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3 Descrição das Atividades Desenvolvidas no Estágio Curricular

3.2 Trabalho intercalar de auditoria

3.2.2 Investimentos Não Financeiros

O ciclo dos investimentos não financeiros pertence ao ativo não corrente e é composto pelas seguintes contas de 1º grau: conta 43 - Ativos Fixos Tangíveis, conta 44 - Ativos Intangíveis, conta 45 - Investimentos em Curso e pela conta 46 - Ativos não correntes detidos para venda, no entanto, não é possível analisar este ciclo de forma eficiente sem analisar também algumas contas de gastos, nomeadamente, a conta 64 - Gastos de depreciação e de amortização e a conta 65 - Perdas por imparidade.

De acordo com o parágrafo 6, da Norma Contabilística e de Relato Financeiro (NCRF) 7- Ativos Fixos Tangíveis, apenas se podem considerar como ativos fixos tangíveis os

“itens tangíveis que sejam detidos para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para arrendamento a outros, ou para fins administrativos e se espera que sejam usados durante mais do que um período”.

A rubrica de ativos fixos tangíveis revela um peso considerável no total do ativo, sendo composta por terrenos, edifícios, equipamento básico, equipamento de transporte, equipamento administrativo, equipamento biológico e outros ativos fixos tangíveis.

De acordo com Almeida (2017), os gastos inerentes dos ativos fixos tangíveis podem vir a ter um impacto materialmente relevante no apuramento do resultado da empresa, nomeadamente, com despesas de conservação e reparação e com as perdas por imparidade e depreciações.

De acordo com o parágrafo 8, da NCRF 6- Ativos Intangíveis, define-se por ativo intangível um “ativo não monetário identificável sem substância física”.

A rubrica de ativos intangíveis é composta por projetos de desenvolvimento, goodwill, programas de computador, propriedade intelectual e outros ativos intangíveis.

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3.2.2.1 Procedimentos de Auditoria

Durante o estágio, apenas colaborei em auditorias continuadas, isto é, o trabalho focou- se essencialmente nos movimentos ocorridos em 2017, nas rubricas de ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis.

Os procedimentos substantivos efetuados durante o estágio foram a análise dos principais movimentos de 2017, a análise das aquisições dos ativos fixos tangíveis e intangíveis, e por fim, a análise das depreciações e amortizações de ativos fixos tangíveis e intangíveis.

Nas visitas aos clientes, eram recolhidas as faturas de compra e/ou venda, os novos contratos de locação financeira, as respetivas fichas dos bens, os mapas de depreciações e amortizações (modelo 32) dos ativos fixos tangíveis e dos ativos intangíveis do período e era verificada a existência física dos novos bens.

3.2.2.1.1 Análise dos principais movimentos do período

A partir da análise dos extratos e dos movimentos do período no ACD, era possível observar o saldo inicial de cada conta e verificar se tinham ocorrido variações no período, isto é, averiguar se a entidade auditada tinha adquirido novos ativos, alienado e/ou abatido outros ativos e transferido ativos fixos tangíveis em curso para ativos fixos tangíveis.

Assim sendo, em primeiro lugar, selecionava-se o movimento documentado que se pretendia analisar, de seguida, analisávamos a fatura do fornecedor, começando por confirmar os dados do nosso cliente, o n.º da fatura, a data de emissão e os requisitos essenciais da fatura, constantes no artigo 36º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA)23. No caso dos ativos móveis, foram ainda analisados os contratos de locação financeira (quando aplicável).

23 Segundo o n.º 5, do artigo 36º, do CIVA, as faturas devem ser datadas, numeradas sequencialmente e

conter os números de identificação fiscal, a morada e os nomes das empresas (do fornecedor e do adquirente), a quantidade de bens ou serviços transacionados e o tratamento de IVA.

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Figura 3.3 - Análise da rubrica de Ativos Fixos Tangíveis Fonte: Manual de utilização do ACD Auditor

De seguida, verificava-se a existência de algumas asserções, nomeadamente, da ocorrência, da integralidade, da exatidão, do corte e da classificação.

Na análise ao lançamento contabilístico, era necessário verificar se as contas utilizadas estavam bem classificadas e se os valores registados estavam corretos.

