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Capítulo 2 – Jornalismo

2.4. Jornalismo de referência e jornalismo de tabloide

2.4.3. Jornalismo de Referência

Antes de mais, torna-se fundamental referir a importância do papel do jornalismo na comunicação das sociedades e, consequentemente, na transmissão de informação entre pares que, com a evolução da escrita, culminou na origem de um jornalismo mais rigoroso, resultando, assim, numa divulgação dos factos mais fidedigna.

[…] pode dizer-se que o jornalismo vai buscar a sua origem mais remota aos tempos imemoriais em que os seres humanos começam a transmitir informações e novidades e a contar histórias, quer por uma questão de necessidade (nenhuma sociedade, mesmo as mais primitivas, conseguiu sobreviver sem informação), quer por entretenimento, quer ainda para preservação da sua memória para gerações futuras (o que, simbolicamente assegura a imortalidade).

Com isto é possível afirmar que o tipo de jornalismo mais próximo do que o que conhecemos remete para a Grécia antiga, que praticava a historiografia com intenção de verdade, de forma objetiva e respeitava todos os factos históricos, não os relacionando com lendas, mitos e religião. O rascunho daquilo que viria a ser o jornalismo de referência começou pelas mãos de Tucídides, considerado o primeiro repórter.

Assim sendo, tal como preconizam as regras do jornalismo de referência, também Tucídides viu a importância de avaliar as fontes de informação a fim de comprovar a credibilidade da informação.

O jornalismo surge, por isso, como entidade mediadora da sociedade atual. Informa os cidadãos e fornece-os com toda a informação de interesse público, de forma objetiva, sem representar interesses particulares. Como referência que é, fazem parte do espólio de características do jornalismo princípios morais e éticos, assim como aspetos técnicos relacionados com a produção jornalística. De acordo com Tavares (2007), o jornalismo assume-se um interlocutor no interior da sociedade, funcionando como mediador temporal e espacial das interações nela ocorridas.

Como veículo de comunicação em larga escala, o jornalismo de referência inclui, portanto, o desenvolvimento da cidadania e do papel democrático que uma sociedade deve desempenhar.

Também a liberdade é dada como uma das principais características do jornalismo de referência e, uma vez que liberdade e democracia estão intimamente ligadas, Benedeti (2006) afirma que a democracia é, sem dúvida alguma, fundamental para a caracterização do Ocidente e, consequentemente, da atividade jornalística. Ora, o jornalismo de referência é, portanto, apoiado pela liberdade de imprensa fornecida pelo modelo jornalístico inglês do século XVII.

Desta forma e segundo Sousa (2008, p. 155), a história do jornalismo no Ocidente é como uma história de afirmação da liberdade individual e da liberdade de expressão, uma história de afirmação da legitimidade do confronto de ideias e de formas de fazer as coisas, uma história que relembra constantemente que a melhor forma de nos protegermos da tirania e da ditadura reside na capacidade de controlar e vigiar os poderes, com atos e também com palavras, ou seja, com informação».

O jornalismo de referência abrange assim a liberdade de imprensa, que invoca o direito humano à informação e incita a prática da cidadania na democracia. Sousa (2007, p. 82) esclarece:

O jornalismo, com todas as suas virtudes e defeitos, configura-se como uma das formas que as pessoas engendraram para exercerem social e quotidianamente o direito à informação, ou seja, para informarem, informarem- se e serem informadas, à escala da sociedade e mesmo do mundo, aproveitando os meios de comunicação que foram surgindo ao longo da história e a dinâmica cultural das sociedades, que gerou o aparecimento das organizações jornalísticas.

É sinónimo de expressões como: procura de verdade, intervenção factual, objetiva e atual. Tem um enorme peso na sociedade e, segundo Sousa (2007), o jornalismo tem o poder de cultivar as formas como as coisas são ditas, de facultar os assuntos presentes no debate coletivo, de funcionar como espaço público ou arena pública no contexto democrático, de sugerir interpretações e enquadramentos para os acontecimentos e problemáticas.

Além disso, e como fator essencial ao nível de referência que o jornalismo tomou, a prática jornalística passou a reger-se por princípios éticos que legitimaram toda a esfera mediática. Assim sendo, o código deontológico do jornalista passou a ter uma enorme importância na excelência profissional, tornando o jornalismo numa referência credível e imparcial, o que, consequentemente, tornou a prática jornalística independente, livre, verdadeira, exata e equidistante.

O papel social que o jornalismo representa nas sociedades ocidentais faz com que se procure expor tantos pontos de vista quanto possível, dando visibilidade às posições das diferentes faixas etárias da população e dos diferentes grupos e classes sociais (Keeble, 2009).

E por isso mesmo a principal característica da produção jornalística é a liberdade, que apela à responsabilidade social e cumprimento do dever.

Quanto aos jornais de referência analisados, o Jornal de Notícias, fundado em 1888, é o segundo jornal diário de informação em Portugal e um dos diários com maior difusão na imprensa nacional, que pertence ao Grupo Global Media Group.

Relativamente ao jornal Público, este é considerado um jornal de referência para o jornalismo português e pertence ao grupo Sonae e foi fundado em 1989.

Por sua vez, O Globo é um jornal diário brasileiro, fundado em 1925 e tal como os demais jornais brasileiros de referência aqui analisados é um dos jornais que maior influência encontra no Brasil.

O Estado de S. Paulo é um jornal diário brasileiro que, à data da sua fundação, 1875, se tornou o primeiro jornal a vender avulso em todo o território brasileiro.

Por fim, o jornal Folha de S. Paulo caracteriza-se também como um jornal diário, fundado em 1921 em S. Paulo e é o segundo jornal de maior circulação em território brasileiro.

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