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3 AS MARCAS HISTÓRICAS DE UM DESENVOLVIMENTO DESIGUAL EM PERNAMBUCO

5 PERNAMBUCO INVESTIDOR: O INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA ECONÔMICO-PRODUTIVA NO ESTADO

5.1 Os investimentos públicos em infraestrutura econômico-produtiva no estado de Pernambuco no período de 2007 a

As informações que compõe este panorama geral dos investimentos em infraestrutura econômico-produtiva realizados no estado de Pernambuco, do período de 2007 a 2014, estão subsidiadas, inicialmente, pelos dados contidos nos Relatórios do 11º Balanço PAC, de 2010. Parte-se da análise das informações relatadas referentes aos subsistemas produtivos – infraestrutura logística, infraestrutura energética, infraestrutura urbana -. Para o período que compreende o PAC 2, no documento 11º Balanço, lançado no final de 2014. A forma de apresentação das informações é um pouco diferenciada, os subsistemas produtivos estão definidos por setores específicos a saber: transporte, energia, cidade melhor, comunidade cidadã, minha casa minha vida e água e luz para todos.

Para efeito de unificação das informações e maior facilidade de apresentar os resultados, este trabalho tomará como as categorias dos subsistemas produtivos, os setores da forma que foram apresentados no Relatório do PAC 1, isto é, serão consideradas para este estudo os sistemas de infraestrutura logística, energética e urbana. O Quadro 4 mostra a unificação das categorias de análise selecionadas.

Quadro 4 – Unificação e delineação da forma de apresentação dos subsistemas produtivos

PAC Subsistemas Produtivos

apresentados no Balanço PAC

Subsistemas Produtivos unificados para efeito deste

trabalho

PAC 1 - 11º Balanço 2010

Infraestrutura energética Infraestrutura logística

Infraestrutura social e urbana Infraestrutura energética

Infraestrutura logística Infraestrutura urbana PAC 2 - 11º Balanço 2014 Transporte Energia Cidade melhor Comunidade cidadã Minha casa minha vida Água e luz para todos.

Fonte: Balanços PAC 1 e 2 do Ministério da Integração Nacional. Elaborado pela autora, 2014.

O texto constitui uma síntese de resultados, a partir das informações contidas nos documentos oriundos das fontes pesquisadas. Para a sua elaboração, optou-se por destacar o conjunto global de investimentos e também uma caracterização macro das principais obras que foram ou ainda estão sendo realizadas nesse período de tempo contemplado na pesquisa.

3.1.1 O PAC em Pernambuco

Caracterizar os principais investimentos públicos em infraestrutura econômica nos municípios de Pernambuco, ocorridos nos anos de 2007 a 2014, não pode ser visto como tarefa fácil, pois se olharmos para qualquer região de desenvolvimento do estado, impossível foi não observar um canteiro de obras. Além de que, foram nestes anos que o Estado passou por profundas transformações em sua estrutura produtiva econômica e social. Daí, já dá para ter ideia do árduo caminho a ser percorrido para o alcance de tal ação.

Todo esse processo de transformação tem raízes no fato dos investimentos públicos em infraestrutura terem sido direcionados, pelo Governo Federal, durante este período, para atenuar os atrasos históricos da Região Nordeste, conforme demonstramos no Capítulo I.

O governo brasileiro, voltando seus olhares para os investimentos em infraestrutura, em janeiro do ano de 2007, lançou o PAC que disponibilizava verbas, financiadas pelo governo federal, para obras de infraestrutura logística, energética, social e urbana (BRASIL, 2010). Além de medidas de incentivo ao desenvolvimento econômico, estímulo ao crédito e ao financiamento, constituiu um conjunto de projetos de investimentos em infraestrutura.

Suas metas envolviam expansão significativa do investimento público e a consequente indução ao investimento privado. Esses investimentos, espalhados em todas as partes do Brasil, compõem uma carteira dos mais variados projetos com foco nos setores produtivos como energia, logística e infraestrutura social (transporte urbano, saneamento e habitação). Ao longo dos anos, os investimentos vêm apresentando resultados na expansão da capacidade produtiva e na elevação da produtividade sistêmica da economia nacional.