O erro de contabilização encontrado de forma mais frequente, foi a contabilização das aquisições por contrapartida da conta 22 - Fornecedores, enquanto que, o correto é estar registado na conta 271 - Fornecedores de investimento, uma vez que estas aquisições se tratam de investimentos. Nestes casos, era recomendado à entidade auditada que procedesse à correção do lançamento contabilístico.

Após análise, era atribuído um tickmark24 ao movimento analisado, de forma a evidenciar a verificação efetuada aos documentos.

24 Tickmarcks: símbolos utilizados pelo auditor com o objetivo de comprovar a verificação efetuada à

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3.2.2.1.2 Análise de Aquisições de Ativos Fixos Tangíveis e Ativos Intangíveis

Com base na análise dos movimentos, referida anteriormente, procedia-se ao preenchimento do papel de trabalho “A1A.3- Análise das Aquisições de Ativos Fixos

Tangíveis” (apêndice 1) com algumas informações, nomeadamente, com a indicação do

bem adquirido, do fornecedor, da data de aquisição, do nº da fatura e do número do registo contabilístico.

No papel de trabalho A1A.3, é possível ainda verificar se ocorreram variações nas contas de Ativos Fixos Tangíveis e deixar evidência da análise efetuada ao movimento contabilístico e à análise da ficha do ativo fixo tangível.

O papel de trabalho “A1D.3- Análise das Aquisições de Ativos Intangíveis, exceto

Goodwill” segue o mesmo raciocínio que o papel de trabalho A1A.3.

3.2.2.1.3 Análise de Depreciações e Amortizações dos Ativos Fixos Tangíveis e dos Ativos Intangíveis

O portal da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) permite recolher informação sobre o registo do património (imóvel e móvel) das entidades.

Desta forma, para o caso dos ativos imóveis, era solicitado ao cliente a caderneta predial de cada imóvel, permitindo assim concluir quanto à existência e valorização do imóvel.

No caso do património móvel, era solicitado à entidade cópia do documento único automóvel (se tivesse sido adquirido em 2017) e a lista atual de veículos constante no portal da AT.

Após receção da Modelo 32- Mapa de Depreciações e Amortizações, procedia-se ao preenchimento do papel de trabalho “A.1.A.6- Análise das depreciações de Ativos Fixos

Tangíveis” (apêndice 2) para ser possível averiguar a conformidade da informação

constante no balancete geral a 31 de dezembro de 2017 (na conta 438 - depreciações acumuladas e na conta 642 - gastos de depreciação, onde consta o valor das depreciações do exercício), com a informação evidenciada na Modelo 32 - mapa de depreciações e amortizações .

A fim de verificar a consistência das taxas de depreciação utilizadas pelo cliente, o auditor selecionava uma amostra com base na informação constante na Modelo 32. De seguida, efetuava-se o recálculo da amostra selecionada anteriormente, para que fosse possível

45 verificar a exatidão das taxas utilizadas e a conformidade com o Decreto-Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro.

Por fim, era preenchido o papel de trabalho “A1A.7- Análise da Consistência das Taxas

de depreciação de Ativos Fixos Tangíveis” (apêndice 3) onde era possível verificar se as

taxas utilizadas em 2016 tinham sido as mesmas taxas utilizadas em 2017.

Durante a realização destas análises, foi possível constatar que alguns clientes ainda não aplicam os mapas de depreciação e amortização de acordo com a Portaria n.º 92-A/2011, de 28 de fevereiro e com a Portaria n.º 94/2013, de 04 de março. Também se verificou que a maioria das entidades auditadas aplicavam as taxas máximas de depreciação, de acordo com o artigo 2º e artigo 5º do Decreto-Regulamentar 25/2009, de 14 de setembro.

Em relação aos ativos intangíveis, era preenchido o papel de trabalho “A1D.7- Análise

da Consistência das Taxas de amortização de Ativos Intangíveis, exceto Goodwill”, para

ser possível averiguar a conformidade da informação constante no balancete geral a 31 de dezembro de 2017 (na conta 448 - amortizações acumuladas e na conta 643 - gastos de amortização, onde consta o valor das amortizações do exercício) com a informação evidenciada na Modelo 32 - mapa de depreciações e amortizações.