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4.2 A PETROBRAS EM BUSCA DOS INTERESSES LOGÍSTICOS E AS CONQUISTAS

4.2.2 Investimentos

No ano de 2003, em busca de maior estabilidade, a meta da Petrobras era expandir seus negócios internacionalmente, investindo, até o ano de 2007, US$ 5,1 bilhões no exterior. Naquele ano, a transnacional atuava em seis países e elegia como prioridade uma maior inserção no mercado argentino. Em 2002, a Petrobras injetou na Argentina US$ 1 bilhão através da aquisição da Perez Companc, a qual foi renomeada para Petrobras Energía e deu acesso aos mercados do Equador e Peru, nos quais a empresa argentina já estava presente. Dos US$ 5,1 bilhões mencionados, a intenção da companhia era de destinar à Petrobras Energía a fatia de US$2,3 bilhões; à Argentina algo em torno de US$ 1 bilhão e o restante distribuído nos demais países de atuação da Petrobras. A produção da empresa brasileira na Argentina, em 2003, marcava 123,8 mil barris de petróleo e gás por dia, o equivalente a quase metade da produção externa ao Brasil, que chegava a 250,4 mil barris ao dia.

No mesmo ano, a Petrobras já apresentava forte atuação na Bolívia, onde já era a maior empresa do país e por já estar estabelecida no local, os investimentos eram menores: US$ 175 milhões. Na meta declarada pela empresa, a Venezuela seria o segundo país em beneficiamento, recebendo US$ 800 milhões, seguido por Colômbia com US$ 165 milhões. Na época já se iniciavam as conversações com o Chile para possíveis investimentos e, além disso, no que tange a integração energética, a empresa apresentava, para os cinco anos subseqüentes, projetos para a América Latina no valor de US$ 2 bilhões.

Em 2003, a Argentina demonstrava fortes sinais de recuperação do crescimento econômico, traduzidos em um aumento do PIB em 8,7%. A rápida retomada da economia argentina deu origem a uma demanda por energia que excedia a capacidade elétrica do país. Neste sentido, em 2004, uma das ações do Estado em crise foi recorrer à Petrobras para fechar um acordo de ampliação da capacidade do gasoduto de San Martín. A obra para ampliação do gasoduto, de US$ 270 milhões, foi anunciada em julho de 2004. Por não ter iniciado a obra, a Argentina pressionava a transnacional brasileira para que essa efetuasse investimentos no país. A ameaça era a de tirar da Petrobras a concessão dos gasodutos, mesmo considerando

que naquele momento a empresa geria 50% da Transportadora de Gás do Sul, produzia 12% do petróleo e 8% do gás da Argentina.

A Petrobrás declarou em novembro de 2004 a intenção de expandir a rede de gasodutos na América do Sul a fim de integrar os principais mercados da área: Argentina, Brasil e Bolívia. O investimento anunciado para tal obra foi de US$ 1,5 bilhão. No mês seguinte, a estatal confirmou sua entrada no Uruguai, com a compra da participação majoritária de uma empresa distribuidora de gás com aplicação de US$ 3,2 milhões. A aquisição aumentou a presença da Petrobras na América do Sul para oito países.

Em 2005, com a nova Lei dos Hidrocarbonetos, a Bolívia noticia que a carga tributária paga pela Petrobras, que até então era de 18% do faturamento, passaria a ter acréscimo de 32%, fato que inviabilizou, em um primeiro momento, a construção de um pólo petroquímico na fronteira dos países, o retorno do investimento de US$ 1 bilhão feito pela Petrobras no país e a execução de novos investimentos. É mister enfatizar, fazendo um breve histórico da atuação da Petrobras na Bolívia, após quatro décadas de negociações entre os governos brasileiro e boliviano, foi criada, em 1995, a Petrobras Bolívia, tornando-se, no decorrer de uma década, a maior companhia boliviana. Com altos investimentos, os quais, naquele período, significavam 18% do PIB do país, a Petrobras Bolívia movimentou de forma impactante a economia. A iniciativa de criação da empresa visava aprofundar a integração, especialmente a energética, na região sul-americana. A Petrobras Bolívia consolidou a indústria gasífera, colocou o gás na posição de maior commodity boliviana, dilatou o mercado consumidor de gás no Brasil e construiu o GASBOL, gasoduto que representa a efetiva integração produtiva da América do Sul. A Petrobras Bolívia angariou no ano de 2004 US$ 182 milhões em impostos, significando 18% do recolhimento do governo e o Brasil importava do vizinho quase 50% de total exportado por ele em soja e gás.

