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5.5 Efeito da Luz UV

5.6.2 Irradia¸c˜ao com el´etrons

Por outro lado, a mesma amostra natural de zoisita, com TT em 600 °C, tamb´em foi irradiada com um feixe de el´etrons de 1,4 MeV . As doses aplicadas foram de 0,5, 1,0, 1,5 e 2,0 kGy. Na Fig. 5.30 s˜ao apresentadas as curvas de emiss˜ao TL onde podemos observar dois picos TL bem definidos, o primeiro em torno de 120 °C e o segundo em 200 °C. Ambos picos saturam rapidamente numa dose de 2 kGy.

Fig. 5.30. Termoluminescˆencia da zoisita com TT em 600 °C e irradiada com el´etrons de 1,4 MeV.

5.7

Ressonˆancia paramagn´etica eletrˆonica

Como visto na Sec. 3.8, o fenˆomeno de ressonˆancia paramagn´etica eletrˆonica (EPR) ´e um fenˆomeno de absor¸c˜ao de f´otons de microondas por um material dado. Aqui o f´oton absorvido possui energia relativa `a de microondas (na ordem de 10−4 eV).

Em uma medida EPR o comprimento de onda, ou frequˆencia da radia¸c˜ao (ν), ´e mantido constante e atrav´es de um aumento de intensidade do campo magn´etico aplicado `a amostra, verifica-se a condi¸c˜ao de absor¸c˜ao do f´oton. Em geral um espectro de EPR est´a formado por um grande n´umero de linhas de absor¸c˜ao, porem, na forma de primeira derivada da absor¸c˜ao. Esta visualiza¸c˜ao ´e feita para uma melhor distin¸c˜ao entre uma e outra linha de absor¸c˜ao.

5.7.1

Amostra natural

As medidas de EPR da amostra natural em forma de p´o, foram feitas utilizando uma potˆencia de microonda de 20,166 mW com uma freq¨uˆencia de 9,77 GHz. Na Fig. 5.31

´e apresentado o espectro EPR da amostra de zoisita natural em um intervalo de campo magn´etico de 0 at´e 5000 Gauss. Nessa figura nota-se um espectro EPR complexo com v´arias linhas em diferentes posi¸c˜oes.

Para uma melhor an´alise o espectro ser´a dividido em quatro regi˜oes de absor¸c˜ao; entre 800 - 1500 G, 1500 - 2000 G, 2000 - 2500 G e 3100 - 3900 G.

Na primeira e segunda regi˜ao (800 - 1500 G e 1500 - 2000 G) o espectro EPR da zoisita apresenta dois conjuntos de linhas muito intensas. No primeiro conjunto se destacam dois picos em g = 6, 3605 e g = 5, 6219. No segundo conjunto, como no primeiro, dois picos s˜ao visualizados em g = 4, 1333 e g = 3, 7189.

Pouco foi encontrado na literatura com rela¸c˜ao `a ocorrˆencia destas linhas EPR nessa posi¸c˜ao de campo baixo. Estudos feitos porTsang & Ghose(1971) eGhose & Tsang

(1971) relacionaram a linha anisotr´opica, da zoisita azul (tanzanita), em campo baixo, como sendo devido ao ´ıon de Fe3+ que entra como impureza na estrutura do cristal,

substituindo o Al na posi¸c˜ao II das cadeias octa´edricas. Note-se, em geral se observa o sinal fraco de ferro em g ∼ 4, 3

No entanto um estudo similar feito por Hutton et al. (1971) deram uma inter-

Fig. 5.31. Espectro EPR da zoisita natural. Medida feita numa temperatura ambiente com uma frequˆencia de microonda de 9,77 GHz e uma potˆencia de 20,166 mW.

preta¸c˜ao muito diferente. Eles atribu´ıram ao ´ıon de Cr3+ como sendo o respons´avel

pela apari¸c˜ao dessa linha na extrema esquerda do espectro EPR. Transi¸c˜oes devido ao ingresso deste ´ıon nas cadeias octa´edricas da zoisita fazem com que o fator g mude de valores em torno de 2 para 4, isto como uma transi¸c˜ao de −1

2 para + 1 2 no dubleto ±1 2 de um sistema de spin S = 3

2. Esta transi¸c˜ao pode ser devido a um Campo Cristalino

muito intenso num ambiente octa´edrico de baixa simetria.

Na regi˜ao de 2000 - 2500 G, observa-se uma linha pouco intensa, com rela¸c˜ao `as outras, em torno de g = 3, 1318. Para esta transi¸c˜ao tamb´em n˜ao temos referˆencias bibliogr´aficas.

Na regi˜ao de 3100 at´e 3900 G foi observado o espectro t´ıpico de Mn2+ e que ´e

formado por seis linhas muito intensas indicando que o spin eletrˆonico efetivo ´e S = 12 e I = 52. Os valores experimentais de g = 2, 028(2) e de A = 90(1) s˜ao t´ıpicos do Mn2+ em diferentes posi¸c˜oes da rede. Um trabalho anterior feito porSrinivasulu et al.

(1992) com a variedade de zoisita cor de rosa, Tulita, apresentou estas mesmas linhas numa posi¸c˜ao similar em g = 2, 001(1) e com o mesmo valor para o parˆametro A.

Embora, estas seis linhas de Mn2+ j´a tenham sido reportadas por Ghose & Tsang

(1971); Tsang & Ghose (1971); Hutton (1971); Hutton et al. (1971), todos esses es- pectros EPR n˜ao apresentaram a pronunciada inclina¸c˜ao que s´o apresenta a tulita de

Srinivasulu et al.(1992) e a nossa. Nesse sentido, e como discutido porSrinivasulu et al.