Os investimentos contemplados pelo PAC 1 totalizaram R$ 503,9 bilhões, desembolsados, ao longo do período 2007-2010, em três diferentes áreas, sendo a maior delas a área de infraestrutura energética – R$ 274,8 bilhões, ou 54,5% do total –, em que se encontram os setores de petróleo e gás e energia elétrica. Estes

setores concentravam projetos de grande porte e longo prazo de maturação, nos quais as empresas públicas, particularmente o governo federal, tinha grande participação, como Petrobrás, Eletrobrás e Furnas.

A segunda área mais importante é a de infraestrutura social e urbana, com R$ 170,8 bilhões, ou 33,9% do total. Os principais setores escolhidos – habitação e saneamento – são importantes pelo potencial de geração de emprego, de distribuição da riqueza e do impacto positivo sobre a qualidade de vida da população de menor renda.

A terceira área, de acordo com os montantes de investimento programados, é a de infraestrutura de logística, com R$ 58,3 bilhões, ou 11,6% do total. Esses segmentos apresentam grande impacto sistêmico, uma vez que respondem pelo transporte de pessoas e mercadorias, ou seja, incluem rodovias, ferrovias, portos, aeroportos.

A PAC 2 teve previsão de investimento de R$ 958,9 bilhões, entre 2011 e 2014. No período pós-2014, a estimativa era de injetar mais R$ 631,6 bilhões em obras – totalizando o R$ 1,59 trilhão. Os focos foram os mesmos da primeira etapa, iniciada em 2008: logística, energia e núcleo social-urbano. Essas três frentes foram divididas em seis Programas: Cidade Melhor, Comunidade Cidadã, ―Minha Casa, Minha Vida‖, Água e Luz para Todos, energia e transportes.

É importante observar essa informação, haja vista que, a cada período de liberação de recursos da PAC 1 e PAC 2, o estado de Pernambuco teve valores percebidos diferenciados. E, ainda, deve-se ressaltar que a fonte dos dados, ora apresentados, também é diferente, isto é, as informações de cada período foram retiradas de relatórios específicos totalizantes destes Programas. Nos materiais adicionais (CD encarte) podem ser visualizados na íntegra estes relatórios em seus dados brutos.

Os setores priorizados pelo PAC são infraestrutura logística, energética e urbana, e, para todos estes setores, Pernambuco recebeu investimentos que estão distribuídos de forma diferenciada nas suas 12 RDs. Vale ainda ressaltar a participação do estado nos empreendimentos em caráter regional, por refletirem diretamente nas

questões das relações territoriais e regionais decorrentes destes investimentos para o estado.

Além dos investimentos no setor produtivo, definido pelos setores energético, logístico e social-urbano. A Tabela 1 mostra as informações dos investimentos realizados pelo Governo Federal no estado de Pernambuco, no período de 2007/2010 e 2011/2014.

Tabela 1 – Investimentos no Setor Produtivo em Pernambuco – PAC 1 e 2

Programa Investimento Período de Pernambuco Valores R$ Bi Total pós 2010 R$ Bi Total pós 2014 R$ Bi Valores Nordeste R$ Bi Total pós 2010 R$ Bi Total pós 2014 R$ Bi PAC 1 2007-2010 6.590.100,00 631.300,00 0,00 2.170.600,00 3.279.000,00 0,00 PAC 2 2011-2014 6.487.080,00 0,00 2.537.580,00 2.967.080,00 0,00 2.839.530,00 PAC 1 2007-2010 12.147.600,00 25.386.500,00 0,00 943.300,00 878.700,00 0,00 PAC 2 2011-2014 42.388.420,00 0,00 6.216.250,00 1.423.240,00 0,00 1.013.940,00 PAC 1 2007-2010 4.380.600,00 0,00 0,00 4.818.400,00 0,00 0,00 PAC 2 2011-2014 15.125.160,00 0,00 9.926.580,00 4.246.200,00 0,00 690.720.000,00 TOTAIS 87.118.960,00 26.017.800,00 18.680.410,00 16.568.820,00 4.157.700,00 694.573.470,00

Fonte: Balanços PAC (2007 a 2014) do Ministério da Integração Nacional, 2014. Elaborado pela autora, 2017.

