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Justificativa de Demanda do Curso

No documento PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO (páginas 16-21)

2. CONTEXTO DO CURSO

2.2. Justificativa de Demanda do Curso

Este Projeto Pedagógico de Curso (PPC) referente ao Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento tem origem em ampla discussão envolvendo os docentes que ministram aulas neste curso, os gestores e as equipes pedagógicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.

Na concepção da proposta original deste curso, oferecido a partir do ano de 2002, levou-se em especial consideração o disposto no art. 43 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nº 9.394/96, ao preceituar que

[...] a educação superior terá de estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo, incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade e promover a extensão.

Nessa perspectiva, todas as propostas de projeto pedagógico deste curso, a original e as seguintes, incluindo a que compõe este documento, têm considerado a educação como uma prática social que objetiva formar profissionais críticos,

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capazes de identificar e resolver problemas, atuar em meio à complexidade e viver produtivamente no mundo atual de rápidas transformações.

Na linha dessas diretrizes, o CST em Geoprocessamento busca, sobretudo, habilitar profissional comprometido com o desempenho das funções que podem ser desenvolvidas tanto na esfera pública quanto na esfera privada, com a sua inclusão enquanto cidadão na sociedade brasileira e, particularmente, na sociedade paraibana.

Coerente com essa visão, este PPC fundamenta-se, no decorrer do processo de sua construção, em duas bases gerais: uma base, de caráter político-institucional e em sintonia com o indicado no art. 43 da LDB, acima citado, segundo a qual o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba apresenta como um dos componentes da sua função social o desenvolvimento pleno dos alunos, qualificando-os para o exercício da cidadania e para o trabalho, bem como preparando-os para serem agentes transformadores da realidade local e, consequentemente, da realidade nacional, na tentativa de minimizar as desigualdades sociais.

Outra base, numa dimensão epistemológica, considera que o CST em Geoprocessamento pretende dar ênfase ao desenvolvimento de atitudes e posturas científicas que contribuam para a autonomia intelectual, permitindo que os alunos possam aprender por si mesmos, refletir sobre o que aprendem, construindo uma postura investigativa e crítica para elaborar e produzir novos conhecimentos.

A consolidação do PPC tem se efetivado a partir de todas as ações empreendidas no âmbito do CST em Geoprocessamento, demonstradas na sua importância no contexto educacional, no cumprimento dos princípios do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPB, na qualificação da formação de seus egressos e no atendimento às necessidades locorregionais.

Em toda a região Nordeste do Brasil, com exceção do estado do Piauí, o CST em Geoprocessamento do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba é o único ofertado na modalidade tecnológica, em instituição pública, voltado à formação profissional na área de Geomática, área profissional na qual as demandas de mercado de trabalho, também impulsionadas por força de instrumentos legais, apontam para a necessidade de profissionais com habilitações específicas para utilização de suas técnicas e tecnologias.

Como forma de responder aos anseios desse nicho de mercado, e, por extensão, da sociedade, a formação de profissionais qualificados, sobretudo por

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instituições públicas, reveste-se de grande relevância social, econômica e ambiental.

Nessa perspectiva, o que se tem observado ao longo das últimas décadas é o crescente desenvolvimento da utilização de geotecnologias como meio de subsidiar a mensuração, a análise e a compreensão da dinâmica da ocupação e transformação do espaço geográfico, a partir das potencialidades, principalmente, de integração de dados espaciais que essas tecnologias oferecem.

De fato, evidencia-se a importância de profissionais das geotecnologias, por exemplo, ao se observar nas regiões metropolitanas do Brasil os problemas causados pelo crescimento urbano desordenado, ocupação indevida de áreas de preservação natural, falta de infraestrutura adequada para a construção, e, ainda, falta de organização racional do espaço geográfico, configurando-se, portanto, num quadro negativo do processo de urbanização, de tendência de não sustentabilidade da qualidade de vida.

Para reversão de tal tendência, através de ações que visem regular o uso e ocupação do solo, o ordenamento do território e a superação da degradação física, torna-se necessário lançar mão de procedimentos técnicos e científicos que possibilitem a concepção e o planejamento territorial em acordo com preceitos de ambientes sustentáveis.

A Geomática destaca-se, nesse contexto, como ferramenta de apoio aos planos de desenvolvimento de estados e municípios, no que diz respeito à gestão do meio ambiente urbano e rural, em abordagem ampla, envolvendo aspectos sociais, econômicos e culturais.

Com relação às oportunidades no mundo do trabalho, importantes possibilidades de atuação no campo das geotecnologias aconteceram a partir da publicação da Lei 10.267/2001, que criou o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais, tornando obrigatório o georreferenciamento de imóveis rurais, o que tem gerado uma grande procura por profissionais especializados nesta área, e, consequentemente, a necessidade das instituições de ensino formarem profissionais com as competências necessárias ao desempenho das funções inerentes a este tipo de atividade.

