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JÓ: O EXEGETA E O CÂNONE.

No documento A Origem Dramática Da Lei (páginas 33-54)

SEGUNDO ATO

2. JÓ: O EXEGETA E O CÂNONE.

 No Livro de Jó  encontra-se talvez a mais importante das antigas referências a Satanás, o opositor, então um mero ministro de Deus, uma espécie de Promotor Público  junto à Justiça Divina; sendo, na realidade, denominado “o Satan”, objetivando o artigo tratar-se antes de um substantivo comum - um cargo - do que um substantivo próprio - o nome do Mal. Trata-se a obra de um longo poema relatando diálogos sucessivos numa estrutura dramática introduzida e concluída por breves trechos em prosa. Nela, Jó vive em torno do século V a.C. e é afortunado, piedoso e justo, tem um imenso rebanho, uma grande família e adora o Senhor. Deus, por sua vez, também está muito satisfeito com tal servo, a ponto de comentar com o Satan, quando este retorna de suas andanças pelo mundo, de que não há ninguém igual a Jó na terra. É quando o Satan, que está entre os filhos de Deus (cf. Jó 1,6), retruca que é fácil adorar a Deus quando se possui felicidade e fortuna. Deus então responde: “Pois bem! Tudo o que ele tem está em teu poder” (Jó

1,11)30. E a completa desgraça vem a recair sobre Jó: os Sabeus roubam seu gado e

 jumentos, um raio incendeia-lhe ovelhas e escravos, os Caldeus em três bandos roubam- lhe os camelos e assassinam-lhe os servos e um furacão abala sua casa matando-lhe todos os filhos. Jó rasga as roupas, arranca os cabelos e caindo prosternado diz: “O Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1,21).

Retornando o Satan à presença de Deus, Este torna a citar a integridade de Jó, alegando ter sido em vão ter-se incitado a perdê- lo. “Pele por pele!”, respondeu o Satan, “O homem dá tudo o que tem para salvar a própria vida. Mas, estende a tua mão, toca- lhe nos ossos, na carne; juro que te renegará em tua face” (Jó 2,4s). O Senhor decide dispor Jó ainda uma vez ao poder do opositor, recomendando: “poupa -lhe apenas a vida” (Jó 2,6).

Ferido com uma lepra, Jó vê seu próprio corpo consumir-se. Sua mulher incita-o a amaldiçoar a Deus. Mas Jó insiste: “Aceitamos a felicidade da mão de Deus; não devemos também aceitar a infelicidade?” (Jó 2,10). E, sentado sobre cinzas, valendo -se de um caco de telha para coçar-se, Jó é visitado por três amigos que, sabedores da sua desgraça, procuram consolá-lo. Os amigos choram frente ao estado lastimável de Jó e o cercam em silêncio por sete dias e sete noites, tão grande é a dor em que o encontram mergulhado. Após esse prazo, Jó inicia um profundo lamento, onde amaldiçoa o dia em que nasceu, em profunda mágoa para com o desatino divino.

O longo poema que se segue tem como tema o sofrimento. Interessante notar que as falas humanas virão todas em versos, diferente das ações divinas, relatadas em  prosa. O humano, talvez, necessite aproximar-se da idéia do belo, qualidade intrínseca à

Haroldo de Campos chama a atenção para os aspectos dialéticos presentes na  própria elaboração do personagem Jó:

(...) o  Livro de Jó (Sêfer Há-Íyov), atribuído a Moisés pela tradição hebraica, tem parecido a alguns estudiosos modernos “desarmonioso” ao extremo na construção de seu principal protagonista  –   a personagem-título, Jó. Por essa razão se justificaria a hipótese de que esse Jó paradoxal teria resultado da “fusão de duas (outras) personagens: ‘Jó, o paciente’, herói do relato em prosa (moldura do livro); ‘Jó, o impaciente’, figura central do diálogo poético que no livro transcorre”; desse segundo Jó, aquele que na verdade mais nos fascina, já foi dito que era movido pela “hybris da virtude”.31

