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Em que pese escassas manifestações na jurisprudência que contrariam a admissibilidade do dano extrapatrimonial à pessoa jurídica, atualmente tem

prevalecido na doutrina e na jurisprudência a tese que reconhece a possibilidade de reparação por danos morais à pessoa jurídica se ofendida indevidamente, orientada pelos direitos personalíssimos atribuídos também às entidades jurídicas.

Tal entendimento restou consagrado pela Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral,” e, portanto, está legitimada a pleitear a sua reparação em casos de lesão a sua honra objetiva, refletida na reputação, no prestígio, no bom nome, na boa fama, na confiança, com repercussão social.

Inclusive o artigo 52 do Código Civil confirma o amparo à pessoa jurídica quando consolida que os direitos da personalidade devem ser-lhe aplicados naquilo que for cabível.

Nesse sentido, bem ilustra a ementa da Apelação Cível Nº 599396116, decidida pela Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça do RS, da relatora Rejane Maria Dias de Castro Bins, que fundamenta que a pessoa jurídica sofre lesão a sua honra objetiva, cuja imagem e bom nome devem ser tutelados:

EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. LEI DE IMPRENSA.

REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE DA APELAÇÃO: DEPÓSITO DO VALOR DA CONDENAÇÃO. QUANDO O PEDIDO APÓIA-SE NA LEI DE IMPRENSA E FICA DENTRO DO VALOR TARIFADO DE SEU ART-51, BEM ASSIM A CONDENAÇÃO, O DEPÓSITO DA RESPECTIVA IMPORTÂNCIA E DE RIGOR. NA AUSÊNCIA,

CARACTERIZA-SE A DESERÇÃO, QUE NÃO PERMITE

CONHECER DO APELO. PESSOA JURÍDICA. A PESSOA

JURÍDICA PODE SOFRER ATAQUE AO QUE SE DEFINE COMO SUA HONRA OBJETIVA, A REPUTAÇÃO DE QUE GOZA JUNTO A TERCEIROS, PASSÍVEL DE FICAR ABALADA POR ATOS QUE AFETAM O SEU BOM NOME NO MUNDO CIVIL OU COMERCIAL ONDE ATUA. PUBLICAÇÃO DE RETRATAÇÃO. TEM CABIMENTO

O PEDIDO DE PUBLICAÇÃO DE MATÉRIA REPARATÓRIA, NOS MESMOS MOLDES DAS QUE CONFIGURARAM O DANO MORAL RECONHECIDO. QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL. O VALOR

DA INDENIZAÇÃO DEVE SER AFERIDO DIANTE DE

PARÂMETROS BALIZADORES EXISTENTES NA LEGISLAÇÃO E DAS CIRCUNSTÂNCIAS DE CADA CASO, EM FACE DA SUBJETIVIDADE SEMPRE PRESENTE EM SUA QUANTIFICAÇÃO. PRIMEIRA APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE. SEGUNDA APELAÇÃO NÃO CONHECIDA. (RIO GRANDE DO SUL, 1999, grifo nosso).

Parece evidente, destarte, que a pessoa jurídica pode sofrer lesão a sua honra objetiva, uma vez que pode ter a reputação junto a terceiros abalada por atos que afetem o seu bom nome no mundo civil e comercial onde atua, como assevera o relator Tasso Caubi Soares Delabary, na Apelação Cível Nº 70032712317 decidida pela Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça do RS:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO ADESIVO. SERVIÇO DE

TV A CABO. REDUÇÃO NO NÚMERO DE CANAIS

CONTRATADOS. DEVOLUÇÃO PROPORCIONAL AO SERVIÇO NÃO PRESTADO. DANO MORAL CONFIGURADO. HONORÁRIOS SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. 1. A redução unilateral do número de canais contratados constitui falha na prestação do serviço e implica no reconhecimento da devolução proporcional do serviço não prestado. 2. A pessoa jurídica é suscetível de sofrer dano

moral, considerada a ofensa a sua honra objetiva, constituída do prestígio no meio comercial, fama, bom nome e qualificação dos serviços que presta, atingidos pela conduta irregular da

demandada. Dano moral reconhecido. 3. Honorários advocatícios que se estabelece pelo valor da indenização em atenção ao § 3º, art. 20 do CPC. APELAÇÃO DA RÉ DESPROVIDA. RECURSO ADESIVO DO AUTOR PROVIDO. (RIO GRANDE DO SUL, 2010a, grifo nosso).

