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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.6 METODOLOGIA

1.6.1 Estratégia de pesquisa

Para o desenvolvimento desta pesquisa foi necessário ter acesso a dados que permitissem a verificação das possibilidades levantadas. Os dados foram avaliados quali- quantitativamente. A intenção foi que, a partir dos dados coletados e confrontados, se conseguisse inferir o que vem motivando o fenômeno objeto deste estudo e quais seriam as suas prováveis causas. Assim sendo, este trabalho pretendeu contribuir para uma avaliação da situação protecional fornecida pelas empresas em relação à saúde e integridade física dos trabalhadores que laboram expostos a riscos ocupacionais em suas unidades e propor alterações na legislação vigente, induzindo as empresas a investirem na melhoria dos seus ambientes de trabalho com esta finalidade. A análise dos dados refere-se ao período de 1999 a 2004. Eventualmente, algum dado fora desse intervalo foi incluído, mas apenas com a finalidade de contribuir para a análise do que teria ocorrido nesse período.

1.6.2 Principais fontes de pesquisa

As principais fontes da pesquisa foram as seguintes:

1. O Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS) (2005), que contém os dados dos anos de 1992 a 2004 relacionados aos benefícios pagos e a arrecadação.

2. A base dos dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT) da Previdência Social, que contém dados de 1996 a 2004.

3. O sistema “Informar” do MPS, por meio do qual puderam ser tabulados os registros que nos forneceram uma grande quantidade de informações imprescindíveis à pesquisa, tais como: a seleção das empresas a serem analisadas, a relação dos vários benefícios concedidos, e de acidentes de trabalho.

Utilizando-se parâmetros de seleção disponíveis no sistema, que serão mais detalhados no capítulo 4, foi possível selecionar as empresas a serem analisadas. Para uma avaliação específica foram selecionadas empresas cujas atividades são marcadas por

apresentarem um maior número de informações sobre trabalhadores expostos a riscos ocupacionais. Essas empresas, em tese, poderiam representar uma amostragem dos setores ao qual pertencem. Por meio do sistema “Informar”, foi possível conhecer a relação dos benefícios, aposentadorias especiais, concedidos, ano a ano, para cada empresa escolhida. O código utilizado pelo INSS para identificar esse benefício é B46. Este sistema também permitiu que se pudesse ter a relação dos principais benefícios acidentários, quais sejam: auxílio-doença por acidente do trabalho (B91), aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho (B92), pensão por morte por acidente do trabalho (B93) e auxílio-acidente por acidente do trabalho, (B94), ano a ano.

4. O Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Esse cadastro possui dois relatórios que fornecem informações importantes, quais sejam: o Demonstrativo da Composição da Base de Cálculo (DCBC) e o Demonstrativo de Normalizações e Agregações (DNA). Esses relatórios contêm os dados, mês a mês, dos segurados informados em GFIP, por cada empresa, com nome de cada um e com a informação se eles estão ou não expostos a agentes nocivos, com o respectivo enquadramento para 15, 20 ou 25 anos de exposição, com resumo e totalização. O DCBC é um relatório em que as informações aparecem individualizadas. Os campos são preenchidos para cada trabalhador. Entre eles, destaca-se o campo ocorrência da GFIP que informa a exposição, ou não, do trabalhador à agente nocivo que enseje concessão de aposentadoria especial; e o campo movimentação que, entre outros dados, contém informações em relação ao seu afastamento e retorno em caso de acidente de trabalho. O DNA contém dados globalizados alimentados pela GFIP, inclusive o total de trabalhadores informados pela empresa não expostos e expostos a agentes nocivos, segregados em relação ao prazo de enquadramento de 15, 20 ou 25 anos, além do número total de empregados da empresa, informados, mês a mês.

