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CAPÍTULO III – APRENDER COM A EXPERIÊNCIA DO OUTRO E COM O OUTRO

3.1 Ivone Ouverney Santos de Azevedo

Me formei numa faculdade de Educação Física e Desportos na cidade de Guarulhos em São Paulo no ano de 1989. Tive uma formação muito tecnicista e eu já ministrava aulas antes de minha formação acadêmica, por ter feito o normal médio, o que me permitia trabalhar no Estado como professora contratada. Mas sempre foi um desejo trabalhar com educação física. Larguei o Estado para trabalhar numa ONG com crianças carentes, como eu tinha o magistério e o curso de Educação Física, atuava também no reforço escolar, dupla função com um só salário. Depois fui para a Prefeitura de Guarulhos dedicar-me a pré-escola. Fiquei quatro anos e fiz o concurso da Universidade Federal do Pará (UFPA) para atuar no Núcleo Pedagógico Integrado (NPI) como um Colégio de Aplicação. Permaneci nesse colégio por 3 meses, pelo fato de meu marido ser militar e ter de vir para o Rio de Janeiro, acabei pedindo transferência para o Pedro II, onde estou há 22 anos.

Iniciei minha carreira profissional como professora de EF, ainda como estagiária, e seis meses depois me efetivei dentro da Cruzada Pró- Equilíbrio Social (como se fosse uma ONG). Essa ONG atendia crianças de 6 a 12 anos e nesse espaço fui muito bem recebida, muito bem tratada. Ninguém entendia do trabalho e talvez isso tenha me permitido experimentá-lo sem grandes medos. Era um projeto para socializar crianças em comunidades próximas às empresas que cediam espaço físico e alimentação para que as crianças não ficassem na rua. Tinham uma assistente social e uma professora. Em outras empresas tinham o professor de EF, também, para promover o lazer e esporte. Onde eu estava fazia dupla jornada. A priori não se tinha um planejamento para seguir, por isso eu e a assistente social, fazíamos a divisão dos horários para cada atividade. Fazíamos de tudo, horta, dever de casa, contação de histórias, dentre outras atividades. Como não tínhamos muito material e o planejamento era por nossa conta, fazia a educação física que eu gostaria de fazer, utilizando material reciclado, oportunizando as crianças de criarem brinquedos que utilizávamos nas aulas e eles podiam levar para casa. Realizávamos muitas brincadeiras “de rua”; jogos populares, pipa, bola de gude, pião, além de

atividades psicomotoras e esportivas. Minha experiência de professora de normal médio e meu interesse e preocupação com as crianças me levavam a entender que elas participassem das escolhas das atividades de seus interesses. Quando teve início minha atuação na Prefeitura de Guarulhos fiz um curso de preparação para iniciar as aulas. Na verdade, fizemos vivências de atividades em que poderíamos realizar dinâmicas de integração e atividades em conjunto, acho que uns 15 dias com professores mais experientes, concedendo orientações de como as tarefas eram exercidas. Não tínhamos diários, tudo era registrado em um caderno com toda descrição das aulas, planejamento e avaliação. Essas foram as orientações de como fazer o caderno. Eu havia realizado um estágio com meu professor de educação infantil na escolinha dele, local em que aprendi muito mais do que na própria faculdade, já que está me ensinou pouco. Eu não tive muitas dificuldades porque já trabalhava com crianças pequenas, e aí foi fácil. Contudo, a gente vai aprendendo com a vida, pois não saímos da faculdade sabendo tudo, ainda mais eu que tive uma formação tecnicista, que era extremamente voltada para o esporte, esporte e esporte.

A educação infantil se apresentava como um grande desafio, minha experiência na escolinha de meu antigo professor foi uma aprendizagem interessante. Mas posso dizer que o Pedro II foi a escola que me fez virar professora de verdade, pela questão da amplitude que é a escola. Com uma pequena visita é possível vislumbrar a dimensão que é essa unidade, imagina as outras. Atendemos da educação infantil ao ensino médio. No Pedro II os professores chegam de supetão, não existe um protocolo de recepção, o diretor te apresenta a turma e você se vira. A gente tem tentado mudar essa realidade com os professores novos que chegam, principalmente, os contratados, que tem menos experiências. Nós estamos aprendendo, e o bom do Pedro II é a abertura das pessoas, elas se ajudam e isso é muito positivo, aprendemos coletivamente com as trocas.

