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A constituição do Estado do Rio de Janeiro de 1989, logo em seu art. 67, define como bens do Estado, além de outros recursos, os recursos hídricos, ressalvando, naturalmente, os que estiverem sob obras da União.

Nos itens VI e XI do artigo73, a Constituição fluminense, salienta a competência do Estado, em comum, no registro e acompanhamento da fiscalização, na exploração dos recursos hídricos estaduais. Já nos itens VI e VIII do artigo 74, a competência do estado é ampliada, ainda concorrentemente com a União, para legislar sobre a conservação da natureza, do solo, dos recursos naturais, proteção ao meio ambiente, controle da poluição e sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente.

Prossegue a Constituição Estadual, em seu artigo 256, a incubir o Poder Público Estadual na preservação da água, assegurando, inclusive, seu uso múltiplo. Já o artigo 261, em seu caput, primeiro parágrafo e itens VII, XVII, XIX, XX, XXI e XXIII, praticamente instituem uma boa parte do que se poderia chamar da Lei de Recursos Hídricos do Estado, tamanho o índice dos detalhes a que chegam esses itens, em relação à gestão dos recursos hídricos estaduais. Esse artigo, resumidamente, trata de aspectos tais como:

• Do direito do povo à qualidade de vida.

• De promover o gerenciamento integrado dos recursos hídricos.

• Da unidade de planejamento que são as baias e sub-bacias hidrográficas.

• Da unidade na administração da quantidade e da qualidade das águas.

• Da compatibilização entre os usos múltiplos efetivos e potenciais.

• Da participação dos usuários no gerenciamento e obrigatoriedade de contribuição para recuperação e manutenção da qualidade, em função do tipo e da intensidade do uso.

• Da proibição do despejo, nas águas, de resíduos capazes de torná-las impróprias para o consumo, ou para sobrevivência das espécies.

• Do estabelecimento de uma política tributária, visando a efetivação do principio poluidor-pagador.

• Vedar a concessão de financiamentos governamentais e incentivos fiscais às atividades que degradem o meio ambiente.

• Da promoção da conscientização da população e da adequação do ensino, de forma a incorporar os princípios e objetos de proteção ambiental.

• Impor que a captação em cursos de água para fins industriais seja feita à jusante do ponto de lançamento dos efluentes líquidos da própria indústria, na forma da lei.

A Constituição ainda prossegue em seu artigo 262, impondo taxações à utilização com fins econômicos, dos recursos naturais. O artigo 77 delibera

que: o lançamento de esgotos sanitários terá que ser precedido por tratamento primário completo; não é permitida a coleta conjunta de águas pluviais e esgotos, as atividades poluidoras deverão dispor de bacias de concentração.

Finalmente, os artigos 278, 279 e 333 estabelecem, respectivamente, que:

• Não podem ser criados aterros sanitários à margem de rios, lagos, lagoas, manguezais e mananciais;

• O Estado controlará a utilização de insumos químicos na agrivultura e na criação de animais para alimentação humana;

• As políticas científica e tecnológica tomarão como princípios, o respeito à vida, a saúde humana, a cultura do povo, alem de desenvolver um aproveitamento racional e não predatório dos recursos naturais.

O Estado do Rio de Janeiro só promulgou sua lei especifica, voltada à política e gerenciamento dos recursos hídricos, em 04 de agosto de 1999.

Essa lei, de numero 3.239, de 02 de agosto de 1999, instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de recursos Hídricos, regulamentando a Constituição Estadual, em seu artigo 261, parágrafo 1°, inciso VII.

Da mesma forma como as legislações de outros estados, a Lei fluminense, logo em seu artigo 1° considera a água, em toda unidade do ciclo hidrológico, ou seja, aérea, superficial e subterrânea, definindo-a como um recurso essencial à vida, de disponibilidade limitada, e dotada de valor econômico, social e ecológico.

A lei fluminense reserva 14% de seus artigos para assuntos exclusivamente ligados ao aproveitamento e proteção da água subterrânea.

A referida Lei, em seu artigo 3°, item VI, determina que a política Estadual de recursos hídricos promova a despoluição dos corpos hídricos e aqüíferos. No artigo 4°, que dispões sobre as diretrizes da política estadual de recursos hídricos, são firmadas as seguintes imposições:

• A proteção das áreas de recarga dos aqüíferos, contra a poluição e super-exploração.