Quanto às mudanças decretadas pelo Estado boliviano com a nova Lei dos Hidrocarbonetos, a Petrobras declarou que não deixaria de atuar na Bolívia, de modo a convergir com os interesses nacionais do governo Lula que, além de promover maior integração na América do Sul, intenta posicionar o Brasil como líder na região. “[...] Os interesses políticos do Brasil começavam pela proteção dos interesses dos brasileiros residentes na Bolívia, bem como na preservação do seu papel de líder regional e na continuidade do seu projeto de integração da América do Sul” (CARRA, 2008, p. 217). Porém, suspende temporariamente os investimentos para a Bolívia.

Enquanto isso, na Cúpula de Chefes de Estado da Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA), ocorrida no dia 30 de setembro de 2005, as questões de integração

energética aproximaram os Chefes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, da Venezuela. O resultado anunciado foi um investimento entre a petrolífera brasileira e a venezuelana PDVSA (Petróleos de Venezuela S/A) no valor de US$ 2,5 milhões para a criação de uma refinaria em Pernambuco.

Em dezembro de 2005, a Petrobras afirmou a compra da rede Shell no Paraguai, Colômbia e Uruguai no valor de US$ 140 milhões. A empresa adquiriu no Paraguai 134 postos, ativos e instalações de comercialização; na Colômbia uma base de distribuição, um terminal de derivados de petróleo, uma planta de processamento de lubrificantes, além de 38 postos e; no Uruguai 89 postos, entre outras instalações. Nesta ocasião, a Petrobras, atuando em 15 países, já dominava o mercado sul-americano, faltando somente Chile e as Guianas.

Em 2006, com o governo boliviano sob o novo Presidente Evo Morales, a Petrobras anuncia conseguir um acordo com o governo do país vizinho e a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) para firmar um memorando de entendimento para a união das duas empresas em negócios de interesses de ambas, podendo atingir US$ 5 bilhões em investimentos nas áreas de exploração, refino, produção e distribuição de gás e petróleo, em biocombustíveis e na construção de um pólo gás-químico. Porém, as contendas em torno da nova Lei dos Hidrocarbonetos continuavam e se agravavam na possibilidade de nacionalização do setor na Bolívia. O contrato estabelecido pela companhia com o governo boliviano antecipava que a Petrobras poderia recorrer a uma corte internacional de arbitragem para resolver possíveis altercações e esta era uma saída que a companhia possuía para defender seus interesses, uma vez que rejeitava a idéia de deixar o mercado boliviano, pois se obrigava a cumprir com o abastecimento de gás no Brasil, não perderia o investimento de aproximadamente US$ 1,5 bilhão que fez no país vizinho e a relação bilateral entre os países era imprescindível para ambos.

No dia 1º de maio de 2006, foi decretada por Evo Morales a nacionalização do setor de hidrocarbonetos na Bolívia. Para surpresa do governo brasileiro, as refinarias da Petrobras no país foram expropriadas, suas instalações invadidas pelo Exército boliviano e as tarifas aumentadas em 82%. O ocorrido colocou em xeque a relação do Brasil com a Venezuela, na medida em Chávez vislumbrou uma oportunidade para a estatal venezuelana PDVSA como substituta da Petrobras na Bolívia. O Presidente Lula posicionou-se a defender os interesses da Petrobras através da via diplomática, prezando, ao mesmo tempo, pela integração sul-americana. As ameaças do governo boliviano abarcavam ainda a não indenização à Petrobras e a suspensão da importação de gás da Bolívia, a qual representava 33% das exportações bolivianas.

