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4.2 PRÊMIO VLADIMIR HERZOG DE ANISTIA E DIREITOS

4.2.1 RIO DE JANEIRO AUTORRETRATO – CROSS

Apresentado como um webdocumentário - nova forma de contar histórias pela internet que promove mistura de diferentes formatos: textos, áudios, vídeos, fotos, animações e

ilustrações – “Rio de Janeiro Autorretrato” 88 foi produzido em 2011 pela Cross Content89

com recursos da Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para a Internet. Além do webdocumentário, houve produção também de um curta-metragem que estreou no Museu da Imagem e do Som de São Paulo e uma versão média-metragem que foi publicada na TV Câmara. A empresa, sediada em São Paulo, surgiu em 2001 e se propõe como uma produtora multiplataforma, ou seja, realiza projetos transmídia que permitem a integração de livros, revistas, websites, webséries e webdocumentários.

Premiada em 2011, na categoria Internet, pelo Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos o tema central desta narrativa é a sociedade, especificamente a realidade do bairro Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. O material conta a história de três fotógrafos, AF Rodrigues, Jaqueline Félix e Ratão Diniz, formados na Escola de Fotógrafos Populares da comunidade. A Escola faz parte do Observatório de Favelas, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) fundada no bairro por dois professores geógrafos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Os três fotógrafos são as únicas fontes entrevistadas para a criação da narrativa, exceto por um vídeo extra com o coordenador acadêmico da Escola.

O material é estruturado em quatro capítulos: Vida Cotidiana, Pessoas, Cidade e Sonhos. Nessas seções, os três personagens falam sobre as brincadeiras da infância, a violência retratada a partir do olhar como morador, as mudanças dos espaços na comunidade – o quintal substituído pela laje -, a relação com a fotografia, a história do bairro, entre outros. O menu inicial é composto pelas fotografias desses capítulos centralizadas na página, mas ao navegar na narrativa, o menu passa a ser um ícone pequeno na margem esquerda da mesma, semelhante à seta de desfazer do programa Word.

Figura 35: Home da narrativa “Rio de Janeiro – Autorretrato” da Cross Content

88 Disponível em: http://migre.me/gx5K7: Acesso em: 29/10/2013. 89 Disponível em: http://migre.me/gxfS2. Acesso em: 29/10/2013.

Sobre os recursos multimídias, verificamos que a linguagem imagética, tanto audiovisual quanto fotográfica, é predominante em todo o conteúdo, mas são os vídeos que ilustram e narram toda a história. A apresentação de cada capítulo é composta por nove fotos diferentes que depois são integradas e passam a compor uma única fotografia que fica sendo alternada com outra imagem. Com o clique na fotografia, o vídeo começa a ser reproduzido em tela cheia através de um aplicativo incorporado à própria narrativa. A partir de então, as histórias passam a ser compreendidas.

Os vídeos, presente nos quatro capítulos, são longos e variam de 5min37seg a 7min40seg. Não há links e o acesso a cada um é realizado apenas pela navegação nos capítulos. Porém, há a possibilidade de ter o conteúdo do vídeo no formato de texto ao clicar em um botão específico na margem direita da página, “versão texto” e, assim, outra janela é aberta no navegador com a transcrição de todos os diálogos. Existe também a opção de aumentar e diminuir o tamanho da fonte do texto para facilitar a leitura. É preciso ressaltar que em alguns momentos o vídeo é substituído por slideshows com as fotografias capturadas por AF Rodrigues, Jaqueline Félix e Ratão Diniz, mantendo apenas o áudio da entrevista com os mesmos.

Figura 36 - Capítulo “Sonhos” da narrativa “Rio de Janeiro – Autorretrato”

Após esses capítulos, há ainda a seção Fotógrafos que apresenta a origem e a trajetória, em formato de texto, dos três personagens principais juntamente com uma galeria de fotografias com o material produzido por cada um. Ratão Diniz, por exemplo, possui cinquenta e sete fotografias na galeria, além dos links para as redes sociais Facebook e Flickr que agregam mais imagens do fotógrafo, na época funcionário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário, do Projeto Rio Economia Solidária. Por fim, na seção

Créditos é apresentada a equipe responsável, com direção de Marcelo Bauer, além de profissionais nas áreas do design e desenvolvimento web, edição, trilha sonora, pesquisa e outros. Ao todo são seis vídeos, sendo quatro localizados nos capítulos e os outros dois relacionados à fala do coordenador da Escola e a um passeio pelas dependências do local.

