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SECÇÃO A

O acórdão de 5 de Março de 1979, sobre eventuais discriminações em razão da gravidez, vide, ao despedimento devido a este estado, o Tribunal da Relação de Lisboa delibera que “o preceituado na alínea b) do n.º1 do artigo 118º do DL 49 408 que proíbe o despedimento sem justa causa durante a gravidez e até um ano depois do parto se sobrepõe ao regime geral relativo ao trabalho experimental previsto no artigo 112.º do mesmo diploma”. Assim, “não pode, a entidade patronal, para se furtar à responsabilidade decorrente da alínea b) daquele artigo 118º, despedir a grávida findo o período experimental, para pouco depois a readmitir através de um pretenso contrato a prazo”.

SECÇÃO B

Sobre o mesmo tema da secção anterior, o acórdão de 14 de Maio de 1979, do Tribunal da Relação do Porto, afirma: “O aviso prévio de despedimento de trabalhadora, efectuado no intervalo de dois estados sucessivos de gravidez, viola o direito que lhe confere a alínea b) do n.º 1 do artigo.º 118.º da LCT”, acrescentando que “se tal acontecer, a trabalhadora pode exigir a devida indemnização por ilegal despedimento”.

SECÇÃO C

Ainda acerca do assunto em foco nas secções anteriores, o acórdão de 21 de Maio de 1979, do Tribunal da Relação de Lisboa refere: “Ao abrigo do n.º 3 do artigo 118.º da LCT, no caso de despedimento indirecto do contrato de trabalho por iniciativa da trabalhadora em estado de gravidez conhecida da entidade patronal, recai sobre esta a obrigação de indemnizar”. Mas isto “não constitui um direito da mulher, já que a entidade patronal pode pôr termo ao contrato, sujeitando-se à indemnização prevista no n.º 3 do artigo”. Em suma: “Nos casos em que a entidade patronal é responsável pela extinção ou ruptura do vínculo contratual, ficará sempre obrigada a indemnizar a trabalhadora, o que acontecerá quando esta foi levada a pôr termo ao contrato”.

SECÇÃO D

No acórdão de 20 de Junho de 1979, referente a eventuais discriminações em razão da gravidez relativas ao trabalho nocturno, o tribunal afirma: “Os direitos especiais da mulher previstos no artigo 118.º da LCT fundam-se na maternidade - não no sexo - não infringindo o princípio da igualdade de tratamento consagrado no artigo 13.º da Constituição da República”. Diz ainda o tribunal que “o artigo 31.º do Decreto- Lei n.º 409/71 que, por regra, proíbe a mulher de prestar trabalho nocturno, tem muito a ver com a tradicional concepção da sociedade, sendo a sua constitucionalidade uma questão assaz complexa. Sendo certo que a autora exercia funções de auxiliar de enfermagem, não estava sujeita à proibição de prestar trabalho nocturno”. E conclui: “Tendo sido provado que a autora se encontrava grávida e não compareceu ao serviço por o seu médico ter considerado o trabalho nocturno desaconselhável, houve um nexo entre a gravidez da autora e o trabalho prestado à noite, pelo que se verificou a previsão da alínea a) do n.º 1 do artigo 118.º da LCT, devendo o réu pagar à autora a retribuição relativa ao período durante o qual a autora esteve justificadamente ausente do serviço”.

SECÇÃO E

No acórdão de 16 de Julho de 1979, o Tribunal da Relação de Lisboa pronuncia- se sobre a protecção da maternidade e da paternidade na amamentação ou aleitamento: “A cláusula 47ª, alínea c), do CCTV para o Comércio do Distrito de Lisboa, que assegura aos trabalhadores do sexo feminino dois períodos de meia hora por dia, sem perda de retribuição, às mães que aleitem os seus filhos até 12 meses após o parto abrange, quer o caso de amamentação pelo leite maternal, quer os casos em que a mãe executa efectivamente o aleitamento (artificial) ”.

SECÇÃO F

O acórdão de 4 de Janeiro de 1982, do Tribunal da Relação do Porto, delibera sobre eventuais discriminações em razão da gravidez vide, sobre o despedimento devido a este motivo: “O direito especial concedido à trabalhadora grávida de não ser despedida durante aquele estado, e até um ano depois do parto, não existe no caso de despedimento colectivo”.

