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O Tribunal Regional da 4ª Região, pela Resolução nº 08/2003, implantou o Juízo Auxiliar de Conciliação, estruturado pela Portaria nº 5427/2003, a fim de enfrentar o passivo de precatórios pendentes de pagamentos. Os procedimentos adotados, bem como os resultados obtidos até o ano de 2011 estão detalhados a seguir.

Procedimentos

O Juízo iniciou suas atividades com a realização de um levantamento dos devedores e das respectivas dívidas, tendo elegido como estratégia inicial a verificação de dados atinentes às entidades municipais, e utilizado como critério básico a reunião de informações em microrregiões coincidentes com a área de jurisdição de cada uma das Varas do Trabalho.

As informações foram organizadas indicando-se o número de entidades devedoras por jurisdição, o número de precatórios pendentes de pagamento, o número de processos com acordo em andamento, a ocorrência, ou não, de preterição, o número de obrigações de pequeno valor consignadas em precatório, os valores totais devidos. Para cada uma das entidades devedoras foi aberta uma pasta de controle, equivalente aos autos de um processo, na qual são armazenadas todas as informações relevantes aos procedimentos negociais.

A partir da organização das informações, foi possível realizar a demarcação no mapa do Estado, permitindo-se uma melhor visualização da situação. Após, optou-se por definir regiões para iniciar o processo negocial com as entidades devedoras. Para essa escolha, adotou-se como critério as regiões definidas no Estado para a atuação dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento – COREDs, respeitada a jurisdição das Varas do Trabalho.

Realizados os estudos preliminares necessários ao início das atividades de negociação, passou-se a elaborar formas de convencer os representantes das entidades municipais devedoras a participar do Juízo Auxiliar de Conciliação, bem como facilitar a quitação de suas dívidas, extrapolando-se o que era consignado como OPV (Obrigações de Pequeno Valor), e incluindo-se todos os precatórios vencidos. Nesse sentido, realizou-se a apuração da média dos valores repassados pelo Fundo de Participação dos Municípios – FPM e, a partir do levantamento dos custos gerados pela situação de pendência de cada uma das entidades devedoras (atualização mensal), fez-se um comparativo percentual sobre o quanto custava ao devedor a mera manutenção das dívidas, tendo como parâmetro os valores recebidos do FPM.

De outra parte, efetuou-se um prognóstico envolvendo eventuais propostas a serem realizadas pelas entidades devedoras, considerando o quanto tais valores representariam percentualmente do montante dos valores repassados pelo FPM, o número de parcelas a serem pagas e o tempo necessário para a quitação integral da dívida. A proposta era de que a entidade devedora repassasse verbas mensais, destinadas a uma conta bancária judicial específica (no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal), para, com os recursos financeiros ali depositados, enfrentar a dívida, ficando o Juízo responsável pela administração de tal conta, e responsabilizando-se pela realização dos pagamentos que envolvem distintas e específicas atividades, pois, além da correção e atualização das contas, com verificação das parcelas componentes da dívida, também se procede às retenções fiscais e aos recolhimentos previdenciários. Os pagamentos são realizados em audiência, nas respectivas jurisdições.

Para o início das negociações, fez-se contato por ligação telefônica visando à apresentação do Juízo, sua finalidade, além de relatar a situação das pendências, convidando-se os representantes das entidades devedoras para que comparecessem em audiências realizadas nas respectivas jurisdições, o que confere um caráter itinerante ao Juízo.

O Juízo iniciou suas atividades externas no início de 2004 e, como já referido, empreendeu esforços exclusivamente às dívidas das entidades Municipais vencidas até o exercício de 2003. A partir do ano de 2005, a cada mudança de exercício, foram incluídos os precatórios vencidos no exercício anterior e, em alguns casos, os que iriam vencer em exercícios futuros. Também naquele ano foi firmado o primeiro acordo com o Estado do Rio Grande do Sul, viabilizando repasses mensais para o pagamento de dívidas consignadas como pequeno valor vencidas a partir de 1998.

Em dezembro de 2009, por força da Emenda Constitucional nº 62/2009, instituiu-se o Regime Especial, no qual Municípios e Estados que possuíssem dívidas vencidas na data da publicação da Emenda, 09.12.2009, fariam o pagamento dos seus precatórios mediante o Regime Especial. O Estado do Rio Grande

do Sul, observando a nova regra constitucional, editou ato para opção de repasse de 1,5% de sua receita líquida, cujo valor repassado, até dezembro de 2011, ultrapassou os R$ 586 milhões. Este numerário é colocado à disposição do Tribunal de Justiça do Estado, responsável pelo gerenciamento das contas do Regime Especial. Além da Administração Estadual, vários Municípios estão efetuando repasses ao Tribunal de Justiça para liquidação de seus precatórios, que é realizada pelo Tribunal de origem, observada a ordem cronológica.

Resultados

Os demonstrativos a seguir apresentam números acumulados desde o início das atividades.

