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Capítulo 4: Opções disponíveis de sistemas de fixação e juntas

4.3. Juntas entre placas cimentícias

4.3.1. Juntas aparentes homogêneas

Considerou-se como uma forma de classificação dos sistemas empregados para a realização das juntas aparentes entre placas cimentícias a diferenciação entre os sistemas que oferecem uma solução homogênea para a realização das juntas, ou seja, consideram o mesmo processo para a realização das horizontais, verticais e os sistemas que propõem soluções diferenciadas em função desta orientação, isto é, soluções específicas para juntas horizontais e verticais. Esta separação põe em evidência os princípios utilizados para assegurar o desempenho pretendido para cada tipo de junta. Pode-se verificar que em linhas gerais, os sistemas de juntas homogêneos empregam princípios de união que independem do sentido do fluxo da água sobre a superfície da fachada para o desempenho pretendido, enquanto os sistemas com juntas visíveis diferenciadas em função da orientação são específicos para um sentido de fluxo determinado. Isto significa que uma inversão do fluxo de água ou a aplicação da alternativa de uma orientação para a outra, pode comprometer o desempenho pretendido.

Acabamento de junta através de selantes elastoméricos

A utilização de selantes elastoméricos para a realização de juntas é o processo mais empregado pela indústria de préfabricação na construção civil, por algumas das facilidades que oferecem, tais como:

· Versatilidade de aplicação;

· Baixo custo inicial em comparação a outras alternativas; · Tecnologia bem conhecida e documentada;

Apesar destas vantagens, vários fatores contribuem para o desenvolvimento de alternativas, dentre as quais:

· Dependência das condições climáticas no momento da aplicação; · Dependência das variações climáticas durante o processo de cura; · Necessidade de mão de obra bem capacitada;

· Problemas de manutenção; · Aspecto estético.

Os selantes são produtos à base de polímeros cuja função principal é selar efetivamente a junta entre dois substratos. Uma vez aplicado, o selante deve apresentar características de adesão, coesão e deformabilidade que lhe permita assegurar a estanqueidade em condições previamente estabelecidas de ambiente e de movimento da junta, apresentando durabilidade compatível com as exigências de projeto (RIBEIRO, 2006). São conhecidos no mercado de acordo com o tipo de polímero, cura e comportamento mecânico, os quais são responsáveis por algumas de suas principais propriedades e desempenho.( LOH, BELTRAME, 2009).

Propriedades dos selantes elastoméricos

fator de acomodação

O fator de acomodação é a informação mais importante sobre o desempenho do selante se e refere à taxa de movimentação total entre a máxima contração e o máximo alongamento que o selante irá suportar, expresso em percentual da largura da junta (FERME; OLIVEIRA, 2003), ou seja, o limite da variação do selante em relação a sua dimensão original. Um selante com fator de acomodação de 20% significa que a largura da junta poderia ser reduzida em 20% da abertura ou aumentada em 20% sem que isto afete a durabilidade prevista.

Fator de forma

A profundidade do selante ou o “fator de forma” como é usualmente denominado no meio técnico é um das características fundamentais para o desempenho da junta selada. A tração do selante faz com que ocorra a redução em sua seção transversal

de maneira não uniforme, localizada sobretudo no centro da seção, onde é observada a redução máxima de sua espessura. A dificuldade de extensão do selante aumenta, quanto maior for sua espessura original nesta região. Este efeito produz grande concentração nos limites da interface do selante com a borda. Assim, o controle da profundidade do selante se faz necessário para minimizar estas tensões.(LEDBETTER; HURLEY; SHEEHAN, 1998).

Para evitar estes inconvenientes, o fator de forma recomendado pelos fabricantes para a realização das juntas seladas é de 1:1 ou 2:1 (Figura 42). A aderência do selante na terceira face, mais especificamente ao perfil metálico de apoio das chapas cimentícias é outro fator que pode proporcionar um comportamento mecânico inadequado do selante, dificultando a sua deformação e podendo levá-lo à ruptura. Este problema é resolvido simultaneamente com o fator de forma, pela utilização do limitador de profundidade ou pela utilização de fitas de neoprene ou outro material que obstrua a aderência direta entre estes componentes.

