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“Sempre quis falar Nunca tive chance Tudo que eu queria

Estava fora do meu alcance Sim, já

Já faz um tempo

Mas eu gosto de lembrar Cada um, cada um Cada lugar, um lugar Eu sei como é difícil

Eu sei como é difícil acreditar Mas essa porra um dia vai mudar Se não mudar, pra onde vou Não cansado de tentar de novo Passa a bola, eu jogo o jogo”

A produção intelectual do Brasil no que se refere ao entendimento da “Juventude” vem ganhando o interesse de pesquisadores em todo país. O objetivo deste estudo é levantar a produção brasileira apresentada em teses e dissertações sobre juventude para ancorar teoricamente a discussão que se pretende fazer sobre os apoios e o reconhecimento social do jovem.

A opção metodológica deste recorte temporal na produção do conhecimento foram os anos de 2000 a 2010, considerando dez anos após a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente e avançando mais dez anos de pesquisa, tomando esse período como o universo de análise. Esse período coincide com a efetivação/ construção de normativas legais de políticas públicas para juventude.

Essa análise foi organizada em duas etapas: a primeira de leitura das pesquisas feitas no âmbito da CAPES no período de 2000 a 2010, para identificar a escolha dos caminhos para produção social do conhecimento sobre juventude.

Sendo assim, este estudo realizou a leitura atenta dos resumos de dissertações e teses a partir da combinação de quatro palavras-chave: Juventude e Família; Juventude e Políticas Públicas; Juventude e Trabalho; e Pró-Jovem Adolescente.

A opção pelas palavras-chave se deu por se entender que o objeto de estudo de campo desta pesquisa é a juventude beneficiária de Programas de Transferência de Renda (PTR). Logo, interessa-nos saber por onde anda a produção que se relaciona à juventude, especificamente juventude e sua relação com a família e com as políticas públicas. Optamos também por analisar dissertações e teses por constituírem a principal possibilidade de estudos já consolidados, que retratam e analisam as políticas públicas para juventude e refletem o que a academia está produzindo no país no período pesquisado.

O período de 2000 a 2010 é ainda uma fase em que o Brasil deu um direcionamento político às ações construídas após a Constituição de 1988:ações que se refletem no desenvolvimento econômico que vivemos hoje foram pensadas estrategicamente nesse período e é nele que as Políticas

Públicas para juventude começaram a ganhar forma específica para o ciclo da vida que compreende jovens de 15 a 29 anos, rompendo com a ideia de juventude até os 18 anos.

A produção de teses e dissertações no período escolhido mostra que, de fato, a década escolhida para pesquisa é significativa, pois observa-se que nela ocorre um crescimento na produção intelectual brasileira. Isso se dá pelo interesse das universidades e pesquisadores pela temática, uma vez que nesse período a política pública se firmou no cenário nacional e o Governo Federal passou a implementar programas sociais que são avaliados e estudados com o olhar voltado para a relação juventude e família.

Importante destacar que não se trata de uma tarefa fácil a de construir a análise da conjuntura política a partir dos dados coletados superando a preocupação com os acontecimentos do dia-a-dia político, de modo a conjugar a investigação com a interpretação do movimento mais amplo de corte estrutural. O desafio que se coloca é no sentido de inserir os fatos habituais em uma linha explicativa alargada, que ultrapasse o cotidiano da política e suas disputas menores. A análise desse período, dessa maneira, não é um exercício de menor relevância, mesmo que não exija um aparato metodológico tão complexo quanto exigiriam os padrões positivistas. Se isso é sua fraqueza, diriam os empiristas, por outro lado acaba sendo uma vantagem para aqueles que se aventuram nessa seara, justamente por permitir a realização de voos analíticos mais amplos, sem as amarras colocadas pelos rigores da ciência empirista.

O principal desafio para essa análise de conjuntura consiste na tarefa de pensar e analisar o fato ao mesmo tempo em que ocorre, de tentar conciliar a reflexão com o que “pari passu” se dá no “mundo real”. A análise das pesquisas traz em seu bojo alguns problemas complexos, como, por exemplo, o da articulação entre o papel do ator — seja ele individual ou coletivo — e a estrutura: o velho problema da capacidade ou incapacidade de o sujeito intervir nos fatos, a despeito das forças estruturais que regem a sociedade. Um desafio foi dar conta de inserir os desafios e os acontecimentos daquele momento específico em uma perspectiva de “longa duração”, na linguagem do historiador

Fernand Braudel (1976) (apud BOURDIEU, 1998), atentando ao movimento mais geral que rege a sociedade, percebendo aquilo que permanece e aquilo que se transforma.

A ousadia é de ser capaz de permitir a explicação para a intervenção política, na medida em que, ao organizar analiticamente o caminho dos estudos realizados, se logre aumentar as potencialidades de êxito da ação daqueles que desejam alterar determinada ordem ou conservar o status quo. Ela permite mapear o terreno no qual as forças sociais travam as disputas políticas, bem como os nós que atravancam o andamento da mudança. Assim, abre possibilidades para a atuação dos sujeitos da transformação naqueles movimentos que Gramsci denominou de “grande política”, que compreende as questões ligadas à fundação de novos Estados, à luta pela destruição, defesa ou conservação de determinadas estruturas orgânicas econômico-sociais, em contraposição à “pequena política”, relacionada às questões parciais e cotidianas que se apresentam no interior de uma estrutura já estabelecida, em decorrência de lutas pela predominância entre as diversas frações de uma mesma classe política (GRAMSCI, 2000, p. 21-22).

Os dados apresentados sintetizam o esforço em mostrar como a produção intelectual aponta para caminhos do conhecimento que nem sempre andam na mesma esteira. Os olhares para a fase da vida identificada como juventude vêm desafiando pesquisadores de todo o país preocupados em dar respostas às diversas manifestações da questão social, principalmente aquelas que diretamente envolvem a juventude.

A leitura de 1986 resumos selecionou 259 produtos pela aderência que o resumo revelou como forma de estudo. Desses 259, teve-se acesso ao total de 66, aos quais se procedeu a leitura na íntegra.

No que se refere às buscas, foi observado que a palavra-chave “Juventude” concentra o maior número de trabalhos encontrados, seguido de “Juventude e Família” e depois por “Juventude e Políticas Públicas”, conforme gráficos abaixo.

QUADRO 1 - Síntese da pesquisa no Banco de Dados CAPES.

ANO PALAVRA CHAVE TRAB. MESTRADO DOUTORADO TOTAL