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CAPÍTULO II – A tradução no projeto intelectual de Clarice Lispector

2.2 Década de 1960: a escritora consagrada e o retorno à tarefa da tradução

2.2.1 A língua em meu poder

Ainda continuo um pouco sem jeito na minha nova função daquilo que não se pode chamar propriamente de crônica. E, além de ser neófita no assunto, também o sou em matéria de escrever para ganhar dinheiro (LISPECTOR, 1999, p. 29).

Enquanto traduzia, durante a década de 1960, peças de teatro e condensava em português obras estrangeiras para a Biblioteca de Seleções, Clarice Lispector publicou os livros A paixão segundo G.H. (1964), A legião estrangeira (1964), O mistério do coelho

pensante (1967), A mulher que matou os peixes (1968) e Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969). Parecia, então, que as dificuldades de publicar seus próprios livros estavam

resolvidas quando observamos a sequência dos anos de lançamento de cada volume. Entretanto, outro problema agora se impunha: o baixo valor que a escritora recebia das editoras pelos direitos autorais. Clarice sentia-se trapaceada quando o assunto era a forma com a qual os editores lidavam com as (re)edições de suas obras. Por essas razões, a intelectual aceita, na segunda metade da década de 1960, o convite de Alberto Dines para colaborar semanalmente em uma coluna do Jornal do Brasil, que seria publicada aos sábados.

As colaborações de Lispector para a imprensa (revista Manchete, Jornal do Brasil e

Correio do Povo46), o seu emprego público como assistente da Secretaria de Administração do Estado do Rio de Janeiro e a pensão que recebia de Maury lhe serviam de base para o seu sustento no fim dos anos 1960 e início da década de 1970 (Cf. MONTERO, 1999, p. 249 – 250). Neste período, também conheceu Olga Borelli (que seria sua amiga até o fim da vida) e Álvaro Pacheco (jornalista, poeta e fundador da editora Artenova). Esses dois nomes seriam importantes na trajetória pessoal e intelectual da escritora, pois Borelli ajudaria a amiga na concatenação dos fragmentos de obras futuras quando Lispector já se encontrava debilitada, a exemplo de A hora da estrela (1977) e Um sopro de vida: pulsações (1978), e Pacheco seria o responsável por (re)editar algumas de suas obras, além de lhe encomendar várias traduções e livros.

Devido ao seu trabalho no Jornal do Brasil, a escritora foi registrada como “colaboradora”, em carteira funcional expedida pela Agência JB, no ano de 1968 (Cf. GOTLIB, 2009, p. 466), apesar das crônicas de Clarice terem sido publicadas a partir de agosto de 1967. Ainda que por motivos financeiros, os sete anos no Jornal do Brasil fizeram com que a intelectual escrevesse um conjunto de crônicas que se tornariam, a nosso ver, as

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No jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, Clarice republicou, a partir de 1969, as crônicas já publicadas no

suas páginas mais autobiográficas, pois, nelas, encontramos temas vários filtrados por sua sensibilidade. Assim, mesmo quando o assunto não era basicamente algo de sua vida, a escritora se dava a conhecer através dos curtos textos de sábado, como ela mesma afirma na crônica “Vietcong”, publicado em 1970:

Um de meus filhos me diz: “Por que é que você às vezes escreve sobre assuntos pessoais?” Respondi-lhe que, em primeiro lugar, nunca toquei, realmente, em meus assuntos pessoais, sou até uma pessoa muito secreta (...). É fatal, numa coluna que aparece todos os sábados, terminar sem querer comentando as repercussões em nós de nossa vida diária e de nossa vida estranha. Já falei com um cronista célebre a este respeito, me queixando eu mesma de estar sendo muito pessoal, quando em 11 livros publicados não entrei como personagem. Ele disse que na crônica não havia escapatória (LISPECTOR, 1999, p. 284).

Temos, então, nas crônicas desta transição de década, uma intelectual que escreve por dinheiro e, mesmo assim, não deixa de ser pessoal. Problema no mínimo duplo para a própria escritora, que chega a afirmar em 1968: “(...) eu não queria mais escrever. Escrevo agora porque estou precisando de dinheiro” (LISPECTOR, 1999, p. 76). O escrever aqui não está apenas circunscrito à sua própria literatura, mas também às entrevistas, às crônicas, às traduções que fez, visando, primeiramente, o seu sustento. Se nessas crônicas era impossível não ser pessoal, Clarice soube como ninguém usufruir das páginas da imprensa para ganhar a vida e escrever sua autobiografia escamoteada, tanto é que a crítica prefere ler a reunião das crônicas do Jornal do Brasil reproduzidas em A descoberta do mundo (1999) como uma espécie de “extenso diário” redigido em sete anos (Cf. GOTLIB, 2009, p. 468).