• A consideração de toda a extensão do aqüífero, no caso de estudos para utilização de águas subterrâneas.

• A consideração, como continuidade de unidade territorial de gestão, do respectivo sistema esturino e a zona costeira próxima, bem como, a faixa de areia entre os lagos e o mar.

Na parte em que descreve os Planos de bacia hidrográfica, determina como elementos constitutivos desses planos, entre outros, os seguintes (art. 13):

• Os diagnósticos dos recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos e aqüíferos.

• O cadastro de usuários, inclusive de poços tubulares.

Em relação à autorização para utilização da água a lei dispõe que (art. 18 e 22);

• As águas de domínio do Estado, superficiais ou subterrâneas, somente poderão ser objeto de uso após outorga pelo poder público.

• Estão sujeitos à outorga para extração de água de aqüífero.

Ressalta-se, mais uma vez, a preocupação da Lei com a utilização racional da água subterrânea, quando em seu Capitulo V, a palavra “aqüífero” chega a fazer parte do titulo.

“Da Proteção dos Corpos de Água e dos Aqüíferos”

Art. 35 – os projetos de disposição de resíduos sólidos e efluentes, de qualquer natureza, no solo, deverão conter a descrição detalhada das características hidrogeológicas e da vulnerabilidade do aqüífero da aera, bem como as medidas de proteção a serem implementadas pelo responsável pelo empreendimento.

Art. 36 – A exploração de aqüíferos deverá observar o principio da vazão sustentável, assegurando, sempre, que o total extraído pelos poços e demais captações nunca exceda a recarga, de modo a evitar o deplecionamento.

Parágrafo Único – Na extração de água subterrânea, nos aqüíferos costeiros, a vazão sustentável deverá ser aquela capaz de evitar a salinização pela intrusão salina.

Art. 37 – as águas subterrâneas ou de fontes, em função de suas características físico-químicas, quando se enquadrarem na classificação de mineral, estabelecida pelo Código das Águas Minerais terão seu aproveitamento econômico regido pela legislação federal pertinente e a relativa à saúde publica, e pelas disposições desta Lei, no que couberem.

Art. 38 – quando por interesse da conservação, proteção ou manutenção do equilíbrio natural das águas subterrâneas ou dos serviços públicos de abastecimento, ou por motivos ecológicos, for necessário controlar

a captação e o uso, em fincão da quantidade e qualidade, das mesmas, poderão ser delimitadas as respectivas áreas de proteção.

Parágrafo Único – as áreas referentes no “caput” deste artigo serão definidas por iniciativa do órgão competente do Poder Executivo, com base em estudos hidrogeológicos e ambientais pertinentes, ouvidas as autoridades municipais e demais organismos interessados e nas entidades ambientalistas de notória atuação.

Art. 39 – para fins desta Lei, as áreas de proteção dos aqüíferos classificam-se em:

• Área de proteção máxima (APM), compreendendo, no topo ou em parte, zonas de recarga de aqüíferos altamente vulneráveis à poluição e que se constituam em depósitos de águas essenciais para o abastecimento público.

• Área de restrição e controle (ARC), caracterizada pela necessidade de disciplina das extrações, controle máximo das fontes poluidoras já implantadas e restrição a novas atividades potencialmente poluidoras e.

• Área de proteção de poços e outras captações (APPOC), incluindo a distância mínima entre poços e outras captações e o respectivo perímetro de proteção.

Pode-se concluir que a Lei estadual 3.239, de 1999 estabelece, assim como a Lei 9.433, de 1997 critérios básicos para o aproveitamento e proteção dos recursos hídricos, determinando que a água (em todo o ciclo hidrológico) é um bem limitado, de valor econômico, deve ter usos múltiplos e prioritariamente, ser utilizada para o abastecimento público; o gerenciamento far-se-á por unidade de bacias hidrográficas (art. 1°)

Como diretrizes principais, a lei em questão estabelece a descentralização da ação do estado, por régios e bacias hidrográficas (art. 4°). Para a execução da política estadual de recursos hídricos; o programa estadual de conservação e revitalização de recursos hídricos; os planos de bacia hidrográfica, o enquadramento dos corpos d’água em classe; a outorga do direito de uso; a cobrança aos usuários e o sistema estadual de informações sobre os recursos hídricos.

Cabe ressaltar que, em matéria de política de utilização dos recursos hídricos subterrâneos, a lei fluminense estabelece critérios bem definidos para o seu aproveitamento e proteção.

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