• Nenhum resultado encontrado

O laser possui o princípio da bioestimulação e primariamente foi usado na dermatologia, para o reparo de feridas cutâneas. Após foi sugerido que a bioestimulação poderia acelerar a cicatrização de feridas produzidas dentro da boca, sendo, em casos de aftas, herpes labial, queilite angular, trismo, parestesias, hipersensibilidade dentária e pós-operatórios (CAMELO,2007). A radiação do laser apresenta propriedades terapêuticas atuando desde os receptores periféricos até o estímulo no sistema nervoso central, tendo ação analgésica, principalmente sobre a dor crônica de diversas etiopatogenias (CATÃO, 2004).

O laser provoca efeito nos tecidos através de energia luminosa e que transforma em energia vital, provocando efeitos primários ou diretos e efeitos secundários ou indiretos e terapêuticos gerais, os quais promovem ações de natureza analgésica, anti-inflamatória e cicatrizante (GENOVESE, 2000).

Explicando o nível celular, a laserterapia provoca modificações tanto bioquímicas, bioelétricas e bioenergéticas, a qual atua no aumento do metabolismo, na proliferação e maturação celular, na quantidade de tecido de granulação e na diminuição dos mediadores inflamatórios, induzindo o processo de cicatrização (BOURGUIGNON, 2005).

O laser de baixa intensidade tem ação principalmente nas organelas celulares, em especial nas mitocôndrias, lisossomos e membrana celular, promove aumento de ATP (adenosina trifosfato) e modifica o transporte iônico. Há fotorreceptores celulares, sensíveis a determinados comprimentos de onda que, ao absorverem fótons, desencadeiam reações químicas. Desta forma, o laser de baixa intensidade acelera o transporte de elétrons e aumenta a síntese de ATP, pela glicólise e fosforilação oxidativa, e o gradiente de prótons, que acarreta em aumento do transporte de Na+/H+ e de Ca+²/Na+. O ATP controla também o nível de AMPc (adenosina monofosfato cíclico) que favorece processos regenerativos por estimular eventos de transcrição em células o que desencadeia aumento de mitose celular (KARU, 1999; HAMBLIN & DEMIDOVA, 2006; HUANG et al., 2011).

O laser exerce ações anti-inflamatórias e antiedematosas que desencadeiam devido a aceleração da microcirculação, o que tem como efeito alterações na pressão hidrostática capilar, com reabsorção do edema e eliminação do acúmulo de metabólitos intermediários ( CAMELO,2007).

Pesquisas demonstram que a laserterapia eleva os níveis de ácido ascórbico nos fibroblastos, levando ao aumento da formação da hidroxiprolina e, consequentemente, a produção de colágeno, visto que o ácido ascórbico constitui um cofator necessário à hidroxilação da prolina durante a síntese colagênica ( COLNLAN,1996).

A terapia a laser de baixa intensidade, favorece o aumento da resistência e vitalidade celular devido mudanças de caráter metabólico, levando os tecidos a um rápido retorno à sua normalidade. Em nível vascular, o laser de baixa potência estimula a proliferação das células endoteliais, resultando na formação de numerosos vasos sanguíneos, na produção aumentada do tecido de granulação, estimulando o relaxamento da musculatura vascular lisa e contribuindo, assim, para os efeitos analgésicos da terapia a laser (WALSH, 1997).

Quanto a radiação do laser no tecido ósseo, ocorre uma aceleração da neoformação óssea dentro dos padrões de normalidade e no que se refere aos tecidos epiteliais e conjuntivo oferece renovação celular constante (SILVA,2007).

TAKHTFOOLADI et al. (2012) através de estudos com laser de baixa intensidade afirma que a radiação do laser em lesão de nervos periféricos em análise histomorfológica há maior quantidade de células de Schwann e com presença de núcleo ativo, característico de célula em proliferação. Além disso, destaca ter uma maior quantidade de vasos sanguíneos e menor degeneração Walleriana. Há diversos autores que concordam com a eficácia do tratamento com a laserterapia, porém há uma outra corrente que contrapõe dizendo que os resultados são negativos, não acelerando processo de regeneração nervosa.