Porém, parece que parte da crítica especializada não percebeu, ou ao menos não quis perceber que, nesse “extenso diário”, o seu trabalho de tradutora não foi deixado de lado. Quando a tradução não se prefigurou como tema central, Lispector se ocupou das crônicas para se desculpar com o público pela não tradução de epígrafes apostas em seus livros ou traduzir fragmentos e textos inteiros de outros autores. Assim, além de autobiográfica nos mais inusitados assuntos e ampliando seus rendimentos financeiros, em algumas crônicas de

A descoberta do mundo, Lispector traduziu quando não foi paga para isso, confirmando a

nossa hipótese de que seu projeto intelectual sempre esteve de alguma forma ligado a uma noção maior de tradução e não passou incólume frente ao seu ofício de tradutora.

Em 20 de janeiro de 1968, é publicada, no Jornal do Brasil, a crônica “A irrealidade do realismo”, cuja função básica seria a de traduzir um fragmento de um artigo do escritor Struthers Burt. Apesar das crônicas da escritora não se enquadrarem no formato do gênero,

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como bem afirmou em “Máquina escrevendo”47, Lispector subverte ainda mais tal gênero fazendo dele um suporte de tradução. A crônica de janeiro seria nada mais que uma versão em português de dois parágrafos escritos em inglês pelo escritor norte-americano sobre a relação entre arte, realidade e história, com os quais possivelmente teria entrado em contato enquanto residiu nos Estados Unidos. Clarice apresenta esses parágrafos entre aspas, precedidos da seguinte informação: “Traduzo um trecho de um artigo de Struthers Burt sobre a irrealidade do realismo” (LISPECTOR, 1999, p. 70, grifo nosso).

Neste caso, o verbo traduzir grifado nesse trecho não só indica que Lispector se debruçou sobre um texto estrangeiro vertendo-o para o português, como também fez da crônica em questão o lugar da tradução por excelência. Lugar em que as ideias da cronista estão atravessadas pelo outro (o escritor norte-americano) e, simultaneamente, a grande tônica de suas crônicas passa a ser ilustrada de outra maneira, ainda que para se chegar à temática frequente: a reescrita de textos anteriores (trechos de romances, contos e cartas) e o questionamento habitual sobre que matéria tratar. Dessa forma, a tradução torna-se exercício regente para uma possível solução do problema que perpassa as crônicas de Clarice: a necessidade de assunto, já que as escrevia por dinheiro.

Contudo, o problema não para simplesmente por aí. Em um segundo plano, o que se tem é uma escritora para a qual a escrita nunca foi exercício tranquilo, por mais que se trate de textos de encomenda ou sem compromisso literário, como as crônicas. Enquanto experiência particular, a escrita, seja ela em qual âmbito for (criação literária, reescrita, tradução), torna-se duplicata de um incômodo frequente oriundo de um ato performático de sua própria literatura: o trabalho com a língua, na acepção mais ampla. Em outras palavras, a tradução do fragmento de Struthers Burt transformado em crônica parece “salvar” uma escritora que almejou ter a língua em seu poder, já que, segundo afirmação de Clarice:

Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu

poder. E no entanto cada vez que eu vou escrever, é como se fosse a primeira vez.

Cada livro [/texto] meu é uma estreia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever (LISPECTOR, 1999, p. 101, grifo nosso).

Assim como “A irrealidade do realismo”, a crônica “Miguel Angelo”, de 03 de agosto de 1968, também entrelaça o projeto literário de Lispector e a sua faceta tradutória. O texto publicado em agosto nada mais é do que a tradução de um soneto cuja autoria é atribuída a

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“Vamos falar a verdade: isto aqui não é crônica coisa nenhuma. Isto é apenas. Não entra em gênero. Gêneros não me interessam mais” (LISPECTOR, 1999, p. 347).

Miguel Ângelo (ou Michelangelo). Porém, como se nota na crônica, Clarice teria traduzido o soneto italiano a partir da versão inglesa realizada por W. W. Newell. O poema que entrelaça morte, arte e senso do pecado, foi, segundo Lispector, dedicado à Giorgio Vasari, pintor e arquiteto que escrevera a biografia de importantes artistas italianos, entre elas a do pintor do extenso afresco do teto da Capela Sistina. Novamente, na crônica clariceana, a tradução ocupa um local de destaque, reiterando que, quando a criação sucumbe, a estratégia literária de Lispector foi recorrer à tradução de textos alheios.