Entidades Municipais

Números Considerando as Entidades Devedoras (55 jurisdições envolvidas)

Total de entidades municipais contatadas pelo Juízo Auxiliar de Conciliação 293 -

Total de entidades quitadas após atuação do Juízo 200 68,26%

Entidades com dívidas que aderiram ao Juízo e efetuam repasses mensais ao

TRT 49 52,69%

Entidades contatadas pelo Tribunal com prazo deferido para solução 44 47,31%

Dados Considerando o Número de Precatórios Total de precatórios administrados pelo Juízo, de responsabilidade de

entidades municipais, suas fundações e autarquias 11.382 -

Total de precatórios liquidados após atuação do Juízo 9.638 84,68%

Total de precatórios vencidos pendentes de pagamento 1.744 -

Precatórios pendentes conciliados, com garantia de satisfação, por meio de

repasses dos municípios 681 39,05%

Demonstrativos percentuais

Do total de precatórios trabalhados pelo Juízo, 90,66% foram resolvidos (devolvidos + pendentes e já conciliados), e, de todas as entidades devedoras, 85% resolveram seus débitos por pagamento integral ou por adesão ao Juízo.

AUDIÊNCIAS REALIZADAS*

Audiência de Negociação – Tratativas com a entidade

devedora – Celebração de acordo de parcelamento 560

Audiências de conciliação – Para pagamento e liquidação

dos precatórios – Entidades municipais 8.626

Total de audiências realizadas 9.186

Estado do Rio Grande do Sul, suas Fundações e Autarquias

A partir de 2005, após algumas reuniões e negociações com o Estado do Rio Grande do Sul, firmou-se acordo para pagamento de dívidas da Administração Estadual, suas autarquias e fundações, que consignam “obrigações de pequeno valor” vencidas a partir de 1998, e que totalizavam 1.288 precatórios. O numerário disponibilizado, R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil reais), possibilitou a quitação de 537 precatórios. Em 2008, o acordo foi renovado e o Estado disponibilizou verba para pagamento integral de todos os precatórios que consignavam “obrigações de pequeno valor”. O repasse para quitação desses precatórios foi de R$ 11.759.000,00 (onze milhões e setecentos e cinquenta e nove reais).

Também em 2008 foi efetuado acordo para pagamento dos precatórios de responsabilidade da Superintendência de Portos e Hidrovias – SPH (nova denominação do DEPREC), do exercício de 1998, o mais antigo na ordem de autuação. O ajuste possibilitou a quitação de todos os 42 precatórios do exercício de 1998, satisfazendo 1.088 credores. A dívida bruta inscrita, de aproximadamente R$ 42.000.000,00 (quarenta e dois milhões de reais), foi paga com deságio de 27,5%, condição aceita pelos credores em

audiências públicas realizadas anteriormente à assinatura do acordo. Por conta do acordo, a Administração Estadual repassou ao TRT a quantia de R$ 28.500.000,00 (vinte e oito milhões e quinhentos mil reais).

No ano de 2009, pagaram-se todos os precatórios que consignavam “Obrigações de Pequeno Valor”, bem como os de responsabilidade da Superintendência de Portos e Hidrovias, tendo restado pendências relativas à regularização do polo ativo, bem como o fornecimento de dados (por exemplo, CPF) para que o pagamento se efetive.

Administração Estadual

Total disponibilizado R$ 42.059.000,00

Total gasto

Precatórios de pequeno valor R$ 4.209.250,92

Precatorios SPH 1998 R$ 23.582.299,20

R$ 27.791.550,12

Com a edição da Emenda Constitucional 62/2009, o Estado foi incluído no Regime Especial para pagamento de seus precatórios, da administração direta e indireta. Cumprindo a nova regra constitucional, passou a colocar à disposição do Tribunal de Justiça do Estado, mensalmente, verba para satisfação de sua dívida. Essa Justiça Especializada está efetuando o pagamento dos créditos preferenciais, como os exequentes com idade superior a 60 (sessenta) anos ou portadores de doença grave. Para a satisfação desses valores, foram utilizados os saldos remanescentes provenientes dos acordos anteriores, no montante aproximado de R$ 17.212.0000,00 (dezessete milhões e duzentos e doze mil reais), bem como os recursos disponibilizados pelo Tribunal de Justiça, cujo valor total, no ano de 2011, foi de R$ 10.735.764,89 (dez milhões, setecentos e trinta e cinco mil, setecentos e sessenta e quatro reais e oitenta e nove centavos). Estão sendo pagos, também, precatórios não preferenciais pela ordem crescente de valores. Os resultados obtidos até o exercício passado foram:

Ano Audiências Realizadas Precatórios Solucionados Preferências Satisfeitas

Até 2007 537 471 - 2008 289 246 - 2009 490 611 - 2010 196 68 241 2011 407 157 850 Total 1.919 1.553 1.091 Verbas Recebidas

Ano Repasse de Verba – Estado do RS Valor

2010 Repassado pelo Tribunal de Justiça R$ 7.677.796,90

2010 Saldo judicial no TRT R$ 17.211.978,22

2011 Repassado pelo Tribunal de Justiça R$ 10.735.764,89

TOTAL R$ 35.625.540,01

Pagamentos Efetuados

Ano Credores Valor

2010 241 R$ 7.749.159,04

2010 850 R$ 23.054.140,98

Atividades Desenvolvidas no Ano de 2011

No ano de 2011, o Juízo Auxiliar de Conciliação na Execução contra a Fazenda Pública deu continuidade ao pagamento dos precatórios das entidades municipais que celebraram acordo com o JAC, para liquidação de sua dívida. Foram analisados 404 precatórios, com consequente atualização e pagamento, total ou parcial, satisfazendo 1.163 credores. Foram realizadas audiências na sede do Juízo e, considerando o caráter itinerante da unidade judiciária, nas várias jurisdições das entidades envolvidas no pagamento.

