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6 CARACTERIZAÇÃO E ESPECIFICIDADES DO CORPUS

6.4 Jornal da Globo

Ancorado em São Paulo, o Jornal da Globo é o telejornal de fim de noite da TV Globo, no ar desde 1979157. É exibido de segunda a sexta-feira, sem horário fixo, entre

o fim da noite e o início da madrugada (0h-1h), com cerca de 30 minutos de duração. O programa que o antecede na grade é variável (Tela Quente, às segundas; Profissão Repórter, às terças; Jogo de futebol de Campeonato Estadual, Copa do Brasil, Mundiais etc., às quartas; e telenovelas, às quintas e sextas). O que o sucede é atualmente o Programa do Jô. Seus âncoras (à época das análises) eram Christiane Pelajo e William Waack158 (Fig. 52), que fazem uso dos telões do estúdio, além da

tradicional bancada, na apresentação das notícias. Assim como no Bom Dia, no JG, os apresentadores se alternam na bancada e em frente ao telão durante a escalada.

Figura 52- Christiane Pelajo e Willian Waack na bancada do JG (à esq.) e Chistiane em frente ao telão durante a escalada antes de chamar VT com as manchetes. Fonte: Frame da gravação da edição de

25/02/2015

É marca do Jornal da Globo a ênfase diária às matérias de economia, de política e do mundo (internacional), mas também dos esportes – no bloco final das edições, sobretudo às quartas-feiras. Tem um perfil editorial mais diferenciado, sobretudo por conta do horário, apresentando uma linguagem menos coloquial que os demais telejornais, e também mais técnica, elaborada e analítica. O JG não apresenta quadro de Previsão do Tempo. Seus apresentadores se utilizam frequentemente do telão para apresentar as notícias com muitas informações numéricas, que servem muitas vezes como “cabeça” para algumas matérias (Fig. 53). Os comentaristas do

157 De 1967 a 1969 houve uma primeira versão do telejornal, baseada apenas em manchetes. 158 Hoje apenas com William Waack.

telejornal também se utilizam do mesmo telão para esclarecimentos e prestação de serviço através dos infográficos.

Figura 53- Christiane Pelajo apresentando dados no telão do JG. Fonte: Frame da gravação da edição de

25/02/2015

São comentaristas fixos do Jornal da Globo: Mara Luquet (Finanças Pessoais), às segundas-feiras; Luis Roberto (Bate Papo Esportivo) também às segundas; Carlos Alberto Sardenberg (Economia), às terças e quintas; além dos externos ao estúdio: Heraldo Pereira (Política), ao vivo de Brasília às terças-feiras; e Fernanda Gentil (com o Placar da Rodada) às quartas. Outros comentaristas como Renato Machado (mundo) podem entrar de acordo com as notícias da semana (Figs. 54 a 59).

Figura 56- Sanderberg em edição do dia 25/02/2015 Figura 57- Heraldo Pereira (em telão) em edição de 25/02/2015

Figura 58- Fernanda Gentil (em telão) em edição de 25/02/2015

Figura 59- Renato Machado em edição de 05/03/2015

O Jornal da Globo também abre espaço para as crônicas, com as opiniões do jornalista, cineasta e também escritor, Arnaldo Jabor (temática geral), sem dia fixo (Fig. 60); para colunas de música, com reportagens especiais do jornalista, compositor, roteirista e produtor musical, Nelson Motta, nas sextas-feiras; e de Sustentabilidade, com as reportagens especiais de André Trigueiro (sem dia fixo).

Figura 60- Crônica de Arnaldo Jabor no JG. Fonte: Frame de gravação da edição de 10/03/2015

Além disso, o JG dispõe de quadro humorístico semanal, o Jogo Rápido (com charge de Chico Caruso, após alguma reportagem relacionada); e também um político, o Pinga-Fogo (com breve ping-pong de Heraldo Pereira e políticos de

posições e partidos diferentes), às terças-feiras, normalmente após um flash ao vivo do repórter com as últimas notícias de Brasília (Figs. 61 e 62).

Figura 61- Jogo Rápido, com Aloizio Mercadante na “dança da articulação política”. Fonte: Frame de gravação da edição de 17/03/2015

Figura 62- Quadro Pinga Fogo do JG. Fonte: Frame de gravação da edição de 31/03/2015

Sobre os colunistas de Finanças e Economia, mais detalhadamente, Mara Luquet responde às perguntas de telespectadores e dá dicas sobre economia, aposentadoria, financiamento, FGTS, entre outros. Carlos Alberto Sardenberg, por sua vez, comenta de maneira didática, analítica e crítica determinadas notícias de economia pós a exibição da reportagem, muitas vezes no primeiro bloco. Os apresentadores interagem da bancada com os colunistas.

Em relação ao éthos dos apresentadores do JG, a imagem passada pelos seus papeis enunciativos é basicamente a do apresentador impessoal e crítico, com um estilo mais formal e postura corporal mais tensa (Fig. 63), embora não seja raro os apresentadores emitirem opiniões ao dialogarem com os comentaristas, quando fazem uso de intervenções fora do script. Os apresentadores também fazem uso padrão da terceira pessoa do singular na introdução das notícias.

Figura 63- Postura tensa e estilo formal padrão do JG. Fonte: Frame de gravação da edição de

25/03/2015

O JG é dividido normalmente em 4 ou 5 blocos, dois quais o primeiro é também o mais extenso com cerca de 10-15 minutos, e aproximadamente 5 reportagens, com destaque para as factuais de maior repercussão, sobretudo as de cunho econômico e político. Apresenta poucos vivos, normalmente são ou repórteres atualizando fatos que foram destaque no JN ou correspondentes com notícias internacionais de relevância mundial. O segundo e terceiro blocos abordam notícias internacionais e outras de serviço, acompanhadas de comentários especializados, sem falar nas matérias factuais de menor repercussão. Apresentam cerca de 2 a 3 reportagens. O uso de notas cobertas também é frequente, e quando simples, na verdade são acompanhadas de infográficos no telão.

Na passagem de bloco, desde o final do primeiro, os apresentadores anunciam a notícia principal do último bloco (normalmente de esportes), como forma de prender o telespectador até o final. Normalmente antecipam cerca de 3 notícias, sendo posta em destaque a imagem do bloco seguinte, acompanhada de BG-tema do telejornal e lettering “a seguir” (Fig. 64).

Figura 64- Uma das passagens de bloco do JG. Fonte: Frame de gravação da edição de 23/02/2015

O último bloco, por fim, é dedicado em grande parte aos esportes ou às notícias de cultura, artes, música e comportamento e, por vezes, entrevistas gravadas exclusivas. O encerramento do telejornal consiste apenas em uma despedida pelos apresentadores titulares com música-tema, seguida de créditos e site do telejornal. Em relação às estratégias transmídia do JG, o uso ainda é raro. Normalmente presente apenas nas colunas de Mara Luquet, quando ela convoca os telespectadores a acessar a página do telejornal na internet para conferir outras dicas e enviar dúvidas (Fig. 65).

Figura 65- Mara Luquet, convocando telespectadores para enviar dúvidas, com reforço de um

lettering (à esq.), através do site do JG (à dir.).