfície apresentando a compartimentação geotécnica do terreno, lançado sobre cópia da planta topográfica e acompanhado de texto explicativo sintetizando as características geotécnicas mais relevantes de cada unidade tendo em vista a implantação do empreendimento habitacional;

• plano de investigação de reconhecimento do subsolo, apresentado em planta topográfica do terreno acompanhada de texto explicativo, contendo a definição dos tipos de sondagens e eventuais ensaios e investigações especiais a serem realizados, a locação em planta dos pontos ou planos de investigação e as profundidades de investigação;

• indicação da necessidade do parecer geotécnico para apoio ao desenvolvimento do programa de projeto e estudos preliminares, apresentada em texto explicativo contendo análises e justificativas a respeito da complexidade geológica ou geotécnica do terreno.

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