Efetuaram-se, também, pagamentos de precatórios estaduais. Especial esforço foi empreendido para atender aos pedidos de pagamento preferencial. Registre-se que cerca de 2.500 benefícios foram deferidos nos dois anos de vigência do Regime Especial. Encerrou-se o ano com 1.091 benefícios pagos. Estatística elaborada pelo Serviço de Precatório revela que, no ano de 2011, foram encaminhadas a este Juízo 1.086 petições. Todas foram analisadas e resultaram em despachos, intimações, registros e lançamentos específicos no sistema informatizado, para fins de adequar a ordem cronológica de pagamento. A soma dos valores pagos aos credores com benefício preferencial alcançou, em 2011, R$ 23.054.140,99 (vinte e três milhões, cinquenta e quatro mil, cento e quarenta reais e noventa e nove centavos).

Pagou-se, ainda, em razão do Decreto Estadual nº 47.470, de 13 de outubro de 2010, precatórios não preferenciais pela ordem crescente de valores. Foram liquidados 65 precatórios, despendendo-se R$ 312.233,32 (trezentos e doze mil, duzentos e trinta e três reais e trinta e dois centavos).

Em razão do novo regramento constitucional, que alterou significativamente a forma de pagamento dos precatórios, este Juízo foi demandado durante todo o ano pelo Tribunal de Justiça, responsável pelo recebimento dos valores e controle da ordem de pagamento, para fornecimento de dados, a citar: arquivos informatizados de cada entidade para fins de ordenação da lista; relação das preferencias habilitadas e respectivo valor; informação do total de valores a serem repassados de cada entidade incluída no Regime Especial. Esses dados foram fornecidos mensalmente. Com a perspectiva de pagamento, anunciada pelo TJ, o Juízo determinou abertura de conta judicial específica, que é objeto de controle e conferência periódicos.

Cita-se a participação do TRT da 4ª Região, representado por magistrados que atuaram ou atuam neste Juízo, nos eventos realizados pela Comissão Especial dos Precatórios Judiciais. Referida Comissão, presidida pelo Deputado Estadual Frederico Antunes, teve como principal objetivo buscar, com os demais Poderes, a agilização no pagamento dos precatórios e das requisições de pequeno valor (RPVs), com a realização de reuniões no interior do Estado. A Comissão iniciou seus trabalhados com um Seminário, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa, no dia 6 de maio de 2011. No evento, a Justiça do Trabalho foi representada pela Juíza Marta Kumer. Várias audiências públicas foram realizadas no interior do Estado e na Capital do Estado. O Juiz Conciliador, Marcelo Bergmann Hentschke, participou de todos os eventos, realizados nas cidades de Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, Passo Fundo e Cruz Alta. Acompanhou o magistrado a assessora responsável pela direção da secretaria, com o objetivo de transmitir informações aos “precatoristas” sobre o andamento, as preferências e a ordem de antiguidade dos precatórios e como fonte de assessoria técnica e de dados do Juízo Auxiliar de Conciliação na Execução contra a Fazenda Pública.

Reuniões e contatos foram feitos, ao longo do ano de 2011, entre o Tribunal de Justiça, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região e o Tribunal Regional do Trabalho da 4º Região para a criação do Comitê Gestor previsto na Resolução 115/2010 do Conselho Nacional de Justiça, bem como para definição, e a consequente assinatura de termo de convênio, sobre a forma de repasse das verbas disponibilizadas pelas entidades e a manutenção de listas individuais em cada Tribunal. Atualmente, são duas as possibilidades de rateio dos valores repassados pela entidades incluídas no regime especial: a primeira, consignada em nossa Constituição, estabelece fila única de credores e a disponibilização de verba considerando a ordem cronológica geral: a segunda, prevista pela Resolução nº 115/2010 do Conselho Nacional de Justiça, prevê a manutenção da lista em cada tribunal, com autonomia plena para controle da fila de pendências e o rateio da verba repassada de forma proporcional ao valor da dívida de cada instituição.

Demanda menos onerosa, mas não de menor importância, foi o atendimento a credores e procuradores. A ânsia pelo recebimento do direito, após anos de inércia, inundou a secretaria do Juízo Auxiliar de Conciliação de pessoas buscando informações sobre previsão de recebimento dos seus créditos, em 2011. Também foi disponibilizado o atendimento por telefone, já que boa parte dos credores residem no interior do Estado.

PROJETO CONCILIAÇÃO