Sob outro enfoque, neste período, iniciavam-se as negociações da Petrobras para tornar-se sócia da PetroPeru. A associação significava, em um médio ou longo prazo, a diminuição da dependência brasileira do gás boliviano. No mesmo sentido, a companhia reunia esforços para alargar a produção de gás no Brasil.

No final de outubro de 2006, Evo Morales firmou novos acordos para exploração de gás e petróleo com várias empresas, entre elas a Petrobras. A rentabilidade da companhia foi reduzida, porém o contrato com vigência de 30 anos garantiu a permanência da estatal brasileira em solo boliviano. No dia 5 de dezembro do mesmo ano, a Petrobras Bolívia registrava o recorde de produção do campo San Alberto. Operando com 95% da sua capacidade, a produção chegou a 12,5 milhões de metros cúbicos de gás, 10.209 barris de petróleo e a exportação alcançou a marca de 484 mil barris por dia.

Em 2006, o PIB boliviano aumentou 4,5% e a receita do Estado bateu US$ 1,1 bilhão, valor que antes da nacionalização dos hidrocarbonetos era de US$ 500 milhões. Portanto, o aumento dos impostos cobrados às multinacionais que naquele país operavam ajudavam a alçar o desenvolvimento econômico.

No início de 2007, o Presidente brasileiro ofereceu ao Presidente Uruguaio, Tabaré Vázquez, alternativas para diminuir os prejuízos do país no processo de integração sul-americana. A Petrobras com a intenção de designar capital para a construção de uma termoelétrica e no que diz respeito à distribuição de gás, representava uma solução para o vizinho Uruguai. No contexto sul-americano como um todo, a transnacional brasileira já planejava a construção de uma rede de gasodutos que suportasse o dobro do Gasbol, no sentido de aumentar o fluxo comercial do produto na região, fornecendo o gás da Venezuela para o Brasil, Bolívia, Chile, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai.

Na reunião dos Chefes de Estado da América do Sul da Comunidade Sul- Americana de Nações, que ocorreu em 16 de abril de 2007, na Venezuela, e tratava sobre questões energéticas, Evo Morales e Luiz Inácio Lula da Silva divergiram nas negociações acerca das duas refinarias da Petrobras no Estado boliviano. Morales oferecia US$ 70 milhões e o Presidente Lula recusava menos do que US$ 215 milhões, ao considerar que a Petrobras, além do que pagou pelas refinarias, injetou capital, tecnologia e modernização na Bolívia. Mais tarde, o Presidente boliviano reconheceu a necessidade da retomada dos investimentos que estavam paralisados desde 2003 e Lula declarou que o governo brasileiro cederia nas negociações para favorecer os países mais pobres da América do Sul em prol da integração regional. No final de 2007, após diversas tentativas de negociação, se mencionava a retomada dos investimentos que poderiam chegar a US$ 1 bilhão.

No ano de 2008, a subsidiária da Petrobras em solo argentino, a Petrobras Energia Participações, registrava um lucro trimestral 5% maior que o mesmo período do ano de 2007, chegando a 192 milhões de pesos. No segundo trimestre, o lucro aumentou para quatro vezes em comparação com o mesmo período do ano anterior. No mesmo ano foram encontradas reservas de gás natural no Uruguai e no Peru. No primeiro, foram assinados acordos de cooperação da Petrobras com a Administração Nacional de Combustíveis, Álcool e Portland do Uruguai (ANCAP) para analisar a produção de gás e petróleo e treinar pessoal no país vizinho.

Em agosto de 2008, a Petrobras anunciou a compra da Esso no Chile com investimento de US$ 400 milhões e confessou a intenção de investir US$ 90 milhões no Chile nos contíguos cinco anos. No segundo semestre de 2008, a estatal brasileira dominava 658 postos na Argentina, 163 no Paraguai, 89 no Uruguai e 66 na Colômbia, além das 7.109 instalações brasileiras.