Quando eu entrei no colégio, era umas das professoras mais novas, possuía uma visão diferente. Tinham colegas com perspectiva de aula de EF ainda no viés mais tecnicista e isso me fez recordar que a escolha por estudar EF foi para fazer diferente, pois era excluída pela minha professora por ser muito magra e baixinha, aparentemente fraca. Para mim a EF era, e tinha que ser para todos. Acumulei com o passar dos anos outras leituras, experiências e acredito que pelo fato de ter trabalhado sempre com crianças, isto me tornava menos tecnicista do que alguns colegas no início da carreira. Tentava criar jogos para não ir direto ao esporte, buscava valorizar e reviver as brincadeiras populares, fazer link dessas brincadeiras com alguns esportes, utilizar materiais alternativos. Com a entrada de pessoas mais novas e a troca de informações a cara do Pedro II foi se modificando.

Encontrei no Pedro II alunos diferentes, quando comparados aos alunos que encontramos na maioria das escolas da rede Municipal e Estadual do Rio de Janeiro. São mais politizados, mais organizados, diria até disciplinados, porque não! Os professores na época eram mais tecnicistas do que hoje, porém mais abertos a compartilhar com os colegas a acolher os mais novos. Eu particularmente não tive problema com isso. Temos uma estrutura que não se vê em qualquer lugar. Na época não contávamos com muitos materiais didáticos, tínhamos de ser criativos, a estrutura era ótima e o material escasso, ele foi chegando aos poucos. Os colegas tinham vontade de dar aula, por isso a falta de material não era justificativa para não ter aula (e aula de boa qualidade), pelo menos para a grande maioria dos professores era assim.

Na dinâmica das ações do Pedro II buscou-se ampliar sua inserção em diferentes atividades de formação, foi aí que, dentre outras ações, se buscou o Programa de Residência Docente (PRD). Na época da criação do PRD nosso chefe foi convidado a ser o coordenador geral do programa. Realizou-se em nossa área um processo seletivo por meio de um edital no colégio e chamadas internas. A princípio não tinha interesse em participar, de maneira que só entrei no ano seguinte. O programa foi se ampliando e a demanda por mais professores ficando forte. Eu não participei diretamente como professora supervisora no primeiro ano, mas ofereci oficinas no PRD, a maioria sobre construção de materiais alternativos. Os Residentes demonstravam interesse pelo tipo de trabalho que desenvolvia, pelo fato de criar e ministrar aulas utilizando materiais alternativos e assim, os residentes pediam que eu me tornasse uma professora supervisora, o que me convenceu a participar efetivamente do programa.

Fui supervisora durante dois anos e pude reparar algumas mudanças em relação a primeira e a segunda turma. A segunda turma já veio em sua grande maioria indicada, eles já vieram me procurando e sabendo que gostariam de ser supervisionados por mim. A escolha foi deles, já vieram com essa perspectiva. Eu realmente não sei se isso foi bom ou ruim. Na época eu fui a única supervisora que teve cinco professores residentes e o detalhe é que os cinco concluíram o curso. Alguns residentes supervisionados por outros professores desistiram no meio do caminho, dos meus, nenhum desistiu, eu não os deixava desistir.

