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O segurado especial e o exercício de outra atividade remunerada para fins de aposentadoria

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

JULIANO CAPPELLARI

O SEGURADO ESPECIAL E O EXERCÍCIO DE OUTRA ATIVIDADE REMUNERADA PARA FINS DE APOSENTADORIA

Santa Rosa (RS) 2016

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JULIANO CAPPELLARI

O SEGURADO ESPECIAL E O EXERCÍCIO DE OUTRA ATIVIDADE REMUNERADA PARA FINS DE APOSENTADORIA

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DEJ- Departamento de Estudos Jurídicos.

Orientador: MSc. Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi

Santa Rosa (RS) 2016

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Dedico este trabalho a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a sua realização.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que nos proporcionou a vida e a saúde, para assim termos condições de cada dia buscar novos aprendizados e conhecimentos.

À minha família que sempre me apoiou acima de qualquer coisa, seja financeiramente como psicologicamente, almejando-me o sucesso e acima de tudo o conhecimento.

À minha orientadora Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação, carisma e disponibilidade, me guiando pelos caminhos do conhecimento, fornecendo ajudas não medindo esforços. Fico feliz por saber que ainda existam educadores que se preocupam e se dedicam pelos seus alunos e futuros colegas. A todos os professores que me ajudaram no curso da faculdade e em especial a professora Nelci, meus sinceros agradecimentos.

Por fim, a todos os meus colegas de curso, sejam os que já se formaram, seja os que ainda irão se formar, sabemos que não é nada fácil e a jornada é longa, mas não há uma construção perfeita que não exija esforço e dedicação.

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“O corpo humano é a carruagem. Eu, o homem que a conduz. O pensamento, as rédeas. Os sentimentos, os cavalos.” Platão

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso busca compreender a questão do Segurado Especial, com vistas á evolução histórica da Seguridade e analisar a questão da Aposentadoria Rural por Idade, abordando a questão do exercício de outra atividade remunerada concomitante à atividade rural, juntamente com suas especificações e conceitos sobre a aposentadoria rural por idade e a aposentadoria híbrida ou mista, buscando especificadamente dar vistas a requisitos e exceções das mesmas, tendo por base o produtor rural. Para tanto se utilizou do método hipotético dedutivo, através de pesquisas bibliográficas, doutrinárias e jurisprudenciais.

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ABSTRACT

This course conclusion work seeks to understand the issue of Special Insured, with a view to the historical evolution of Security and examine the issue of Rural Retirement By Age, addressing the issue of exercise another gainful concurrent activity to rural activities, along with its specifications and concepts on rural retirement age and the hybrid or mixed retirement, specifically seeking to view the same requirements and exceptions, based on the farmer. For this we used the hypothetical deductive method, through literature , doctrinal and jurisprudential research.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...9

1 A Evolução Histórico Legislativa da Seguridade Social ... 10

1.1 Conceito ... 10

1.2 Evolução Histórica ... 12

1.3 Organização ... 18

2 A Aposentadoria Rural por Idade ... 22

2.1 Classificação dos Segurados Rurais ... 23

2.2 Requisitos dos Segurados Rurais ... 24

2.3 Das Contribuições ... 26

2.4 Exceções/ Peculiaridades ... 29

2.5 Hibridade...32

2.6 Jurisprudências...35

3 O Exercício de outra atividade remunerada concomitante com a Atividade Rural...41 3.1 Limites...41 3.2 Desconsideração...43 3.3 Jurisprudências...44 CONCLUSÃO...49 REFERÊNCIAS...51

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa pretende estudar o segurado especial no sistema legislativo brasileiro, no qual está amparado pela lei n° 8.213 de 24 de julho de 1991, tendo por base sua evolução histórica, juntamente com suas especificações e conceitos sobre a aposentadoria rural por idade, buscando especificadamente dar vistas a requisitos e exceções da mesma, tendo por base o produtor rural.

Faz-se necessário o estudo, com base na diferença as quais os produtores rurais são tratados e principalmente sobre a inconformidade de muitos com as decisões do INSS, que muitas vezes deixam pessoas merecedoras a ver navios, por falta de informações, por falta de conhecimento, etc.

Para a realização deste trabalho de conclusão foi utilizada uma seleção de bibliografia, documentos e decisões jurisprudenciais que tratam a temática num contexto geral em meios físicos e virtuais, expondo resultados e oferecendo um parecer crítico quanto ao assunto, utilizando-se do método hipotético dedutivo.

O primeiro capítulo baseia-se na evolução da seguridade social, desde as primeiras ideias protetivas até o mais avançado sistema legal existente, composto por conceitos e sua organização.

O segundo capítulo apresenta a aposentadoria rural por idade, a classificação de seus segurados, requisitos para o enquadramento do mesmo, exceções e peculiaridades da aposentadoria rural, bem como a hibridade, o cômputo do período urbano com o período rural para requerer a aposentadoria.

Por fim o terceiro capítulo contém a problemática do presente estudo, onde há os limites os quais o trabalhador deve observar caso queira exercer outra atividade remunerada concomitante com a atividade rural, hipóteses de desconsideração e decisões monocráticas jurisprudenciais quanto ao assunto.

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1. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA LEGISLATIVA DA SEGURIDADE SOCIAL

A Seguridade Social é importantíssima para a sociedade, é matéria de ordem social.

Por se tratar de matéria relevante para o direito e para toda sociedade como um todo, ao longo da história esse conteúdo passou por muitas mudanças até alcançar o pico legislativo no qual se encontra, visando o amparo de quem necessita.

1.1 Conceito

A Seguridade social é um conjunto de ações dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social, é matéria constitucional (CF/88 artigo 194 caput).

Para Martins (2002, p. 44), o direito da seguridade é um conjunto de regras e princípios que estabelece um sistema de proteção social, contra situações que impeçam as pessoas de prover as necessidades básicas pessoais, pelas ações dos poderes públicos e da sociedade. No que diz respeito ao poder público, volta-se a entender a seguridade social, abrangendo o direito a saúde, assistência e previdência social.

A saúde é direito de todos e dever do Estado (CF/88 artigo 196). Entende-se assim que qualquer pessoa tem o direito de obter atendimentos na rede pública de saúde independente de contribuição.

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A Previdência Social é um seguro no qual se exige a contribuição do interessado perante o INSS, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial (CF/88 artigo 201 caput). Assim, com o objetivo de que quando o trabalhador atingir a idade ou tiver seu direito adquirido perante a lei, receberá o benefício digno de suas contribuições.

A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar (CF/88 artigo 203 caput), ou seja, a pessoas que não possuem condições de manutenção próprias, e igualmente como a saúde, independe de contribuição para o sistema.

Como já dito, para questão de aposentadoria, devemos falar sobre a previdência social, que é o órgão responsável por tal atividade. Contudo, diferencia-se do direito a saúde e à assistência. É claro que esdiferencia-ses três elementos compõem a Seguridade Social, mas diz Amado (2015, p. 21) que a previdência social é contributiva, pois apenas terão direito aos benefícios e serviços previdenciários as pessoas que estiverem contribuindo para a previdência e os seus dependentes, diferentemente da saúde pública e a assistência social, pois para a prestação destes serviços não haverá o pagamento de contribuições específicas por parte das pessoas destinatárias.