Mais uma vez pode-se citar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em votação unânime, quando os argumentos externados pelo relator Paulo Sérgio Scarparo seguem na mesma orientação:

EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM

CADASTRO DE INADIMPLENTES. ATO ILÍCITO. DANO MORAL CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE REGISTROS DESABONATÓRIOS ANTERIORES.

1. A pessoa jurídica, assim como a pessoa física, está sujeita ao

abalo moral (Súmula 227 do STJ), porque há ofensa à sua reputação perante a sociedade.

2. A inscrição indevida em cadastros de inadimplentes configura dano moral in re ipsa, devendo a parte lesada ser indenizada, se inexistentes registros desabonatórios anteriores em seu nome. 3. Em situações como a dos presentes autos, em que o nome da pessoa jurídica autora foi negativado em razão da desídia da parte- ré, deve preponderar, para a fixação da indenização por dano moral, sua natureza pedagógico-punitiva. PROVIMENTO DO APELO. (RIO GRANDE DO SUL, 2011, grifo nosso).

Da mesma forma, atentando para a redação da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça, que diz que: “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral,” o relator ministro Fernando Gonçalves da Quarta Turma do STJ, no REsp 466.770/DF,

conheceu e deu provimento, por unanimidade, ao recurso interposto por Deustche Lufthansa A. G., modificando a sentença e o acórdão do TJDFT que negaram provimento ao pedido de verba correspondente a dano moral por apropriação irregular de seu nome comercial, por entender que o ordenamento jurídico garante proteção à honra objetiva da pessoa jurídica, consistente no respeito e consideração que a sociedade dispensa à empresa, sendo cabível reconhecimento de danos morais à pessoa jurídica:

EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. PESSOA

JURÍDICA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. SÚMULA

227/STJ. INCIDÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE FATOS NOVOS.

LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO QUE SE IMPÕE.

1. Se as instâncias de origem, soberanas na análise do conjunto fático-probatório dos autos, concluem que a conduta da ré, isoladamente considerada, é bastante para atrair o dever de compensação, uma vez que em face das circunstâncias concretas da situação podia e devia ter agido de outro modo, revela-se descabido o exame da matéria, em sede especial, ante o óbice contido na súmula 7 desta Corte.

2. Nos termos do enunciado n. 227 da súmula do Superior

Tribunal de Justiça, "a pessoa jurídica pode sofrer dano moral".

3. Situada a quantificação do dano moral em terreno de elevado grau de subjetivismo, a liquidação por arbitramento apresenta-se como sede adequada à valoração do prejuízo sofrido.

4. Desarrazoada a manutenção de determinação pela apuração por artigos, quando a própria parte interessada admite inexistir fato novo a ser provado.

5. Recursos especiais da ré não conhecidos. Conhecido e provido o da autora. (BRASIL, 2010, grifo nosso).

Neste passo, é pacífica a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, segundo o Relator Ministro Paulo Furtado (desembargador convocado do TJ/BA) da Terceira Turma do STJ, que, em decisão unânime, no REsp 785.777/MA, profere que no tocante à possibilidade de indenização por danos morais à pessoa jurídica, a jurisprudência deste Superior Tribunal é assente no sentido de admitir tal entendimento, conforme preconiza a súmula 227 desta Corte:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL. DANO MORAL.

INDENIZAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. REVISÃO DO VALOR NO STJ. HIPÓTESE EXCEPCIONAL. AFASTAMENTO DA SÚMULA 7/STJ. INOCORRÊNCIA DE REVALORAÇÃO DO CONTEXTO FÁTICO E PROBATÓRIO. MONTANTE COMPENSATÓRIO A SER

ARBITRADO COM OBSERVÂNCIA DA OFENSA MORAL

QUANTUM PELA MULTIPLICAÇÃO DO VALOR APONTADO. PRECEDENTES.

1 - A jurisprudência deste Superior Tribunal é pacífica no

sentido de admitir indenização por danos morais à pessoa jurídica, nos termos do verbete sumular n.º 227.

2 - Esta Corte, cuja missão é uniformizar a interpretação do direito federal, há alguns anos começou a afastar o rigor da técnica do recurso especial para controlar o montante arbitrado pela instância ordinária a título de dano moral, com o objetivo de impedir o estabelecimento de uma "indústria do dano moral" (REsp 504.639/PB, Min. Sálvio de Figueiredo, DJ de 25/08/2003, p. 323). 3 - O Superior Tribunal de Justiça, em situações especialíssimas como a dos autos - de arbitramento de valores por dano moral - ciente do seu relevante papel de Tribunal do Pacto Federativo, e com o escopo final de estabelecer a pacificação social, se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do quantum destinado à amenização do abalo moral (REsp 1.089.444/PR, Min. Nancy Andrighi, DJe de 03/02/2009).

4 - Não se tem dúvida de que esta Corte, ao reexaminar o montante arbitrado pelo Tribunal a quo nesta situação, mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instância ordinária para aferir a justiça da indenização (se ínfima, eqüitativa ou exorbitante), afastando-se do rigor da técnica do recurso especial, consubstanciada, na hipótese em tela, pela Súmula 7/STJ.

5 - A atuação deste Tribunal na revisão do quantum arbitrado como dano moral não consubstancia revaloração da prova, segundo a qual o STJ, mantendo as premissas delineadas pelo acórdão recorrido, e sem reexaminar a justiça ou injustiça da decisão impugnada, qualifica juridicamente os fatos soberanamente comprovados na instância ordinária (AgRg no REsp 461.539/RN, Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 14/02/2005, p. 244; REsp 327.062/MG, Min. Menezes Direito, DJ de 05/08/2002, p. 330).

6 - No caso dos autos, deve ser adequado o valor arbitrado a título de danos morais pelo Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, levando-se em consideração as condições pessoais e econômicas dos envolvidos, bem como o dano propriamente sofrido pela ora recorrida.

7 - O critério utilizado, o qual estipulou o montante indenizatório com base na multiplicação do valor dos títulos devolvidos é aleatório e por isso, inadequado. Precedentes.

8 - Recurso Especial conhecido parcialmente, e nessa parte provido para reduzir o valor da indenização por danos morais para R$ 50.000, 00 (cinqüenta mil reais). (BRASIL, 2009, grifo nosso).

Ainda sobre o tema, em conformidade com o STJ e nos moldes da Súmula 277 da mencionada Corte, deliberou o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo sobre a admissibilidade de a pessoa jurídica sofrer dano moral, quando em decisão do recurso interposto pela parte ré, manteve a sentença, na qual a autora Dry For Comercial Ltda. obteve a anulação de duplicatas emitidas sem respaldo legal e descontadas pelo réu, bem como a indenização por danos morais:

EMENTA: Ação declaratória de inexistência de débito - duplicatas

sem aceite emitidas sem lastro - endosso translativo - responsabilidade do endossatário - dano moral de pessoa jurídica -

possibilidade - Súmula 227 do STJ - sentença mantida. (SÂO

PAULO, 2011, grifo nosso).