Ao iniciar no PRD procurei, no primeiro contato com os residentes, estabelecer uma conversa informal, o que me permitiu saber um pouco da realidade de cada um, para que em seguida, pudesse apresentar um pouco a realidade do Pedro II. Entendi que esse momento ajudaria a ter uma relação mais humana, mais próxima onde procurava identificar as angustias, necessidades e suas preocupações tentando, dentro de um projeto acadêmico, aliviar essas inquietações que atravessavam o trabalho e a vida desses professores. Esse tratamento

contribuiu para a formação do residente, percebi que eles passavam não mais a ver apenas o lado profissional e sim o lado humano, era assim como eu demonstrava e me preocupava em entendê-los. Nas conversas percebi que eles tinham muitas questões sobre indisciplinas dos alunos e muita queixa sobre material. Ao observarem minhas aulas e a forma como tratava os alunos e resolvia, em alguns momentos o tipo de material que utilizava, percebi que eles passavam a fazer o mesmo com os seus alunos. Minha experiência permitiu uma outra perspectiva de trabalho, que não era apenas o de reclamar pela falta de material, de espaço adequado, a reclamação do não ter, e não ter. Ele pode achar o que ter e o que fazer com o que se tem à disposição. Acho que ao se preocuparem com isso a relação é mais humana pois passam a pensar nos alunos (não esquecendo de reivindicarem material na sua escola, certamente) e darem boas aulas.

Eu procurava na relação com eles, e na relação entre eles, promover iniciativas de ajuda coletiva, um participava da construção do projeto do outro, existia uma troca, uma coletividade muito interessante, tanto é que, eu mantenho o contato até hoje, nós partilhávamos experiências, conhecimentos, informações, angustias e alegrias. Quando surgiam relatos de dificuldades, parávamos para ajudar o colega a encontrar maneiras de supera-las.

Algumas ações não eram simples porque os professores residentes trabalhavam em diferentes unidades de ensino, com contextos distintos do Pedro II, mas tinham que estar na unidade para dialogar com os supervisores. Essa era uma das grandes dificuldades dos professores residentes, nos articulávamos para que todos pudessem participar e concluir o curso. Outro dilema dos residentes era que a grande maioria não contava com a liberação da escola em seus horários de aula. Eles tinham a opção de vir nos horários e dias livres. O cansaço do dia a dia, ter várias matrículas para dar conta da vida, as angustias de querer fazer diferença, mas estar sozinho, a falta de tempo para concluir as atividades e etc., foram dificuldades potencializadas pela falta de liberação nas escolas de origem. Os dias em que eles vinham aqui assistir minhas aulas, tínhamos um horário para conversar sobre os acontecimentos durante as atividades e também sobre os seus projetos. Eles observavam, participavam e colaboravam na medida do possível. Em alguns momentos eles puderam propor atividades e eu sempre apresentava meu planejamento da semana, assim, quando eles estivessem presentes já saberiam o que seria passado. Alguns falavam: “Ivone e se a gente fizer de tal forma?” Eu deixava: “Vamos lá, propõe.” Eu deixava que eles trouxessem planejamentos. Um deles me disse: “Olha eu pensei em tal coisa, posso aplicar para ver como é?” Era mais livre, eu os deixava interagir do jeito que achavam que teriam maior segurança de fazer, as vezes eu colocava alguma

proposta: “Olha, semana que vem a proposta é essa, eu gostaria que vocês trouxessem algumas ideias para a gente poder conversar e montar a aula.”

Outras vezes montávamos as aulas juntos, tínhamos uma troca muito grande, tanto eu com eles, como entre eles. Alguns se sentiam desconfortáveis e não queriam ministrar aulas, a minha estratégia era deixar que fizessem as regências em duplas ou trios. Um ia ajudando o outro. Na primeira turma por exemplo, que era mais unida do que a segunda, eles fizeram uma aula coletiva, os cinco deram aula ao mesmo tempo, para eles foi legal, eles foram pegando mais segurança. Mesmo quando eles não queriam dar aula, eu aceitava as sugestões que eles traziam: “E se a gente fizer isso?” eu falava “Então tá, vamos lá, você tem que me ajudar, se eu errar você conduz!”. Tinha uma troca diária muito rica, muito legal.