O que se vislumbra para um futuro muito próximo é a ampliação dessas oportunidades de ocupação de mão de obra especializada, desta feita com a obrigatoriedade, também por força de legislação, do georreferenciamento de imóveis urbanos, agregando valorização ao cadastro multifinalitário. Essas exigências legais criam e ampliam as oportunidades no mercado de trabalho das geotecnologias, além de trazer reais possibilidades para o aperfeiçoamento da informação territorial.

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Muitas outras demandas justificam a formação com competências específicas desses profissionais geotecnólogos, dada a crescente necessidade de se implantar e atualizar sistemas de informações georreferenciadas (SIG) em diversos setores da sociedade, como no próprio contexto da municipalidade, das empresas e órgãos concessionários de serviços públicos, da área de logística etc.

Através dos sistemas de informações geográficas (SIG), é possível a automatização de cruzamentos complexos de dados convencionais e espaciais de tal forma a gerar subsídios necessários à concepção do planejamento e gestão ambiental das cidades, em atividades como:

 Mapeamento temático (geologia, geomorfologia, solos, cobertura vegetal), diagnóstico ambiental, avaliação de impacto ambiental causado por obras e ordenamento territorial.

 Saneamento básico – distribuição de água, rede de esgoto, impactos ambientais de poluentes, disposição de resíduos sólidos.

 Rede de distribuição de energia – planejamentos de sistemas de distribuição e serviços de manutenção.

 Transportes – planejamento e simulação do funcionamento do sistema viário e meios de transporte, públicos e privados.

 Saúde – isolamento de áreas com epidemias e endemias, observação de índices de natalidade e mortalidade infantil.

 Turismo – diagnóstico sobre condições ambientais dos centros turísticos municipais.

 Patrimônio histórico – diagnóstico sobre condições ambientais de áreas tombadas pelo patrimônio histórico.

Registros de demandas contínuas por serviços prestados por alunos em formação e alunos egressos formados no CST em Geoprocessamento do IFPB são relacionados a órgãos públicos e empresas de administrações pública e privada, de âmbitos municipal, estadual, regional e nacional. Essas possibilidades têm ocorrido devido aos benefícios que essa mão de obra especializada oferece no atendimento às necessidades cada vez mais crescentes da utilização das geotecnologias para a obtenção de maior precisão e maior facilidade de operação e consultas a seus dados.

Nesse contexto de campo de oportunidades, no âmbito do território paraibano, citam-se as prefeituras municipais, notadamente a da capital, João Pessoa, secretarias estaduais de governo -Planejamento,Recursos Hídricos,Saúde,

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Segurança Pública; órgãos públicos estaduais - Agência Estadual de Gestão das Águas (AESA), Departamento de Estradas e Rodagem (DER),Companhia de Água e Esgotos (CAGEPA), Tribunal de Contas (TCE); órgãos públicos da administração federal (Instituto Nacional do Semiárido (INSA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Gerência do Patrimônio da União; empresas privadas de prestação de servios públicos, a exemplo da concessionária de energia (ENERGISA) e empresas privadas de prestação de serviços especializados em geoprocessamento, instaladas no estado da Paraíba, como TECGEO, AEROCARTA, SINÓPTICA, e em outros estados, como o Complexo Industrial Portuário de Suape, o mais completo polo para a localização de negócios industriais e portuários da região Nordeste, localizado no estado de Pernambuco.

Importante ressaltar que quantidade significativa de formados neste curso vem demonstrando seu potencial empreendedor, a partir de iniciativas como abertura e gerenciamento de empresas de prestação de serviços técnicos especializados e consultorias em Geoprocessamento, atuando no território paraibano e em outros estados.

Outro dado relevante relacionado ao CST em Geoprocessamento do IFPB, que vem se consolidando ao longo de sua oferta, diz respeito ao fato de muitos de seus egressos optarem pela continuação de sua formação acadêmica, participando de diversos programas de pós-graduação oferecidos por instituições brasileiras, referência em ensino e pesquisa, a exemplo da UFPE, UFC, UFPB, UFCG e INPE.

Alguns desses pós-graduados têm atuado na docência ou em áreas administrativas de instituições públicas e privadas, desenvolvendo atribuições inerentes ao campo das geotecnologias. Como exemplo dessa atuação, cita-se o professor Diego da Silva Valdevino, formado neste curso, pós-graduado no programa de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e, atualmente, docente e coordenador do CST em Geoprocessamento.

Dessa forma, o CST em Geoprocessamento do IFPB tem se apresentado como uma alternativa importante às pessoas que buscam oportunidade de formação tecnológica e qualificação profissional condizentes com as exigências do mercado de trabalho das geotecnologias, cada vez mais seletivo. Amplia-se a importância dessa formação na medida em que dota os egressos de senso de responsabilidade social e ética, para atuarem como agentes de desenvolvimento

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sustentável,transformadores da realidade locorregional, contribuindo para minimizar as desigualdades sociais.

No documento PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO (páginas 16-21)