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3. NUANCES ENTRE AS NARRATIVAS

3.1 O NARRAR DIGITAL

3.4.4 PRODUTOS AUTÓCTONES

Em entrevista a Carlos Scolari, o professor José Luis Orihuela, da Universidade de Navarra, Espanha, afirmou que os jornais, rádios e TVs têm demonstrado muitas dificuldades para produzir conteúdos entre meios diferentes. Para Orihuela, quem começa a transitar pelo território transmídia, de maneira satisfatória, são as produções jornalísticas nativas para os dispositivos móveis.

52 Disponível em: http://migre.me/gOqy3. Acesso em: 11/11/2013. 53 Disponível em: http://migre.me/gOqBh. Acesso em: 11/11/2013. 54 Disponível em: http://migre.me/hagzq. Acesso em: 11/11/2013. 55 Disponível em: http://migre.me/hagAR. Acesso em: 11/11/2013. 56 Disponível em: http://migre.me/hagBY. Acesso em: 11/11/2013. 57 Disponível em: http://migre.me/hagCS. Acesso em: 11/11/2013.

Canavilhas e Satuf (2013) avaliam que os tablets, assim como os smartphones, possuem todas as características do computador portátil, mas com a grande vantagem da mobilidade aliada à usabilidade. Segundo os autores, a otimização da usabilidade provoca o surgimento de aplicações nativas nos dispositivos móveis e também a mudança da interface homem-máquina.

Os primeiros dispositivos funcionavam apenas como plataforma de acesso à web pelo que, naturalmente, os conteúdos também eram os mesmos. Na fase seguinte, esses conteúdos passaram a ser apresentados na forma “phone friendly” o que, muitas vezes, significava simplesmente a disponibilização de textos em uma só coluna. A partir deste momento iniciou-se um processo evolutivo e, atualmente, é possível encontrar conteúdos em quatro formatos: PDF, versão web, versão web mobile ou aplicações nativas para smartphones e tablets (CANAVILHAS, SATUF, 2013, p. 41).

O histórico dessas aplicações é recente. Os autores indicam que a primeira experiência foi realizada pelo britânico The Times através do iPad Evening Edition, lançado em 2011. No mesmo ano foram lançados o The Orange County, nos Estados Unidos, o Gulf News, em Dubai e o Republica de La Sierra. No Brasil, segundo pesquisas do Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, há um movimento crescente de desenvolvimento desses aplicativos, principalmente para os

tablets, como é o caso de O Globo a Mais, do grupo O Globo, o primeiro no país. Há também

o Estadão Noite, do grupo Estado de S Paulo e o F10, do grupo Folha de São Paulo, denominados como produtos autóctones, discutidos no primeiro capítulo desta dissertação. (BARBOSA et al., 2012).

No estudo, foi verificado que o aplicativo do O Globo a Mais, vencedor do Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa em 2012, é o que mais se assemelha as potencialidades dos tablets, com artigos e matérias aprofundadas utilizando-se de vários recursos multimídias, resultado do trabalho de uma equipe de profissionais (editores, repórteres, diagramadores) destinada apenas à produção de conteúdos para esse aplicativo.

No aspecto da convergência de conteúdos, significa a consolidação da plataforma móvel como novo aporte de conteúdos caracterizando os novos produtos com um passo à frente em termos de proposta de inovação ao que até então se demarcava como apenas disponibilização da edição impressa em formato digital. Esses aplicativos agregam recursos adicionais sintonizados com as características que os dispositivos móveis reúnem como potenciais a serem explorados como integração à composição da narrativa (BARBOSA et al., 2012, p. 13).

Esse produto autóctone está inovando também ao fornecer edições especiais temáticas, como foi o caso de “Rio 2017” que apresentou as transformações pela qual a cidade vem passando na preparação para sediar os grandes eventos esportivos mundiais, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. O material revela os obstáculos no dia a dia da cidade; as dificuldades enfrentadas por atletas que não possuem espaços para treinamentos, pois estão em reestruturação para a cidade olímpica; a falta de uma política de informações para turistas, mas também destacam dez roteiros indispensáveis na cidade, uma fotogaleria e uma seleção com dezessete pontos históricos na capital que sobrevivem às grandes obras.

Em 2013 O Globo despontou, ainda, na publicação de e-books, os livros digitais. O primeiro foi “Maracanã – a saga do mais famoso templo do futebol mundial, das obras de 1948 à reforma de 2013”, com reportagens do acervo do jornal sobre o tema (milésimo gol de Pelé; dribles de Garrincha; derrota para o Uruguai na final da Copa de 1950) seguido por “Novas Vidas Secas”, resultado de uma viagem por dez dias no maior período de estiagem dos últimos cinquenta anos no interior de Alagoas e Pernambuco; “O Brasil na Rua”, com a história das manifestações que ocorreram em junho no país, relatadas a partir de repórteres e articulistas do grupo e “Os encantos de Francisco” com os bastidores da visita de sete dias do Papa ao país.

Em um paralelo com a indústria de mídia norte-americana, que sempre influenciou as experiências brasileiras, podemos avaliar tais aplicações nativas como uma resposta das empresas jornalísticas às perdas de audiência em jornais, revistas e emissoras de TVs. Segundo o relatório The State of News Media 2013, publicado pelo Pew Research Center, 31% dos americanos pararam de consumir notícias, pois não mais se satisfaziam com as histórias que estavam recebendo. A reação do público, além desse abandono, foi uma maior disposição para investir em produtos de valores, ou seja, uma parcela da população estaria realizando uma “escolha informada” sobre o que consumir. E, nesse contexto, os produtos autóctones devem aproveitar o nicho de mercado e investir em produções jornalísticas com qualidade de conteúdo, pois há indícios de que há um público disposto a pagar pelo mesmo.

4. REFERÊNCIAS PARA O JORNALISMO: PREMIAÇÕES E CASOS

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