(1992), essa inclina¸c˜ao pode ser atribu´ıda `a presen¸ca do ´ıon de Fe3+ em quantidades

importantes no mineral.

Medidas na banda K

Com o objetivo de verificar a ocorrˆencia das linhas EPR na regi˜ao de g > 2, 0 na amostra policristalina de zoisita, um espectrˆometro EPR que opera na banda K (ver Sec. 4.2.3), com frequˆencia de microondas de 23,86 GHz e potencia de 10 mW foi utilizado. Espectros nessa banda poderiam, al´em de confirmar as posi¸c˜oes das linhas EPR, resolver linhas que na banda X n˜ao s˜ao observadas devido a superposi¸c˜ao.

O resultado desta medida (Fig. 5.32) confirmou a presen¸ca das seis linhas devidas ao Mn2+com A = 91, 6. Uma linha a extrema direita do espectro exibe um crescimento

pronunciado o qual pode ser devido ao ´ıon de Ti3+. A intensidade, posi¸c˜ao e inclina¸c˜ao

dessas 6 linhas de Mn2+, ´e devido ao Fe3+ numa simetria ortorrˆombica. O primeiro e

segundo conjunto de linhas (entre 800 - 1500 G e 1500 - 2000 G na banda X) tamb´em foram corroboradas na banda K, s´o que desta vez entre 2350 - 3350 G e 3350 - 5100 G respectivamente.

Fig. 5.32. Espectro EPR da zoisita natural. Medida feita numa temperatura ambiente com uma freq¨uˆencia de microonda de 23,86 GHz (banda K) e uma potˆencia de 10,0 mW.

5.7.2

Irradia¸c˜ao com diferentes doses de radia¸c˜ao gama

Amostras naturais de zoisita foram irradiadas com doses entre 10 Gy e 50 kGy. O efeito da dose γ nos espectros EPR ´e pequeno. Na Fig.5.33 s˜ao apresentadas cinco medidas, em todas elas o comportamento ´e repetitivo, com sinais praticamente constantes.

Cabe salientar que, embora o espectro, como um todo, n˜ao muda, conseguiu-se identificar uma pequena mudan¸ca para doses aplicadas acima de 10 kGy na regi˜ao de 3100 at´e 3900 G. Esta mudan¸ca esta centrada no valor de g = 2, 010 e ser´a analisada com maior detalhe nas se¸c˜oes seguintes.

5.7.3

Tratamentos t´ermicos (TT)

Com o objetivo de provocar mudan¸cas nos sinais EPR da amostra de zoisita natu- ral, foram feitos trˆes tratamentos t´ermicos, em 500, 600 e 900 °C. Na Fig. 5.34 s˜ao apresentados estes espectros junto com o sinal da amostra natural sem TT. Nota-se que sinais em g = 6, 3605 (1087 G), g = 5, 6219 (1224 G), g = 4, 1333 (1676 G) e g = 3, 7189 (1863 G) crescem ligeiramente para um TT de 500 °C, mas esses mesmos sinais caem para TT de 600 e 900 °C. No entanto a linha em g = 3, 1318 (2220 G) desaparece a medida que os TT s˜ao incrementados.

Na regi˜ao de campo magn´etico entre 3100 e 3900 G, percebe-se o mesmo efeito, s´o que agora um pequeno sinal em torno de g = 2, 010 cresce com a dose e os TT, pos-

Fig. 5.33. Espectros de EPR do cristal de zoisita natural irradiado com doses entre 10 Gy e 50 kGy. A intensidade dos espectros n˜ao mudam com a dose.

sivelmente este sinal ´e devido ao centro per´oxido (OHC) que aparece por uma vacˆancia de oxigˆenio no SiO4 da estrutura cristalina da zoisita (Ikeya,1993). Para observar mel-

hor o comportamento deste sinal nessa regi˜ao, foram feitas medidas complementares submetendo a zoisita a v´arios TT e m´ultiplas irradia¸c˜oes de forma sistem´atica.

Uma amostra de zoisita natural foi irradiada com doses γ entre 10 Gy e 50 kGy (Fig. 5.35). Para esta amostra, tanto o fator g centrado em g = 2, 014 como o parˆametro A com valor A = 14, 43 G caracterizam a mudan¸ca do sinal EPR nessa regi˜ao. Note-se que este sinal s´o aparece para doses acima de 2 kGy. Por outro lado medidas EPR em amostras de zoisita, submetidas a TT em 500 e 600 °C e irradiadas com doses de 10 Gy at´e 50 kGy, mostraram comportamentos ligeiramente diferentes com rela¸c˜ao da amostra natural (Fig. 5.35b,c). Para o TT em 500°C o sinal aparece a partir de 5 kGy na posi¸c˜ao g = 2, 012 com A = 18, 86 G. No entanto para um TT em 600 °C o sinal se centraliza em g = 2, 009 com A = 22, 03 G.

Entende-se ent˜ao que a mudan¸ca do poss´ıvel centro per´oxido est´a fortemente rela- cionada a altas doses de irradia¸c˜ao γ na zoisita.

Fig. 5.34. Efeito dos tratamentos t´ermicos na amostra de zoisita irradiada com 50 kGy.

Fig. 5.35. Efeito da dose γ e os TT no EPR da zoisita. (a) Mudan¸ca do sinal em g = 2, 014 na zoisita natural. (b) Mudan¸ca do sinal em g = 2, 012 na zoisita com TT em 500 °C. (c) Mudan¸ca do sinal em g = 2, 009 na zoisita com TT em 600 °C.

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