Em seu lamento, Jó, aniquilado, aspira tão-somente a que Deus traga-lhe a morte, inconformado com o fato de sofrer incessantemente apesar de haver sido sempre  justo. Os amigos, Elifaz de Temã, Bildad de Chua e Sofar de Naama obtemperam, caracterizando o sofrimento como castigo e instando com Jó para que peça perdão por seus pecados. O drama vai, paulatinamente, desenvolvendo os contornos de uma lide  jurídica. Nota-se que há, no procedimento das falas e das réplicas, um fundo ritualístico,

invocando o Direito Judaico. Os amigos representam o pensamento corrente em Jerusalém. Mas para defender-se dessas idéias comuns, ou melhor, para afirmar a impropriedade de um justo ser castigado, Jó questiona a aplicabilidade de pressupostos sobre justiça, uma vez que para Deus, ao que tudo indica, tanto se Lhe faz. Ao contrapor argumentos aos companheiros, o que Jó pretende é fazer, pelo paradoxal da questão, com que o próprio Deus suba à Tribuna para replicar com sua voz  o porquê dele estar

sendo condenado. É quando declara:

31 CAMPOS. Haroldo de. Bere’shith: a cena de origem. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000, pp. 57-58.

A citação faz referência interna a GREENBER, Moshe. Job. In: ALTER, Robert; KERMONDE, F. The literary guide to the Bible. Cambridge: The Belknap Press of University Press, 1987; e a TERRIEN, Samuel.Job(Comentaire de l’Ancien Testament, XIII). Neuchátel, Suisse: Delachaux/Niestlé, 1963.

Mas é com o Todo-Poderoso que eu desejaria falar, é com Deus que eu desejaria discutir. Pois vós não sois mais que impostores,

não sois senão médicos que não prestam para nada (...)

Escutai, pois, minha defesa,

atendei aos quesitos que vou anunciar. Para defender a Deus, ireis dizer mentiras,

será preciso enganardes em seu favor? Tereis, para com Ele, juízos preconcebidos,

e vos arvorais em ser seus advogados? (Jó 13, 3-4. 6-8)

Jó tem plena consciência de que litiga contra Deus. Está a ser, por assim dizer, um opositor. E é de certa forma contra esse absurdo que Elifaz, Bildad e Sofar reagem. O tema é ainda elaborado e discutido sob vários pontos de vista sem que se chegue a alguma conclusão satisfatória. Os três amigos refutam a argumentação de Jó por vê-la como um disparate, pois incorreria na admissibilidade de um erro divino, restando tão só e certamente a possibilidade do pecado humano, agora sublinhado pela disposição herética do condenado. Jó, todavia, sabedor de que a fonte de seus males provém de Deus, questiona qual será a vantagem de ser puro, quando o ímpio rouba o gado e enriquece impune, pouco ligando em crer ou não em Deus.

 Na tradição onde se encontra inscrito, Jó não faz mais do que pedir a conformação da lei divina à correção humana, mesmo porque podemos supô-lo como um exegeta.

dos sofrimentos de Israel durante ou depois do exílio babilônico. Nem Jó, nem Deus, nem Satã, nem nenhum dos acusadores de Jó chega sequer a insinuar a história de Israel. A única aliança conhecida por Jó é a aliança do Éden, por assim dizer, e ele não a conhece por conhecer o mito da criação israelita enquanto tal. Ele simplesmente acredita que Deus é criador e bom e que um Deus bom não criaria um mundo em que um homem inocente como ele acabe sofrendo sem nenhuma  boa razão. Sua cosmologia é, com efeito, a do recém-concluído  Livro dos  Provérbios, menos a cláusula liberatória judaica ou derivada da Tora.32

Vale dizer, para que serve Deus senão para impor uma ordem, um modelo de  justiça? Repare-se que seu lamento apenas se inicia depois da comparação com seus

congêneres. Após a maturação das semelhanças e diferenças elencadas no silêncio daqueles sete dias e sete noites, mesmo período que o Senhor utilizara para a Criação, Jó emerge, engrandecido por um saber até então inédito: o da necessidade imperiosa de estabelecer-se, entre os homens, um simulacro da justiça divina. Nesse sentido, o lamento de Jó pode ser compreendido como uma proto-história do compromisso social e mesmo das noções de direitos e deveres individuais. Se por vezes se compara sua lida com a de Abraão ao subir o monte disposto a sacrificar o filho de sua velhice, vale lembrar que para o Pai da fé um anjo permite o deus ex machina e tudo resta explicado. Jó não vai contra o desígnio divino, quer apenas entender a função do seu sofrimento na orquestração maior, a qual, sob seu ponto de vista, resta desprovida de lógica. Em outras palavras, aspira a um deus ex machina em prol da Virtude.