A Previdência Social, como todo o conjunto da seguridade, tem um papel muito importante para a sociedade. Segundo Lazzari e Castro (2014), a Previdência Social é o ramo da atuação estatal que visa à proteção de todas as pessoas ocupadas em uma atividade laborativa remunerada, para proteção dos riscos decorrentes da perda ou redução, permanente ou temporária, das condições de obter seu próprio sustento, provendo daí a razão pela qual é dado o nome de seguro social ao vínculo estabelecido entre o segurado da Previdência e o ente segurador estatal.

Percebe-se assim que a Seguridade Social é fundamental para a sociedade, de cunho importantíssimo, visto que preserva e busca alcançar o bem de todos, seja ele momentâneo ou futuro, sendo que o bem-estar social é a grande preocupação do poder público. Num contexto geral, muitas pessoas são dependentes destes

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direitos, entendendo que poucos em matéria de previdência, possuem condições de fazer contribuições à entidades privadas buscando amparo em iniciativas sociais do governo, para obter assim o subsídio relativo às suas necessidades.

1.2 Evolução Histórica

Primeiramente cabe destacar o direito estrangeiro, onde a muito tempo começou a desenvolver-se a questão da assistência.

Segundo Martins (2002, pág. 29):

A família Romana, por meio do pater famílias, tinha a obrigação de prestar assistência aos servos e clientes, em uma forma de associação, mediante contribuição de seus membros, de modo a ajudar os mais necessitados.

A notícia da preocupação do homem em relação ao infortúnio é de 1344. Ocorre neste ano a celebração do primeiro contrato de seguro marítimo, posteriormente surgindo a cobertura de riscos contra incêndios.

As confrarias eram as associações com fins religiosos, que envolviam sociedade de pessoas da mesma categoria ou profissão, tendo por finalidade objetivos comuns. Quando tinham características religiosas, também eram chamadas de guildas. Seus associados pagavam taxas anuais, visando ser utilizadas em caso de velhice, doença, pobreza.

Para Menezes (2012, pág. 19), a Alemanha e a Inglaterra foram os países que se preocuparam desde cedo com a proteção social, acompanhados com a alteração nas relações de trabalho na época da Revolução Industrial, ou seja, onde as condições eram precárias e com muitos riscos, onde poderiam gerar algumas incapacidades ou até mesmo a morte.

Nesse entendimento, segue Martins (2002, pág. 29,30):

Em 1.601, a Inglaterra editou a Poor Relief Act (lei de amparo aos pobres), que instituía a contribuição obrigatória para fins sociais, consolidando outras leis sobre a assistência pública. O indigente tinha direito de ser auxiliado pela paróquia. Aos juízes da Comarca tinham o poder de lançar um imposto de caridade, que seria pago por todos os ocupantes e usuários de terras e nomear inspetores em cada uma das paróquias, visando receber e aplicar o imposto arrecadado.

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Na Alemanha, Otto Von Bismarck introduziu uma série de seguros sociais, de modo a atenuar a tensão existente nas classes trabalhadoras: em 1883, foi instituído o seguro-doença, custeado por contribuições dos empregados, empregadores e do Estado; em 1884, decretou-se o seguro contra acidentes de trabalho com custeio dos empresários, e em 1889 criou-se o seguro de invalidez e velhice, custeado pelos trabalhadores, pelos empregadores e pelo Estado. As leis instituídas por Bismarck tornaram obrigatória a filiação às sociedades seguradoras ou entidades de socorros mútuos por parte de todos os trabalhadores que recebessem até 2.000 marcos anuais. A reforma tinha objetivo político: impedir movimentos socialistas fortalecidos com a crise industrial. Visava obter apoio popular, evitando tensões sociais.

Pode-se perceber de que a igreja sempre desempenhou um papel fundamental quanto à questão social, lembrando que na época o pensamento da igreja era de grande valia, visto a relevância que possuía e o peso o qual exercia. Segundo Martins (2002, pág. 30), a igreja sempre se preocupou com um sistema de proteção ao trabalhador, o qual devera ser instituído, para assim economizar uma parte do salário para eventuais problemas futuros. Porém a igreja nunca se pronunciou de como deveria se dar esse sistema, havia sim um dogma filosófico voltado ao solidarismo que é uma característica por parte da igreja.

A partir daí a ideia de proteção social começou a propagar-se pela Europa e pelo Mundo. Martins (2002, pág. 30) explica que em 1897 foi instituído na Inglaterra o Workmen’s Compensation Act, sendo este um seguro obrigatório contra acidentes de trabalho. E em 1898 a França promulgou uma norma que previa a assistência à velhice e a acidentes de trabalho. Surge então uma nova fase, um constitucionalismo social, em que países através de suas Constituições começam a tratar de direitos sociais, trabalhistas, econômicos, inclusive previdenciários.

Nesse sentido, destaca Martins (2002 pág. 30,31):

A primeira Constituição do mundo a incluir o seguro social em seu bojo foi a do México, de 1917 (art. 123).

A Constituição de Weimar, de 11-8-1919, determinou que ao Estado incumbe prover a subsistência do cidadão alemão, caso não possa proporcionar-lhe a oportunidade de ganhar a vida com um trabalho produtivo (art. 163).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada em 1919. Tal órgão passou a evidenciar a necessidade de um programa sobre previdência social, aprovando-o em 1921. Várias convenções vieram

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a tratar a matéria, como a de n° 12, sobre acidentes de trabalho na agricultura, de 1921; a Convenção n° 17 (1927), sobre “indenização por acidente de trabalho”, e outras.

Nos Estados Unidos, Franklin Roosevelt instituiu o New Deal, com a doutrina do Welfare State (Estado do bem-estar social), para tentar resolver a crise econômica, que vinha desde 1929. Preconizava-se a luta contra a miséria, visando combater as perturbações da vida humana, especialmente o desemprego e a velhice. Em 14-8-1935, foi aprovado no Congresso o Social Security Act, para ajudar os idosos e estimular o consumo, instituindo também o auxílio-desemprego para os trabalhadores que temporariamente ficassem desempregados.

Percebe-se que a preocupação com a questão social, estava presente no pensamento das pessoas, a evolução dos direitos era apenas questão de tempo, visto que a classe trabalhadora sempre foi a grande massa da sociedade, exercendo muita força no que tange a essas questões trabalhistas e previdenciárias.

Sobre o desenvolvimento dessas questões segue o pensamento do autor (MARTINS, 2002 pág. 30,31):

A Nova Zelândia, em 1938, instituiu lei sobre proteção a toda a população, implantando o seguro social, deixando de existir o seguro privado.

A Carta do Atlântico, de 14-8-1941, previa a previdência social, como “um modo de viver livre do temor e da miséria”.

