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Algumas perguntas e/ou inquietações fizeram emergir a proposta metodológica no delineamento dessa pesquisa, em que não se pretende apenas construir explicações para o fenômeno estudado, mas, sim, caminhar como pesquisadora no aprofundamento e na compreensão da realidade, numa perspectiva dialógica, vinculada a processos de intervenção. Dessa forma, o problema que moveu a pesquisa partiu da minha realidade de educadora comprometida e foi ganhando novas perspectivas por meio da observação da tessitura das discussões ambientais no curso técnico em Mecânica do Ifes. Aqui, será apresentado o referencial metodológico da pesquisa.

A pesquisa constitui tanto um importante instrumento de investigação para o ser humano quanto um rico instrumento para entender sua realidade e interagir com ela. Valiosas contribuições dos professores ao longo do doutorado e as itinerâncias construídas no decurso

da pesquisa15 foram elos importantes para o entendimento de que a metodologia deveria ser

tecida ao longo deste estudo. Indo a campo e convivendo com os sujeitos praticantes dessa investigação, percebi que o modo de agir com/na pesquisa foi tomando forma, entrelaçando- se e abrindo campos de possibilidades teórico-metodológicas nos quais esse caminho escuro, que tinha sido iniciado, foi se clareando.

A opção pela metodologia definiu-se por uma abordagem qualitativa, com aportes do estudo de caso. Para fundamentar a construção da metodologia, buscou-se apoio em autores, como André e Lüdke (1986), Bogdan e Biklen (1994), Chizzotti (2003), Gatti (2005), Laville e Dione (1999).

O cenário da pesquisa trata do curso técnico em Mecânica do Ifes/campus Vitória. No enredamento dessa pesquisa, foram envolvidos os seguintes sujeitos participantes:

- o coordenador do curso técnico em Mecânica do Ifes/campus Vitória; - a pedagoga do curso técnico em Mecânica do Ifes/campus Vitória;

15 Inspiro-me no texto de Joanir Gomes de Azevedo, publicado no livro Método: pesquisa com o cotidiano,

- vinte e um educadores que ministram aulas no curso técnico em Mecânica do Ifes/campus Vitória;

- vinte e cinco educandos do curso técnico em Mecânica do Ifes/campus Vitória.

As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram análise documental, entrevistas semiestruturadas, grupo focal e reuniões com os docentes para elaboração da proposta de reorientação curricular. Esta última técnica foi aplicada no segundo momento da coleta, após análise dos organizadores. Foram utilizados como instrumentos os roteiros das reuniões com os professores, das entrevistas e do grupo focal. Para a reunião com os professores a fim de escutar suas propostas, foi elaborado um roteiro inicial com as explicações e direcionamentos cabíveis e apresentação de algumas atividades contidas no livro Educação ambiental: a

formação do sujeito ecológico, de Isabel Carvalho (2006).

Em relação ao estudo de caso, os autores Bogdan e Biklen (1994) afirmam que ele pode ser representado como um funil, em que o início do estudo é sempre a parte mais larga. Segundo esses autores, nos estudos de caso, a melhor técnica de recolher dados consiste na observação participante, sendo o foco de estudo uma organização particular.

Para Bogdan e Biklen (1994), cabe ao pesquisador, com sua sensibilidade e referencial teórico de suporte, coletar dados e interpretá-los e aos sujeitos, construir conhecimento sobre um determinado contexto. De acordo com esses autores, a pesquisa qualitativa apresenta, em sua essência, cinco características: a) a fonte direta dos dados é o ambiente natural e o investigador é o principal agente na recolha desses mesmos dados; b) os dados que o investigador recolhe são essencialmente de caráter descritivo; c) o pesquisador, ao estudar o problema, expressa maior importância no processo da pesquisa, e não propriamente nos resultados e produtos finais. O pesquisador busca penetrar em sua estrutura íntima, inclusive a não visível e observável, para descobrir suas relações e avançar no conhecimento; d) a análise dos dados é feita de forma indutiva; e) o investigador interessa-se, acima de tudo, por tentar compreender o significado que os participantes atribuem às suas experiências.

Na mesma linha de pensamento, André e Ludke (1986) afirmam que a investigação qualitativa, por permitir a subjetividade do investigador na procura do conhecimento, implica a existência de maior diversificação nos procedimentos metodológicos utilizados na investigação. Para esse tipo de investigação qualitativa as autoras apontam sete características, a saber: a) enfatizar a interpretação em contexto, pois todo o estudo dessa natureza deve ter

em conta as características do meio social em que se encontra inserida, os recursos materiais e humanos, dentre outros aspectos; b) visar à descoberta na medida em que surjam, em qualquer momento, novos elementos e aspectos importantes para a investigação, além dos pressupostos do enquadramento teórico inicial; c) retratar a realidade de forma completa e profunda; d) usar uma variedade de fontes de informação; e) permitir generalizações naturalistas; f) procurar representar as diferentes perspectivas presentes numa situação social; g) utilizar uma linguagem e uma forma mais acessível do que outros métodos de investigação.

Acredita-se que a pesquisa qualitativa implica o contato direto com o local e as circunstâncias da investigação. Nessa pesquisa, nas entrevistas, o coordenador, a pedagoga, os educadores e os educandos do curso interagem e atuam como fonte direta dos dados obtidos. O pesquisador é o principal mediador no desenvolvimento e na análise da pesquisa.

Justifica-se a utilização da abordagem qualitativa por acreditar que ela tem uma característica particular, que é o ambiente onde ocorre. Para tal, de acordo com Chizzotti (2003), a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito.

Isso implica a visão da pesquisadora no desenvolvimento dessa atividade, pois, na reflexão sobre o problema com olhar em sua resolução, pode fazer uma análise do cotidiano do lugar pesquisado, deixando ainda mais rica sua pesquisa.