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Nasci no Brás, durante a Segunda Guerra. Da rua em que morávamos até a Praça da Sé, são vinte minutos de caminhada.

Quando estava com sete anos, acordei com os olhos inchados, e meu pai me levou ao pediatra. Ao voltarmos, o futebol ininterrupto que jogávamos com bola de borracha na porta da fábrica em frente parou e a molecada correu até nós. Queriam saber se era verdade que os médicos davam injeções enormes na bunda das crianças.

Nenhum daqueles filhos de operários, meus irmãos ou eu havia ido ao pe

-diatra; só sobreviviam os fortes, a morte de crianças era aceita com resignação. Em várias regiões do país, a mortalidade infantil ultrapassava uma centena para cada mil nascidos.

Se a assistência médica não chegava efetivamente ao Brás fabril, o primeiro bairro da zona leste, encostado no centro da cidade que mais crescia na América Latina, que cuidados recebiam aqueles da zona rural, que constituíam mais de 70% da população?

Sarampo, caxumba, catapora, difteria e tosse comprida eram doenças da infância, tão inevitáveis quanto a noite e o dia. Qualquer episódio de febre que deixasse a criança apática enlouquecia as mães, apavoradas pelo fantasma oni-presente da poliomielite. O som metálico das próteses que acompanhava os passos de meninas e meninos era ouvido em toda parte.

No pronto-socorro de pediatria, os bebês com diarreia e desidratação eram atendidos em uma sala com trinta berços, ao lado dos quais as mães passavam os dias e as noites em vigília. Morriam quatro ou cinco em cada plantão de 12 horas.

Em 1988, o SUS passou a fazer parte da Constituição Federal. Nós nos tor-namos o único país com mais de 100 milhões de habitantes que ousou oferecer saúde para todos. Apesar de termos nos esquecido de onde sairiam os recursos

para tamanho desafio, dos descasos, das interferências políticas, hoje são raras

as crianças sem acesso a pediatra.

Em contraste com as imagens de unidades de saúde caindo aos pedaços e prontos-socorros com doentes no chão, as equipes do Saúde da Família aten-dem, de casa em casa, a maior parte do país continental. Temos o maior pro-grama gratuito de vacinações e de transplante de órgãos do mundo. A distribui-ção universal de medicamentos contra HIV não só impediu que a epidemia se

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nha 50 milhões de habitantes, enquanto hoje somos 200 milhões, a assistência médica deu um salto quantitativo e de qualidade muito superior ao de outras

áreas sociais, apesar de todas as deficiências gerenciais.

Drauzio Varella. Os visionários do SUS. 14/12/2015. Internet: <https://drauziovarella.com.br> (com adaptações).

QUESTÃO 01

A interpretação do texto está adequada, exceto:

(A) Entre os problemas de saúde outrora enfrentados pela população brasileira, conforme mencionado no texto, o narrador dá ênfase à mortalidade infantil.

(B) Infere-se do texto que, na época da infância do narrador, não havia oferta de serviços básicos de saúde às populações de baixa renda, tal como a do Brás.

(C) O destaque aos impactos positivos do SUS na saúde da população brasileira é um recurso argumentativo que atenua as críticas negativas a esse sistema mencio-nadas no texto.

(D) De acordo com o texto, o SUS inspira diversos países do mundo no que se re-fere às políticas de combate ao HIV.

Letra b.

O item incorreto é a letra “b”, pois não havia a oferta de serviços básicos como nós conhecemos atualmente, mas havia o serviço de saúde.

QUESTÃO 02 Há dígrafo em: (A) Futebol. (B) Médicos. (C) Inchados. (D) Verdade. Letra c.

Lembre-se de que o dígrafo são duas letras que produzem um único som. Neste caso, os dígrafos podem ser vocálicos ou consonantais. Os dígrafos consonantais são: rr, ss, lh, ch, nh. Então, a letra “c” é a alternativa correta.

QUESTÃO 03

Todas as palavras destacadas têm natureza adjetiva, exceto em: (A) “acordei com os olhos inchados [...].”

(B) “o futebol ininterrupto que jogávamos com bola de borracha na porta da fábrica em frente parou”

(C) “[...] a mortalidade infantil ultrapassava uma centena para cada mil nascidos”. (D) “O som metálico das próteses que acompanhava os passos de meninas e me-ninos era ouvido em toda parte”.

