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CAPÍTULO 2 VULNERABILIDADE E RISCO SOCIAL E ADOLESCÊNCIA

2.4 A DOLESCÊNCIA E A VULNERABILIDADE SOCIAL

2.4.3 Lócus da Pesquisa

Esta pesquisa ocorreu na Casa Santa Luiza de Marillac e na Associação de Promoção à Meninas (APAM), duas instituições que oferecem serviço de proteção

social, conforme a Tipificação. As instituições oferecem dois serviços: o primeiro é o serviço de proteção especial de alta complexidade que acolhem meninas que sofreram alguma violação dos seus direitos; o segundo é o serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que é uma proteção social básica, antes nomeado por “contra turno”. Vale mencionar que se trata de um Serviço da Proteção Social Básica do SUAS, regulamentado pela Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (Resolução CNAS nº 109/2009) e foi reordenado em 2013 por meio da Resolução CNAS nº01/2013. Esse Serviço é ofertado de forma complementar ao trabalho social com famílias realizado por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF) e Serviço de Proteção e Atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos (PAEFI).

O SCFV é um programa socioeducativo em meio aberto que se constitui num núcleo de integração, possibilitando o atendimento para crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio, com caráter emancipatório para o enfrentamento das vulnerabilidades sociais. Esse serviço possui um caráter preventivo e proativo, proporciona para crianças e adolescentes e seus familiares o acesso aos direitos sociais, resgatando assim, o desenvolvimento de sua cidadania. Proporciona assistência e promoção social nas dimensões: psicopedagógica, recreativa, religiosa, cuidados com a saúde, higiene, nutrição entre outros. As meninas acolhidas (serviço de alta complexidade) nas duas instituições participam das atividades do serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

A Marillac está localizada na Rua Siqueira Campos, 853 – Uvaranas, em Ponta Grossa/Pr. De acordo com Somer (2014) a inauguração da casa Santa Luiza de Marillac ocorreu no dia 08 de fevereiro de 1996. Tem como principal objetivo acolher adolescentes do sexo feminino na faixa etária de 12 a 18 anos, com capacidade para atender 10 meninas, sendo que hoje estão acolhidas 6 meninas. A finalidade do atendimento para adolescentes que estejam em situação de risco pessoal e social é que seja temporário, as quais são encaminhadas pelo Conselho Tutelar e Vara da Infância e Juventude.

A instituição é filantrópica e de cunho religioso, coordenada pela Pia União das Irmãs da Copiosa Redenção (SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO, 2013, s/p apud SOMER, 2014). Ainda, é relevante destacar que na Marillac é um departamento da Vila Vicentina mantida pela sociedade São Vicente de Paulo. No mesmo endereço ocorre o serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos nomeado Santa Catarina Labouré, inaugurado no dia 13 de abril de 2015. Possui

capacidade de atendimento de 100 crianças e adolescentes de ambos os sexos na faixa etária de 6 a 17 anos. No serviço de convivência as meninas e meninos realizam várias atividades como: oficinas de artes, de dança, artesanato, esportes, teatro/leitura, passeio e informática, atividades de educação física, recreação, entre outros.

Somer (2014) esclarece que a instituição é mantida pela comunidade e recebem verbas da Secretária Municipal de Assistência Social, sendo que a Fundação Municipal PROAMOR de Assistência Social31 realiza a fiscalização e

execução da política municipal de assistência social. Recebe raramente recursos provenientes de projetos enviados ao FIA - Fundo da Infância e Adolescência. Também recebe doações de diversas organizações privadas e públicas do município de Ponta Grossa.

A APAM está situada na Rua República São Salvador, 870, Vila Madureira, em Ponta Grossa/Pr. Segundo Gomes (2016) a associação de Promoção a Menina- APAM foi fundada no dia 21 de abril de 1987. Apresentou como objetivo de amenizar um grave problema social que havia no bairro da Boa vista. A exploração infantil, as agressões e os maus tratos vivenciados pelas meninas. Esses problemas motivaram um Grupo de Senhoras que fundaram a APAM, com o desenvolvimento de um trabalho que apresentava a inclusão escolar e promoção humana e cristã, assim acolhiam as meninas da região. Atualmente quem coordena as atividades da instituição são as irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Fátima.

