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Este capítulo inicia com a apresentação da contagem dos jovens moradores das duas vilas estudadas – 147 (cento e quarenta e sete) jovens de Vila do Bonifácio e 58 (cinquenta e oito) jovens de Vila Que Era.

A partir da contagem dos jovens procedeu-se à caracterização detalhada daqueles que compuseram a amostra desta pesquisa – 57 (cinquenta e sete) jovens na Vila do Bonifácio e 23 (vinte e três) jovens da Vila Que Era.

3.1 Contagem dos jovens moradores da Vila do Bonifácio e da Vila Que Era a) Contagem dos jovens da Vila do Bonifácio

A contagem da população de jovens de 18 a 29 anos residentes na Vila do Bonifácio, foi realizada em março e abril de 2015, totalizando 147 jovens, por meio do instrumental 1 (Apêndice 1) que abordou 8 (oito) variáveis: nome completo (para identificar a relação de parentesco nas duas comunidades), sexo, idade, data do nascimento, endereço, situação escolar, frequência à escola no momento do levantamento, última série cursada ou em curso e o nome da escola.

Segundo dados do IBGE (Censo 2010), a distribuição de homens e mulheres no Brasil é desigual. São 97.348.809 mulheres que representam 51,03% da população brasileira em contraste com 93.406.990 homens representando 48,97%. Portanto, há prevalência do sexo feminino na população total. Essa assimetria se mantém com ligeiro aumento na composição da população urbana com 83.215.618 mulheres correspondendo a 51,71% e os homens 77.710.174 representando 48,29%. Entretanto, na composição da população rural essa correlação é inversa – os homens são maioria com 15.696.816 pessoas representando 52,62% da população enquanto que as mulheres no campo são 14.133.191 pessoas correspondendo a 47,38%.

Entre os jovens de 18 a 29 anos, essa assimetria é semelhante, com um total de 40.982.604 pessoas (21,48% da população total), são 20.555.988 jovens do sexo feminino representando 50,96% e 20.426.616 jovens do sexo masculino correspondendo a 49,84%. Entretanto, tal como na população total, a relação se inverte na correlação urbano e rural, na qual os homens são maioria também entre os jovens, somando 3.167.111 pessoas correspondendo a 53,16% e as jovens mulheres rurais são 2.790.584 representando 46,84% da população de jovens na faixa de 18 a 29 anos no meio rural.

Segundo Castro (2009), a PNAD 2006 também apontava a participação numérica maior na população rural dos homens 53% e 47% das mulheres jovens. Neste estudo, também há prevalência dos jovens do sexo masculino em relação às do sexo feminino. A Tabela 15 mostra que os jovens do sexo masculino representam mais da metade da população de jovens da Vila do Bonifácio, correspondendo a 53% e do sexo feminino 47%. As razões para esse fenômeno, segundo Castro (2009, p. 103) são:

[...] pode estar na inserção das mulheres em trabalhos urbanos e na continuidade da escolarização, que é mais frequente entre as mulheres que entre os homens. Essa realidade também pode ser lida como resultado da divisão sexual do trabalho. A tendência à concentração dos afazeres domésticos como tarefa das jovens e sua baixa inserção nas demais atividades ligadas à terra, e especialmente nos espaços de decisão, colabora para a saída maior de jovens mulheres que dos homens.

De fato, a atividade extrativista principal na Vila do Bonifácio é a pesca e a extração do caranguejo praticada majoritariamente pelos homens. O trabalho doméstico na sede do município e na capital do estado é atrativo para as jovens que se envolvem menos que os homens na pesca e na coleta de caranguejo. Assim, a explicação de Castro faz sentido também no contexto estudado.