Muitas investigações têm procurado determinar os efeitos biológicos do laser de baixa intensidade sobre os tecidos, como analgésicos, anti-inflamatórios e cicatrizantes, especialmente, durante o processo de reparo, no entanto apresenta-se carência em resultados satisfatórios. O mecanismo de ação para bioestimulação promovida pelo referido laser ainda não está bem elucidada. (HASHMI et al., 2010).

REFERÊNCIAS

ARIAS, M. V. B.; BRACARENSE, A. P. F. L.; STOPIGLIA, Â. J. Avulsão do plexo braquial em cães – 2: biópsia fascicular e histologia dos nervos radial, mediano, ulnar e musculocutâneo. Ciência Rural, Santa Maria, v.27, n.1, p.81-85, 1997. BRAUND, K. G.; WALTER, T. L.; VANDEVELDE, M. Fascicular nerve biopsy in the dog. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v.40, n.7, p. 1025-1030, 1979.

BUENO, D. S.; SIMIONATO, L. H.; HENRIQUE, C.; BORTOLUCI, F. Efeito da associação da laserterapia com a natação no reparo morfológico do nervo isquiático e na recuperação funcional de ratos submetidos à axonotmese. Fisioterapia e Pesquisa, p. 12–20, 2016.

CAMELO FP. Avaliação clinica do efeito da irradiação pós-operatório do laser de baixa intensidade na cicatrização de gengivoplastias em humanos [Dissertação]. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2007.

CAMPBELL, W. W. Evaluation and management of peripheral nerve injury. Clinical Neurophysiology, Amsterdam, v. 119, p. 1951–1965, 2008.

CATAO MHCV. Os benefícios do laser de baixa intensidade na clinica odontológica na estomatologia.Rev Bras Patol Oral. 2004; 3:214-8.

COLVILLE, T. P.; BASSERT, J. M. Anatomia e fisiologia clínica para medicina veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

DE MEDINACELI, L.; DERENZO, E.; WYATT, R.J. An index of the functional condiction of rat sciatic nerve based on measurements made from walking tracks. Experimental Neurology, San Diego, v. 77, n. 3, p. 634-643, 1982.

DORETTO, Dario. Fisiopatologia Clínica do Sistema Nervoso Fundamentos da Semiologia. 2.ed. São Paulo. Editora: Atheneu, 2005. 466p.

ENDO C, BARBIERI CH, MAZZER N, FASAN VS. Low-power laser therapy accelerates peripheral nerves regeneration. Acta Ortopédica Bras. 2008; 16(5): 305–10.

FÉLIX, S.P.; PEREIRA LOPES, F.P.; MARQUES, S.A.; MARTINEZ, A.M.B. Comparison between suture and fibrin glue on repair by direct coaptation or tubulization of injured mouse sciatic nerve. Microsurgery, 2013.

FIELDS, R.D., LE BEAU J.M., LONG F.M., ELLISMAN, M.H. Nerve regeneration through artificial tubular implants. Prog. Neurobiol., v. 33, p. 87-134, 1989.

FOX, I.K.; BRENNER, M.J.; JOHNSON, P.J.; HUNTER, D.A.; MACKINNON, S.E. Axonal regeneration and motor neuron survival after microsurgical nerve reconstruction. Microsurgery, v. 32, p. 552–62, 2012.

FREITAS, A,M. Seleção de características para a identificação de diferentes proporções de tipos de fibras musculares por meio de eletromiografia de suporte.2005.

GAM AN, THORSEN H, LONNBERG F. The effect of low level laser therapy on musculoskeletal pain: a meta-analysis. Pain. 1993; 52:63-6.

GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de Histologia em Cores. 3. ed. Editora

Elsevier: Rio de Janeiro, 2007. 576p.

GASPARINI, A. L. P.; BARBIERI, C. H.; MAZZER, N. Correlação entre diferentes métodos de avaliação funcional da marcha de ratos com lesão por esmagamento do nervo isquiático. Acta Ortopédica Brasileira, São Paulo, v. 15, n. 5, p. 285-289, 2007.

GENESER, F. Histologia. Editorial Medica Panamericana S.A.C.F.: Buenos Aires, 2003. 616p

Genovese JW. Laser de baixa intensidade: aplicações terapêuticas em odontologia. Sao Paulo: Lovise Ltda; 2000. 175p.