No ano seguinte, em 1º de março, a cronista volta a se valer da tradução para escrever a crônica “Quem escreveu isto?”. Nela, Clarice relata ter encontrado algumas linhas, em papel antigo, transcritas por ela em inglês. A transcrição teria sido motivada pela beleza contida nessas linhas, prática muito comum da escritora. Porém, como também de costume, Lispector havia se esquecido de anotar o nome do escritor. Então novamente para sanar o impasse sempre contínuo quanto ao assunto a ser tratado nas páginas aos sábados, a cronista anuncia que o parágrafo seguinte apresentado entre aspas é uma tentativa de tradução para o português das belas linhas encontradas, mas que temia não conseguir preservar em sua língua o que realmente havia lhe tocado. Nas palavras de Clarice:

(...) Vou tentar traduzir e não sei se a tradução conservará esse algo que me tocou

tanto: “Então por um momento os dois se apagaram na doce escuridão tão profunda

que eles eram mais escuros que a escuridão, por uns instantes ambos eram mais escuros que as negras árvores, e depois tão escuro que, quando ela tentou erguer os olhos até ele, só pôde ver as ondas selvagens do universo acima dos ombros dele, e então ela disse: 'Sim, acho que eu também te amo.’” (LISPECTOR, 1999, p. 180, grifo nosso).

Ainda que não seja dada ao leitor a possibilidade de identificar o autor do fragmento, muito menos o texto maior do qual foi retirado, a escritora assume, por meio das aspas e do comentário anteposto, que as belas linhas publicadas na crônica apesar de não serem suas, estão atravessadas por um sentimento primeiro de posse. Esse sentimento é angariado por meio da tradução, uma vez que o texto em português, bem como a crônica, é de Clarice Lispector. Esquecer (ou ocultar?) o nome do autor não deixa de ser a ilustração da astúcia de uma intelectual que necessitava escrever ainda que não tivesse assunto, que precisava publicar ainda que não tivesse texto no sentido mais clássico do termo. Se, por um lado, a cronista diz não saber quem escreveu isto; por outro, nas entrelinhas, ela diz: achei aqui beleza, copiei e traduzi isto.

A falta de texto ou assunto, muitas vezes, em Clarice, é sanada, dessa forma, por uma espécie de tradução, como ocorre nas crônicas de 1968 e 1969 aqui mencionadas. Essa falta

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foi até mesmo tratada pela própria cronista, que chegou a escrever o seguinte aos leitores do jornal em 1973, na crônica “Não sei”: “Vocês podem me dizer o que lhes interessa, sobre o que gostariam que eu escrevesse. Não prometo que sempre atenda o pedido: o assunto tem que pegar em mim, encontrar-me em disposição certa” (LISPECTOR, 1999, p. 466, grifo da autora). Se o assunto tinha, então, que “pegar” na escritora, como bem afirma, parece-nos que os fragmentos traduzidos, de certa forma, “pegaram” em Clarice e, por isso, foram vertidos, em um sentido duplo: vertidos de língua e vertidos em crônicas.

Esse hábito de se ter textos de outros “pegados” em si parece uma máxima costumeira no projeto literário de Lispector. A título de exemplo, podemos nos lembrar do conhecido comentário que Autran Dourado fizera por ocasião da leitura de A maçã no escuro. O escritor disse à amiga que teria encontrado no livro dela um trecho de Nietzsche escrito em outras palavras. Clarice declarou que realmente tinha copiado o trecho, mas pediu a Autran que não contasse a ninguém (Cf. FERREIRA, 1999, p. 278 – 279). No caso das crônicas, a cópia do outro em si não é tão escondida quanto no romance, pois a tradução proporciona à intelectual uma posição de maior conforto, visto que pode declarar (por mais que omita algumas informações como o próprio nome do autor) a sua prática de traduzir textos outros e transformá-los em seus. A tradução para ela passa a ser um horizonte possível, tendo em vista sua familiaridade com o ofício desde sempre.

Nesse sentido, em fios de seda Clarice verte nas crônicas citadas escritores estrangeiros, exercendo um papel, no mínimo, bifurcado. Num mesmo texto, temos uma tradutora que sabe o quanto a tradução pode ajudar no desencadear de temas vários e uma escritora que transgride o padrão do gênero, fazendo dele a esfera na qual os textos que lhe tocavam podiam ser traduzidos e apresentados ao público. Isso também ocorre na crônica “Fios de seda”, de maio de 1969, em que Lispector traduz um fragmento de Henry James, alegando contraditoriamente que não queria ser hermética e clara como James, mas se sentia na obrigação de dizer as coisas, por mais que não fossem fáceis. Talvez aí estivesse o grande problema do padrão da crônica para Lispector: escrever o que aparentemente fosse fácil aos olhos do leitor. A cronista passa, assim, à seguinte informação e traduz um fragmento do escritor norte-americano:

Leiam e releiam a citação. Aí está ela, traduzida por mim do inglês:

“Que espécie de experiência é necessária, e onde ela começa e acaba? A experiência nunca é limitada e nunca é completa; é uma imensa sensibilidade, uma enorme teia de aranha, feita dos fios mais delicados de seda suspensos na câmara do consciente, e que apanha no seu tecido cada partícula trazida pelo ar. É a própria atmosfera da mente; e quando a mente é imaginativa – muito mais quando se trata da de um

homem de gênio - ela apanha para si as mais leves sugestões, abriga os próprios pulsos do ar em revelações” (LISPECTOR, 1999, p. 194, grifo da autora).