Retornando ao poema, nesse momento entra em cena um quinto personagem, Eliú, filho de Baraquel, de Buz, um jovem que aguardara pacientemente que aos mais velhos a sabedoria se fizesse conhecer. Entretanto, ao notar que os argumentos

32 MILES, Jack. Deus: uma biografia. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das

Letras, 1997, p. 343. O tradutor adverte, em nota e rodapé, nessa passagem: “A expressão ‘cláusula liberatória’, que voltará a aparecer no texto, é jurídica. Indica ‘cláusula em que se convenciona que uma das partes (de um contrato) ficará exonerada de responsabilidades ou encargos quando ocorram certas e determinadas circunstâncias’’’

cessavam sem, contudo, desvendar-se uma explicação razoável, encoleriza-se e toma a  palavra. E ao Direito reclamado por Jó, frente ao qual este é um justo, opõe o inescrutável, o desígnio divino às vezes i ncompreensível “pois Deus é maior do que o homem” (Jó 33,12). E de nada adiantaria acusar Deus de não responder de viva voz,  pois o discurso de Deus é de outra natureza, comunica-se através do sonho e através do

sofrimento. E arremata:

Imaginas ter razão

em pretender justificar-te contra Deus? Quando dizes: “Para que me serve isto,

qual a minha vantagem em não pecar?”. Pois vou responder-te,

a ti e a teus amigos. Considera os céus e olha:

vê como são mais altas que tu as nuvens! Se pecas, que danos lhe causas?

Se multiplica tuas faltas, que mal lhe fazes? Se és justo, que vantagem lhe dás?

ou que recebe ele de tua mão?

Tua maldade só prejudica o homem, teu semelhante, tua justiça só diz respeito a um humano.

(Jó 35, 2-8)

E Eliú termina glorificando as maravilhas de Deus, seu poder fenomenal e sua voz tonitruante que se faz ouvir como uma lei aos elementos.

O aparte de Eliú - cujo nome é uma variante de El-Iah ( El /Deus- Iahweh/Jeová) - funciona como uma introdução ao último e magnífico personagem: o próprio Deus que, do seio de uma tempestade, no meio de um redemunho, responde a Jó:

Quem é aquele que obscurece assim a

Quem é aquele que obscurece assim a ProvidênciaProvidência com discursos sem inteligência?

com discursos sem inteligência? (...)

(...)

Onde estavas quando lancei os fundamentos da terra? Onde estavas quando lancei os fundamentos da terra?

(...) (...)

Algum dia na vida deste ordens à manhã? Algum dia na vida deste ordens à manhã?

(...) (...)

Qual é o caminho da morada luminosa? Qual é o caminho da morada luminosa? Onde é a residência das trevas? Onde é a residência das trevas? Poderias alcançá-la em seu domínio, Poderias alcançá-la em seu domínio,

e reconhecer as veredas de sua

e reconhecer as veredas de sua morada.morada. (Jó 38, 2.4.12.19-20) (Jó 38, 2.4.12.19-20)

Cabe ao homem aceitar o modo divino de proceder e não questionar a Sabedoria Cabe ao homem aceitar o modo divino de proceder e não questionar a Sabedoria e a Bondade. Jó retrata-se e arrepende-se. O Senhor, então, dirigindo-se a Elifaz e seus e a Bondade. Jó retrata-se e arrepende-se. O Senhor, então, dirigindo-se a Elifaz e seus amigos, dá conta de

amigos, dá conta de sua irritação pela argumentação travada contra seu servo Jó sua irritação pela argumentação travada contra seu servo Jó e exigee exige o holocausto de sete touros e sete carneiros. E a Jó é rest

o holocausto de sete touros e sete carneiros. E a Jó é restituída a saúde, a posição social,ituída a saúde, a posição social, as posses anteriores vêm em dobro e todos os amigos e parentes ofertam-lhe riquezas. as posses anteriores vêm em dobro e todos os amigos e parentes ofertam-lhe riquezas. Torna a ter t

Torna a ter tantos filhantos filhos e os e filhas quantos os que havia perdido e ainda mais belos. E vivefilhas quantos os que havia perdido e ainda mais belos. E vive  por

 por mais 140 mais 140 anos anos para para conhecer conhecer a a quarta quarta geraçãgeraçã o dos filhos de seus filhos. “Depois,o dos filhos de seus filhos. “Depois, velho e cheio de dias, morreu” (Jó 42,17).

velho e cheio de dias, morreu” (Jó 42,17).

