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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.5 JUSTIFICATIVA E OBJETIVO GERAL

A (IN) instrução normativa n°. 100, de dezembro de 2003 (INSS, 2003b), contém, em seu capítulo 10, os artigos 400 a 410, que tratam exclusivamente dos procedimentos a serem adotados pela área de fiscalização da Previdência Social em relação aos riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho. Substituiu a IN 100/2003, a instrução normativa no. 03da Secretaria de Receita Previdenciária (SRP), de 14 de julho de 2005 (MPS, 2005a), que contém, nos artigos 376 a 387, os procedimentos a serem adotados pelos auditores fiscais em relação aos riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho. Eles devem verificar: a regularidade e a conformidade das demonstrações ambientais, os controles internos da empresa em relação ao gerenciamento dos riscos ocupacionais, o embasamento para a declaração de informações em GFIP e as obrigações em relação ao acidente de trabalho. A empresa deverá demonstrar que gerencia adequadamente o ambiente de trabalho, eliminando ou controlando os agentes nocivos à saúde e cuidando para que a integridade física dos trabalhadores seja mantida. Deverá também produzir e manter atualizadas as demonstrações ambientais a que estiver obrigada, destacando-se: o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), o Programa de Controle Médico de Saúde Operacional (PCMSO), o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), o Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) e Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Nas situações em que constatar a falta desses documentos – ou qualquer incompatibilidade entre eles – ou ainda, que a empresa não esteja gerenciando adequadamente os riscos ambientais existentes no ambiente de trabalho, o auditor fiscal deverá constituir o crédito previdenciário correspondente ao adicional para o financiamento da aposentadoria especial (6, 9 ou 12%), de acordo com o enquadramento do risco constatado, e lavrar os autos de infração em relação ao

descumprimento da obrigação acessória. Nesse caso, cabe à empresa o ônus da prova em contrário.

No Teclim identificam-se duas linhas de pesquisa: tecnologia e gestão. Na medida em que busca identificar atitudes das empresas em relação ao gerenciamento dos riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho, o que está diretamente relacionado com a proteção da integridade física e saúde do trabalhador, este estudo aborda um ponto importante e fundamental dessa conjuntura, vinculando-se a linha de gestão, e envolvendo uma avaliação no meio antrópico.

Por um longo período de tempo, órgãos ambientais e ambientalistas de todo o mundo deram maior atenção à prevenção, remediação, e atenuação da poluição atmosférica e dos mananciais hídricos de superfície (rios, lagos, lagoas). Com o passar do tempo, passou a haver a preocupação com a preservação das águas subterrâneas, e com a contaminação dos solos. Ou seja, inicialmente, a preocupação era com o meio físico. Havia, também, uma preocupação com o meio biótico – flora e fauna, porém, em menor escala (NOBRE, 2005).

Destaca-se, pois, que este estudo relaciona-se à linha de gestão em riscos ocupacionais, e redução do passivo proveniente desses riscos, envolvendo, para isso, necessidade de adoção de medidas por parte das empresas, e do governo, o que está associado com a redução do custo ambiental, social, e econômico para o país. Na tentativa de identificar possível omissão, ou negligência por parte das empresas no tratamento da questão do ambiente ocupacional, tenta-se melhorar esse quadro com sugestões de alteração na legislação pertinente, buscando dar um enfoque sustentável ao desenvolvimento das atividades laborais. A diminuição gradativa e acentuada da quantidade de segurados expostos a agentes nocivos que dão direito à aposentadoria especial, informada pelas empresas, precisa ter as suas causas esclarecidas. É preciso tentar identificar o que vem ocorrendo nas empresas, por grupo de atividades desenvolvidas, pois, as causas podem variar de acordo com o segmento empresarial estudado. Para se ter uma noção de como a análise das diversas situações que se apresentam é importante para o MPS, apresentam-se exemplos de duas outras situações atuais que, detectadas e estudadas, levaram este Ministério a adotar medidas saneadoras:

Situação 1: o auxílio doença seja por doença comum (B31), seja acidentário (B91).

Este é um benefício que o segurado empregado percebe a partir do 16º dia de seu afastamento do trabalho. Cabe a empresa remunerar o trabalhador durante os primeiros quinze dias. Quando se trata de um contribuinte individual, empregado doméstico ou segurado

facultativo, a previdência social arca com os custos desde o primeiro dia de afastamento. Após a constatação de que o valor das despesas com o pagamento desse benefício saltou de 2 bilhões no ano 2000 para quase 9 bilhões em 2004, foi criada uma equipe para identificar as causas desse incremento.

