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Sabe-se de que o direito é uma matéria muito complexa e possui uma vasta gama de conteúdos e matérias de cunho fundamental, estes que não se podem deixar passar batido, uma vez que a lei é una e deve-se entendê-la, até mesmo pelas pessoas que não vivem em âmbitos jurídicos.

Contudo, deve-se frisar que não são apenas os livros e materiais palpáveis que formam uma base de entendimento, em relação disto que estamos progredindo, pois ao estudarmos as decisões dos tribunais nos deparamos com a prática, qual é tão importante, senão mais do que a teoria.

Com base nisto, demonstra-se casos práticos de decisões dos tribunais, estes que são o ápice da justiça, relacionando a prática jurisprudencial com a matéria exaltada no trabalho, sendo de suma importância e extrema relevância relacionar o tema com as decisões proferidas, demonstrando o devido entendimento por parte dos julgadores sobre a matéria citada.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA HÍBRIDA POR IDADE. INTEGRAÇÃO DE PERÍODO DE TRABALHO RURAL AO DE CATEGORIA DIVERSA. ART. 48, § 3º DA LEI 8.213/91. CARÊNCIA PREENCHIDA. SÚMULA 111 DO STJ. 1. Os trabalhadores rurais que não atendam ao disposto no art. 48, § 2º, da Lei nº 8.213/01, mas que satisfaçam as demais condições, considerando-se períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício de aposentadoria por idade ao

completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher, conforme o disposto no art. 48, § 3º da Lei nº 8.213/91. 2. Procede o pedido de aposentadoria rural por idade quando atendidos os requisitos previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº 8.213/1991. 2. Preenchendo a parte autora o requisito etário e a carência exigida, tem direito a concessão da aposentadoria por idade, a contar da data do

requerimento administrativo. (TRF-4 REOAC:

164794120134049999 SC 0016479-41.2013.404.9999, Relator: ROGERIO FAVRETO, Data de Julgamento: 15/10/2013, QUINTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 25/10/2013)

A jurisprudência em questão, cujo julgamento foi feito pela Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da Quarta Região, comenta sobre a Hibridade, o acumulo de tempo em período rural com o período urbano. No caso, o requerente cumpre os requisitos de idade e a carência (tempo de labor), assim aos 65 anos é concedido o direito de aposentação por idade, juntando o período rural com o urbano.

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. APOSENTADORIA POR IDADE MISTA OU HÍBRIDA.

TRABALHO RURAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA.

DESNECESSIDADE. POSSIBILIDADE. 1. A comprovação do exercício de atividade rural deve-se realizar mediante início de prova material, complementada por prova testemunhal idônea, nos moldes do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91. 2. O tempo de serviço rural a ser aproveitado para a concessão de aposentadoria híbrida ou mista de que trata o art. 48, § 3º, da Lei 8.213/91, não precisa ser imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento do benefício, segundo o entendimento que prevalece nesta Corte. Ressalva de entendimento. 3. Havendo pedidos de reconhecimento do direito ao benefício, com o pagamento das prestações em atraso, e de compensação por danos morais e sendo rejeitado este último, ocorre sucumbência recíproca, o que impõe a aplicação da compensação de honorários prevista no art. 21 do CPC.

Precedentes do STJ. (TRF-4 – AC: 50421448120124047000 PR

5042144-81.2012.404.7000, Relator: LUCIANE MERLIN CLÈVE KRAVETZ, Data de Julgamento: 04/09/2013, SEXTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 06/09/2013)

A Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da Quarta Região firmou o entendimento conforme julgamento e com amparo de lei, que a aprovação do período de atividades no meio rural deve realizar-se por prova material, seja blocos

de produtor, notas de movimentações e etc., e ainda por testemunhas, sendo que este trabalho no meio rural não necessita ser imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento, ele pode ser reconhecido com o pagamento de prestações em atraso, é claro, que tendo provas em mãos tudo se torna mais fácil, porém muitas vezes as pessoas não se dão conta de que um dia irão necessitar desta comprovação, deixando para traz tal importância, passando a prejudicar-se.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA, MEDIANTE CÔMPUTO DE TRABALHO URBANO E RURAL. ART. 48, § 3º, DA LEI 8.213/91. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

I. Consoante a jurisprudência do STJ, o trabalhador rural que não consiga comprovar, nessa condição, a carência exigida, poderá ter reconhecido o direito à aposentadoria por idade híbrida, mediante a utilização de períodos de contribuição sob outras categorias, seja qual for a predominância do labor misto, no período de carência, bem como o tipo de trabalho exercido, no momento do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo, hipótese em que não terá o favor de redução da idade.