Apesar de não indicar a obra da qual retira o fragmento, a tradutora informa, do mesmo modo que na crônica “Miguel Ângelo”, o nome do autor do original e apresenta a tradução do trecho entre aspas, separando-o do restante de seu texto que trata da vida como uma aranha tecedora de fios de seda. Ampliando a metáfora, podemos dizer que o exercício da tradução nas quatro crônicas examinadas nesta subseção é urdido em fios de seda, aludindo, sintomaticamente, à própria noção texto. Com “fios de aranha nos dedos” (LISPECTOR, 1999, p. 39), Clarice tece suas crônicas por meio de traduções de escritores ocultados e conhecidos (Burt, Michelangelo e James), toma a língua em seu poder e faz de seus textos semanários o propício local da tradução.

É neste contexto da tradutora-cronista que aparece publicada, também no “Caderno B”, do Jornal do Brasil, em 1969, a tradução que Lispector fez do conto “História de los dos que soñaron”, de Jorge Luis Borges. A princípio, talvez tenha passado despercebido ao leitor desatento que o texto de sábado de 27 de dezembro não era uma crônica, mas sim uma tradução. O pequeno texto ocupou graficamente na página do jornal carioca o espaço que sempre fora destinado às crônicas de Clarice. Mais uma vez, a tradução usurpa o ofício da jornalista, mostrando-se tarefa sempre presente em seu projeto. Dizemos isso, pois não consta nenhuma referência no jornal de que o texto publicado tratava-se de uma tradução, muito menos se encontra presente menção ao original (edição, ano, volume...) e à língua a partir dos quais a versão teria sido realizada (Cf. imagem 07 do anexo).

É curioso salientar que o conto traduzido e publicado no lugar na crônica semanal não está reproduzido em A descoberta do mundo, pois, talvez, a própria crítica, à época da primeira edição do volume de crônicas em 1984, já tivesse percebido que o texto era na verdade uma tradução. Contemporaneamente, a versão do conto argentino foi republicada no volume Borges no Brasil, organizado por Roberto Schwartz, em 2001, na seção “Brasil: primeiras vozes”. No volume de 2001, já aparece a indicação de que a tradução levada a cabo por Lispector deu-se a partir do livro História universal da infâmia, informação essa levantada, possivelmente, pelo próprio Schwartz. Como a pequena tradução se enquadra nos oito critérios de delimitação do corpus apresentados na Tabela 1, será analisada no último capítulo de nosso estudo.

É nesse sentido, portanto, que as crônicas publicadas por Clarice entre a segunda metade dos anos de 1960 e o início da década posterior, no Jornal do Brasil, constituem-se

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material de grande importância para situar a (in)consciência tradutória que sempre esteve, de uma forma ou de outra, presente no projeto da escritora, pois quando não eram tomadas para alguma reflexão acerca do ato tradutório, como ocorre em “Traduzir procurando não trair” (crônica publicada na Revista Jóia, em maio de 1968, e hoje reproduzida em Outros escritos), serviram de suporte para que Clarice continuasse exercendo o seu ofício de tradutora, vertendo textos e fragmentos de outras línguas que ora suplementaram sua criação, ora se tornaram espaços de tradução, por mais que Lispector não tivesse recebendo pontualmente para traduzir.

Se no caso das traduções para o teatro e das condensações para a Biblioteca de Seleções Reader’s Digest, da década de 1960, a escritora traduziu também por necessidade financeira, podemos dizer que até mesmo em algumas crônicas para o jornal a tradução foi o exercício literário que a auxiliou indiretamente em seus rendimentos, além de ter tornado pública a face de uma Clarice cronista, que bem ao seu modo, aliou tradução, criação e crônica, produzindo um texto híbrido. Texto esse até hoje não bem classificável no cenário crítico, constatação que levou Affonso Romano de Sant’Anna afirmar: “Ela teve a ousadia, teve coragem, teve até bom senso, escreveu o que ela queria! não é crônica...” (apud GOTLIB, 2009, p. 468). Sendo crônica ou não, o fato é que Lispector publicou a tradução do conto de Borges no seu espaço das crônicas no Jornal do Brasil, por mais que não tivesse explícito na página impressa que aquele texto tratava-se de uma versão. É como se a narradora semanária dos relatos e comentários heterogêneos traduzisse ao correr da máquina, tomando a língua em seu poder, até mesmo nos textos encomendados em que seu nome próprio deixava-se encontrar.