GORIO A, CARMIGNOTO G, FINESSO M, POLATO P, NUNZI MG. Muscle reinnervation – II. Sprouting, synapse formation and repression. Neuroscience

GRANT GA, GOODKIN R, KLIOT M. Evaluation and surgical management of peripheral nerve problems. Neurosurgery 1999; 44(4):825-39.

GRANT GA, GOODKIN R, KLIOT M. Evaluation and surgical management of peripheral nerve problems. Neurosurgery 1999; 44(4):825-39.

IDE, C. Peripheral nerve regeneration. Neuroscience Research, v. 25, p. 101-21, 1996.

KANDEL ER, SCHWARTZ JH, JESSELL TM. A formação e regeneração das sinapses. In: Princípios da Neurociência. 4a ed. São Paulo: Manole; 2003 pp. 1087-14.

KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T. M. Principles of Neural Science. 4.ed. Appleton & Lange: New York, 2000. 1414p.

Karu T.I. Molecular mechanism of low-power lasertherapy. Lasers Life Sci. 1998;2:53-74.

KIERSZENBAUM, A. L; TRES, L. L. Histologia e Biologia Celular: uma Introdução à Patologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 704p.

LEE SK, WOLFE SW. Peripheral nerve injury and repair. Am Acad Ortho Surg

2000;8(4):243-52.

LUNDY-EKMAN, L. Neurociências: Fundamentos para Reabilitação. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2008. 536p.

MAFI, P.; HINDOCHA, S.; DHITAL, M.; SALEH, M. Advances of peripheral nerve repair techniques to improve hand function: A systematic review of literature. Open Orthop J., v. 6, p. 60–68, 2012.

MALUF AP, UGHINI GC, MALUF RP, PAGNONCELLI RM. Utilização de laser terapêutico em exodontia de terceiros molares inferiores. RGO. 2006; 54:182-4. MCDONALD, D.S.; BELL, M.G.S. Peripheral nerve gap repair facilitated by a dynamic tension device. Can J Plast Surg., v.18, p. 17–19, 2010.

MEEK MF, VAREJÃO DVM, GEUNA S. Use of skeletal muscle tissue in peripheral nerve repair: review of the literature. Tis Engin 2004;10(7):1027-36.

MERLETTI,R;PARKER,P.A . Electromyography: Phystology, engineering, and non in vasive applications, 2004.

MILLESI H. Techniques for nerve grafting. Hand Clin 2000;16(1):73-91.

MONTE-RASO, V. V.; BARBIERI, C. H.; MAZZER, N.; YAMASITA, A. C.; BARBIERI, G. Is the Sciatic Functional Index always reliable and reproducible? Journal of Neuroscience Methods, Amsterdam, v. 170, n. 2, p. 255-261, 2008.

MÜLLER HW, STOLL G. Nerve injury, axonal degeneration and neural regeneration: basic insights. Brain Pathol 1999;9:313-25.

PATOPIA, S.R of transcription factors in peripheral nerve regeneration. Fron mol.Neurosci., v 5.a 8, p 1-15, 2012

Robinson LR. Traumatic injury to peripheral nerves. Muscle Nerve 2000;23:863-73. SOFRONIEW MV, HOWE CL, MOBLEY WC. Nerve Growth Factor Signaling, Neuroprotection, and Neural repair. Annu Rev Neurosci 2001;24:1271-81.

SUMMERS, B. A.; CUMMINGS, J. F.; LAHUNTA, A. Veterinary Neuropathology. Saint Louis: Mosby-Year Book, 1995. 527p.

TERENGHI G. Peripheral nerve regeneration and neurotrophic factors. J Anat Neurosci 1999;194:1-14.

TONG, XJ; HIRAI, K; SHIMADA, H; MIZUTANI, Y; IZUMI, T; TODA, N; YU, P. Sciatic nerve regeneration navigated by laminin-fibronectin double coated biodegradable collagen grafts in rats. Brain Res., v. 663(1), p.155-62, 1994.

WEBBER, C. ZOCHODNE, D. The nerve regenerative microenvironment: Early behavior and partnership of axons and Schwann cells. Exp Neurol., v. 223, p. 51– 59, 2010.

YANNAS, I.V.; HILL, B.J. Selection of biomaterials for peripheral nerve regeneration using data from the nerve chamber model. Biomaterials, v. 25(9), p.1593-1600, 2004.

3 OBJETIVOS

Documentos relacionados