SECÇÃO G

No acórdão de 8 de Março de 1988, referente à igualdade de sexos no acesso ao emprego e à agravação da pensão e indemnização em acidentes de trabalho, o Tribunal da Relação de Coimbra decide que “proibições ou condicionamentos no acesso das mulheres ao emprego só são legítimas quando visem evitar riscos efectivos ou potenciais para a função genética” destas. No caso concreto, “por contrariar o livre acesso das mulheres aos postos de trabalho que utilizam máquinas perigosas, deve considerar-se revogado o artigo 78.º do regulamento de segurança” pelo que “inexiste fundamento para a agravação da pensão e das indemnizações atribuídas a uma trabalhadora atingida por uma serra circular com que trabalhava, porquanto o acidente deixa de poder considerar-se como resultado de culpa da entidade patronal, devido à inobservância de preceito regulamentar”.

SECÇÃO H

No acórdão de 16 de Novembro de 1988, referente a eventuais discriminações em razão da gravidez vide, ao despedimento devido a esta situação, o Tribunal da Relação de Lisboa deu como provado que “a autora deixou de comparecer ao serviço depois de ordem dada pela mulher do sócio-gerente da ré, na sequência daquela saber que a autora se dizia grávida do seu filho dela” e que “a mulher do sócio-gerente disse à autora que não voltasse a comparecer ao trabalho enquanto não decidisse interromper a gravidez, o que a autora recusou fazer”. Assim, “quer se considere que houve despedimento nulo ou que não há justa causa, sempre a ré era obrigada a pagar à autora as retribuições até final do contrato de trabalho a prazo”.

SECÇÃO I

Na sentença de 3 de Fevereiro de 1995 da 1.ª secção do 1.º juízo do Tribunal do Trabalho de Lisboa, relativa à protecção da parentalidade no que ao subsídio de Natal diz respeito, o tribunal afirma: “Não cabendo à Segurança Social a responsabilidade pelo pagamento do subsídio de Natal por dispensa por parto, será a entidade empregadora a responsável”.

SECÇÃO J

Sobre eventuais discriminações em razão da gravidez vide, devido à rescisão do contrato pela trabalhadora, o Tribunal da Relação de Lisboa, no acórdão de 27 de Setembro de 1995 decidiu que “constitui justa causa de rescisão do contrato de trabalho pela trabalhadora com a categoria de chefe de secção o facto desta, ao apresentar-se após baixa porque a sua gravidez foi considerada de alto risco, ter sido instalada num local insalubre, não lhe sendo distribuídos quaisquer trabalhos”.

SECÇÃO K

O acórdão de 16 de Dezembro de 1997 do Tribunal Constitucional pronuncia-se sobre o estatuto das associações de promoção dos direitos das mulheres que são “associações privadas, beneficiando das garantias previstas no artigo 46.º da Constituição, onde o alcance da reserva de competência da Assembleia da República se situa num nível mais exigente”. Mas o tribunal nem esclarece se o decreto em causa integra ou não matéria da reserva de competência legislativa da Assembleia da República “desde logo, porque é manifesto que a matéria sobre que incide o decreto

sub judicio não é de interesse específico dos Açores, porque a promoção dos direitos

das mulheres é uma exclusividade insular”. Assim, “as normas do aludido Decreto da Assembleia Legislativa Regional dos Açores são inconstitucionais, por violação dos artigos 227.º, n.º 1, alínea a), 112.º, n.º 4 e 228.º da Constituição”.

SECÇÃO L

O acórdão de 4 de Março de 1998 do Tribunal Constitucional, sobre a protecção da parentalidade vide, face à indemnização da trabalhadora grávida no despedimento sem justa causa, afirma que este “é um direito fundamental inserido, consequentemente, no âmbito da reserva da competência legislativa da Assembleia da República”. Desta forma, norma contrária editada sem autorização legislativa “é organicamente inconstitucional”.

SECÇÃO M

Sobre a obrigatoriedade de parecer prévio da CITE para despedimento de trabalhadora grávida, afirma a 3ª secção do 1.º Juízo do Tribunal de Trabalho de

Lisboa, na sentença de 15 de Junho de 1998, que a lei é “inequívoca quando afirma que o despedimento de trabalhadora grávida carece sempre do parecer favorável da CITE”.

