• Nenhum resultado encontrado

4.7 Índice de qualidade de água (IQA)

4.7.1 IQAs: diferentes parâmetros e intervalos de classificação

Stambuk-Giljanovic (1999) propôs um índice de qualidade para a região de Dalmatia na Croácia adaptando o índice da National Sanitation Foundation - NSF. Este IQA teve como base os seguintes parâmetros: temperatura, oxigênio dissolvido, coliformes fecais, mineralização, coeficiente de corrosão, demanda bioquímica de oxigênio, nitrogênio

total, nitrogênio protéico e fósforo total. O IQA para Dalmatia foi obtido dividindo a qualidade da água testada pela qualidade da água que satisfaz a concentração máxima admissível (CMA) para os padrões da primeira classe, segundo Croatian Water Classification Act, e o padrão de água para beber. A primeira classe de água inclui água subterrânea e superficial que pode ser usada para beber, no estado natural ou após ser desinfetada. Os resultados obtidos mostraram que as águas avaliadas não podem ser classificadas como de primeira classe, segundo padrões locais, e que as águas das nascentes e dos rios, de baixas concentrações de cloreto e sulfato, apresentam alta qualidade sanitária.

Pesce & Wunderlin (2000) utilizaram diferentes índices de qualidade para avaliar o impacto da cidade de Córdoba, na Argentina, sobre a qualidade da água do rio Suquía, principal fonte de água para beber. Baseado no Índice de Bascarón, um índice que leva em consideração uma constante subjetiva para expressar a impressão visual de contaminação do rio, foram determinados dois índices (IQAsub e IQAobj – subjetivo e objetivo) considerando

20 parâmetros e um outro IQA (IQAmin, – mínimo), considerando somente três parâmetros

(Turbidez, condutividade elétrica ou sólidos dissolvidos e oxigênio dissolvido). O IQAsub e

IQAobj mostram diferenças temporais estatisticamente significativas da estação chuvosa para

seca, no rio abaixo da descarga do esgoto. O uso de uma constante subjetiva (k) no cálculo do IQAsub tende a superestimar a poluição devido a impressão visual, não apresentando

necessariamente uma correlação com a medida objetiva de poluição (IQAobj). A estação seca

mostra a pior qualidade da água. O IQAmin mostrou uma mesma tendência ao IQAsub e IQAobj

no baixo custo analítico; contudo, este deve ser combinado com o IQAsub para confirmar os

resultados.

Jonnalagadda & Mhere (2001) estudaram a qualidade da água do rio Odzi, principal rio do leste do Zimbábue (África do Sul), utilizando o Índice de Qualidade da Água da National Science Foundation (Ott, 1978). Este rio é extensivamente usado para irrigação e como a principal fonte de água para beber da região. O índice utilizado considerou para estudo oito parâmetros (temperatura, pH, condutividade, sólidos dissolvidos, sólidos em suspensão, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato e fósforo). O intervalo dos valores de classificação do índice foi considerando como: 0-25, “muito ruim”; 26-50, “ruim”; 51-70, “médio”; 71-90, “bom”, e 91-100, “excelente”.

Para avaliar a qualidade e os possíveis usos da água do rio Bangpakong na Tailândia, Bordalo et al. (2001) utilizaram um IQA baseado no Índice de Qualidade de Água Escocês (IQA), adaptado especialmente para as condições tropicais. O rio Bangpakong tem a mais importante bacia hidrográfica da parte leste da Tailândia e é fonte vital de água

para irrigação, bem como para indústria, aqüicultura, criação de animais, suprimento municipal e diluição de água servida. Os parâmetros avaliados (temperatura, oxigênio dissolvido, turbidez, sólidos em suspensão, pH, amônia, coliformes fecais, demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio, bem como, condutividade, fosfato e metais pesados). Os resultados encontrados mostraram que a média do IQA foi baixo, diminuindo significativamente durante a estação seca. Dentro de cada estação, a principal fonte de variabilidade foi a diferença entre os locais amostrados ao longo do rio.

Sánchez et al. (2006) utilizaram o índice de qualidade da água e o déficit de oxigênio como indicadores da qualidade ambiental de bacias hidrográficas. Para a determinação do IQA, o Padrão Europeu de água limpa foi usado como referência. A influência das condições climáticas sobre a qualidade da água, também foi avaliada. Na primeira bacia, o IQA observado foi de 70 na entrada de cidade, indicando água de “boa” qualidade, diminuindo para “média” qualidade na saída do município. Na segunda bacia, o IQA foi de 65. E finalmente, na terceira bacia o IQA variou de 72 a 55, que corresponde a uma classificação de “boa” a “média” qualidade, respectivamente. Os fatores climáticos que exerceram maior influência sobre o IQA foram: o nível de precipitação, a temperatura e a radiação solar. O estudo mostrou uma alta relação linear entre o IQA e o déficit de oxigênio dissolvido (D), permitindo a determinação do IQA baseado em valores de D, que são facilmente medidos no campo.