II. Em conformidade com os precedentes desta Corte a respeito da matéria, "seja qual for a predominância do labor misto no período de carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo, o trabalhador tem direito a se aposentar com as idades citadas no § 3º do art. 48 da Lei 8.213/1991, desde que cumprida a carência com a utilização de labor urbano ou rural. Por outro lado, se a carência foi cumprida exclusivamente como trabalhador urbano, sob esse regime o segurado será aposentado (caput do art. 48), o que vale também para o labor exclusivamente rurícola (§§ 1º e 2º da Lei 8.213/1991)", e, também,"se os arts. 26, III, e 39, I, da Lei 8.213/1991 dispensam o recolhimento de contribuições para fins de aposentadoria por idade rural, exigindo apenas a comprovação do labor campesino, tal situação deve ser considerada para fins do cômputo da carência prevista no art. 48, § 3º, da Lei 8.213/1991, não sendo, portanto, exigível o recolhimento das contribuições" (STJ, AgRg no REsp 1.497.086/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/04/2015).

III. Na espécie, o Tribunal de origem, considerando, à luz do art. 48, § 3º, da Lei 8.213/91, a possibilidade de aproveitamento do tempo rural para fins de concessão do benefício de aposentadoria por idade urbana, concluiu que a parte autora, na data em que postulou o benefício, em 24/02/2012, já havia implementado os requisitos para a sua concessão.

IV. Agravo Regimental improvido. (Data de publicação: 20/05/2015)

Tal decisão com precedentes do STJ, conforme jurisprudência comenta que se o trabalhador rural que não conseguir comprovar o período de atividades rurícolas, pode se enquadrar na aposentadoria Hibrida desde que comprove a contribuição sobre outras categorias, observados os requisitos, sendo que na aposentadoria hibrida haverá um acréscimo de cinco anos na idade, passando a aposentar-se mediante comprovação aos 65 anos, diferente da aposentadoria rural, no qual aposenta-se aos 60.

Há o entendimento que para o trabalhador rural não é necessária à contribuição e sim a comprovação, levando em conta que o trabalhador muitas vezes trabalha para sua subsistência, não restando o que contribuir, pois não comercializa. Porém, a comprovação fica mais complicada, sendo as provas mais consistentes são as provas de contribuições e movimentações comerciais (blocos, notas, etc.), sendo assim, depende apenas da prova testemunhal, algo que não exclui o direito, mas o torna mais complicado.

No caso em espécie, relata que quando foi postulada a aposentadoria com aproveitamento do tempo rural, concluiu que na mesma data já havia implementado os requisitos para a concessão. Agravo Regimental Improvido.

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. CARÊNCIA. MOMENTO DO PEDIDO ADMINISTRATIVO. LABOR URBANO OU RURAL. INDIFERENÇA. CONTRIBUIÇÃO SOBRE TEMPO RURAL. DESNECESSIDADE. 1. Esta Segunda Turma firmou entendimento segundo o qual "seja qual for a predominância do labor misto no período de carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do

requisito etário ou do requerimento administrativo, o

trabalhador tem direito a se aposentar com as idades citadas no § 3º do art. 48 da Lei n. 8.213 /1991, desde que cumprida a carência com a utilização de labor urbano ou rural. Por outro lado, se a carência foi cumprida exclusivamente como trabalhador urbano, sob esse regime o segurado será aposentado (caput do art. 48), o que vale também para o labor exclusivamente rurícola (§§ 1º e 2º da Lei n. 8.213 /1991)." REsp 1.407.613/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/10/2014, DJe 28/11/2014. 2. Do mesmo modo, "se os arts. 26 , III , e 39 , I , da Lei n. 8.213 /1991 dispensam o recolhimento de contribuições para fins de aposentadoria por idade rural, exigindo apenas a comprovação do labor campesino, tal situação deve ser considerada para fins

do cômputo da carência prevista no art. 48 , § 3º , da Lei n. 8.213 /1991, não sendo, portanto, exigível o recolhimento das contribuições." (idem, ibidem) 3. Mantida a decisão por seus próprios fundamentos. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (Data de publicação: 27/05/2015)