As informações apresentadas serão analisadas e aprofundadas, mais adiante nesta pesquisa em seus respectivos itens específicos, focando no desempenho dos investimentos em cada um dos três setores produtivos, Infraestrutura logística,

Infraestrutura energética e Infraestrutura urbana.

3.1.2 Os investimentos no setor de INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA

O Governo Federal retomou o processo de planejamento integrado de transportes a médio e longo prazo, concluindo em 2007 a 1ª versão do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), cujo relatório executivo foi colocado na íntegra à disposição da sociedade brasileira, no sítio eletrônico do Ministério dos Transportes (MT).

Foi também iniciado o processo de institucionalização do PNLT com a atualização e reavaliação das perspectivas dos Estados, mediante a realização de reuniões em todas as 27 Unidades da Federação, com a presença dos setores governamentais e setores privados envolvidos, incluindo usuários, operadores de transportes, entidades do setor agrícola, industrial e de serviços e meio acadêmico, conforme mostram os dados do Ministério da Integração Nacional (2008). Esse trabalho fortaleceu a capacidade do Governo de promover a oferta permanente de infraestrutura e serviços que favoreçam o deslocamento de pessoas e bens no sistema nacional de transportes, sob sua jurisdição, observando os aspectos de segurança, regularidade, confiabilidade e redução de custos para o usuário.

No ano de 2008, ocorreu a consolidação de um conjunto de projetos e ações tais como a estruturação de corredores estratégicos de transportes, o estímulo a maior participação dos modais aquaviário e ferroviário na matriz de transportes, o apoio ao desenvolvimento da indústria do turismo e a consolidação da ligação do Brasil com os países limítrofes, fortalecendo a integração física na América do Sul com vistas a atender com eficiência a demanda decorrente do crescimento econômico do País, principalmente do comércio exterior, reduzindo os níveis de ineficiência e contribuindo para a diminuição do número de acidentes, tempos de viagem e custos de transportes.

Os investimentos advindos do PAC, especialmente em logística de transportes, foram orientados para a manutenção, recuperação e ampliação da infraestrutura do País, diversificando os modais para um maior equilíbrio da matriz de transportes.

Para o modal rodoviário, o PAC abrange toda a malha viária federal de forma a conferir adequada trafegabilidade, uma vez que assegura recursos para a manutenção e expansão da capacidade das rodovias estratégicas para o escoamento da produção, o turismo, a integração nacional e com a América do Sul. São contemplados com os financiamentos do PAC grandes projetos de construção, duplicação, pavimentação e adequação, além dos acessos terrestres aos portos.

Para o modal ferroviário, dentre diversos projetos, foram direcionados investimentos específicos para a eliminação de pontos de estrangulamento, decorrentes das

interferências com os aglomerados urbanos, obras a serem realizadas em parceria com os respectivos concessionários responsáveis por cada ferrovia. Em especial para o Nordeste, vale destacar a ferrovia Transnordestina, que tem se constituído como uma nova fronteira de desenvolvimento para o Semiárido nordestino. Uma promessa na interligação de portos nordestinos como o Pecém (CE) e Suape (PE).

As estratégias adotadas por Pernambuco para este setor de infraestrutura tiveram objetivos ousados, voltados à ampliação da infraestrutura logística existente para apoio e suporte, diretamente, ao novo Polo de Refino Petroquímico e Naval, instalado no estado, dragagem e acesso rodoferroviário ao Porto de Suape pela BR- 101 e BR-408. Essas estratégias visam facilitar as relações inter-regionais no país, buscando escoar a produção regional para consumo interno e exportação, pelo acesso rodoferroviário ao Porto de Suape por meio da BR-101, pela duplicação da BR-408 e duplicação da BR-104, Ferrovia Nova Transnordestina. Finalmente o foco no turismo, fomentando obras no Terminal de Passageiros do Aeroporto de Recife e também duplicação da BR-101, para o transporte rodoviário interestadual.