Na ocasião, o Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe manteve a sentença proferida pelo M. M. Juiz de Direito da Comarca de Ribeirópolis, na qual a autora, Auto Posto Cheka Ltda., alcançou a indenização por danos morais, haja vista que houve a divulgação negativa da imagem da sua empresa perante pessoas do seu ramo comercial, condenando a parte ré ao pagamento da importância de R$ 7.000,00 (sete mil reais). Frisa-se que, diante da conduta danosa da ré Nacional Gás Butano Distribuidora Ltda., patente é a violação da honra objetiva da autora, pois, mesmo em se tratando de pessoa jurídica, faz jus à indenização por dano moral sempre que seu nome, credibilidade ou imagem forem abalados por ato ilícito:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL - EXPOSIÇÃO DA EMPRESA AUTORA NO MEIO COMERCIAL - INFORMAÇÃO INVERÍDICA

SOBRE DÍVIDA - COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO E DA VEICULAÇÃO DE FATO INVERÍDICO SOBRE A INADIMPLÊNCIA DA PARTE - ATO ILÍCITO - ARTIGO 186 DO CÓDIGO CIVIL - PROVA DO DANO MATERIAL - CONFIGURAÇÃO DO ABALO

MORAL - CABIMENTO DO DANO PARA PESSOA JURÍDICA - SÚMULA 227 DO STJ - MANUTENÇÃO DO ÔNUS DA

SUCUMBÊNCIA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - DECISÃO UNÂNIME. (SERGIPE, 2011a, grifo nosso).

No tocante à determinação certa e objetiva do quantum indenizatório, não há, contudo, no ordenamento jurídico, uma definição exata do valor a ser fixado, justamente porque o abalo moral apresenta-se de maneiras e com consequências diferentes em cada caso.

Cabe assinalar, todavia, que o posicionamento da grande parte dos juristas que defendem a tese positivista, é de que a fixação do dano moral deve ter como parâmetro, além das peculiaridades do caso concreto, a extensão do dano sofrido e as condições socioeconômicas dos envolvidos, ou seja, ser proporcional e razoável a fim de não impor reparação irrisória nem valor que acarrete o enriquecimento ilícito

de uma das partes, e considerado, principalmente, o caráter pedagógico da indenização.

Sobre o tema, o TJSC apreciou a Apelação Cível Nº 1999.014997-8 em que o Banco do Estado de Santa Catarina S.A. foi condenado a reparar danos extrapatrimoniais causados contra Stivanello Serviços e Indústria de Coroas Ltda., em razão de protesto indevido de duplicata paga no vencimento, pela qual o Juiz Relator Luiz Carlos Freyesleben asseverou que o valor arbitrado por danos morais deve proporcionar ao ofendido satisfação na justa medida do abalo sofrido, não deve ser irrisório, tampouco excessivo, e deve ressaltar o caráter punitivo da reparação:

EMENTA: CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.

PESSOA JURÍDICA. PROTESTO INDEVIDO DE TÍTULO DE CRÉDITO. DÍVIDA JÁ QUITADA. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR CARACTERIZADA. CRITÉRIOS PARA O ARBITRAMENTO DA VERBA INDENIZATÓRIA. RAZOABILIDADE.

Configura dano moral o protesto indevido de título de crédito quando a dívida já houver sido quitada, independentemente de comprovação do prejuízo material sofrido pela pessoa jurídica lesada, ou da prova do abalo à sua honra objetiva e à sua imagem pública, porquanto são presumidas as conseqüências danosas resultantes desse fato.

O valor da indenização do dano moral deve ser arbitrado de modo a servir, por um lado, de lenitivo ao abalo de crédito suportado pela pessoa jurídica ofendida, com cuidados para não enriquecer sem causa o autor; por outro, há de ter função pedagógica, valendo como eficaz reprimenda para evitar a recidiva. (SANTA CATARINA, 2004, grifo nosso).