A obra do poeta desconhecido, autor do Livro de Jó, elaborada provavelmente A obra do poeta desconhecido, autor do Livro de Jó, elaborada provavelmente entre os séculos VI e V a.C., é produto de um douto na ciência jurídica. Temos na entre os séculos VI e V a.C., é produto de um douto na ciência jurídica. Temos na atualidade a noção vulgarizada de que o Direito ocidental é exclusivamente uma atualidade a noção vulgarizada de que o Direito ocidental é exclusivamente uma evolução histórica do Direito Romano com laivos socrático-platônicos. Destarte, evolução histórica do Direito Romano com laivos socrático-platônicos. Destarte, levando-se em conta o concurso do judaísmo na formatação cultural da moral católica levando-se em conta o concurso do judaísmo na formatação cultural da moral católica apostólica romana, vale salientar que dentre os povos do antigo oriente próximo, o apostólica romana, vale salientar que dentre os povos do antigo oriente próximo, o Estado de Israel constituía uma exceção por sua estrutura jurídica caracteristicamente Estado de Israel constituía uma exceção por sua estrutura jurídica caracteristicamente democrática, com acesso de todos os indivíduos à lei. Ainda que o povo não exercesse democrática, com acesso de todos os indivíduos à lei. Ainda que o povo não exercesse

 propriamen

 propriamente te o o poder, poder, dava-se dava-se proteção proteção aos aos desampadesamparados, rados, mesmmesmo o se se escravos. escravos. EE inclusive Jó dá testemunho disso:

inclusive Jó dá testemunho disso:

 Nunca violei o direi

 Nunca violei o direito de meus escravos,to de meus escravos, ou de minha serva, em suas

ou de minha serva, em suas discussõediscussões comigo.s comigo. Que farei eu quando Deus se levantar,

Que farei eu quando Deus se levantar,

quando me interrogar, que lhe responderei? quando me interrogar, que lhe responderei?

Aquele que me criou no ventre, não o criou também a ele? Aquele que me criou no ventre, não o criou também a ele?

Um mesmo criador não nos formou no seio da nossa mãe? Um mesmo criador não nos formou no seio da nossa mãe?  Não recusei aos po

 Não recusei aos pobres aquilo que desejavbres aquilo que desejavam,am, não fiz desfalecer os olhos da viúva, não fiz desfalecer os olhos da viúva, não comi sozinho meu pedaço de pão,

não comi sozinho meu pedaço de pão, sem que o órfão tivesse a sua parte; sem que o órfão tivesse a sua parte;

desde a minha infância cuidei deste como um pai, desde a minha infância cuidei deste como um pai,

desde o ventre de minha mãe, fui o guia da viúva. desde o ventre de minha mãe, fui o guia da viúva.

(Jó 31,13-18) (Jó 31,13-18)

O Direito é aqui de vocação exclusivamente holística. Por funcionar como O Direito é aqui de vocação exclusivamente holística. Por funcionar como imanência de uma lei maior, cosmológica, a lei israelita enfrenta no drama uma lide imanência de uma lei maior, cosmológica, a lei israelita enfrenta no drama uma lide  paradoxal

 paradoxal, , extremada extremada por por dois dois posicionamenposicionamentos tos que que ameaçameaçam am tornarem-se tornarem-se leiturasleituras subversoras. São eles, o direito individual por parte de Jó e, da outra parte, a subversoras. São eles, o direito individual por parte de Jó e, da outra parte, a concorrência do mal no desígnio sagrado. Onde a Lei, ao tipificar um crime, de certa concorrência do mal no desígnio sagrado. Onde a Lei, ao tipificar um crime, de certa forma, carrega-o consigo, ao enquadrá-lo fá-lo parte da Criação. Se praticamente todos forma, carrega-o consigo, ao enquadrá-lo fá-lo parte da Criação. Se praticamente todos os códigos penais do futuro,

os códigos penais do futuro, em diferentes civilizações, concordarão com o pressupostoem diferentes civilizações, concordarão com o pressuposto de que não haverá crime sem lei anterior que o defina, para aquele momento, onde a de que não haverá crime sem lei anterior que o defina, para aquele momento, onde a  palavra

 palavra era era revelação, revelação, a a Lei Lei tornava-se, tornava-se, concomiconcomitantemente, tantemente, o o lugar lugar onde onde surgia surgia oo crime.