No começo de 2009, a Petrobras já era classificada com a primeira colocada no ranking de investimentos das empresas de energia do mundo. O Presidente Lula continuava a exercer pressão na companhia para que elevasse os investimentos, o que contribuiria com o desenvolvimento do país.

Muitos dos investimentos feitos pela Petrobras na América do Sul geraram prejuízos para a empresa. No Equador, a empresa perdeu cerca de R$400 milhões nos anos de 2007 e 2008, na Venezuela calculou-se R$ 119,6 milhões de perdas em 2007 e R$ 55,425 milhões em 2008. Após tamanho conflito na relação bilateral do Brasil com a Bolívia, a Petrobras conseguiu beneficiar-se de R$ 66,2 milhões com a venda das suas ações para a estatal boliviana.

O plano estratégico da empresa para o intervalo de 2006 a 2010 deixou clara a priorização da região da América Latina como destino dos investimentos internacionais da companhia, considerando que do total dos investimentos internacionais estipulados em US$ 7,1 bilhões, 44% é destinado à América Latina e o restante, dividido, praticamente, em partes iguais entre América do Norte, Oeste da África e demais países em que a Petrobras atua, conforme gráfico 11.

Gráfico 11 – Investimento Internacional por região em bilhões (2006-2010).

Fonte: Elaboração da autora, 2010. Dados retirados do Plano de Negócios da Petrobras 2006-2010.

O Plano de Negócios 2010-2014 conserva os objetivos de crescimento da companhia. O planejamento prevê produção de petróleo de 3,9 milhões de barris por dia em 2014 e projeta que este número em 2020 chegue a 5,4 milhões. No entanto, o mais recente Plano de Negócios não publica qual é a meta de investimentos para o mercado latino- americano nos próximos anos. A ampla informação estabelece a projeção de investimentos no mercado doméstico e internacional que totaliza US$224 bilhões, conforme gráfico 12.

Gráfico 12 – Investimentos no Brasil e no Exterior no período de 2010-2014, em bilhões. Fonte: Elaboração da autora, 2010. Dados extraídos do Plano de Negócios da Petrobras 2010-2014.

Os investimentos da Petrobras na América do Sul são vistos pelo governo, e por isso ostentados pelo mesmo, como instrumento da política externa para cumprir com a proposta do Estado Logístico de integração regional e firmar a posição de liderança brasileira na região.

A seguir, apresentam-se as considerações finais do presente trabalho retomando os objetivos e idéias centrais que fornecem alicerce para que seja respondida a pergunta de pesquisa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo verificar o papel da estatal Petrobras na estratégia da política externa brasileira para a integração Sul-Americana e, com este intuito, foram estabelecidos três objetivos específicos: i) Descrever a trajetória integracionista da América do Sul e sua inserção no sistema internacional; ii) Caracterizar a política externa e suas ações para a energia na América do Sul e; iii) Identificar a relação das ações da Petrobras na América do Sul com a estratégia brasileira de integração Sul-Americana.

A fim de descrever o histórico dos processos de integração sul-americanos e a inserção da região no sistema internacional foram esclarecidos os principais conceitos acerca do tema e, com base no referencial teórico, ponderadas questões importantes no que diz respeito aos processos de integração.

Caracterizaram-se as ações da política energética brasileira a começar pelo monopólio estatal da Companhia Petrobras e o foco da política energética brasileira centrado na corporação, o que significava atração de investimentos nacionais e internacionais. A quebra do monopólio traduzia a incapacidade do estado de financiar a produção do setor petrolífero brasileiro.

Com relação à vizinhança, a intenção brasileira de dialogar com os vizinhos vem desde o paradigma nacional-desenvolvimentista, iniciado na década de 1930. Com as mudanças paradigmáticas da política externa brasileira, a relação do Brasil com a América do Sul foi sendo modificada. O neoliberalismo dos anos 1990 distanciou o Brasil dos vizinhos, porém as dificuldades em comum pelas quais passavam os reaproximaram. O pensamento cepalino desta fase sugeria um regionalismo aberto na América Latina e, por outro lado, acordos de integração que diminuíssem os danos do neoliberalismo. O governo Fernando Henrique Cardoso tinha como diretrizes o aprofundamento do Mercosul, a diversificação de parcerias bilaterais e o multilateralismo.