Analisando o arbitramento da reparação, o relator Lécio Resende da 1ª Turma Cível do TJDFT, na apelação cível 20060110313453APC, ressalta que o magistrado não pode se afastar dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, servindo a indenização como instrumento de caráter pedagógico preventivo e educativo da reparação moral, quando, em decisão do recurso interposto pela ré Liene Pinto, reformou a sentença, na qual a autora Academia de Dança Clássica de Brasília teve o valor da indenização por imagem denegrida em texto editado na Internet, reduzido para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), eis que, adequado à hipótese dos autos:

EMENTA: DIREITO CIVIL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - TEXTO DIVULGADO NA INTERNET - VIOLAÇÃO DA HONRA OBJETIVA - CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL À PESSOA

JURÍDICA - VALOR INDENIZATÓRIO - PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

Ao escrever e divulgar o e-mail narrando fato ocorrido dentro do estabelecimento de dança, a requerida extrapolou os limites de um mero protesto e violou a esfera extrapatrimonial da autora.

A pessoa jurídica, portadora de honra objetiva, faz jus à indenização por dano moral sempre que seu nome, credibilidade ou imagem forem abalados por ato ilícito.

O magistrado não pode se afastar dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade no momento de fixar o valor da indenização por dano moral, servindo a indenização como instrumento de caráter pedagógico preventivo e educativo da reparação moral. (DISTRITO FEDERAL, 2010, grifo nosso).

Ao julgar a Apelação 9134988-10.1997.8.26.0000, o TJSP levou em conta o princípio da equidade e razoabilidade para a devida reparação, que tem a finalidade de proporcionar satisfação na justa medida do abalo sofrido pela vítima, sem gerar um enriquecimento sem causa, e produzir no causador do dano impacto bastante para dissuadi-lo de novo ato lesivo, reformando a decisão do juízo a quo, na qual a ré conseguiu a redução da verba reparatória por dano moral decorrente de protesto indevido de título da autora:

EMENTA: Responsabilidade civil - Dano moral - Alegação de

ilegitimidade passiva das pessoas jurídicas - Inadmissibilidade - Direito de verem protegidos o bom nome e o conceito que gozam no mercado, visivelmente lesados através do indevido protesto de títulos de crédito - Recurso improvido para esse fim. Petição inicial - Responsabilidade Civil - Alegação de inépcia, face à ausência de descrição dos prejuízos materiais suportados - Inadmissibilidade - Hipótese em que os prejuízos foram suscitados genericamente, restando demonstrados na instrução - Recurso improvido para esse fim. Responsabilidade civil - Ato ilícito - Pretensão do recorrente de furtar-se à responsabilização - Inadmissibilidade - Hipótese em que resta perfeitamente caracterizada a negligência com que agiu a instituição bancária, produzindo os danos retratados na inicial - Recurso improvido para esse fim. Responsabilidade civil - Dano moral - Inconformismo do recorrente face à indenização fixada em 100 vezes o valor do título - Admissibilidade - Hipótese em que o valor da duplicata mostra-se bastante elevado, sendo, pois, suficiente e equânime a sua fixação em 20 vezes o valor do título mencionado -

Indenização que não deve significar o enriquecimento ilícito da vítima, mas deve servir como punição à desldia do banco ofensor - Recurso provido para esse fim. (SÃO PAULO, 1998, grifo

nosso).

Ainda sobre o tema, transcreve-se a decisão da Apelação Cível Nº 70033071523, na qual foi relator Mário Crespo Brum da Nona Câmara Cível do

Tribunal de Justiça do Estado Rio Grande do Sul, que, por unanimidade, deu provimento ao apelo da Tim Celular S.A. a fim de reduzir o valor fixado na sentença, o qual se mostra suficiente para compensar o dano sofrido pelo escritório de advocacia Obino, Amaral e Cypriano, em razão do bloqueio das nove linhas contratadas com a empresa de telefonia por inadimplemento de débitos que alega não ter contraído, de modo que o valor instituído proporcione a justa satisfação à vítima, recompensando o sofrimento experimentado pelo ofendido, e alerte o ofensor sobre a conduta lesiva a fim de dissuadi-lo da prática de novo ilícito, sem, contudo, acarretar enriquecimento sem causa do ofendido:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.