A decisão da Segunda Turma entendeu que o trabalhador tem direito a aposentar-se de acordo a atividade, se rural com idade diminuída em cinco anos (60 anos o homem, 55 a mulher), se o trabalho for urbano na aposentadoria por idade terá um acréscimo de cinco anos (65 anos se for homem e aos 60 se mulher).

A decisão também traz algo importante, relata que se para a concessão da aposentadoria rural não necessita o recolhimento de contribuições, e sim apenas a comprovação do labor campesino, na aposentadoria híbrida também não pode ser exigido o recolhimento das contribuições enquanto mantinha atividade rurícola, devendo apenas comprová-la. Ouve a desnecessidade da contribuição sobre o tempo rural. Agravo Improvido.

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO

REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. ARTIGO 48 , §§ 3º E 4º DA LEI 8.213 /1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.718 /2008. OBSERVÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A questão a ser revisitada em agravo regimental cinge-se ao reconhecimento do direito à aposentadoria por idade híbrida. 2. O segurado especial que comprove a condição de rurícola, mas não consiga cumprir o tempo rural de carência exigido na tabela de transição prevista no artigo 142 da Lei 8.213 /1991 e que tenha contribuído sob outras categorias de segurado, poderá ter reconhecido o direito ao benefício aposentadoria por idade híbrida, desde que a soma do tempo rural com o de outra categoria implemente a carência necessária contida na Tabela, não ocorrendo, por certo, a diminuição da idade. 3. Agravo regimental não provido. (Processo: AgRg no REsp 1476456 RS

2014/0209225-3 Relator(a):Ministro MAURO CAMPBELL

MARQUES Julgamento:11/11/2014 Órgão Julgador:T2 -

A segunda turma, conforme jurisprudência anteriormente citada, entendeu que o segurado especial que não cumpriu todo tempo necessário para aposentadoria no meio rural, mas que tenha contribuído sobre outras categorias, terá direito ao benefício da aposentadoria hibrida, desde que a soma do tempo rural com a de outra categoria perfaça a carência exigida, não ocorrendo a diminuição de idade conforme a aposentadoria rural pura. Agravo Improvido.

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. ERRO DE FATO QUANTO À IDADE DA SEGURADA. DIREITO À APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. Incorre em erro de fato o acórdão que partiu do pressuposto equivocado de que autora não contava com idade mínima para aposentadoria híbrida, deixando de apreciar a prova do tempo de serviço rural, sob fundamento de que não satisfeita a exigência do exercício de atividade rural "no período imediatamente anterior ao requerimento". . Com o advento da Lei nº 11.718/08, que acrescentou o § 3º ao art. 48 da Lei nº 8.213/91, aos trabalhadores rurais que não implementassem os requisitos para a aposentadoria por idade rural, foi possibilitada aposentadoria por idade híbrida, quando a soma do tempo de trabalho rural com as contribuições vertidas em outras categorias alcance a carência de que trata o art. 143 da Lei nº 8.213/91. . Comprovado que na DER a autora contava com mais de 60 anos de idade e atendia a carência de 162 meses, é devida

a aposentadoria por idade híbrida. (Processo: AR

44810320134040000 PR 0004481-03.2013.404.0000

Relator(a):JOSÉ ANTONIO SAVARIS Julgamento: 24/07/2014

Órgão Julgador: TERCEIRA SEÇÃO Publicação: D.E. 01/08/2014)

A Terceira Seção observou que a autora possuía direito a aposentadoria hibrida, conforme a lei 11.718/08, somando ao tempo de trabalho rural com as contribuições vertidas em outras categorias chegando à soma da carência (15 anos). Comprovou-se que a autora contava com mais de 60 anos e possuía a carência de 162 meses, é devida a aposentadoria híbrida.

