Capítulo 4 – Investimento estrangeiro e Benefícios fiscais
4.1. Investimento direto
4.1.1. Conceito Investimento Direto Estrangeiro (IDE)
O Investimento direto corresponde à existência de um controlo significativo e correspondente influência sobre uma empresa, em que habitualmente se traduz numa relação duradoura. O grau de influência é o elemento diferenciador para se considerar investimento direto, em que a relação far-se-á pela participação no capital, com poder de voto. (Banco de Portugal, 2015)
O IDE assume grande relevância para as instituições europeias, já que o conceito está legislado e preocupa-se em grande medida com a exatidão da informação recolhida.
O Regulamento (CE) nº184/2005 (Parlamento Europeu e do Conselho, 2005) define IDE como:
“O investimento directo estrangeiro é a categoria de investimento internacional que reflecte o objectivo de uma entidade residente numa economia (investidor directo) obter um interesse duradouro numa empresa residente numa economia diferente da do investidor (empresa de investimento directo). «Interesse duradouro» implica a existência de uma relação de longo prazo entre o investidor directo e a empresa e um grau significativo de influência por parte do investidor na gestão da empresa de investimento directo. O investimento directo abrange a transacção inicial entre as duas entidades — ou seja, a transacção que estabelece a relação de investimento directo — e todas as transacções subsequentes entre ambas e entre empresas filiais, estejam ou não constituídas em sociedade.” (p.31)
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não residente nesse país, que detém “pelo menos 10% do capital social da empresa de investimento directo residente” (Banco de Portugal, 1996b, p. 23), tendo sido revogada a presente norma em 2010.
O Regulamento (CE) nº184/2005 (Parlamento Europeu e do Conselho, 2005) define ainda algumas questões importantes no apuramento dos dados. A nível nacional a legislação em vigor atribui a compilação da balança de pagamentos e posição de investimento internacional (indicadores IDE) ao Banco de Portugal. Para que exista a menor probabilidade de erro possível, dado que os países baseiam algumas das suas políticas nestes indicadores, foi regulada pela Comissão esta temática, no citado regulamento. O IDE é um importante fator na tomada de decisão das políticas económicas.
A crise económica de 2008 e o resgate financeiro a que Portugal esteve sujeito, reforçou e melhorou as regras em relação ao IDE a nível europeu e nacional, na recolha dos dados, dada a importância destes indicadores macroeconómicos na tomada de decisão dos governos (Banco de Portugal, 2015).
Pode-se mencionar ainda o investimento em dois sentidos, o investimento feito por não residentes num dado país (inward) e o investimento feito por residentes num país estrangeiro (outward). Aqui focar-se-á no investimento feito por não residentes nos países analisados.
4.1.2. Modalidades Investimento Direto Estrangeiro (IDE)
O IDE inclui as seguintes modalidades:
Aquisição/alienação de ações das empresas investidoras não residentes; Constituição de novas empresas;
Aquisição/alienação total ou parcial de empresas residentes já constituídas; Aumentos de capital;
Lucros reinvestidos;
Prestações suplementares de capital;
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Empréstimos concedidos às empresas investidoras (Banco de Portugal, 1996a)26.
Excluem-se operações financeiras como a dívida entre bancos, transações sobre moedas investimentos em fundos de investimento, derivados financeiros e as opções sobre ações (Banco de Portugal, 2015).
Segundo Easson, na sua obra Taxation of Foreign Direct Investment, as modalidades mais frequentes de IDE são a aquisição de uma empresa já existente, criação de uma nova empresa e o investimento adicional ou reinvestimento num projeto já em curso (citado por Cunha, 2006).
O IDE pode ser ainda encarado numa outra perspetiva (Easson, 2004), a de mercado ou de exportação. Esta distinção relaciona-se com o tipo de objetivos que os investidores perseguem. Os investidores quando têm por objetivo o acesso ao mercado do país recetor entende-se como uma perspetiva de mercado. Na perspetiva da exportação, os investidores fixam-se no país em questão pelas regalias que podem daí obter, por uma questão de eficiência produtiva. Num mercado comum, estes dois fatores são compatíveis, ao que acresce que a dimensão do mercado deixa de ser relevante na decisão de investimento, realçando outro tipo de fatores como as infraestruturas, estabilidade política e do sistema fiscal, benefícios fiscais atribuídos, entre outros, mostrando a pertinência dos fatores que por vezes são menosprezados.
Quando o motivo se prende com a questão do acesso ao mercado, os outros fatores não têm grande relevância na medida em que não é possível substituir a localização, apesar desses fatores também existirem (Andrade, 2002). Torna-se por isso, mais pertinente a análise quando a perspetiva será de exportação. Neste último caso os diferentes fatores de atração tomam maior relevância e para além disso esta última questão leva à concorrência fiscal entre os países.
Para medir o IDE ao nível da UE existem três indicadores: fluxos, posição e lucro. A distinção entre fluxos e posição faz-se pelo momento de ocorrência. Enquanto que, os fluxos correspondem a atividades que acontecem num determinado período, as posições
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dizem respeito ao nível de ativos e passivos num determinado momento do tempo, ou seja, a diferença entre duas posições é explicada pelos fluxos. (Banco de Portugal, 2015)
O indicador de fluxos de IDE diz respeito a novos investimentos durante um período e corresponde ao capital social, os lucros reinvestidos e outro capital (empréstimos). O capital social inclui as participações em sucursais, ações em filiais e outras contribuições como maquinaria. Os lucros reinvestidos constituem-se pelos ganhos não distribuídos na parte que corresponde ao investidor direto (proporcional ao capital social). Os outros empréstimos dizem respeito a títulos de dívida e créditos comerciais entre investidores diretos. (Eurostat, 2013)
As posições de IDE subdividem-se entre ganhos de capital social e ganhos reinvestidos e outro capital. O capital próprio da empresa e as reservas inserem-se no capital social e ganhos reinvestidos. O outro capital corresponde à dívida entre investidores diretos e a empresa de investimento direto. (Eurostat, 2013)
Os lucros de IDE correspondem aos proveitos dos investidores diretos, dividendos, lucros reinvestidos e juros. (Eurostat, 2013)