No que concerne à interatividade da narrativa, não há contribuição do público para a produção do conteúdo e nem personalização, apenas o compartilhamento para Facebook e

Twitter. Há espaço para a publicação de comentários em cada capítulo, e além de estarem

reunidos no ícone específico para tal, são visualizados também como um box de texto horizontal enquanto o vídeo é reproduzido. Essa caixa com o comentário pode ser retirada da navegação, a critério do usuário.

Avaliamos que “Rio de Janeiro – Autorretrato” fez um bom uso de elementos multimídias para relatar a história, em consonância com a maior potencialidade dos personagens da matéria: as fotografias. Contudo, consideramos que o design deveria ter facilitado tanto a visualização do menu de navegação quanto a dos botões de compartilhamento para as redes sociais. A sensação é de que estavam escondidos na narrativa, devido à falta de diferenciações através das cores e tamanhos dos ícones.

4.2.2 DEPOIS QUE COMECEI A ESTUDAR, NÃO VEJO MAIS GRADES –

UNIVERSO ONLINE (UOL)

O conteúdo vencedor na categoria Internet do Prêmio Vladimir Herzog em 2012 não faz jus as potencialidades oferecidas pela rede. “Depois que comecei a estudar, não vejo mais grades”90 foi publicado no portal Universo Online (UOL)91 na seção de Educação,

especificamente Educação à Distância (EaD). O material possui o formato de uma notícia com a temática educacional e conta a história de quatro presidiários que se tornaram estudantes de pedagogia à distância. O ambiente geográfico é a Penitenciária 1 de Serra Azul, a 300 km da capital paulista.

Além das fontes principais da matéria, Venilton Vinci, Antônio de Freitas, Matheus Daniel e Benedito Reis, houve coleta de depoimentos com o diretor geral da penitenciária, a coordenadora das atividades educacionais do local, o gerente regional da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel de Amparo ao Trabalho Preso – instituição responsável pela educação

90 Disponível em: http://migre.me/gxjDo. Acesso em: 10/11/2013. 91 Disponível em: http://migre.me/gxjHt. Acesso em: 10/11/2013.

nas prisões paulistas desde 1979 – além de dados do Sistema de Informação Penitenciária do Ministério da Justiça.

Sobre o design, verificamos que não há nenhum menu de navegação. Apesar de ser uma pauta considerada “fria” para o jornalismo, ou seja, pode ser publicada a qualquer momento sem que haja um prejuízo na temporalidade do conteúdo, a notícia principal possui apenas outras três matérias relacionadas – “Um em cada quatro presos tem ensino fundamental completo”; “Anjos e Demônios é o romance mais disputado na prisão” e “Educação para presos ainda é vista como privilégio, diz estudo” – em um box na lateral esquerda da página. A navegação, portanto, ocorre pela barra de rolagem, pelas matérias relacionadas e por links inseridos em frases extensas nas matérias.

A publicidade, por sua vez, é relacionada ao tema educacional e encontra-se bastante espalhada ao longo da página, tanto na margem lateral no formato de banner, quanto na parte superior e também como um pano de fundo de toda a matéria. Há conteúdo relacionado através das caixas de textos “As mais vistas” e “Veja mais”, sempre direcionadas ao tema educação.

Figura 37 - Home da narrativa “Depois que comecei a estudar, não vejo mais grades”

Fonte: uol.com.br

Sobre o uso de elementos multimídias, podemos afirmar que são quase nulos. Não há vídeos e nem áudios. Além do texto e da galeria de imagens, há duas tabelas com dados

oficiais e uma enquete. Consideramos, entretanto, que outros recursos poderiam ter sido empregados, como, por exemplo, um vídeo mostrando o acesso desses presos aos computadores a partir da realização de uma atividade, ou mesmo um relato mais emocionado a partir da linguagem audiovisual. Outra recomendação é que os dados apresentados nas tabelas estáticas seriam muito mais atrativos, em termos visuais, caso fossem elaborados como infográficos e não tabelas que nos remetem a relatórios burocráticos.

Na matéria, não há personalização e nem contribuição para a construção da notícia com o envio de conteúdos, mas é possível o compartilhamento para as redes sociais

Facebook, com 759 recomendações, Twitter com 117 tweets, Google+ e envio por e-mail.

Existe ainda opção para envio de comentários, a qual permite ao usuário que faça login com qualquer um dos produtos do grupo UOL ou então pelas redes sociais. Dos vinte comentários existentes, doze foram feitos com a utilização do Facebook e apenas um com o Twitter. Por fim, a matéria foi assinada pela jornalista Camila Rodrigues e as imagens por Fernando Donasci.

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