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8.3 Análise geral dos turistas e residentes secundários de S Jacinto

S. Jacinto e as condições para receber e alojar turistas

Os residentes secundários mostram-se assertivos quanto ao fraco poder de atração turística em S. Jacinto, no que diz respeito às poucas atividades, eventos e festividades na freguesia. A promoção do espaço é segundo os mesmos residentes quase nula e a freguesia mostra falta de muitas dinâmicas locais para inverter a situação. O pior para os residentes secundários é a inexistência de infraestrutura para alojar turistas, não havendo além do parque de campismo qualquer outra forma de alojamento na freguesia. Segundo Andereck (1995) e Castro J. & Martins F. (2011) referidos no capítulo 4 desta dissertação, o turismo deve ter um papel importante na mudança das dinâmicas locais das comunidades locais, pelo que deve ser feito um investimento nesse sentido com a interligação dos vários atores do território. Ora isto não está a acontecer segundo os residentes secundários, primeiro porque não há a promoção do território e segundo porque não há um investimento na infraestrutura turística o que leva a que não haja qualquer evolução significativa no desenvolvimento do lugar. Aliás podemos aqui criar uma relação direta com as tabelas 27, 28 e 29 do capítulo anterior, que referem que cada vez mais a população sai da freguesia diariamente para trabalhar além de fazer deslocações mais longas e de automóvel privado, o que pode revelar que o turismo não está a motivar a população a criar fontes de rendimento na freguesia, preferindo sair diariamente do local para trabalhar. Este facto é apenas uma possível relação entre dados, não sendo conclusivo. De qualquer forma, as afirmações seguintes são

reveladoras de que o turismo em S. Jacinto tem ainda um longo percurso a percorrer para ser rentável e atrativo.

“De certa forma não está preparada assim para receber um número tão elevado de turistas, apesar de receber e as pessoas ficarem de certa forma dececionadas por não ter uma estrutura em si para receber, não tem um euro milhões, não tem coisas básicas e pequenas, o que tem lá mais são restaurantes.” (Residente secundária feminina 2) “A nível de turista estrangeiro, mais distante não tem lá nada para poder pernoitar, é um quartito e pouco mais. Têm de fazer nove quilómetros para ir à Torreira aos jardins da ria, à pousada da ria.” (Residente secundário masculino 1)

“Bem para alojar realmente não tem muitas e nesse aspeto devíamos melhorar pois só temos mesmo o parque de campismo, não temos hotéis, não temos pensões (...) a única coisa que eu acho que pode atrair é mesmo o sossego, relaxar, mesmo para as pessoas que têm uma vida muito atarefada acho que é mesmo vir apanhar sol, pescar um bocadinho, ir até à praia, é basicamente isso.” (Residente secundário feminino 1)

“Muita coisa está a ser renovada, vejo aqui esta parte que está a ficar interessante, ainda têm muito trabalho para fazer. E também dar continuidade a isto, é importante que façam algo.” (Turista masculino 2)

“A gente tem ficado mas é mais para a Gafanha e num hotel” (Turista feminina 2)

Sobre a quantidade de vezes que os turistas visitam a freguesia, e sobre a duração dessas visitas, a resposta vai de encontro ao referido acima, em que há turistas que vêm apenas uma vez por ano e ficam cerca de 3 dias, e há os turistas que apenas visitam a freguesia a um domingo (por exemplo) mas que é possível que venham mais do que uma vez por mês.

“Hoje viemos almoçar, outros dias vimos só de tarde. Outros dias ao fim-de-semana.” (Turista feminino 1)

“Venho almoçar aqui que gosto muito e após o almoço passo aqui algum tempo e depois vou-me embora.” (Turista masculino 1)

“Às vezes dois ou três dias, depende!” (Turista feminino 2)

Conclui-se pela amostra tanto dos residentes secundários como dos turistas que a freguesia carece de infraestrutura turística, especialmente de alojamento e tendo em conta

que as atividades mais desenvolvidas pelos não residentes são normalmente o contato com a natureza, a pesca, as caminhadas e os almoços/jantares, depreende-se que a grande fatia dos proveitos financeiros aconteça nos restaurantes visto não haver muito mais atividades que resultem em investimento por parte dos turistas.

Perspetivas futuras sobre o desenvolvimento

A última questão apresentada aos turistas e residentes secundários deu liberdade de pensar em projetos futuros que garantam desenvolvimento para a freguesia, tendo em conta o que poderia ser melhorado ou acrescentado. Aqui os residentes secundários deram as suas ideias embora saibam que dificilmente num futuro próximo seriam ajustadas ao território de S. Jacinto. Com um tema aberto as opiniões foram maioritariamente diferentes, embora todos concordem que um hotel e uma ponte fossem mais-valias para a freguesia. De destacar além destas ideias a vontade em criar novas atividades ligadas ao ambiente, a criação de emprego, ter iniciativas nas áreas de lazer e cultura e fomentar o interesse e participação da população nas melhorias possíveis no território.

“Bem se fosse eu a mandar de certeza que promoveria a incitação aos turistas, a nível de alojamentos melhorava os alojamentos, criaria hotéis ou pensões, criaria algumas áreas de lazer também que motivassem as pessoas a vir cá, mas sobretudo aquilo que eu faria mesmo era a ponte.” (Residente secundária feminina 1)

“Que tenham uma estrutura que a pessoa possa morar lá perfeitamente com harmonia, trabalho, cultura e parte social tudo equilibrado. É a perspetiva.” (Residente secundária feminina 2)

“Para desenvolver S. Jacinto o desenvolvimento tem de ser ao nível turístico. Isso aí acho que tem condições para manter aquilo que é e melhorar. Eu posso dizer que sou contra a ponte. Faz-se a ponte, e o resto? Antes de se fazer a ponte tem de se pensar o que se quer de S. Jacinto.” (Residente secundário masculino 1)

“Isso tudo faz parte do desenvolvimento das obras que têm para fazer e como eu digo um bom hotel.” (Turista masculino 2)

“Acho que isto tem capacidade para a nível de turismo melhorar, até para atrair mais gente também. Esta zona é maravilhosa, aqui a ria. A própria praia se fosse melhorada era capaz de atrair mais gente.” (Turistas masculino 1)