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JOGO COMO ATIVIDADE NO ENSINO DA MATEMÁTICA

No documento Jogo e matemática: uma relação possível (páginas 76-80)

2 JOGO COMO ATIVIDADE LÚDICA E DE APRENDIZAGEM

2.5 JOGO COMO ATIVIDADE NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Lembrado como importante elemento para a educação infantil, no processo de apreensão dos conhecimentos em situações cotidianas, o jogo passa a ser definido como importante aliado do ensino formal de matemática (DANTE, 1998; KAMII; DEVRIES, 1991).

Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico-dedutivo, estimular o pensamento autônomo, a criatividade e a capacidade de interpretar e resolver problemas. Atualmente, a educação matemática vem procurando alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem dos conceitos matemáticos, desenvolvendo a autoconfiança, a organização, o poder de concentração, atenção, raciocínio e senso de cooperação, promovendo, assim, a socialização, aumentando as interações do indivíduo com as pessoas (KAMII; DECLARK, 2003).

O jogo, por sua vez, é visto hoje como um instrumento pedagógico motivador no ensino-aprendizagem de matemática, pois desenvolve a autonomia, o senso de liderança, a criação e aplicação de estratégias para solucionar problemas, a atenção, estimula a imaginação além de contribuir para a socialização.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2008c, p. 90) prescrevem:

[...] no jogo, mediante a articulação entre o conhecimento e o imaginado, desenvolvem- se o autoconhecimento – até onde se pode chegar – e o conhecimento dos outros – o que se pode esperar e em que circunstâncias. [...]

Por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogos simbólicos): os significados das coisas passam a ser imaginados por elas.

Vemos, portanto, que o jogo proporciona situações diversas, que exigem resultados imediatos e muitas vezes diferentes dos conhecidos, portanto, não é só uma imitação de ações conhecidas, mas também a construção de novas estratégias

e conhecimentos produzidos pela ação e pela imaginação. As crianças começam a dar significados às coisas e a desenvolver a autoconfiança e o autoconhecimento.

Os jogos, se convenientemente planejados pelos educadores, podem constituir um recurso pedagógico eficiente para a construção do conhecimento matemático. Vygotsky et al. (1999) afirma que, através do brinquedo, a criança aprende a agir numa esfera cognitivista, sendo livre para determinar suas próprias ações. Então, os jogos podem estabelecer uma relação direta entre a intenção pedagógica previamente planejada pelo educador, a receptividade positiva e a liberdade da imaginação dos educandos.

Depreendemos que o uso de jogos e curiosidades no ensino da Matemática tem o objetivo de fazer com que as crianças e os adolescentes descubram o prazer de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse dos educandos envolvidos. Não podemos esquecer que, na escola regular, a matemática é apresentada sistematicamente em forma de modelos-pré-fabricados, não despertando o interesse dos educandos. A aprendizagem através de jogos, além de motivar, cria mecanismos para desenvolver o raciocínio e estimular o uso de estratégias diferentes na resolução de problemas. Alguns jogos, como o dominó, palavras cruzadas, memória, quadrados amigos, xadrez etc., permitem que o educando faça do ensino-aprendizagem um processo interessante e divertido.

Preocupados com os métodos de ensino e, mais propriamente, com o que se habituou a chamar de fracasso escolar, educadores e pesquisadores na área de Matemática vêm há algum tempo procurando superar essa realidade, acreditando que o jogo pode ser um estimulador do desenvolvimento psíquico, pois nele é criado um espaço para pensar (BRENELLI, 1996).

Vemos, portanto, que o jogo proporciona um espaço imaginário para o pensamento, para a organização das ideias, para a formulação e escolha de estratégias na resolução dos problemas propostos, estimula o pensamento, contribui para a construção de novos conceitos a partir dos resultados obtidos; torna-se, portanto, uma ferramenta indispensável no processo de ensino e aprendizagem de matemática.

Os conceitos matemáticos precisam ser reproduzidos, repetidos, recriados, memorizados, para serem assimilados e aprendidos. A presença do lúdico em sala de aula pode ser decisiva para facilitar esse aprendizado, visto que o lúdico agrada e é um causador de aprendizagem. Nesta perspectiva, aprender Matemática é muito

mais que manejar fórmulas e utilizar técnicas e regras; portanto, cabe aos educadores conhecerem as fases cognitivas da criança, para que possam planejar e aplicar jogos para melhorar o processo de ensino e aprendizagem em sala de aula. Ele precisa saber que a partir de 3 e 4 anos de idade a criança começa a reconhecer números, formas geométricas; aos 5, 6, 7 anos já é capaz de representar graficamente; quando chega aos 9 anos deve ser capaz de trabalhar com frações; e dos 12 aos 15 anos, passa a ter os conhecimentos como proporção, combinações, demonstrações e álgebra (KAMII, 2003a).

Neste sentido, verificamos que há três aspectos que por si só justificam a incorporação do jogo nas aulas. São eles: o caráter lúdico; o desenvolvimento de técnicas intelectuais; e a formação de relações sociais. O jogo, portanto, pode apresentar vantagens para professores e alunos. O professor pode perceber a construção de conhecimento, analisar o desempenho dos alunos, tanto no desenvolvimento do raciocínio lógico-dedutivo como em relação aos acertos e erros cometidos, e diagnosticar com mais precisão as dificuldades dos educandos, para propor novas estratégias para o aprendizado. Os alunos, por sua vez, podem desenvolver com mais eficiência suas habilidades, melhorar seu raciocínio e produzir novos conhecimentos, além de apresentarem uma cooperação maior e melhor interação com o grupo.

O educador deve ainda saber que, para a construção e representação do espaço, a criança se utiliza de três tipos de relações que evoluem gradativamente: topológica, projetiva e euclidiana. As relações topológicas são as primeiras a serem construídas e envolvem noções do tipo: dentro, fora, ao lado, vizinho de, entre; as relações projetivas envolvem ideias de esquerda, direita, embaixo, em cima, entre outras; enquanto as relações euclidianas dão noção de distância, comprimento, área etc. (KAMII, 2003b).

Portanto, como afirma Dante (1998), a construção dos conceitos matemáticos requer algumas habilidades a serem trabalhadas antes da apresentação dos conjuntos numéricos, tais como classificação, simbolização, correspondência, seqüência, e só depois apresentar as seqüências numéricas. Essas habilidades vão ajudar a criança a compreender melhor os conceitos matemáticos.

Neste capítulo, a revisão de literatura permitiu-nos conhecer como o jogo é entendido como atividade lúdica e de aprendizagem pelos diversos autores

consultados. No capítulo seguinte, veremos o desenvolvimento dos jogos no ensino da Matemática no Colégio Cláudio Manoel da Costa.

3 ENSINO DA MATEMÁTICA NO COTIDIANO DA ESCOLA

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