Letra c.

Na alternativa “c”, a palavra “mortalidade” exerce a função de substantivo. Nas demais alternativas, encontramos adjetivos.

QUESTÃO 04

Em “Ao voltarmos, o futebol ininterrupto que jogávamos com bola de borracha na porta da fábrica em frente parou” (l. 4 e 5), o termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, por:

(A) À medida que voltamos. (B) Conforme voltamos. (C) Quando voltarmos. (D) Se voltarmos.

Letra c.

Sempre que tivermos a combinação “ao” seguida de um verbo no infinitivo, haverá

uma ideia de tempo. Sendo assim, a letra “c” é a alternativa correta.

QUESTÃO 05

Em “o futebol ininterrupto que jogávamos com bola de borracha na porta da fábrica em frente parou e a molecada correu até nós” (l. 4-6), a forma verbal jogávamos

está flexionada no

(A) futuro do presente do indicativo. (B) futuro do pretérito do indicativo. (C) pretérito imperfeito do indicativo. (D) pretérito perfeito do indicativo.

QUESTÃO 06

Transpondo para a voz passiva a frase “os médicos davam injeções enormes na bunda das crianças” (l. 6 e 7), a forma verbal resultante será:

(A) serão dadas (B) são dadas (C) foram dadas (D) eram dadas

Letra d.

Ao transpor a frase “os médicos davam injeções enormes na bunda das crianças” para a voz passiva analítica, teremos a seguinte construção: injeções enormes eram dadas pelos médicos na bunda das crianças. Observe que, ao transpor para a voz passiva, deve-se acrescentar o verbo “ser” no mesmo tempo e modo do verbo na voz ativa. Dessa forma, a letra “d” é a resposta correta.

QUESTÃO 07

Assinale a alternativa que justifica adequadamente o emprego da vírgula logo após

o termo “anos” em “Quando estava com sete anos, acordei com os olhos incha-dos” (l. 3).

(A) Apresenta um nexo explicativo. (B) Marca a enumeração de termos.

(C) Separa elementos de mesma função sintática.

(D) Indica o deslocamento da oração subordinada adverbial.

Letra d.

Em “Quando estava com sete anos, acordei com os olhos inchados”, a vírgula indica o deslocamento da oração subordinada adverbial temporal; por isso, a vírgula é obrigatória.

QUESTÃO 08

Em “não só impediu que a epidemia se transformasse em catástrofe nacional” (l. 34 e 35), a oração destacada é

(A) subordinada substantiva subjetiva. (B) subordinada substantiva objetiva direta. (C) subordinada adverbial condicional. (D) coordenada sindética conclusiva.

Letra b.

A oração “que a epidemia se transformasse em catástrofe nacional” exerce função sintática de objeto direto da forma verbal “impediu”; logo, trata-se de uma oração subordinada substantiva objetiva direta. Observe-se que se pode substituir toda a oração subordinada pelo pronome demonstrativo isso da seguinte forma: impediu isso (a função sintática de objeto direto exercida pelo pronome demonstrativo é a mesma exercida por toda a oração subordinada). Por essa razão, a resposta correta é a letra “b”.

QUESTÃO 09

Assinale a alternativa que indica corretamente a função sintática do vocábulo des-tacado em “só sobreviviam os fortes” (l. 9).

(A) Objeto direto. (B) Sujeito.

(C) Objeto indireto.

(D) Complemento nominal.

Letra b.

Em “só sobreviviam os fortes”, o termo “os fortes” exerce a função sintática de sujeito da forma verbal “sobreviviam”. Ou seja, a letra “b” está correta. Obs.: tenha cuidado com a inversão da ordem da oração.

QUESTÃO 10

Em “Apesar de termos nos esquecido de onde sairiam os recursos para tamanho

desafio” (l. 27 e 28), o uso de onde se encontra adequado à norma culta, o que

não ocorre em

(A) Aonde você vai? (B) Aonde você está?

(C) Aonde querem chegar com essas atitudes?

Agora, se o verbo exigir o complemento precedido de preposição “a”, usar-se-á “aonde”. Pensando nisso, a letra “b” contém uma frase inadequada quanto ao uso desse termo, pois a forma verbal “está” exige a preposição “em”. Por isso, a construção correta será: “Onde você está?”.

LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS - LEI

ESTADUAL N. 5.406/1969

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