SECÇÃO N

Sobre eventuais discriminações no despedimento em razão da gravidez, o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 30 de Setembro de 1998, afirma que “dada a inconstitucionalidade do artigo 40.º n.º 1, da alínea a) do DL n.º 136/85, de 3 de Maio, no cálculo da indemnização por despedimento ilícito de trabalhadora grávida, haverá que ter em conta o n.º 3 do artigo 118.º da LCT, por ser de valor superior”, logo, aplica-se o preceito mais favorável à autora.

SECÇÃO O

No acórdão de 19 de Outubro de 1998, sobre a protecção da maternidade na amamentação, o Tribunal da Relação do Porto refere: “Na falta de acordo entre a mãe- trabalhadora e a entidade empregadora quanto à fixação dos períodos de dispensa para a amamentação, é à trabalhadora que compete estabelecer os períodos em que a dispensa será gozada”.

SECÇÃO P

O acórdão de 9 de Dezembro de 1998, sobre a protecção da parentalidade quanto ao subsídio de refeição, o Tribunal da Relação de Lisboa afirma: “As faltas por licença de maternidade são justificadas e remuneradas, incluindo o subsídio de refeição”.

SECÇÃO Q

No acórdão de 7 de Julho de 1999, referente ao mesmo assunto, o tribunal decide no sentido inverso, estabelecendo que, estando esta prestação social “intimamente ligada à prestação do trabalho, só é devida quando a trabalhadora presta serviço efectivo à entidade patronal, o que não se verifica durante a licença de maternidade”.

SECÇÃO R

No acórdão de 7 de Dezembro de 1999, o Tribunal Constitucional pronuncia-se sobre a conciliação da parentalidade com o princípio da igualdade no contrato individual de trabalho na função pública. “A situação das parturientes vinculadas ao regime da função pública é diferente das vinculadas ao regime do contrato individual de trabalho”. Assim, inadequa-se “a invocação do princípio da igualdade que levaria, no limite, à uniformidade do regime”.

SECÇÃO S

Sobre eventuais discriminações derivadas da gravidez em situações de despedimento, o Supremo Tribunal de Justiça, no acórdão de 23 de Março de 2000, afirma: “Viola o dever de obediência, constitutiva da justa causa de despedimento, a recusa da trabalhadora grávida prestar o trabalho de ‘desenforna’, apesar de ser ‘fieira’” porque “a trabalhadora sempre executou as tarefas de enforna e desenforna, não implicando qualquer desvalorização profissional nem diminuição da retribuição, e continuou a exercer a sua actividade principal”. O tribunal afirma ainda que o sexo da autora é “irrelevante, pois alguns dos trabalhadores de desenforna e enforna são mulheres, e não pode afirmar-se que esta função sujeita os trabalhadores a altas temperaturas e muito menos a gases tóxicos, desaconselhável às mulheres e clinicamente desaconselhado após o parto”.

SECÇÃO T

Sobre a protecção da parentalidade na licença por nado-morto, no acórdão de 29 de Março de 2000, o Supremo Tribunal Administrativo sublinha que “após a redacção introduzida pela Lei nº 17/95, de 9 de Junho, esta situação deixou de se equiparar ao aborto, pelo que a boa interpretação da lei remete para que tal licença é hoje igual à licença de parto prevista” na lei.

SECÇÃO U

Sobre a obrigatoriedade de parecer prévio da CITE aquando do despedimento de trabalhadora grávida, o Tribunal do Trabalho de Santarém, na sentença de 4 de Novembro de 2000, bem como o Tribunal da Relação de Évora, no acórdão de 22 de

Janeiro de 2002 afirmam: “Tendo a autora, dado a conhecer à ré o facto de se encontrar grávida, e confessando a ré que não solicitou qualquer parecer no âmbito deste processo disciplinar, omitiu-se o pedido do parecer à Comissão, o que torna o despedimento nulo por incumprimento de uma formalidade essencial no processo disciplinar”.

SECÇÃO V

A sentença de 7 de Maio de 2001, referente à protecção da maternidade, do Tribunal do Trabalho de Barcelos afirma: “a dispensa de trabalho para amamentação não pode ser considerada para efeitos de cálculo da taxa de absentismo, a ter em conta nos critérios de distribuição de lucros pelos trabalhadores da empresa”.