• Nenhum resultado encontrado

Acrónimos Sigla Significado

II 1.5 A primeira impressão do Penny Black

II. 4 Considerações, documentos e referências para o estudo do selo postal

II. 4.2 Jaime Martins Barata

Num dos artigos desenvolvidos por Jaime Martins Barata, no site (martinsbarata.org), cria- do em outubro de 2006, por João Cabral (bisneto do pintor), que pretende homenagear a “Vida e obra do Pintor Jaime Martins Barata (1899-1970)”. Nele, presenciamos, que existem fatos e conteúdos importantes na sua biografia, que demonstram que levava uma vida relacionada com o design do selo postal português.

No tópico “Biografia” (Cabral, 2006), com o título “De autor para consultor artístico dos CTT”, Martins Barata, ao ser convidado para estudar e analisar uma emissão comemo- rativa dos CTT, mostrou ser um homem com grande sabedoria e experiência ao levantar várias questões e dúvidas ligadas ao desenho filatélico. Que ao longo da sua carreira profissional, alguns dos seus selos refletiam alguns problemas da técnica, decidindo criar um novo cargo como Consultor Artístico marcado por “uma renovação no gosto e no sig- nificado da arte postal”.

“Quando da Exposição do Mundo Português, os CTT determinaram uma emis- são comemorativa, e Martins Barata foi convidado a estudá-la. Os selos dos CTT eram produzidos pelos Serviços Industriais da Administração Postal, mediante uma aprovação de uma Comissão da Junta Nacional de Educação; a apreciação desta comissão era bastante pró-forma e superficial, e a rotina nunca era pertur- bada. Mas Martins Barata tinha já uma larga experiência gráfica e, confrontado com este problema de tipo novo, pôs tantas questões, levantou tantas dúvidas e interrogações que o então Correio-Mor Couto dos Santos ficou surpreendido e intrigado com a complexidade da solução de um selo. Longas conversas e debates em torno da questão desenho filatélico convenceram-no de que havia ali muito a rever e a pensar, se o selo poderia ser entendido como uma obra de arte circulante que atinge todos os estratos da população e representa o País diariamente no estrangeiro – um veículo cultural para além da simples função de valor tarifário postal. Depois de realizar vários selos, foi-se apercebendo dos pro- blemas da técnica e da expressão própria da imagem postal, assim, Couto dos Santos chamou-o para junto da Administração Geral dos CTT, criando aí o cargo de Consultor Artístico, em 1947. Martins Barata ocupou esse lugar até 1968, e a sua ação marcou uma renovação no gosto e no significado da arte postal. (...)” (Cabral, 2006).

“Não é para aqui a evolução detalhada do especto artístico do selo e as flutua- ções da moda a que teve sempre de sujeitar-se. Foi perdendo a bela serenida- de do «Penny-black» e das suas imitações. Foi-se complicando enchendo-se de laboriosa decoração, desconexa e inexpressiva, mascarando a sua estrutura como a mais pura colunata clássica e mudada em caramanchão informe quando invadida pela hera. (...)” (Cabral, 2006).

Num outro tópico, do mesmo site “Comunicações”, no dia 23 de outubro de 1947, o consultor Artístico Jaime Martins Barata, profere durante uma palestra profissional dos CTT, na Sociedade de Geografia, que se intitula com o nome de “Como se faz um Selo Postal”, cujo o seu objetivo era sobre o selo postal, seus antecedestes distantes e próximos, a sua conceção.

Antes de refletir sobre o tema em discussão, Jaime Martins Barata, considera a história do correio, “um pouco da história do homem” que irá “conduzir-nos ao selo postal”, cons- truindo uma abordagem detalhada e confinada através de registos e explicações verí- dicas. Primeiramente, elabora uma abordagem rápida sobre os serviços postais, e logo em seguida, fala sobre o correio Inglês, “porque foi dali que veio a grande revolução”. Considerando este selo um sucesso fulgurante em Inglaterra, mas também, universal, tanto no sistema postal como no próprio aspeto do selo.

Relativamente a Portugal, Martins Barata, menciona que a emissão de D. Maria II “linda na sua decoração tão saborosa”, inspirada no seguimento do Penny Black da Rainha Vitória. (Cabral, 2006). No entanto, a simplicidade do Penny Black foi se perdendo de- vido às suas imitações. Isto é:

Em seguida, Martins Barata, começa por determinar o selo postal como um documento pos- tal, sendo considerado uma obra de arte, que deveria seguir diretrizes técnicas a cumprir.

“Vamos agora ver, finalmente, como se faz um selo. A emissão duma franquia postal, em primeiro lugar é determinada pelas conveniências da Administração – visto que, mesmo se for uma obra de Arte, um selo do correio é sempre e antes de mais nada um documento postal. Obtém-se em seguida o projeto, das mãos de um artista, que deverá seguir as diretrizes técnicas combinadas, para poder explorar os recursos do processo que vai ser utilizado, evitando dificuldades inú-

teis à gravura e à fabricação. Isto porque, um original para tipografia não é seme- lhante a um outro para talhe-doce. Difícil coisa é desenhar um selo. As surpresas são sempre grandes. Um ilustre pintor holandês, declara ser-lhe mais fácil fazer uma grande pintura decorativa numa parede, do que desenhar um selo. Talvez tenha razão.” (Cabral, 2006).

Martins Barata, em forma de conclusão, diz que apesar hoje ser exigido cumprir as dire- trizes técnicas para a realização de um selo postal, é mais prático e funcional desenhar um selo e imprimi-lo, mesmo que o rigor aumente.

“Vou terminar dizendo que as emissões portuguesas se têm acreditado ultima- mente nas terras estrangeiras.

As publicações da especialidade elogiam-nas com frequência.

Uma revista inglesa apontava recentemente o nosso exemplo ao seu governo. Ainda há pouco, em Paris, no último Congresso Postal, o Sr. Administrador Duar- te Calheiros foi cordialmente felicitado por todos os seus colegas, especialmente por alguns que consideravam os nossos selos os melhores ali apresentados. Continuaremos todos a trabalhar nesse sentido, evidentemente. Devemos estar gratos aos serviços da Casa da Moeda e aos do Banco de Portugal que têm cola- borado connosco, e com o maior desinteresse e o maior entusiasmo. E devemos também esperar que novas emissões, confiadas a alguns dos mais altos e mais cultos espíritos de Artistas da nossa terra venham a aumentar os nossos crédi- tos. Não poderíamos esperar outra coisa dos nomes consagrados do arquiteto Cottinelli Telmo, dos mestres escultores Leopoldo de Almeida e Barata Feyo e de pintores desenhadores como António Lino, Pedro Guedes, Duarte de Almeida e Costa Pinto.

É, na verdade, muito grande o pequenino selo postal português; e servi-lo bem é também uma maneira de servir a nossa Terra. Tenho dito.” (Cabral, 2006).

Documentos relacionados