Figura 42: Fator de forma da junta com selante elastomérico. (Ferme e Oliveira, 2003)

Aplicação do selante para junta entre placas cimentícias

O preenchimento do vão entre placas com selante elastomérico foi verificado na proposta da Eternit brasileira (2011), Brasilit (2011) e da Plycem (2005). A largura do vão entre as placas cimentícias recomendada para a aplicação de selantes é de no mínimo 3 mm para Eternit (2011) e Brasilit (2008), e de 6 mm para a Plycem (2005). Alguns fabricantes recomendam a aplicação de um limitador de profundidade antes da aplicação. As bordas das placas devem possuir juntas em ângulos retos,

apoiadas sobre algum elemento que sirva como terceira face da junta, ou seja, o seu fundo. Nas juntas verticais, esta terceira face é obtida pela presença do perfil montante em que a borda das placas são fixadas. Nas juntas horizontais, esta terceira face deve ser providenciada por uma tira metálica fixada aos montantes antes do posicionamento da placa, ou por segmentos de perfis guia cortados para se encaixarem entre os vão destes montantes.

O resultado obtido por esta alternativa será uma vedação com juntas visíveis pela diferença de textura e reflexo da superfície deste material (Figura 43).

a b

Figura 43-a: Placas seladas com rebaixo (PLYCEM, 2005), b: Eterplac Wood selada em nível (ETERNIT 2008).

O resultado dependerá do nível técnico da mão de obra envolvida na execução e a correta escolha do selante utilizado. Os aplicadores devem ser capazes de promover uma adequada proteção das bordas das placas, aplicar o produto na velocidade correta, executar o acabamento e remover a proteção sem sujar a superfície das placas adjacentes.

Mecanismos de estanqueidade

O componente junta é constituído pela cura do material depositado sobre o vão entre as bordas de placas adjacentes, utilizando-as como fôrma. Ao curar-se, o material assumirá a forma definida por esta, apresentando a capacidade de absorver as deformações dimensionais das placas de acordo com as propriedades elásticas

do material curado. A estanqueidade neste componente é assegurada pela coesão do material impermeável e pela aderência entre o selante e a superfície da borda da placa cimentícia. Esta aderência deverá ser capaz de resistir às tensões decorrentes das variação dimensional e por absorção de umidade da placa. A ruptura da aderência entre estes componentes pode significar a perda da estanqueidade desta junta. A acomodação da variação dimensional das placas cimentícias se dará pela deformação do componente da junta, seja a sua retração ou expansão. O limite desta deformação é estipulado pelo fator de acomodação do selante. Não foi verificada nenhuma indicação do fator recomendado para este produto nos catálogos dos fabricantes de placas cimentícias.

Processo de execução das juntas com selantes elastoméricos

As etapas básicas para execução das juntas com selante elastomérico podem ser resumidas em:

· Limpeza do vão entre placas cimentícias

· Proteção das bordas das placas cimentícias (Figura 44-a-b)

· Aplicação do primer (de acordo com especificação do fabricante) e espera para a secagem deste

· Inserção de um mastique para limitação da profundidade do selante (para acabamento no nível da placa cimentícia)

· Aplicação do selante elastomérico (Figura 44-c) · Acabamento da superfície do selante

· Remoção da fita de proteção das bordas das placas cimentícias com o selante ainda não curado. (Figura 44-d)

a b

c d

Figura 44: Processo de execução de junta visível preenchida com selante elastomérico. (Eternit Brasil, 2010) - a: Proteção da borda das placas; b: Detalhe das placas protegidas; c: Aplicação e acabamento do

selante; d: Remoção da fita de proteção (antes da cura do selante).

Em uma alternativa da Eternit (2011), a estanqueidade da junta é assegurada pela aplicação do selante, mas o acabamento desta junta é resultante da inserção de um perfil em PVC, destinado a uniformizar o resultado final deste acabamento (Figura 45). A empresa disponibiliza estes perfis com a mesma coloração das placas cimentícias fornecidas.

a b

Figura 45: Perfil de acabamento da junta em PVC; Eternit (2010) a: Vista do perfil; b: posicionamento na junta.