O Plano Beveridge, de 1941, na Inglaterra, também veio a propor um programa de prosperidade política e social, garantindo ingressos suficientes para que o indivíduo ficasse acobertado por certas contingências sociais, como a indigência, ou quando, por qualquer motivo, não pudesse trabalhar. O sistema Beveridge tinha por objetivos: (a) unificar os seguros sociais existentes; (b) estabelecer o princípio de universalidade, para que a proteção se estendesse a todos os cidadãos e não apenas aos trabalhadores; (c) igualdade de proteção; (d) tríplice forma de custeio, porém predominância de custeio estatal.

Inspirado no Relatório Beveridge, o governo inglês apresentou, em 1944, um plano de previdência social, que deu ensejo à reforma do sistema inglês de proteção social, que foi implantado em 1946. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, inscreve, entre outros direitos fundamentais da pessoa humana, a proteção previdenciária. O art. 85 da referida norma determina que “todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito a seguridade no caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice, ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle”.

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Assim, com o desenvolver da sociedade e após várias Convenções da Organização Internacional do Trabalho, em todos os países foram sendo elaboradas e instituídos programas de seguridade social, na maioria dos casos sendo um bem constitucionalmente previsto.

No Brasil não foi diferente, iniciou-se esse processo pela iniciativa privada, e aos poucos o estado foi aprimorando-se através de políticas intervencionistas. Kertzman (2015, pág. 44) comenta que as primeiras entidades a atuarem na seguridade social foram as Santas casas da misericórdia, como a de Santos, que, em 1543, prestava serviços no ramo da assistência social, papel semelhante ao exercido pela Igreja na evolução europeia. Ainda com o mesmo intuito, 1835 foi criado o Montepio Geral dos Servidores do Estado - Mongeral - primeira entidade de previdência privada no país.

Sobre a evolução da legislação em matéria Constitucional e seus direitos previstos Kertzman (2015, pág. 44, 45) expressa:

A Constituição de 1824 tratou, em seu artigo 179, inciso XXXI, dos socorros públicos, sendo este o primeiro ato securitário com previsão constitucional.

A Constituição de 1891 estabeleceu a aposentadoria por Invalidez para os servidores públicos, custeada pela nação. Percebe-se que esta regra foi incipiente (de vida apenas a servidores públicos, em caso de invalidez permanente), não podendo ser considerada como um marco previdenciário mundial. Como mencionado, a primeira Constituição a tratar do tema previdenciário, levando-se em conta regramentos mínimos que estruturam esta área social, foi a Mexicana, de 1917.

Nota-se que já existia a questão de proteção social relacionada a saúde muito antes da Constituição Mexicana, porém sobre a questão previdenciária a Mexicana foi pioneira, claro que faltava muito para ser completa, porém era apenas o começo de uma evolução necessária. Complementando a questão das Constituições, segue o autor (KERTZMAN, 2015, p. 44, 45):

Em 1919 foi instituído o seguro obrigatório de acidente de trabalho pela Lei 3.724 e, também. - uma indenização a ser paga obrigatoriamente pelos empregadores aos seus empregados acidentados.

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A doutrina majoritária considera o marco da previdência social brasileira a publicação da Lei Eloy Chaves, Decreto-Legislativo 4.682, de 24/01/23, que criou as Caixas de Aposentadoria e Pensão - CAP's - para os empregados das empresas ferroviárias.

Durante a década de 20, foi ampliado o sistema de caixas de Aposentadoria e Pensão - CAP's, sendo instituídas em diversas outras empresas, inclusive de outros ramos, como, por exemplo, as dos portuários, dos marítimos etc. Note que as CAP's eram organizadas por empresas. Cada empresa possuía sua Caixa.

Em 1930, no início da Era Vargas (1930-1945), foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio - responsável pela organização da previdência social brasileira. Cabe salientar que o principal Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas foi Lindolfo Collor, avô do Ex-presidente Fernando Collor.

Na década de 30, as 183 CAP's existentes foram reunidas, com a formação de Institutos de Aposentadoria e Pensão - IAP's. Tais Institutos eram organizados por categoria profissional, dando mais solidez ao sistema previdenciário, já que os IAP's contavam com um número de segurados superior às CAP's, tornando o novo sistema mais consistente.

O processo de unificação das CAP's perdurou até a década de 50, com a criação de institutos de diversas outras categorias profissionais.

A Constituição de 1934, segundo Martins (2002, pág. 34) estabelecia

competência para a União fixar regras de assistência, também fixava aos Estados a responsabilidade de cuidar da saúde e assistências públicas. Nessa lei já era estabelecido uma forma de custeio entre o Estado, empregado e empregador, devendo haver contribuição.

Nesse sentido, Kertzman (2015, pág. 46, 47) destaca:

A Constituição Federal de 1934 foi a primeira a estabelecer a tríplice forma de custeio, com contribuição do Governo, dos empregadores e dos trabalhadores. A Carta de 1937 utilizou, pela primeira vez, o termo "seguro social" sem, no entanto, trazer grandes evoluções securitárias.

Em se tratando de assistência social, em 1942, foi criada a LBA - Legião Brasileira da Assistência Social pelo Decreto-Lei 4.890/42. A Constituição de 1946 utilizou, de forma inovadora, a expressão "previdência social". Foi garantida pelo constituinte a proteção aos eventos de doença, invalidez, velhice e morte. Esta Carta marcou a primeira tentativa de sistematizar as normas de proteção social. Em 1949, foi editado o Regulamento Geral das CAP's, padronizando a concessão de benefícios das CAP's remanescentes. Em 1953, todas as Caixas ainda existentes foram unificadas (Decreto 34.586/53), surgindo assim a Caixa Nacional.

O Ministério do Trabalho e da Previdência Social foi criado em 1960. Neste mesmo ano, foi aprovada a Lei Orgânica da Previdência Social - LOPS, que marca a unificação dos critérios estabelecidos nos

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diversos IAP's até então existentes para concessão de benefícios dos diversos Institutos, persistindo ainda a estrutura dos IAP's. Os trabalhadores rurais e os domésticos continuavam excluídos da previdência social.

Somente em 1967, foram unificados todos os IAP's, com a criação do INPS – Instituto Nacional da Previdência Social (Decreto-Lei 72/66, que entrou em vigor apenas em 1967), consolidando-se o sistema previdenciário brasileiro. Neste ano, a Constituição de 1967 criou o auxílio-desemprego.

Vale destacar que até o momento os trabalhadores rurais e domésticos estavam excluídos da previdência, ou seja, não possuíam parâmetros de ajuda e proteção, algo necessário para todos, independentemente de classe e profissão.

Nesse entendimento Kertzman (2015, pág. 46, 47) complementa:

Os trabalhadores rurais somente passaram a gozar de direitos previdenciários, a partir de 1971, com a criação do FUNRURAL pela Lei Complementar 11/71. Os empregados domésticos foram incluídos no sistema protetivo, no ano seguinte, em função da Lei 5.859/72.