A APAM caracteriza-se como uma instituição sem fins lucrativos que atende crianças e adolescentes (meninas) de 05 a 17 anos no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo, intitulado de Recanto Mãe da Divina Graça, tendo capacidade para atender 190 meninas (manhã ou tarde).

De acordo com Gomes (2016) durante o período em que permanecem no Serviço de Convivência, as meninas recebem orientações, cuidados com a higiene/saúde e participam das seguintes atividades: auxílio à tarefa e trabalhos escolares, curso de artesanato (bordado, crochê e costura), curso de informática, curso de cabeleireira/manicure, aulas de dança, aulas de música, aulas de

31De acordo com a Fundação Proamor (2016, p.1) A Fundação Municipal Proamor de Assistência Social, vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social, instituída pela Lei Nº 8.416 de 22 de dezembro de 2005, através da fusão das Fundações: Fundação Municipal Proamor de Assistência ao menor, Fundação Municipal de Promoção e Proteção às Pessoas Portadoras de Deficiência e da Fundação Municipal do Idoso, tem por finalidade coordenar, fiscalizar e executar a política municipal de assistência social às pessoas com deficiência, crianças e adolescentes e idosos, conforme as diretrizes estabelecidas pelo Sistema Único de Assistência Social – SUAS

teatro/leitura, atividades de educação física, recreação, entre outros. Salienta-se que algumas atividades ocorrem através dos projetos elaborados em parceria com o Conselho Municipal de Criança e Adolescente (CMDCA) e Conselho Estadual de Criança e Adolescente (CEDCA/FIA).

A APAM, juntamente com o “Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos”, possui o acolhimento institucional, nomeado Nossa Senhora da Visitação, que foi instituído no dia 04 de outubro de 1993. A instituição atende meninas de 4 a 12 anos em situação de risco pessoal e social encaminhadas pela Vara da Infância e Juventude, que se encontra com seus direitos violados. O acolhimento possui capacidade para atender 20 meninas, e atualmente estão na instituição 7 adolescentes. As meninas que completam 12 (doze) anos permanecem no acolhimento até uma decisão judicial.

Quanto à manutenção, Gomes (2016) esclarece que a APAM conta com os serviços voluntários e com doações de diversas organizações públicas e privadas. Possui parceria da Secretaria Municipal de Assistência Social, através da Fundação Municipal PROAMOR de Assistência Social e com recursos do SUAS. Esporadicamente recebe recursos provenientes de projetos enviados ao Fundo da Infância e Adolescência (FIA).

As duas instituições são coordenadas por religiosas. Na Marillac as irmãs usam vestes da copiosa redenção (véu e camisa branca e saia azul), enquanto que na APAM não usam vestes características de religiosas. Observou-se que esse fato (veste) pode ser uma das causas do distanciamento entre religiosas e adolescentes no cotidiano da Marillac. Enquanto que na APAM percebeu-se uma melhor interação na relação entre religiosas e adolescentes.

É importante esclarecer que tanto na Marillac como na APAM as adolescentes acolhidas pelas entidades, na maioria das vezes, são de famílias com poucos recursos financeiros e que possuem baixa escolaridade. Suas moradias são em minha opinião precária e imprópria à saúde, a convivência e dignidade humana. Essa realidade está mudando para algumas famílias que estão passando a residir em novas moradias, através da aquisição das casas da Companhia de Habitação de Ponta Grossa (PROLAR) 32. Conforme Assis et al. (2006, p.20) nas famílias pobres

32 Conforme a PROLAR (2016, p.1) A Companhia de Habitação de Ponta Grossa (Prolar) foi criada em 13 de setembro de 1989, com o intuito de equacionar o déficit habitacional da cidade, trazendo consigo a responsabilidade pela execução da política habitacional do Município. Até pouco tempo, a Prolar funcionava exclusivamente para o atendimento de famílias carentes tidas como baixa renda, proporcionando a essas pessoas moradia digna, seja em loteamentos urbanizados ou nos diversos

“[...] mais problemas podem ocorrer porque uma dificuldade facilita o aparecimento de outra”.

A partir destas considerações sobre os dois acolhimentos e o serviço de convivência que oferecem vale relembrar que essa pesquisa foi realizada com as adolescentes que foram vítima de algum tipo de violência, como: física, sexual, psicológica, abandono e negligência, e por essa violação que estão acolhidas na Marillac ou na APAM.