Com o enfraquecimento do neoliberalismo, o Brasil intensificou os diálogos com os vizinhos a fim de tornar a América do sul uma plataforma de seus negócios e uma forma de inserir-se no sistema internacional. O esgotamento dos paradigmas trouxe à tona o Estado Logístico como novo paradigma brasileiro, que é caracterizado, dentre tantos distintivos frente aos paradigmas anteriores, por dar suporte à internacionalização da economia, principalmente através da integração produtiva da América do Sul.

Neste sentido, surge o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, iniciado em 2003, para contribuir com o paradigma logístico, desenvolvendo estratégias diferenciadas de relações internacionais, dando ênfase às iniciativas de integração e dando apoio logístico às empresas para expandirem-se na região. Ficou evidenciado que o Governo Fernando Henrique Cardoso já demonstrava alguns avanços neste sentido, como aumento da competitividade, internacionalização da economia e construção de empreendimentos nacionais, principalmente no setor energético. Porém, o Governo Lula aperfeiçoou e aprofundou o novo modelo paradigmático.

É com o apoio logístico que as transnacionais fazem uso da America do sul como plataforma de expansão dos seus negócios e efetivando a integração sul-americana, interesse priorizado na política externa brasileira do contexto logístico.

As transnacionais detêm grande poder de influência e, por serem vistas como mola propulsora do desenvolvimento econômico, o Estado delas necessita para atingir seus objetivos políticos e econômicos, tanto no ambiente doméstico, como no internacional. As grandes corporações utilizadas também como forma de transparecer ao sistema internacional uma imagem de confiabilidade, estabilidade e ascensão do Estado, de modo a atrair investimentos. No que concerne à integração regional, os interesses das companhias são contemplados na medida em que os processos integracionistas estimulam o crescimento do fluxo de capitais, bens e serviços.

As companhias transnacionais brasileiras adquirem cada vez mais espaço no cenário mundial: a Petrobras configura-se como a sexta maior empresa petroleira do mundo e atua em 27 países. A influência da companhia sobre a política externa brasileira também é significativa, como ficou explícito no caso do conflito a respeito da nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos. O Presidente Lula posicionou-se a defender os interesses da Petrobras através da via diplomática, prezando, ao mesmo tempo, pela integração sul- americana.

Neste caso, não se pode afirmar que ações de política externa e de diplomacia, como no caso do conflito entre Brasil e Bolívia, são atos de leniência por parte do Governo Brasileiro. A afinidade política existente na América do Sul pelos governos de esquerda propiciam a negociação pela via diplomática antecipando medidas mais enérgicas. Além disso, houve uma racionalidade do Governo Brasileiro em prol de dois fatores. O primeiro diz respeito, em âmbito doméstico, ao desenvolvimento econômico gerado pela Petrobras. O segundo refere-se aos interesses brasileiros de, através da integração regional, exercer uma posição de liderança na América do Sul.

Ficou claro neste trabalho que a questão da integração Sul-Americana surgiu no Estado Logístico do Governo Lula com uma nova roupagem e a energia é um dos principais pilares deste processo. As Cúpulas de Chefes de Estado da América do Sul evidenciaram a importância da integração física, energética e de infra-estrutura na região. Iniciativas como a IIRSA, a UNASUL e o Conselho Energético Sul-Americano surgiram no sentido de consolidar o desenvolvimento econômico e a integração produtiva do continente.

Por fim, inferiu-se que a Petrobras é de suma importância para a integração produtiva da América do Sul, segundo os preceitos do Estado Logístico, uma vez que atua nos países vizinhos de forma a aplicar investimentos e através da inovação tecnológica, abastece a região de gás e petróleo. A atuação da Petrobras na América do Sul torna a região mais competitiva internacionalmente e faz dela um pólo energético mundial.

REFERÊNCIAS

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