Em 1977 foi instituído o SINPAS - Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, responsável pela integração das áreas de assistência social, previdência social, assistência médica e gestão das entidades ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social. O SINPAS contava com os seguintes órgãos:

• INPS - Instituto Nacional de Previdência Social - autarquia responsável pela administração dos benefícios;

• IAPAS - Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social - autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança de contribuições e demais recursos;

• INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - autarquia responsável pela saúde;

• LBA - Fundação Legião Brasileira de Assistência - fundação responsável pela assistência social;

• FUNABEM - Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor - fundação responsável pela promoção de política social em relação ao menor; • CEME - Central de Medicamentos - órgão ministerial que distribuía medicamentos;

• DATAPREV - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – empresa pública que gerencia os sistemas de informática previdenciários.

Todas estas entidades foram posteriormente extintas, exceto a DATAPREV que existe até hoje com a função de gerenciar os sistemas informatizados do Ministério da Previdência Social. Note-se que a Lei 11457/07, que criou a Receita Federal do Brasil, autorizou a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social - DATAPREV a prestar serviços de tecnologia da informação ao Ministério da Fazenda.

A Constituição de 1988 foi a que reuniu as três atividades da seguridade social: saúde, previdência social e assistência social.

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Em 1990, a Lei 8.029/90 criou o INSS - Instituto Nacional do Seguro Social com a junção do Instituto Nacional de Previdência Social - INPS com o IAPAS - Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social.

Diz Amado (2015, p. 20) que a Constituição Federal Brasileira de 1988 foi a primeira a instituir no país o sistema da seguridade social, ou seja, segurança social, com ações na área da previdência social, da assistência social e da saúde pública, estando assim previsto no Capítulo 11, do Título VIII, nos artigos 194 a 204, que contará com um orçamento específico na lei orçamentária anual.

Na atualidade, as leis que regulam a matéria, além da Constituição Federal, é a Lei 8.212/91, que versa sobre o Plano de Organização e Custeio da Seguridade Social, a Lei 12.618/12, com previsão legal para criação da previdência complementar dos servidores públicos federais, a Lei 8.213/91, que expressa o plano de Benefícios da Seguridade Social e a Lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social.

1.3 Organização

No que tange a respeito da organização da seguridade social, cabe à lei 8212/91 dispor, embora não exista uma matéria adequada, existe certa estrutura administrativa que tem por atribuição executar as políticas no âmbito da segurança social.

Com base na Constituição Federal Brasileira de 1988, artigo 194 Parágrafo Único, que compete ao Poder Público organizar a Seguridade Social com base em alguns objetivos, sendo eles a universalidade, uniformidade, seletividade e distributividade, irredutibilidade, equidade, diversidade, caráter democrático e descentralizado da administração.

Universalidade da cobertura e do atendimento; Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; Seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços; Irredutibilidade do valor dos benefícios; Equidade na forma de participação do custeio; Diversidade da base de

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financiamento; e Caráter Democrático e Descentralizado da Administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Princípios básicos que devem nortear as questões tocantes da matéria.

Segundo Castro e Lazzari (2014, pág. 159), dentro da estrutura do Poder Executivo, existem os Ministérios da área social que são responsáveis pelo cumprimento das atribuições que competem à União relativa à Seguridade Social. Existem os Conselhos nacionais de Previdência (CNPS), de Saúde (CNSS) e de Assistência Social (CNAS), estes atendem ao objetivo quadripartite da Seguridade Social. Nessa mesma estrutura, vinculados a este, ainda há o INSS (autarquia federal), a Superintendência Nacional de Previdência Complementar PREVIC (autarquia de natureza especial), e a DATAPREV (empresa pública), responsável pela gestão dos bancos de dados informatizados, e junto ao Ministério da Saúde, a CEME (Central de Medicamentos).

Nesse sentido expressa Castro e Lazzari (2014, pág. 160):

Na atual estrutura da Presidência da República e Ministérios, estabelecida pela Lei n. 10.683, de 28.5.2003, alterada pela Medida Provisória n. 163, de 23.1.2004, convertida na Lei n. 10.869, de 13.5.2004, passam a compor a área da Seguridade Social os Ministérios: da Previdência Social, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Segundo o art. 27 da lei em questão, os assuntos que constituem áreas de competência de cada ministério são os seguintes:

- Ministério da Previdência Social: a) previdência social;

b) previdência complementar. - Ministério da Saúde:

a) política nacional de saúde;

b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde;

c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos índios;

d) informações de saúde;

e) insumos críticos para a saúde;

f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos;

g) vigilância de saúde, especialmente drogas, medicamentos e alimentos;

h) pesquisa científica e tecnologia na área de saúde. - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome:

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a) política nacional de desenvolvimento social;

b) política nacional de segurança alimentar e nutricional; c) política nacional de assistência social;

d) política nacional de renda de cidadania;

e) articulação com os governos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e a sociedade civil no estabelecimento de diretrizes para as políticas nacionais de desenvolvimento social, de segurança alimentar e nutricional, de renda de cidadania e de assistência social;

f) articulação entre as políticas e programas dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as ações da sociedade civil ligadas ao desenvolvimento social, à produção alimentar, alimentação e nutrição, à renda de cidadania e à assistência social; g) orientação, acompanhamento, avaliação e supervisão de planos, programas e projetos relativos às áreas de desenvolvimento social, segurança alimentar e nutricional, de renda de cidadania e assistência social;

h) normatização, orientação, supervisão e avaliação da execução das políticas de desenvolvimento social, segurança alimentar e nutricional, de renda de cidadania e de assistência social;

i) Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social;

j) coordenação, supervisão, controle e avaliação da operacionalização de programas de transferência de renda;

l) aprovação dos orçamentos gerais do Serviço Social da Indústria – SESI, do Serviço Social do Comércio - SESC e do Serviço Social do Transporte- SEST.

O Instituto Nacional de Seguro Social, popularmente conhecido como INSS, como já dito anteriormente é uma Autarquia Federal, com sede no Distrito Federal. Segundo Castro e Lazzari (2014), o INSS é um órgão vinculado ao Ministério da Previdência Social, assim instituído com base na Lei n. 8.029/90, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.457/2007. O INSS é estrito à previdência social, com prestação de serviços a seus beneficiários, melhorando o atendimento ao cidadão, aperfeiçoando a concessão, manutenção e pagamentos de benefícios.

Contudo, vale destacar que a lei 8.212/91 e 8.213/91, dão ênfase à questão organizacional, embora tenha ocorrido com o passar do tempo algumas alterações. Sabe-se o grau de importância de todo o instituto e de quão democrático e transparente que deve ser o sistema, uma vez que são bens de garantias fundamentais. Falando-se em previdência, pessoas trabalham mais da metade da sua vida e a única coisa que querem é aposentar-se com dignidade e obter direitos dos quais possuem, seja nas adversidades ou casos de força maior. Claro, tudo isto levando em conta requisitos que devem ser observados para assim serem enquadrados em tais direitos, estes que serão dados ênfase no próximo capítulo.

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Um Estado protetivo é um Estado que funciona, pois dá ao seu trabalhador condições de buscar uma vida melhor, empreendendo, desenvolvendo a sociedade.