TELEFONIA MÓVEL. BLOQUEIO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. REDUÇÃO DO QUANTUM. A

indenização por dano moral deve proporcionar a justa satisfação à vítima e, em contrapartida, impor ao infrator impacto financeiro, a fim de dissuadi-lo da prática de novo ilícito, porém de modo que não signifique enriquecimento sem causa

do ofendido. No caso concreto, a verba indenizatória (R$ 14.000,00) deve ser reduzida para R$ 5.000,00. Apelação provida. (RIO GRANDE DO SUL, 2010b, grifo nosso).

Impera também, no entendimento dos tribunais, que a prova do dano moral da pessoa jurídica consiste na ocorrência do próprio dano, por meio dos prejuízos dele decorridos, que, por óbvio, devem ser convincentes ainda que presumido, conforme se demonstra na decisão proferida pela 2ª Turma Cível do TJDFT, em que foi relator a desembargadora Carmelita Brasil, que reformou a sentença em que havia julgado improcedente o pedido de danos morais da empresa Prosegur Brasil S.A., a qual entendeu que careceu de provas a lesão moral alegada. No caso em tela, ao contrário do que entendeu o juiz a quo, a desembargadora alega que a lesão em si, no dano moral, não precisa ser provada, bastando a comprovação da conduta lesiva por si para a configuração do dever de indenizar, e acrescenta que, embora não tenha sentimento da própria dignidade, não há como negar direito à honra à pessoa jurídica que possui importância no meio social:

EMENTA: PESSOA JURÍDICA. ENVIO DE CORRESPONDÊNCIA A TERCEIROS DENEGRINDO A IMAGEM DA EMPRESA. HONRA OBJETIVA. DANO MORAL CARACTERIZADO. INDENIZAÇÃO. QUANTUM.

Sobrevindo lesão antijurídica à reputação social da empresa, materializa-se o dever de indenizar. O dano moral emerge da

conduta lesionadora, prescindindo de prova, bastando, pois, a mera confirmação da ocorrência da conduta lesiva, a qual não está condicionada à eventual repercussão no patrimônio da empresa.

Para a fixação do quantum indenizatório devido a título de danos morais, a jurisprudência pátria tem consagrado a dupla função: compensatória e penalizante, sendo arbitrada quantia que não propicie o enriquecimento sem causa. (DISTRITO FEDERAL, 2003, grifo nosso).

Ainda sobre a questão da prova do dano moral, convém transcrever o entendimento da relatora desembargadora Suzana Maria Carvalho Oliveira, do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, na decisão das Apelações Cíveis interpostas por Puras do Brasil S.A. e Rádio e Televisão de Sergipe S.A., nos autos da Ação de Cancelamento de Protesto e Negativação cominado com Indenização por Danos Morais e Antecipação de Tutela, que entendeu que na hipótese de negativação indevida, o dano moral é considerado in re ipsa, ou seja, presumido; portanto prescinde de prova de prejuízo, pois supõe-se abalada a honra com a inscrição indevida. Argumenta ainda que a inconveniência de uma negativação equivocada é motivo mais que suficiente para legitimar a obrigação de indenizar, tendo em vista o constrangimento gerado:

EMENTA: APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE CANCELAMENTO DE

PROTESTO E NEGATIVAÇÃO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. PRESTAÇÃO DE

SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TÍTULO

EXECUTIVO GERADO APÓS A SOLICITAÇÃO PRÉVIA DE CANCELAMENTO DO SERVIÇO. COBRANÇA ILEGÍTIMA.

PROTESTO E NEGATIVAÇÃO INDEVIDOS. ATO ILÍCITO

CONFIGURADO. DANO MORAL PRESUMIDO. PESSOA

JURÍDICA. SÚMULA 227 DO STJ. DEVER DE INDENIZAR

CARACTERIZADO. VERBA INDENIZATÓRIA EXCESSIVA.

NECESSIDADE DE REDUÇÃO A FIM DE EVITAR

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. ENTENDIMENTO DESTA CORTE EM

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