5. O Sistema Cadastro Nacional de Ações Fiscais (CNAF) que permite obter informações relacionadas às ações fiscais executadas e os resultados produzidos por cada ação fiscal. Tomou-se por base a idéia de que algumas das empresas selecionadas para análise individualizada poderiam ter sofrido uma ação fiscal que estivesse dentro do período da realização desta pesquisa e, sendo assim, os relatórios produzidos nessa ação fiscal contivessem informações úteis ao seu objetivo. Subsidiariamente, utilizaram-se os dados do Sistema de Decisão Notificação (SDN). Este sistema contém os resultados das decisões administrativas relacionadas aos créditos previdenciários constituídos e que foram objeto de defesa por parte das empresas. Desse modo, é possível consultar os dados desses julgamentos administrativos, relacionados a fatos geradores vinculados a riscos ocupacionais, e verificar se

os créditos previdenciários estão sendo mantidos ou não. É possível, inclusive, o acesso aos relatórios emitidos pelo julgador.

6. O Sistema de Informação Fiscal (SIF). Este sistema contém informações, ano a ano, das empresas de médio e grande porte, isoladamente e por setor econômico, provenientes da declaração de imposto de renda pessoa jurídica e outras fontes como, por exemplo, faturamento anual, massa salarial, salário médio etc. Este sistema é alimentado ao longo do tempo e dispõe de informações dos anos de 1999 a 2002.

A tabulação e análise desses dados, com a sua evolução ano a ano, junto com as informações provindas das demais fontes de pesquisa acima citadas, permitiram que se tivesse um direcionamento no sentido da obtenção de respostas para o problema levantado por este estudo.

1.6.3 Outras fontes de informação

Tendo em vista o foco de nosso estudo, é obrigatório conhecer as diretrizes contidas na Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. Nessas diretrizes, encontram-se os fundamentos a serem desenvolvidos de modo articulado e cooperativo pelos Ministérios do Trabalho e Emprego, da Previdência Social e da Saúde, com vistas a garantir que o trabalho – um direito humano fundamental e base da organização da sociedade – seja executado em condições, tais que, permitam torná-lo uma contribuição efetiva para a realização pessoal e social dos trabalhadores e para a melhoria da sua qualidade de vida, sem prejuízo para a sua saúde e integridade física e mental. Assim como é necessário entender as linhas gerais de condução da política de segurança e saúde dos trabalhadores, é imprescindível conhecer como a aplicação dessa política acontece.

Como não poderia deixar de acontecer, diversos trabalhos científicos, artigos, livros e publicações também foram utilizados nesta pesquisa. Um trabalho de grande valia, não só por fazer uma avaliação histórica do benefício aqui em foco desde a sua criação, mas também por fornecer diversas informações importantes relacionadas ao mesmo, foi a monografia intitulada O benefício de aposentadoria especial aos segurados do RGPS que trabalham sujeitos agentes nocivos: origem, evolução e perspectivas (JOÃO DONADON, 2003). Outra monografia, Auditoria em riscos ocupacionais (KÁTIA VIANA COELHO de SOUZA, 2004), forneceu elementos teóricos relevantes para esse estudo. A autora aborda conceitos relacionados à proteção da saúde e integridade física do trabalhador durante o

desenvolvimento de sua atividade laboral. Em 2004, essa mesma autora fez também um outro estudo denominado de Novo Modelo de Auditoria, no qual empreende uma análise detalhada das diversas situações encontradas em uma ação fiscal dentro de uma empresa que expõe seus trabalhadores a riscos ocupacionais. As situações abordadas nesse trabalho constituem uma contribuição que não poderia ter sido descartada na análise aqui realizada.

A dissertação intitulada Gestão da informação de saúde dos trabalhadores: a realidade de grandes empresas da região metropolitana de Salvador/Bahia, em processo de elaboração pelo médico do trabalho Paulo Reis – desenvolvida para obtenção do título de Mestre em Ciência da Informação pelo Instituto de Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – contém informações que ajudaram a montar o conjunto dos dados analisados.