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2. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE

Dentre inúmeras formas de aposentadoria, destaco a “Aposentadoria Rural por Idade”, aposentadoria que abrange o trabalhador rural, uma vez que o produtor rural é um segurado especial, categoria está que devem ser observados alguns requisitos básicos.

Na Constituição de 1988, foi reduzida em cinco anos a aposentadoria do Trabalhador rural, contudo, conforme Lazzari (2009, pg. 588), apenas os trabalhadores rurais enquadrados nas categorias de segurado empregado, trabalhador avulso, trabalhador eventual e segurado especial são abrangidos pela diminuição de cinco anos na idade da aposentadoria.

É de claro entender que o labor rural não é nada fácil, sendo as rotinas longas e o trabalho intenso, embora haja uma gama de tecnologias modernizando a sistemática do campo. Porém a referida redução de idade para aposentadoria vem com o intuito de apaziguar uma vida longa de trabalho, pois quem vive no campo começa a trabalhar novo, desempenhando atividades leves enquanto incapaz relativamente, mas sempre atividades de cunho importante, ajudando a desenvolver a economia familiar e o próprio sustento.

Vivemos em tempos de crise política e de reforma na previdência social, mas, contudo isto, ainda devem ser repensados muitos conceitos quanto ao trabalhador rural, o mesmo não pode esperar até os 60 anos para tentar se aposentar, isto é, “tentar”, por que muitas vezes muitos nem conseguem o benefício, ora, o INSS deve atentar-se a provas convictas com a intenção de aposentação, e não apegar-se a mínimos detalhes para desfigurar e desenquadrar o direito adquirido dos trabalhadores, estes que não trabalham apenas 25, 30 anos, mas sim 40, 45 anos de sua vida e na maioria dos casos ainda continuam enquanto saúde tiver.

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Vale destacar, diante do comentário, que existem também pessoas que apenas se aproveitam, ou seja, pessoas que a tempos não desempenham mais a atividade agrária, que possuem outra renda, trabalhando sem contribuir, o trabalho popularmente chamado de “frio”, e que pouco tempo antes de pleitear a aposentadoria partem para o meio rural, para assim tentar camuflar uma situação que desenquadraria o segurado especial, e por vezes acabam conseguindo a aposentadoria. Infelizmente o mundo atualmente é composto disto, mas devemos encarar a realidade para tentar transformar a sociedade no futuro.

2.1 Classificação do Segurados Rurais

Quanto à classificação dos segurados rurais a Convenção nº 141 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, em seu artigo 2º, definiu o que vem a ser trabalhador rural, nos seguintes termos:

Para fins da presente Convenção, o termo “trabalhadores rurais” significa quaisquer pessoas que se dediquem em aéreas rurais, as atividades agrícolas, artesanais ou outras conexas ou assemelhadas, quer como assalariados, quer como observância do disposto no parágrafo 2 do presente artigo, como pessoas que trabalhem por conta própria, tais como parceiros-cessionários, meeiros e pequenos proprietários residentes.

Em observação a lei, “trabalhador rural” é toda pessoa física que labora atividades agro econômicas, para fins de subsistência. Nota-se, que existem pelo menos duas distinções quanto aos trabalhadores rurais, seja desempenhando as atividades como trabalhadores assalariados, ou desempenhando as atividades por sua conta, como proprietário. Observa-se porém que o trabalhador rural assalariado não se enquadra como segurado especial, apenas os trabalhadores autônomos que preencherem os requisitos, os quais serão exemplificados no próximo tópico.

Atualmente não há distinções entre empregado urbano e rural para fins previdenciários. O empregado rural nada mais é do que uma pessoa que presta atividades rurais habitualmente de caráter subordinado, pessoalmente, mediante

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remuneração, e o que o diferencia do empregado urbano é apenas a natureza do serviço.

Quanto ao trabalhador rural proprietário, a Convenção n.º 141 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, no item 2 de seu artigo 2º, diz que:

A presente Convenção aplica-se apenas àqueles arrendatários, parceiros ou pequenos proprietários cuja principal fonte de renda seja a agricultura e que trabalhem a terra por conta própria ou exclusivamente com a ajuda de seus familiares, ou recorrendo eventualmente a trabalhadores suplentes e que: a) não empreguem mão-de-obra permanente; ou b) não empreguem mão-de-obra numerosa, com caráter estacionário; ou c) não cultivem suas terras por meio de parceiros ou arrendatários.

Assim, pelo texto do artigo verifica-se a classificação pelo fato da autonomia, ou seja, o trabalho é por conta própria, seja de arrendatários, parceiros ou pequenos proprietários os quais se enquadram com segurados especiais, estes que devem preencher alguns requisitos básicos para fins de comprovação.

Lembrando que para fins trabalhistas a atividade do empregado rural deve visar o lucro ao seu empregador, uma vez que não se pretende o lucro, o trabalhador é enquadrado como empregado doméstico.

2.2 Requisitos dos Segurados Rurais

Para o produtor rural enquadrar-se como segurado especial, devem ser observados requisitos básicos, uma vez que desrespeitados, podem, causar prejuízos para fins de aposentadoria, este que é um direito de todos e todos querem desfrutá-lo.

O requisito da idade é de suma importância, sendo que a partir da Constituição de 1988 passou por uma redução de cinco anos, o qual o homem trabalhador rural com 60 anos e a mulher trabalhadora aos 55 anos se aposentam, ainda assim, cumprir apenas a idade não é suficiente, há outros limites impostos pela lei.

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Com a sanção da Lei nº 13.183 pela presidente Dilma Rousseff em 2015, com novas regras para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), foi mantido o direito dos trabalhadores rurais à aposentadoria como segurados especiais aos 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres), assim não precisando cumprir as exigências do trabalhador urbano

O texto da lei complementar 8.213/1991, em seu artigo 11, inciso VII, expressa:

Art. 11. “São segurados obrigatórios da Previdência social as seguintes pessoas físicas:” “VII- como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:” a) “produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:” 1. “agropecuária em área até 4 (quatro) módulos fiscais;”

Evidencia-se, portanto, que para ser enquadrado como segurado especial, o produtor rural não necessita residir apenas em imóvel rural, pode sim residir em aglomerado urbano, mas desempenhar atividade rurícola, seja individualmente ou em economia familiar, e ainda por cima enquadrar-se no requisito mais pontual, que o produtor (seja ele proprietário, usufrutuário, e outros os quais a lei sinaliza), deva explorar atividade agropecuária em área até 4 (quatro) módulos fiscais1.

Contudo que se a área total ultrapassar os quatro módulos fiscais o produtor passa a ser contribuinte individual, não mais se caracterizando como segurado especial.

O artigo 11, VII, parágrafo 1°, da lei 8.213/91, expressa:

1

Módulo fiscal é uma unidade de medida agrária usada no Brasil, instituída pela Lei nº 6.746, de 10 de dezembro 1979. É expressa em hectares e é variável, sendo fixada para cada município, levando-se em conta: tipo de exploração predominante no município;

a renda obtida com a exploração predominante;

outras explorações existentes no município que, embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada;

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Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.