O que facilitava muito a inserção desses novos professores eram os alunos do colégio Pedro II, os alunos são muito acolhedores, principalmente os pequenos. Eu sempre dei aula para os mais novos, do 1º ao 5ºano, os professores eram os tios, que vieram visitar e ajudar, brincavam juntos, a relação estabelecida entre eles era muito boa, se abraçavam. O Pedro II é constantemente visitado, então eles já estão acostumados com essas visitas, o que facilitava muito essa relação de acolhimento.

Nos momentos de regência, onde eles tinham que ministrar aulas, em ambientes com alunos que não eram os deles, eu deixava claro que criança é criança, e a maioria que vinha fazer a residência aqui já dava aula para esse segmento de ensino. As diferenças apontadas em maior frequência circulavam entre a falta de material e a questão da disciplina dos alunos. A disciplina dos alunos do Pedro II, quando comparada a outras escolas da rede pública é alarmante. As crianças são mais disciplinas porque são menos carentes, vamos dizer assim. Não que não tenhamos crianças carentes aqui, só acho que são minoria, diante de outras escolas. Nos anos iniciais a entrada é feita por sorteio, mas as inscrições são feitas pela internet, muitos ainda não tem acesso, são outras pessoas que fazem as inscrições. Recebemos alunos de todos os locais, por isso temos uma diversidade. Não são alunos de um único bairro ou redondeza, como acontece em escolas municipais ou estaduais.

A intenção do PRD é que o professor conheça um pouco da nossa realidade e tente transforma-la para a realidade deles. Como eu tenho o hábito de não trabalhar com material convencional, bolas, cones, cordas, etc., tento fazer com que a criança reconheça que na aula de EF o importante não é o material e sim o corpo. Este é o elemento principal da aula. Procuro, no início do ano, ministrar as aulas sem nenhum material, para depois ir introduzindo aos

poucos, primeiro os alternativos e depois até utilizo os convencionais, mas não em todas as aulas. Para os residentes era fácil, como não possuíam em suas escolas farturas de material, e viam que eu construía os meus, criavam então uma relação mais próxima da realidade deles. Duas eram as questões que se destacavam em nossas conversas sobre a diferenças do Pedro II e suas escolas: violência e falta de material. A questão da violência aqui é menor, então não existia muito parâmetro para eles. A falta de material, como já dito anteriormente, foi muito próximo do cotidiano, eu não trabalho com material convencional e essa relação foi fácil de ser feita. Nas minhas aulas eu sempre trazia um material mais escasso, pensando em chegar o mais próximo do que eles vivenciavam. É importante ressaltar que meus residentes vinham de distintas realidades, necessidades e formações e que essas particularidades não modificavam o meu modo de dar aulas, as minhas aulas sempre foram as minhas aulas, a única diferença é que eu tentava adaptar um pouco a realidade deles ao meu contexto. Quando eu tinha de trazer uma quantidade X de material, eu levava menos em atividades que permitiam adequar materiais alternativos, para que eles pudessem ver que é possível. Essa era a diferença que a presença deles ocasionava. Meu planejamento, o modo de lidar com as crianças, sempre foi a mesma.

Conversávamos sobre tudo, não nos restringíamos aos acontecimentos no Pedro II e ao Produto Acadêmico Final (PAF). Falávamos sobre o dia a dia deles, o que eles poderiam melhorar dentro do seu contexto real de trabalho, as dificuldades que eles encontravam dentro das escolas, conversávamos realmente sobre tudo. O acadêmico ficou de lado, podemos até dizer que num segundo plano. Uma questão que não foi possível, ainda que não estivesse colocado no PRD, foi que infelizmente eu nunca fui em nenhuma das escolas dos meus residentes. Eu ficava sabendo das suas realidades a partir de conversas, das fotos que eles traziam e nas conversas que iam me apresentando. Infelizmente não consegui visitar a escola de nenhum residente por conta das minhas atribuições no Pedro II, eu fico na escola praticamente todos os dias da semana. Confesso que gostaria muito de ter visitado as escolas deles, e os convites foram frequentes, isso me ajudaria a entender com mais clareza as realidades, necessidades e demandas de cada professor residente. Eu teria uma visão mais ampla do contexto de trabalho.