Tabela 15 – Jovens da Vila do Bonifácio, por sexo

SEXO FREQ. %

Masculino 78 53,0

Feminino 69 47,0

TOTAL 147 100

Pesquisa de campo (2015)

A população jovem no Brasil tem uma distribuição por idade muito homogênea, com destaque para os jovens de 28 anos, com 3.515.646 pessoas representando 8,58% da população total de jovens. O segundo grupo mais populoso é o de jovens de 22 anos com 3.510.497 pessoas correspondendo a 8,56% dessa população. Inversamente, o grupo menos populoso é o de jovens de 19 anos com 3.265.826 pessoas representando 7,97%, seguido pelo grupo de jovens de 26 anos com 3.298.218 correspondendo a 8,05%. O recorte por faixa etária apresenta proporções muito próximas numericamente: a faixa etária de 18 a 20 anos representa 24,46%, a de 21 a 23 anos 25,26%, a de 24 a 26 anos 25,02% e a de 27 a 29 anos 25,26%. Portando, a maior proporção está em duas faixas etárias, igualmente com 25,26% de 21 a 23 anos e de 27 a 29 anos. A menor proporção está na faixa de 18 a 20 anos com 24, 46% seguida pela de 24 a 26 anos, com 25,02%. Portanto, não há uma concentração significativa em nenhuma faixa de idade (IBGE, 2010).

Na população rural de jovens de 18 a 29 anos, também não há concentrações significativas por idade. O grupo majoritário é o de 18 anos com 565.622 jovens e o minoritário é o de 29 anos, com 449.402 jovens, portanto, são os dois extremos que apresentam a maior diferença – 25,86% entre si. Ao se recortar por faixa etária, essa assimetria se mantém com a maioria dos jovens na faixa de 18 a 20 anos, correspondendo a 27,08% do total de jovens rurais e a minoria na faixa de 27 a 29 anos, com 23,31% perfazendo uma diferença de 3,77%. As faixas intermediárias de 21 a 23 anos e de 24 a 26 anos seguem a ordem decrescente, respectivamente, 25,46% e 24,15%.

Na Vila do Bonifácio esse comportamento da população de jovens rurais se mantém. A faixa que concentra o maior número é a de 18 a 20 anos com 31,3% e a menor é a de 27 a 29 anos com 18,3%. As duas faixas intermediárias seguem a ordem decrescente com 29,9% para a faixa de 21 a 23 anos e 19,1% para a de 24 a 26 anos, conforme mostra a Tabela 16.

Tabela 16 – Jovens da Vila do Bonifácio por faixa etária

FAIXA ETÁRIA FREQ. %

De 18 a 20 anos 46 31,3 De 21 a 23 anos 44 29,9 De 24 a 26 anos 28 19,1 De 27 a 29 anos 27 18,3 Sem informação 2 1,4 TOTAL 147 100 Pesquisa de campo (2015)

Quanto à situação escolar, a maioria dos jovens na Vila do Bonifácio 72,1% não estavam estudando na época da pesquisa de campo. Apenas 38 jovens, correspondendo a 25,8% do total, estavam frequentando a escola e 2,1% não informaram. É o que mostra a Tabela 17.

Tabela 17 – Jovens da Vila do Vila Bonifácio por situação escolar

ESTUDAM FREQ. % Sim 38 25,8 Não 106 72,1 Sem informação 3 2,1 TOTAL 147 100 Pesquisa de campo (2015)

Entre os 38 jovens que estavam frequentando a escola, a maioria, 62,6% cursavam o ensino médio, cuja maior parte no 3o ano desse nível escolar. O correspondente a 10,6%, tendo concluído o ensino médio dedicava-se a um curso técnico e curso preparatório ao vestibular. Na mesma proporção, 10,6%, a pequena, porém notável, presença de jovens em formação universitária. Dois deles cursando nível superior a distância, em faculdade privada,

enquanto os outros dois no Campus de Bragança, da UFPA. A menor proporção, 8,1% encontravam-se no ensino fundamental e, nessa mesma proporção não informaram a série frequentada. Ver Tabela 18.