3. O EXERCÍCIO DE OUTRA ATIVIDADE REMUNERADA CONCOMITANTE COM A ATIVIDADE RURAL

Quanto ao exercício de outra atividade remunerada juntamente com a atividade rural, deve ser dado ênfases a peculiaridades e requisitos, que uma vez que não observados podem causar prejuízos aos interessados a aposentação.

Observa-se que o trabalhador labora por um longo período de sua vida, as vezes nunca deixa de trabalhar, mas sempre sonha com a aposentadoria, para poder desfrutá-la e gozá-la quando suas forças não mais responderem em alto nível, sendo claro que todo indivíduos merecem o devido descanso, porém, merecer não é ter o direito, e para se ter direito existem exigências a serem observadas.

Ao longo do trabalho são apresentadas questões sobre o trabalhador rural, uma classe trabalhadora, senão a mais trabalhadora de todas, que sofre de sol a sol, mas que é extremamente necessária para a sociedade, seja para colocar o alimento na mesa do cidadão, seja para alavancar e equilibrar a economia do país, como vem sendo a muitos anos.

Pequenos produtores muitas vezes, e na maioria dos casos, possuem uma renda mensal muito baixa, tendo que buscar outros meios de sustento. Nesse aspecto, busco exemplificar nesta pesquisa científica, a questão de possuir outras fontes de rendimento que não desfigurassem a característica de segurado especial, pois uma vez que possuir outra forma de rendimento senão expressa em lei, este deve contribuir a partir da mesma, modificando seu status perante a previdência.

3.1 Limites

Em relação aos limites e requisitos, o texto legal é um tanto esclarecedor, sendo notório seu entendimento quanto a rendas concomitantes do segurado

especial, aparentando não deixar margens, contudo deve os casos ser analisados sistematicamente, pois cada caso possui sua peculiaridade e situações únicas.

Assim, diante da problemática da pesquisa, a lei 8.213 de 1991 em seu artigo 11, Parágrafo 9° expressa:

§ 9°. Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:

III - exercício de atividade remunerada em período de entressafra

ou do defeso3, não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil [...] (BRASIL,2015)

Por sua vez, a lei 8.212 de 1991, também dá redação à matéria, observando o artigo 12, parágrafo 10°, no qual foi mudada a sua redação pela lei 12.873 de 2013, que expressa:

§ 10. Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:

III - exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 deste artigo; (BRASIL, 2015)

Observa-se que, deve-se respeitar o referido limite de 120 dias, visto que perdurando o limite aquém do previsto pode gerar a descaracterização, pois no que tange a lei para ser considerado segurado especial, em regime de economia familiar, tem ser respeitados os limites assim impostos.

Vale também destacar, que há outras prerrogativas que o mesmo parágrafo supracitado também emana, ou seja, não perde a qualidade de segurado especial à pessoa que estiver em exercício de mandato de vereador de município, ou dirigente sindical e de cooperativa, mas que desenvolva a atividade rural.

3 Período entressafra é o Período que medeia entre uma safra e outra imediata, de determinado produto. Período

do defeso é a paralisação temporária da pesca para a preservação das espécies (Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009). Pode ser definida para uma determinada espécie ou para todo um ambiente. Em geral, se limita a um período fixo anual visando proteger a época de reprodução ou de recrutamento (período em que os juvenis atingem certo tamanho e maturidade reprodutiva, e recrutam ao estoque adulto, sujeito à pesca).

Em 2015, a presidente Dilma vetou a sugestão do Congresso para que trabalhadores rurais em idade de aposentadoria com cargo de vereador ou de dirigente em cooperativa de crédito recebam o benefício previdenciário especial. Justificando que "poderia restar afastada a característica de economia familiar, intrínseca aos segurados especiais”.

Assim, continua valendo a regra de contribuição ao RGPS por meio de pagamento da tributação exigida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A regra também vale para quem tem outra fonte de renda além do trabalho no campo.

O segurado especial pode, sem problema algum cumular com seu labor rural alguns benefícios, a pensão por morte, auxílio-acidente e auxílio reclusão, cujo valor seja o do menor benefício de prestação continuada da previdência.