Como dito, o trabalho em conjunto é uma peculiaridade da economia familiar, onde os membros da família desempenham a atividade de desenvolvimento e de próprio sustento.

Também se destaca a carência, que é imprescindível, e esta deve ser de 180 contribuições, sejam elas corridas ou com intervalos de tempo, ou basta também apenas a comprovação do tempo de atividade rural nos mesmos moldes, 180 meses, totalizando 15 anos. Para a Advocacia Geral União, o período de carência de 180 meses de atividade rural pode ser exercido de forma contínua ou em intervalos. Contudo, o trabalhador deve obrigatoriamente estar exercendo a atividade rural no momento anterior ao requerimento da aposentadoria.

Observa-se então que os limites acima expostos são um grande divisor de águas para o direito previdenciário, sendo que o Brasil é um país agrícola, e comporta desde o menor produtor até o latifundiário, produtor em larga escala.

Cabe destacar que a classe de segurados especiais não abrange somente produtores agropecuários, traz consigo o seringueiro ou extrativista e o pescador artesanal, ou algo assim semelhante, que faça da pesca profissão ou meio de vida, porém, é dada ênfase no referido trabalho, o produtor rural, este que possui um enorme grau de importância na sociedade atual.

2.3 Das Contribuições

Assim como todas as atividades que se enquadram nos regimes da previdência, os segurados especiais, mais precisamente o produtor agropecuário, devem fazer as devidas contribuições para a previdência. Nesse entender, além dos requisitos de idade e propriedade como já exposto, deve-se atentar as contribuições, estas que são indispensáveis para fins de aposentadoria.

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Nesse sentido, determina a Constituição que:

O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rural e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei (art.195, §8°).

Para entendermos a questão da aplicação da alíquota, referida anteriormente, é sabido que o trabalhador rural pode figurar como pessoa física ou jurídica, sendo que enquadrada como jurídica deverá recolher, propriamente 2,6% da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção. A pessoa física que comprova o labor rural contribuirá 2,1%, proveniente também da receita bruta da comercialização de sua produção, mas não cabe ao produtor e sim ao adquirente da produção o recolhimento das alíquotas, ou seja, há no campo a geração do produto, que tem como destinatário as cooperativas e comércios e estes tem o dever de fazer o referido recolhimento conforme notas fiscais.

Conforme Romano e Tavares (2013), receita bruta é o valor recebido e creditado pela comercialização dos produtos, que podem ser tanto de origem animal quanto vegetal, produtos estes que podem estar no estado natural ou submetidos a outros processos.

Seguindo a linha, no que tange a contribuição da alíquota, estabelece o art. 25, inciso I e II, da Lei n° 8.212/91:

A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do

segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de:

I – 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção;

II – 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho.

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A partir do recolhimento da alíquota começa a nascer um direito adquirido, porém, é necessária a continuidade destes recolhimentos para dar ênfase á aposentadoria.

Nesse sentido, segundo Ibrahim (2015, p. 604) é feita a seguinte colocação:

Desta forma, a aposentadoria por idade do trabalhador rural requer, além da idade e carência, tempo de atividade rural durante período igual ao de carência (que é de 180 meses, ou inferior, se em regra de transição). Não se requer que todo o tempo de carência seja cumprido em atividade rural, mas que o segurado tenha tempo comprovado em atividade de rurícola em interregno igual. Por exemplo, se uma pessoa comprova, dentro da regra atual, 180 meses de atividade rural, poderá aposentar-se com idade reduzida, como trabalhador (a) rural, ainda que os recolhimentos comprovados para fins de carência sejam em atividade urbana.

Obviamente, ao requerer o benefício, deve comprovar a atividade campesina, também neste momento, pois, do contrário, não será trabalhador rural.

A colocação do autor se refere à necessidade dos cumprimentos dos requisitos básicos para o produtor rural se aposentar, que é o período de carência e a idade como já exposto. Assim para prezar-se um direito adquirido cumprindo com todos os requisitos, o essencial é a carência, que é de 180 contribuições. No mais, o autor se refere no caso da Aposentadoria Hibrida ou Mista, que será colocado mais especificadamente no trabalho, no qual o segurado pode utilizar o período de atividade rural, juntando com períodos de contribuição sob outras categorias.

Dessa forma, de acordo com Lazzari e Castro (2009, pg.590), se trabalhadores rurais que não atendam os requisitos da lei, mas que satisfaçam a condição, caso forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias de segurado, apenas terão direito ao benefício ao completarem 65 anos, homem, e 60 anos mulher.

Deve se observar a tabela de que trata o artigo 142 da lei 8.213/91, em que trata a implementação das condições, no referido ano e os meses de contribuição que são exigidos. Explica-se conforme tabela e artigo supracitado:

Art. 142. Para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das

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aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício: (Artigo e tabela com nova redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

Ano de implementação das condições Meses de contribuição exigidos 1991 60 meses 1992 60 meses 1993 66 meses 1994 72 meses 1995 78 meses 1996 90 meses 1997 96 meses 1998 102 meses 1999 108 meses 2000 114 meses 2001 120 meses 2002 126 meses 2003 132 meses 2004 138 meses 2005 144 meses 2006 150 meses 2007 156 meses 2008 162 meses 2009 168 meses 2010 174 meses 2011 180 meses

Nota-se que, por exemplo, implementando até 1991 eram exigidos 60 meses de contribuição, já os inscritos a partir de 25/07/1991 é exigido 180 contribuições mensais.

No que tange a comprovação do labor rural a lei 11.718 de 2008, para fins de evitar fraudes passou a exigir requisitos a mais ao empregado rural e o contribuinte individual rural que devem observar a modificação. De 2011 a 2015 devem recolher quatro contribuições por ano, de 2016 a 2020 terão que comprovar o recolhimento de seis contribuições por ano e a partir de 2021, segue-se a regra geral, ou seja, doze contribuições anuais.

2.4 Exceções/Peculiaridades

Diante todo direito exposto, destaca-se peculiaridades e exceções obviamente amparadas pela lei, que assim devem ser observadas, as quais não descaracterizam a condição de segurado, porém direciona-as a limites taxativos importantes para a manutenção do direito. .

Assim, conforme estabelece o artigo 9°, § 18 do Decreto n° 3.048/99, não perde a qualidade de segurado especial o parceiro outorgante que observa o limite máximo de área de quatro módulos fiscais, que cede em parceria ou meação até metade do imóvel, ou seja, cinquenta por cento, desde que continuem a exercer atividades individualmente ou em regime de economia familiar.

Também não descaracteriza a condição de segurado especial, a exploração da atividade turística da propriedade rural, de acordo ao artigo 11, §8°, da Lei n°

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8.213/91, onde é livre, mas não por não mais de 120 dias por ano. O artigo também expressa que o fato de algum dos integrantes da família ter participação em programas assistências do governo não desfigura o direito.