Diversas causas foram encontradas. Duas delas, porém, foram consideradas como sendo as mais importantes e como as responsáveis pela maior parte desse incremento de despesas, quais sejam: o segurado, seja ele empregado, seja contribuinte individual, ou outro tipo de segurado, para ter o benefício concedido precisa se submeter a uma perícia médica inicial. Este é o ponto onde começa a haver o primeiro problema. Em muitos casos, essa perícia médica demorava muito de ocorrer por dificuldades de agendamento devido à quantidade insuficiente de médicos peritos para atendimento e, muitas vezes, o INSS pagava benefício durante um período em que o segurado já se encontrava curado da enfermidade. A outra causa encontrada foi ainda mais grave: o segurado fazia a perícia inicial e necessitava de uma outra perícia para verificar se já reunia condições para retornar ao trabalho. A segunda perícia demorava de ser marcada e o segurado, apesar de ter recuperado a sua capacidade laboral, ficava sem poder retornar ao trabalho e continuava a receber o benefício durante aquele período. Os estudos efetivados estimaram em próximo a 4 bilhões anuais as despesas ocasionadas por esse mau funcionamento (MPS, 2006).

A partir dessas constatações, algumas medidas foram tomadas, tais como: o credenciamento de médicos particulares para realizar perícias médicas, a execução de concurso público para contratação de peritos médicos (já realizado), o estabelecimento obrigatório da data do retorno do segurado à atividade a partir da perícia inicial – de modo que a partir da data estabelecida pelo médico (data certa pré-marcada) o segurado deve retornar ao labor, sendo o seu benefício automaticamente suspenso no sistema. Nesse caso, se as expectativas do médico não se confirmarem e o segurado não tiver condições de retornar na data marcada, ele deverá retornar a Agência da Previdência Social (APS) antes do dia estabelecido para suspensão do benefício e agendar uma nova perícia, que terá de ser marcada com prioridade.

Situação 2: na Previdência Social tudo envolve muito dinheiro e parte do cadastro previdenciário em relação aos beneficiários é considerada frágil por não conter informações que permitam encontrá-los.

Estima-se que haja uma perda financeira considerável com recursos sendo pagos a pessoas que não são os verdadeiros credores como, por exemplo, procuradores, parentes etc. As aposentadorias e a pensão por morte são os benefícios mais susceptíveis a essa situação.

Foi determinada a execução de um recadastramento, que está em andamento, resultando até junho de 2007, numa economia de cerca de 450 milhões anuais em pagamento de benefícios (MPS, 2007).

Este estudo não tem a pretensão de identificar e quantificar com exatidão todas as situações que se apresentam no complexo e heterogêneo universo dos ambientes de trabalho das empresas.O objetivo geral é obter novas informações que permitam vislumbrar um direcionamento no sentido de explicar o que está ocorrendo, ou seja, de encontrar as razões para a diminuição no número de trabalhadores que se enquadram na aposentadoria especial informado pelas empresas a partir de 1999. Secundariamente, pode-se esperar que as conclusões desta pesquisa induzam novos estudos e que, em decorrência dos resultados obtidos, novas ações possam ser encetadas.

Alguns setores mereceram mais atenção, pois somados representam mais de 80% das informações em GFIP enquadradas para aposentadoria especial. Esses setores são: saúde e serviço social, indústria de transformação, indústria extrativa mineral e indústria da construção. Todos esses setores seguem a mesma tendência de diminuição de informações de trabalhadores enquadrados para terem direito à aposentadoria especial, mas as velocidades em que ocorrem as reduções, são diferentes. Devido à sua magnitude e importância, qualquer medida adotada no âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), pelo MPS, causa grande repercussão na vida das pessoas, nas empresas e na economia do país. A identificação do que pode estar acontecendo em cada um desses setores poderá ensejar ao MPS tomar as medidas que julgar convenientes, que poderão ser aplicadas a todos os setores, ou direcionada a cada setor ou a grupo de setores.

Existe uma relação de proporcionalidade entre a existência de ambientes insalubres, e a concessão de aposentadoria especial.

Desta forma, o tema deste estudo está diretamente relacionado com produção mais limpa e meio ambiente, pois a aposentadoria especial resulta da exposição do trabalhador a um ambiente insalubre, conforme demonstrado no quadro 3.

Esse quadro relaciona tecnologias limpas, com a aposentadoria especial, com a visão previdenciária.

Quadro 3

RELAÇÃO MEIO AMBIENTE/APOSENTADORIA ESPECIAL

Fonte: elaboração do autor

Se as condições ambientais de trabalho melhorarem, o trabalhador ficará menos exposto aos agentes insalubres, diminuirá, portanto, o número de notificações das empresas quanto ao respectivo enquadramento e, conseqüentemente, o número de aposentadorias especiais também decairá.

O Ministério da Previdência Social, através da Secretaria de Receita Previdenciária, reconhece que este estudopoderá produzir informações de relevância para se fazer uma análise em relação aos efeitos obtidos com a implantação dos adicionais

SAÚDE MEIO AMBIENTE INTERNO E EXTERNO SAÚDE DO TRABALHADOR MEIO ANTRÓPICO AGENTES FIS. / QUIM. / BIOL.

INSALUBRIDADE

APOSENTADORIA ESPECIAL TECNÓLOGIAS

financiadores de despesas com a aposentadoria especial. Em um documento (ofício no. 1098/MFB/RFB-P), dirigido à Coordenação do Teclim, formalizou o seu interesse na execução deste projeto de pesquisa.

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