Desta forma, grandes obras neste setor foram realizadas no estado, desde o ano de 2007, que montam investimentos exclusivos para Pernambuco em torno de R$ 13 bilhões, além de R$ 5,2 bilhões investidos no setor em caráter regional, isto é, que incluem outros estados do Nordeste. A Tabela 2, mostra estes números subdivididos no PAC 1 e no PAC 2.

Tabela 2 – Valores totais do investimento no setor de infraestrutura logística PAC 1 e 2 em

Pernambuco Programa Período de Investimento Valores Pernambuco Total pós 2010 Total pós 2014 Valores Nordeste Total pós 2010 Total pós 2014 PAC 1 2007-2010 6.590.100,00 631.300,00 0,00 2.170.600,00 3.279.000,00 0,00 PAC 2 2011-2014 6.487.080,00 0,00 2.537.580,00 2.967.080,00 0,00 2.839.530,00 Totais 13.077.180,00 631.300,00 2.537.580,00 5.137.680,00 3.279.000,00 2.839.530,00

Fonte: Balanços PAC (2007 a 2014) do Ministério da Integração Nacional, 2014. Elaborado pela autora, 2017.

Nota: Em milhões de reais.

A Figura 10, na página seguinte, representa o mapa de localização destes investimentos no estado de Pernambuco.

MDU / UFPE – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco Mônica Luize Figura 10 – Mapa da localização dos investimentos em infraestrutura logística em Pernambuco – PAC 1 e 2 – 2007 a 2014.

MDU / UFPE – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco Mônica Luize Percebe-se que a maior concentração de investimento do setor foi na Região Metropolitana do Recife - RMR, em virtude do maior número de projetos estarem localizados na área de Suape, situada nos municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho. Mas, a maior e mais ousada obra de ligação ferroviária interestadual foi, sem dúvida, a Ferrovia Transnordestina, cuja extensão corta a maioria das regiões de desenvolvimento de Pernambuco, e interliga o estado ao Ceará.

Como pode ser observado no mapa, ainda (Figura 10), os investimentos, em sua maioria, ocorreram na RMR, mais especificamente, no Complexo Portuário de Suape. São integrantes da infraestrutura logística, no setor de transportes, os investimentos efetuados na estruturação do terminal de passageiros do aeroporto do Recife, conclusão do conector do terminal e a instalação de pontes de embarque.

Com relação à logística portuária, as verbas do PAC 1 foram destinadas ao financiamento da construção do Estaleiro Atlântico Sul e de 15 embarcações para a marinha mercante brasileira. O Porto de Suape também recebeu grandes investimentos em obras de dragagem, aprofundamento de acessos aquaviários, aprofundamento de canais e do acesso rodoferroviário ao porto.

Embora os investimentos em infraestrutura logística tenham sido feitos em grande monta em ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos, é inegável ainda, ressaltarmos a importância das rodovias brasileiras para o setor de transportes, pois este ainda é o tipo de transporte que move o país.

Em Pernambuco, os investimentos foram voltados para adequação, duplicação, estudos, sinalização e fiscalização de diversas rodovias. A BR 101, em Pernambuco, recebeu a maioria das obras de adequação, nos trechos do Cabo de Santo Agostinho e Ribeirão, no subtrecho de contorno à cidade do Recife, em Igarassu até a divisa com a Paraíba e em Palmares até a divisa com o estado de Alagoas. A BR 104 recebeu a duplicação do eixo de Caruaru a Santa Cruz do Capibaribe e a BR 408 do município de Carpina ao entroncamento com a BR 232.

MDU / UFPE – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco Mônica Luize O detalhamento dos valores investidos no setor de infraestrutura logística no período de 2007 a 2010 que compreendem ao PAC 1, podem ser observados no Quadro 5. Importante observar as informações detalhadas, pois elas podem nos explicar muitos dos fenômenos que estão ocorrendo neste setor aqui no estado.

Quadro 5 – Investimentos em infraestrutura logística PAC 1 – Pernambuco