Tabela 18 – Jovens da Vila do Bonifácio por série entre os que estudam

SÉRIE FREQ. %

3a e 4a série ensino fundamental 1 2,7

7a e 8a séries ensino fundamental 1 2,7

8a série ensino fundamental 1 2,7

Subtotal I -Ensino fundamental 3 8,1

1o ano ensino médio 2 5,2

1o e 2o ano ensino médio 1 2,7

2o ano ensino médio 2 5,2

3o ano ensino médio 12 31,3

Ensino médio 7 18,2

Subtotal II - Ensino médio 24 62,6

Curso superior 4 10,6

Subtotal III - Ensino superior 4 10,6

SENAI 1 2,7

Cursinho vestibular 2 5,2

Curso técnico de Enfermagem 1 2,7

Subtotal IV - Outros 4 10,6

Sem informação 3 8,1

TOTAL 38 100

Pesquisa de campo (2015)

Dentre os 106 jovens que interromperam os estudos, a maior parte, 49,9%, pararam no ensino fundamental, o que corresponde quase à metade dos jovens. A segunda maior proporção, 22,7%, inclui aqueles que concluíram o ensino médio e não ingressaram no ensino superior por múltiplos fatores que serão apresentados na caracterização dos jovens entrevistados na segunda parte deste capítulo. Bem próximos a essa proporção, estão aqueles que interromperam os estudos durante o ensino médio, são 18,9%. Esse quadro reflete que 41,6% dos jovens moradores de Bonifácio alcançaram a escolaridade de ensino médio.

É lícito supor que há um potencial de capital cultural favorável para ser desenvolvido e para promover a participação dos jovens na cogestão da RESEX. De fato, como se verá na caracterização dos jovens a seguir, boa parte dos que interromperam os estudos, fizeram-no por dificuldades de transporte até a sede municipal, necessidade de trabalhar, casamento e/ou maternidade/paternidade, entre outros. Uma pequena parcela 0,9% nunca estudou. Na mesma proporção, 0,9% não lembra a série em que parou de estudar e 6,7% não forneceu esse dado. Ver Tabela 19.

Tabela 19 – Jovens da Vila Bonifácio, por série em que parou de estudar

SÉRIE FREQ. %

1a série ensino fundamental 1 0,9

2a série ensino fundamental 3 2,8

3a série ensino fundamental 3 2,8

4a série ensino fundamental 4 3,8

5a série ensino fundamental 10 9,4

6a série ensino fundamental 10 9,4

7a série ensino fundamental 1 0,9

7a e 8ª série ensino fundamental (EJA) 2 1,9

8a série ensino fundamental 10 9,5

Ensino fundamental incompleto 9 8,5

Subtotal I - Ensino fundamental 53 49,9

1o ano ensino médio 6 5,6

2o ano ensino médio 2 1,9

3o ano EM 2 1,9

Ensino médio incompleto 10 9,5

Subtotal II – Ensino médio 20 18,9

Concluiu ensino médio 24 22,7

Nunca estudou 1 0,9

Não lembra 1 0,9

Sem informação 7 6,7

TOTAL 106 100

Pesquisa de campo (2015)

Ainda com dados obtidos nessa contagem dos jovens da Vila do Bonifácio, elaborou- se a correlação dos sobrenomes de cada jovem para identificar possíveis relações de parentesco, considerando a história da vila que teve sua formação por famílias moradoras da Vila dos Pescadores (MANESCHY, 1995), cuja maioria mantinha relações de parentesco. A Tabela 20 apresenta 251 (duzentos e cinquenta e um) sobrenomes em razão da maioria dos jovens ter dois sobrenomes. O sobrenome Silva é o mais frequente, representando 10,7% do total de sobrenomes e 18,4% em relação ao universo de jovens. Compartilhar o mesmo sobrenome não significa necessariamente que haja uma relação de parentesco, em se tratando do sobrenome Silva, essa relação é menos provável considerando o seu uso indiscriminadamente, conforme atesta a informação a seguir:

Um estudo realizado com amostragem de 30.400 pessoas no Brasil, mostra que 9,9% dos brasileiros contemplam “Silva” em seu sobrenome, seguido por 6,1% com sobrenome “Santos”, 5,8% com sobrenome “Oliveira” e 4,9% com sobrenome “Sousa” (ou na grafia arcaica “Souza”).32

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Tabela 20 – Sobrenomes de jovens da Vila do Bonifácio