Dentre os livros, destacam-se alguns cujos conteúdos relativos à legislação foram básicos para o desenvolvimento deste trabalho. O primeiro é Segurança e Medicina do Trabalho (2006), elaborado por diversos autores e editado pela Atlas. Boa parte da Legislação Básica concernente às Normas Trabalhistas – em especial às Normas Regulamentadoras Urbanas (NR) – do Ministério do Trabalho e Emprego/MTE2, assim como as Normas Regulamentares Rurais podem ser encontradas nessa obra.Dentre essas normas, está a NR 15, Atividade e Operações Insalubres, que em seus quatorze anexos contém as orientações que deverão ser seguidas em relação à avaliação da insalubridade na atividade laboral. Nos livros: Curso Prático de Direito Previdenciário de autoria de Ivan Kertzman (2005) e Curso de Direito Previdenciário: Custeio e Benefício, de Ítalo Eduardo Romano e outros autores (2005), encontra-se toda a legislação previdenciária básica atualizada. Outro livro utilizado foi Comentários a Lei Básica da Previdência Social, de Wladimir Novaes Martinez (2003), que aprofunda os conceitos legais relacionados à Legislação Previdenciária.

Uma outra obra com informações particularmente relevantes para a análise dos dados foi A Previdência Social e a Economia dos Municípios, de Álvaro Sólon de França (2003), onde se encontram informações relacionadas às diversas receitas dos municípios do Brasil e os valores pagos mensalmente em benefícios previdenciários para cada um desses municípios.Em relação ao crédito previdenciário, inclui-se o livro de Sinésio Cyrino da Costa Filho (2005), Processo Administrativo Fiscal Previdenciário. O autor trata da tramitação

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Até 31/12/1998, o nome deste ministério era apenas Ministério do Trabalho, cuja sigla é MT. Em 01/01/1999, através MP 1.799 sua denominação foi alterada para Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.

desse crédito desde a sua constituição e faz uma análise do julgamento de primeira instância e recurso na esfera administrativa.

Especificamente em relação à avaliação aos riscos tóxicos para o ambiente, tanto nas empresas quanto externamente (riscos para as populações), encontram-se em A Ecotoxicologia na Análise do Risco Químico, de Fausto Antonio de Azevedo e outros autores (2005), informações que se mostraram necessárias para o nosso trabalho. Nessa mesma linha, foi valiosa a leitura do livro Introdução à Higiene Ocupacional (2004), elaborado pela Fundacentro.

As análises apresentadas em dois artigos constituíram-se elementos de sustentação para essa análise: o artigo intitulado Análise da Tendência da Receita Previdenciária para 2005, publicado pela Secretaria da Receita Previdenciária /Ministério da Previdência Social (2004), que faz uma análise dos diversos itens componentes da Receita Previdenciária em 2004 e uma previsão de como seria a arrecadação previdenciária no ano de 2005; e o artigo Análise da Seguridade Social em 2004, publicado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social (ANFIP), em abril de 2005, que faz uma análise detalhada das receitas da Seguridade Social em comparação com suas despesas e aponta a existência de um superávit em lugar do comentado déficit da Seguridade Social.

Outras publicações também contribuíram para mostrar as diversas nuances que envolvem as questões trabalhistas e previdenciárias no Brasil. Por exemplo, no dia 25 de setembro de 2005, o jornal A Tarde, em seu caderno Empregos, publicou uma matéria intitulada Mercado troca carteira por nota fiscal. Esse artigo aborda um fato que vem ocorrendo no mercado de trabalho no Brasil. No país existem 3,1 milhões de trabalhadores registrados como pessoas jurídicas, sem direito a férias, FGTS e 13º. Esta situação é característica: pessoas físicas mascaradas como pessoas jurídicas para atender a uma exigência do mercado de trabalho. Essas informações são ilustrativas de uma outra situação que também compõe a vida dos trabalhadores.

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