O referido texto de lei também traz outras situações assim citadas:

§ 8 - Não descaracteriza a condição de segurado especial: I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar;

II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano; III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar;

IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;

V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;

VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; e VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas nos termos do § 12. Nota-se no inciso sexto, que pode também o segurado, sem descaracterizar-se, ser sócio em cooperativas. Ora, comércios e cooperativas são fundamentais para o segurado, como foi dito, é a partir deles que a alíquota é paga, então não seria conveniente proibi-los de associar-se.

É claro que cada caso é um caso e precisa ser analisado de forma particularizada, pois há situações onde a ausência de contribuições previdenciárias não tem o condão de descaracterizar a qualidade de segurado especial, antes e pelo contrário, reforça-a.

Por exemplo, se o regime de economia familiar se volta claramente à subsistência do grupo familiar, como na maioria dos pequenos trabalhadores rurais, nem sempre haverá excedentes a serem comercializados, ou seja, se produz para se viver, não sendo, portanto, aceitável exigir a comprovação do recolhimento das

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contribuições. O que é mais comum principalmente em localidades mais pobres, onde a presença de famílias de baixa renda é significativa.

Quanto ao assunto, Ibrahim (2015, p.190) expressa:

Ao contrário dos demais segurados, a contribuição do segurado especial não é, necessariamente, mensal, pois esta somente existe quando há alguma venda de produto rural. Se o segurado está no período entre safras, não há venda e, portanto, não há contribuição, embora continue sendo segurado obrigatório do RGPS, com plena cobertura previdenciária.

De acordo com o art. 11, § 9°, da Lei n° 8.213/91:

Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:

“I – benefício de pensão por morte, acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social;

II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do §8° deste artigo;

III – exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto o §13 do art. 12 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991;

IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais;

VI – parceira ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do §8° deste artigo

VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e

VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.

Quanto ao recebimento de benefícios, há algumas ressalvas as quais expressa o artigo, não excluindo o beneficiário da categoria, sendo a pensão por morte e o auxilio acidente os mais populares dentre os benefícios que podem recebidos com amplo direito sem descaracterizar-se da condição por parte dos segurados especiais. O auxilio-reclusão também pode ser recebido conforme artigo supracitado.

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A participação em plano de previdência complementar também não exclui o direito, nem descaracteriza a condição, haja vistas, que uma vez sendo contribuinte fiel o seu direito é resguardado, ou seja, contribui conforme sua produção indiretamente, pois é o comércio que tem a obrigação de fazê-la, e pode ao mesmo tempo contribuir a uma previdência complementar, muitas vezes para aposentar-se antes do tempo e com um salário maior.

O exercício de outra atividade remunerada no período entressafras, onde não há contribuição pela produção e em um discurso grosseiro se diz que neste período não há o que se fazer no meio rural, o que é uma grande balela, pode o trabalhador exercer outra atividade, desde que observados os requisitos da lei, este que será abordado especificadamente mais adiante.

A atividade artesanal e artística também pode ser desenvolvida, desde que a renda mensal não exceda o menor beneficio da prestação continuada da previdência social.

Tais ressalvas atribuem uma amplitude de incidência maior para a concessão do benefício, principalmente por delimitar as situações de confronto com outros benefícios.

2.5 Hibridade

A aposentadoria hibrida ou mista mais comumente chamada, foi uma novidade introduzida pela lei 11.718/2008, que em seu texto deu nova redação ao artigo 48 da lei 8.213/91, incluindo uma nova espécie de aposentadoria por idade, que pela doutrina é chamada e Hibrida ou Mista, se destinando ao trabalhador rural, quando a sua idade completar 65 anos quando homem, e 60 anos para a mulher. Porquanto, diferencia-se da aposentadoria especial, uma vez que há uma junção de tempos de serviços juntamente com o labor rural, porém aumenta-se de 5 anos, sendo que o período de carência não foi completado só no meio rural e sim em outro meio diferenciando-se da aposentadoria especial, onde o homem se aposenta com 60 anos e a mulher com 55 anos.

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O artigo 48, § 3º expressa:

Os trabalhadores rurais de que trata o § 1º deste artigo que não atendam ao disposto no § 2º deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher. (Incluído pela Lei nº 11,718, de 2008)

Diferentemente da aposentadoria por idade rural, que enquadra o trabalhador como segurado especial, aquela prevista no art. 48, § 2º, o tempo de contribuição urbana do segurado não implicará em indeferimento do benefício e sim utilizará para computação do tempo de carência para concessão da aposentadoria. Ou seja, o tempo de contribuição urbana não é mais um empecilho, pode haver a junção dos períodos, observados os limites mínimos de idade.

Dessa forma, de acordo com Lazzari e Castro (2009, pg.590), se trabalhadores rurais que não atendam os requisitos da lei, mas que satisfaçam a condição, caso forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias de segurado, apenas terão direito ao benefício ao completarem 65 anos, homem, e 60 anos mulher.

Assim, tem se posicionado o STF da seguinte forma:

Caso o trabalhador rural, ao atingir a idade prevista para a concessão da aposentadoria por idade rural (60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher), ainda não tenha alcançado o tempo mínimo de atividade rural exigido na tabela de transição prevista no art. 142 da Lei nª 8.213/1991, poderá, quando completar 65 anos, se homem, e 60 anos, se mulher, somar, para efeito de carência, o tempo de atividade rural aos períodos de contribuição sob outras categorias de segurado, para fins de concessão de aposentadoria por idade "híbrida ", ainda que inexistam contribuições previdenciárias no período em que exerceu suas atividades como trabalhador rural. A modalidade

"híbrida" foi introduzida pela Lei n° 11.718/2008 para permitir um a adequação da norma para as categorias de trabalhadores urbanos e rurais, possibilitando a o segurado especial a soma do tempo de atividade rural sem contribuições previdenciárias ao tempo de contribuição em outra classificação de segurado, com a finalidade de implementar o tempo necessário de carência. Com isso, o legislador permitiu ao rurícola o cômputo de tempo rural como período contributivo, para efeito de cálculo e pagamento do benefício etário. Assim, sob o enfoque da atuária, não se mostra razoável exigir do

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segurado especial contribuição para obtenção da aposentadoria por idade híbrida, relativamente ao tempo rural. Por isso, não se deve inviabilizar a contagem do trabalho rural como período de carência.

REsp 1.367.479-RS, Rei. Min. Mauro Campbel/ Marques, julgado em 4/9/2014.

O STF conforme supracitado ampara-se no que consta na lei, e retoma a importância desta nova categoria que cobre uma profunda lacuna, onde as pessoas anteriormente não conseguiam se enquadrar conforme a lei para conseguir seus direitos, e não há nada mais correto do que se valer das contribuições, mesmo que sejam elas de duas categorias distintas, embora em tempos diferentes.

Para a concessão dos direitos é feito calculo expresso no artigo 29, inciso II, da Lei 8.213/91, que consta o seguinte:

II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso

I do art. 182, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo.

Diante do que expressa o artigo entende-se que será feita a média entre os maiores salários de contribuição, correspondendo ao salário 80% desta média. Para a concessão o valor mínimo considerado é o do salário mínimo, havendo a possibilidade do valor ultrapassar o mínimo possível, o que não ocorre na concessão da aposentadoria por idade rural "pura".