3.2 Desconsideração

A descaracterização acontece se não forem observados os requisitos acima expostos. Salienta-se que a previdência é muito rígida e por isso observa e toma conhecimento de todas as informações, sejam elas recentes ou antigas, sobre todo período de colaboração, como forma de evitar qualquer tentativa de burlar o sistema.

O artigo 11 da lei 8.213/1991 em seu parágrafo 10° expressa:

§ 10. O segurado especial fica excluído dessa categoria: I – a contar do primeiro dia do mês em que:

a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII do caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 15 desta Lei, ou exceder qualquer dos limites estabelecidos no inciso I do § 8o deste artigo;

b) enquadrar-se em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 9o e no § 12, sem prejuízo do disposto no art. 15;

c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenciário; d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada em desacordo com as limitações impostas pelo § 12;

II – a contar do primeiro dia do mês subsequente ao da ocorrência, quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite de:

a) utilização de terceiros na exploração da atividade a que se refere o § 7o deste artigo;

b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III do § 9o deste artigo;

c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 8o deste artigo.

O referido artigo emana um rol taxativo muito bem detalhado, que em caso de não observação de limites o segurado especial fica excluído da categoria. No caso, excedendo o limite de 120 dias de trabalho remunerado em período entressafra a contar do primeiro dia do mês subsequente ao da ocorrência, o mesmo fica excluído da categoria.

No tocante a situação, é nítida a intenção do legislador, uma vez que, se desenvolver outra atividade remunerada por mais de quatro meses, ultrapassando o limite, se dá o entendimento de que o mesmo já não depende mais do meio rural para sobrevivência e sim desempenha uma atividade conforme o Direito do Trabalho expressa, cujo contrato é por tempo indeterminado, ou seja, não há determinação sobre o seu final.

Assim torna-se segurado obrigatório, devendo contribuir sobre sua atividade e rendimentos sobre ela, uma vez que para fins de aposentadoria, fica excluído da categoria de segurado especial.

3.3 Jurisprudências

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. SEGURADO ESPECIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. ATIVIDADE RURAL. REQUISITOS. EXTENSÃO DA PROVA MATERIAL EM NOME DE INTEGRANTE DO NÚCLEO FAMILIAR QUE PASSA A EXERCER ATIVIDADE URBANA. RECURSO REPETITIVO Nº 1.304.479.

1. A comprovação do exercício de atividade rural pode ser efetuada mediante início de prova material, complementada por prova testemunhal idônea.

2. In casu, a matéria controvertida diz respeito à impossibilidade da extensão da prova material da atividade rural de um membro do núcleo familiar a outro, quando o titular dos documentos passa a exercer atividade incompatível com a rural, como o trabalho urbano.

3. No julgamento do Recurso Especial representativo de controvérsia (REsp n. 1.304.479-SP), o STJ entendeu restar prejudicada a extensão da prova material de um integrante do grupo familiar a outro, quando o titular passa a desempenhar atividade incompatível com a rural. Todavia, o recurso não foi provido, porquanto, na hipótese, verificou-se que a recorrida havia juntado documentos em nome próprio, atendendo à exigência de início de prova material.

4. No presente caso, a autora não acostou prova em nome próprio e entendo inviável aceitar como início de prova material documentos que sejam anteriores à data em que o cônjuge deixou o labor rural e passou a exercer atividades urbanas, porque no período a ser comprovado pela autora, a qualificação do marido como lavrador já não correspondia à realidade dos fatos. Poderiam ser aceitos se pretendesse ela comprovar o

exercício de atividade agrícola contemporânea a tais

documentos, o que não é o caso. Assim, não é possível estender à autora, no período equivalente ao de carência, o efeito probante da qualificação do marido como rurícola, pois nesta época sequer para ele os documentos seriam aptos para a comprovação de atividade rural.

(TRF4, AC 0023821-69.2014.404.9999, Sexta Turma, Relatora Vânia Hack de Almeida, D.E. 27/05/2015)

No presente caso o Superior Tribunal de Justiça entendeu prejudicada a

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