No Brasil, o índice de qualidade de água da NSF (USA) foi adaptado pela Companhia de Saneamento Ambiental de São Paulo – CETESB e vem sendo adotado por diversos órgãos ambientais como ferramenta de avaliação da qualidade da água de diversas regiões.

Dias et al. (2003) aplicou o índice de qualidade da NSF para avaliar a qualidade das águas da Sub-bacia rio Ivinhema, especificamente a microbacia do rio Dourados, bacia do Paraná, no Estado do Mato Grosso do Sul. Por ser considerado elevado o nível de desenvolvimento da região, a concentração de municípios e o grande número de atividades poluidoras existente, o índice contemplou os nove parâmetros da NSF. Verificou-se que a não ocorrência das chuvas pode proporcionar a concentração de compostos poluidores nos corpos d’água em estudo. No entanto, os resultados de IQA encontrados não convergem para um comprometimento na qualidade das águas superficiais na microbacia do rio Dourados, apresentando 67,5% dos pontos coletados de boa qualidade.

Noronha et al. (2003) para avaliar as condições de qualidade da bacia hidrográfica do rio Jacarandá - no Espírito Santo, como parte do diágnóstico ambiental desta bacia,

utilizou o IQACETESB (adaptado do NSF) como ferramenta, relacionando os valores

encontrados com algumas características físicas, de uso e ocupação e tipo do solo da região. Os parâmetros físico-químicos foram da NSF. O intervalo admitido para o IQA, segundo a classificação da água, foi dividido em: 0-19, “péssima”; 20-36, “ruim”; 37-51, “aceitável”; 52-79, “boa” e de 80-100, “ótima”. Os pontos avaliados apresentaram IQAs superiores a 50%, mostrando-se aptos a serem utilizados como fonte para abastecimento público, conforme a metodologia de cálculo do IQACETESB. No entanto, nota-se que o IQACETESB deve ser utilizado

como valor informativo, devendo ser ressaltado que este índice é restrito na avaliação ambiental, pois muitos parâmetros físico-químicos e biológicos não são utilizados no cálculo.

Almeida & Schwarzbold (2003) avaliaram a qualidade da água do Arroio da Cria Montenegro, parte da bacia do Rio Caí - RS, por meio das variáveis: percentagem de saturação de oxigênio demanda bioquímica de oxigênio, pH, fósforo total, nitrato, coliformes fecais, turbidez, sólidos totais em suspensão, condutividade, alcalinidade, cloretos, cromo total e temperatura. Os resultados foram interpretados empregando-se o IQA_NSF. Os resultados apresentaram IQA variando de 44,8 a 72,9. O índice não evidenciou variações espaciais e/ou temporais, por não considerar variáveis particularmente importantes como condutividade elétrica, cloretos e alcalinidade.

Sena et al. (2005) aplicaram o IQACETESB para monitorar a qualidade da água do

riacho das Águas do Ferro, em Maceió - AL, conforme os requisitos de qualidade estabelecidos pelo CONAMA 357/05. Este riacho é um curso d’água intermitente que apresenta sua bacia de drenagem totalmente inserida na área urbana de Maceió. Os parâmetros considerados foram: pH, oxigênio dissolvido, temperatura da água, demanda bioquímica de oxigênio, turbidez, sais totais, nitrogênio total, fosfato e bactérias termotolerantes. O resultado final obtido do IQA no ponto de estudo foi de 13,2, classificando este como “péssimo”. No entanto, os autores recomendam que o IQACETESB

deva ser usado apenas como valor informativo na avaliação ambiental, uma vez que, não contempla no seu cálculo, muitos parâmetros físico-químicos e biológicos importantes.

Mendonça et al. (2005) realizaram, mensalmente, o monitoramento da qualidade da água onde estão instaladas usinas hidrelétricas no Estado do Espírito Santo, com a finalidade de acompanhar a variação de parâmetros de qualidade da água na área de influência das mesmas. Dezesseis parâmetros de qualidade de água foram monitorados: pH, temperatura, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, condutividade, sólidos totais em suspensão, sais totais dissolvidos, turbidez, nitrato, nitrogênio orgânico, nitrogênio total, amônia, fosfato total, coliformes fecais. O IQACETESB foi aplicado às águas coletadas a

montante e no interior dos reservatórios dos aproveitamentos hidrelétricos. As faixas de IQA foram definidas como: 0-19, “imprópria”; 20-36, “imprópria” relativamente ao abastecimento após o tratamento convencional; “37-51, “aceitável”; 52-79, “boa” e de 80- 100, “ótima”. Nos rios avaliados, os IQAs permaneceram nas faixas aceitável e boa para abastecimento após tratamento convencional.

4.7.2 Aplicações da estatística multivariada na identificação dos parâmetros de importância na