Quando relatavam suas percepções do dia a dia, eu passava a criar uma imagem a partir desse discurso, no entanto, quando eu vou de fato ao campo, posso criar a minha própria percepção partindo do que vejo de fato. Essa experiência poderia potencializar minhas falas e intervenções na busca por mais ajudas. Posso dizer também que nenhum residente visitou a escola de outro. Eram escolas muito distantes, Japeri, Maricá, são escolas em polos muitos

longes. Partíamos para as questões de cunho prático, que era o que eles estavam buscando. Eu trabalhava com eles assim, praticávamos uma ajuda mútua em relação aos conteúdos acadêmicos ao passo que eu sempre dizia a eles que o mais importante era concluir e ser aprovado, a nota não era o mais importante.

Após a finalização das minhas aulas, tínhamos um horário reservado para o diálogo sobre o que havia sido interessante ou não, o que eles achavam que poderia ser melhor trabalhado ou explorado durante as atividades. Meu modo de trabalho nunca se baseou na imposição: “minha aula é assim e acabou”. Sempre me mostrei disposta a ouvir e aceitar novos olhares. Eu sempre dizia: - Olha só, o que vocês acharam da aula, o que vocês poderiam propor de diferente? Como é que vocês podem levar isso para a escola? O que vocês podem trazer de lá para ajudar a desenvolver aqui? Essas questões, dúvidas e possibilidades sempre rodearam nossos momentos de supervisão. Nos mantínhamos numa busca constante em que a troca de experiência, vivencias e o aprendizado eram compartilhados. Possuíamos muitos canais de troca, e-mail, telefone, rede social, etc. Eles falavam: “Ivone, eu fiz tal coisa na minha escola e não deu certo”. E eu perguntava “como é que você fez? Qual é a sua realidade e o que você tinha à disposição?”

Nós trocávamos experiências e eu acredito que durante essas trocas nós íamos nos conhecendo melhor, tanto eles a mim, quanto eu a eles. Minhas percepções de educação não se resumiam ao que eles viam aqui, como eu a deles, eu via por exemplo, residente que tinha muita dificuldade de escrita o que tornava meu papel enquanto orientadora de sentar, marcar horários separados, me juntar com cada residente, ouvir o que eles tinham a dizer, para ajudar na construção da escrita. Marquei por diversas vezes horários fora dos dias de residência, eles me convocavam: “Ivone, você pode me atender hoje? Estou precisando de sua ajuda”. Eu sempre tive essa abertura com eles, eu não tinha um dia fixo para orientação, meu dia fixo era para cumprir a carga horaria deles, mas eram frequentes a presença deles fora do horário: - Eu tenho horário dia tal, eu posso ir?

Minha flexibilidade nesse momento era importante, fazíamos sempre uma troca, era por e-mail ou redes sociais, tínhamos essa dinâmica, nossa coletividade proporcionava essa sensação positiva. Quando um estava problematizando na sua pesquisa o assunto da violência, por exemplo, e encontrou algo sobre jogos populares que é tema de outro residente, eles trocavam essas informações sem a minha mediação inicial. Essa coletividade é importante, ninguém se fechava no seu trabalho, tentávamos construir dessa forma, não tem outra maneira se não através de trocas.

Meu objetivo no PRD sempre foi ampliar o olhar do professor residente sobre a educação e sobre a escola. Buscava fazer com que eles entendessem um pouco mais o que é uma escola, como é trabalhar numa escola, qual deve ser o olhar sobre o aluno e isso a gente não aprende na faculdade, aprendemos no dia a dia, no fazer, é na construção diária do chão da escola. Quando os professores chegam a escola, reclamam disso, daquilo, e eu sempre falo que é uma eterna reclamação. Ao mudar o olhar para o aluno é possível esquecer as reclamações e buscar alternativas, sejam elas, pedagógica, estrutural, do que for, até afetiva. Eu tenho de trazer o professor para o mundo do chão da quadra ao notar que ele vem carregado dos laços acadêmicos, preso às teias do cientificismo. A quadra é um território completamente diferente.

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