Pela posição adotada nos

Pela posição adotada nos Provérbios Provérbios, o mundo é justo no geral, mas, quando não o, o mundo é justo no geral, mas, quando não o é, presume-se que o Senhor teve boas razões para isso. O autor de Jó aceita essa é, presume-se que o Senhor teve boas razões para isso. O autor de Jó aceita essa  posição como ponto de partida, mas depois espec

 posição como ponto de partida, mas depois especula: “Muito bem, e que razões sãoula: “Muito bem, e que razões são essas?”. Ele responde à própria questão contando uma história profundamente essas?”. Ele responde à própria questão contando uma história profundamente  blasfema sobre o Senhor Deus. A originalidade subversiva

 blasfema sobre o Senhor Deus. A originalidade subversiva dodo Livro de Jó Livro de Jó pode ser pode ser encontrada tanto nessa blasfêmia como na angustiada eloqüência dos discursos do encontrada tanto nessa blasfêmia como na angustiada eloqüência dos discursos do  personagem-título.

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Fica em questão dessa maneira não só a explicação poético-teológica para o erro Fica em questão dessa maneira não só a explicação poético-teológica para o erro  jurídico,

 jurídico, mas mas a a própria própria fundamfundamentação entação da da interpretaçãinterpretação o legallegal, , onde onde se se consorcia consorcia aa exegese do texto não escrito. Pois que Jó tenta demonstrar em sua argumentação que o exegese do texto não escrito. Pois que Jó tenta demonstrar em sua argumentação que o seu sofrimento é exemplar, e, por assim ser, atenta contra a representatividade que ele seu sofrimento é exemplar, e, por assim ser, atenta contra a representatividade que ele  possuía entre os homens e, conseqüentemente, é eivado de ilações políticas. Se

 possuía entre os homens e, conseqüentemente, é eivado de ilações políticas. Se fora umfora um  patriarca justo, proprietário de um número vasto

 patriarca justo, proprietário de um número vasto de animais e escravos, fiel, reprodutor,de animais e escravos, fiel, reprodutor, ordeiro, trabalhador e ainda louvara ao Senhor na benesse e na desgraça, Jó deveria ordeiro, trabalhador e ainda louvara ao Senhor na benesse e na desgraça, Jó deveria representar a ordem de Deus na terra, recebendo em harmonia o proporcional ao suor e representar a ordem de Deus na terra, recebendo em harmonia o proporcional ao suor e à dedicação. Quando cai em desgraça, por motivos inescrutáveis, o que figura em perigo à dedicação. Quando cai em desgraça, por motivos inescrutáveis, o que figura em perigo é o st

é o status da própria Representaçãatus da própria Representação, em suma, a o, em suma, a seguransegurança de Ser.ça de Ser.

Os três amigos, que aparentemente defendem Deus das invectivas de Jó, não Os três amigos, que aparentemente defendem Deus das invectivas de Jó, não conseguem esconder essa preocupação. Ainda que incompreensível a culpa de Jó, para conseguem esconder essa preocupação. Ainda que incompreensível a culpa de Jó, para os outros patriarcas este

os outros patriarcas este titinhnh a que sa que seer r  culpado, mesmo que de uma culpa invisível aos culpado, mesmo que de uma culpa invisível aos

olhos, em vista de uma lógica argumentativa do tipo

olhos, em vista de uma lógica argumentativa do tipo ad maiorus ad minusad maiorus ad minus. Está em. Está em risco o estatuto social, a Lei não poderá decair junto com Jó, o que poria em perigo a risco o estatuto social, a Lei não poderá decair junto com Jó, o que poria em perigo a  posição del

 posição deles mesmos e des mesmos e dos demais paos demais patriarcas, para nãtriarcas, para não falar na idéia de o falar na idéia de patriarcalismpatriarcalismo.o. É importante que se assinale que naquele momento histórico era prática comum É importante que se assinale que naquele momento histórico era prática comum o holocausto de animais a Deus, mormente cordeiros, estabelecendo-se, através do o holocausto de animais a Deus, mormente cordeiros, estabelecendo-se, através do

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sangue das vítimas, um conduíte para com o sobrenatural34. Essa prática, comum a

várias religiões, seja no antigo Oriente próximo, no Egito ou na Grécia, aquilatava o  pedido ou o castigo conforme a quantidade e qualidade do sacrifício oferecido. Assim,  para um ritual meramente simbólico - um batizado, o agradecimento a uma hospedagem

No documento A Origem Dramática Da Lei (páginas 33-54)

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