O INSS tem sido muito rígido quanto à comprovação do período de carência, e a partir disso muitos trabalhadores rurais que tentaram receber a aposentadoria por idade rural não tiveram direito ao benefício pela não comprovação do efetivo exercício quanto ao período exigido pela lei, porém geralmente, após a negativa do INSS as pessoas recorrem ao poder judiciário para desfrutar de seus direitos.

2

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:

I - quanto ao segurado: a) aposentadoria por invalidez; d) aposentadoria especial; e) auxílio-doença; h) auxílio-acidente;

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Destaca-se ainda que mesmo que não tenha a comprovação necessária do período urbano, mas que já possua o direito adquirido da aposentadoria rural pura, com o cumprimento de idade e carência, a aposentadoria poderá ser requerida no órgão institucional, o INSS, lembrando que cada situação possui suas peculiaridades, e que ainda não existe opção especifica da modalidade, e assim deve-se informar no requerimento a intenção de aposentação por idade rural na forma hibrida ou mista.

2.6 Jurisprudências

Sabe-se de que o direito é uma matéria muito complexa e possui uma vasta gama de conteúdos e matérias de cunho fundamental, estes que não se podem deixar passar batido, uma vez que a lei é una e deve-se entendê-la, até mesmo pelas pessoas que não vivem em âmbitos jurídicos.

Contudo, deve-se frisar que não são apenas os livros e materiais palpáveis que formam uma base de entendimento, em relação disto que estamos progredindo, pois ao estudarmos as decisões dos tribunais nos deparamos com a prática, qual é tão importante, senão mais do que a teoria.

Com base nisto, demonstra-se casos práticos de decisões dos tribunais, estes que são o ápice da justiça, relacionando a prática jurisprudencial com a matéria exaltada no trabalho, sendo de suma importância e extrema relevância relacionar o tema com as decisões proferidas, demonstrando o devido entendimento por parte dos julgadores sobre a matéria citada.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA HÍBRIDA POR IDADE. INTEGRAÇÃO DE PERÍODO DE TRABALHO RURAL AO DE CATEGORIA DIVERSA. ART. 48, § 3º DA LEI 8.213/91. CARÊNCIA PREENCHIDA. SÚMULA 111 DO STJ. 1. Os trabalhadores rurais que não atendam ao disposto no art. 48, § 2º, da Lei nº 8.213/01, mas que satisfaçam as demais condições, considerando-se períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício de aposentadoria por idade ao

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completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher, conforme o disposto no art. 48, § 3º da Lei nº 8.213/91. 2. Procede o pedido de aposentadoria rural por idade quando atendidos os requisitos previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº 8.213/1991. 2. Preenchendo a parte autora o requisito etário e a carência exigida, tem direito a concessão da aposentadoria por idade, a contar da data do

requerimento administrativo. (TRF-4 REOAC:

164794120134049999 SC 0016479-41.2013.404.9999, Relator: ROGERIO FAVRETO, Data de Julgamento: 15/10/2013, QUINTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 25/10/2013)

A jurisprudência em questão, cujo julgamento foi feito pela Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da Quarta Região, comenta sobre a Hibridade, o acumulo de tempo em período rural com o período urbano. No caso, o requerente cumpre os requisitos de idade e a carência (tempo de labor), assim aos 65 anos é concedido o direito de aposentação por idade, juntando o período rural com o urbano.

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. APOSENTADORIA POR IDADE MISTA OU HÍBRIDA.

TRABALHO RURAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA.

DESNECESSIDADE. POSSIBILIDADE. 1. A comprovação do exercício de atividade rural deve-se realizar mediante início de prova material, complementada por prova testemunhal idônea, nos moldes do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91. 2. O tempo de serviço rural a ser aproveitado para a concessão de aposentadoria híbrida ou mista de que trata o art. 48, § 3º, da Lei 8.213/91, não precisa ser imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento do benefício, segundo o entendimento que prevalece nesta Corte. Ressalva de entendimento. 3. Havendo pedidos de reconhecimento do direito ao benefício, com o pagamento das prestações em atraso, e de compensação por danos morais e sendo rejeitado este último, ocorre sucumbência recíproca, o que impõe a aplicação da compensação de honorários prevista no art. 21 do CPC.

Precedentes do STJ. (TRF-4 – AC: 50421448120124047000 PR

5042144-81.2012.404.7000, Relator: LUCIANE MERLIN CLÈVE KRAVETZ, Data de Julgamento: 04/09/2013, SEXTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 06/09/2013)

A Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da Quarta Região firmou o entendimento conforme julgamento e com amparo de lei, que a aprovação do período de atividades no meio rural deve realizar-se por prova material, seja blocos

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de produtor, notas de movimentações e etc., e ainda por testemunhas, sendo que este trabalho no meio rural não necessita ser imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento, ele pode ser reconhecido com o pagamento de prestações em atraso, é claro, que tendo provas em mãos tudo se torna mais fácil, porém muitas vezes as pessoas não se dão conta de que um dia irão necessitar desta comprovação, deixando para traz tal importância, passando a prejudicar-se.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA, MEDIANTE CÔMPUTO DE TRABALHO URBANO E RURAL. ART. 48, § 3º, DA LEI 8.213/91. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

I. Consoante a jurisprudência do STJ, o trabalhador rural que não consiga comprovar, nessa condição, a carência exigida, poderá ter reconhecido o direito à aposentadoria por idade híbrida, mediante a utilização de períodos de contribuição sob outras categorias, seja qual for a predominância do labor misto, no período de carência, bem como o tipo de trabalho exercido, no momento do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo, hipótese em que não terá o favor de redução da idade.

II. Em conformidade com os precedentes desta Corte a respeito da matéria, "seja qual for a predominância do labor misto no período de carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo, o trabalhador tem direito a se aposentar com as idades citadas no § 3º do art. 48 da Lei 8.213/1991, desde que cumprida a carência com a utilização de labor urbano ou rural. Por outro lado, se a carência foi cumprida exclusivamente como trabalhador urbano, sob esse regime o segurado será aposentado (caput do art. 48), o que vale também para o labor exclusivamente rurícola (§§ 1º e 2º da Lei 8.213/1991)", e, também,"se os arts. 26, III, e 39, I, da Lei 8.213/1991 dispensam o recolhimento de contribuições para fins de aposentadoria por idade rural, exigindo apenas a comprovação do labor campesino, tal situação deve ser considerada para fins do cômputo da carência prevista no art. 48, § 3º, da Lei 8.213/1991, não sendo, portanto, exigível o recolhimento das contribuições" (STJ, AgRg no REsp 1.497.086/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/04/2015).

III. Na espécie, o Tribunal de origem, considerando, à luz do art. 48, § 3º, da Lei 8.213/91, a possibilidade de aproveitamento do tempo rural para fins de concessão do benefício de aposentadoria por idade urbana, concluiu que a parte autora, na data em que postulou o benefício, em 24/02/2012, já havia implementado os requisitos para a sua concessão.

IV. Agravo Regimental improvido. (Data de publicação: 20/05/2015)

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