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Em 1981, foi instituída a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), através da Lei n° 6.938, que tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente; visando assegurar condições de desenvolvimento socioeconômico ambiental. Entre os instrumentos que podem contribuir para a preservação ambiental encontram-se os tributos. Então, deste contexto surge o Direito Tributário Ambiental, que de acordo com (TORRES, 2005) pode ser definido como o ramo do Direito Tributário que tem por objeto o estudo das normas jurídicas tributárias; elaboradas em concurso com o exercício de competências ambientais; para determinar a utilização de um tributo na função instrumental de garantia, promoção ou preservação de bens ambientais. Deste modo, pode-se afirmar que, com fundamento nas políticas ambientalistas do PNMA, nos princípios legais emanados do Direito Ambiental e da Constituição Federal (BRASIL, 1988), é possível considerar o IPTU como um instrumento incentivador do desenvolvimento sustentável urbano, desde quando seja operacionalizado na forma adequada, contribuindo para a sustentabilidade ambiental de modo socialmente mais justo, e sem apresentar déficit financeiro.

O Direito Municipal é um importante instrumento para instrução de políticas públicas destinadas à adoção de programas de melhoria do meio ambiente. A progressividade e a diferenciação de alíquotas, as isenções e as reduções das bases de cálculo são mecanismos que atendem aos princípios da igualdade, da proporcionalidade e da isonomia; e estão disponíveis para a esfera municipal. A Constituição Federal de 1988 conferiu as prerrogativas e os limites da autonomia municipal, para a efetivação da extrafiscalidade dos tributos, com a finalidade de promoção da melhoria do meio ambiente urbano (FELDMAN, 2011).

Os Artigos 170 e 225 da Constituição Federal tratam do desenvolvimento sustentável, de modo a permitir um equilíbrio entre a proteção do meio ambiente e a livre concorrência, norteadores do desenvolvimento econômico. No inciso VI do Artigo 170, está prevista a defesa

do meio ambiente mediante inclusive, tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (BRASIL, 1988).

Em seu artigo 225, a Constituição Federal de 1988 determina que concerne ao Poder Público e à coletividade, a defesa e a preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado para usufruto das presentes e futuras gerações, uma vez que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo e essencial á sadia qualidade de vida. No § 1º incumbe o Poder Público de assegurar a efetividade desse direito, e através de sete incisos, estabelece as diretrizes para a sua efetivação. No § 3º determina que pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, estarão sujeitas a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (BRASIL, 1988).

O Estatuto da Cidade regulamentou o disposto nos Artigos 182 e 183 da Constituição Federal no que se refere à política de desenvolvimento urbano, não só conferindo aos municípios autonomia para a definição da função social da propriedade urbana, como também, salientando a utilização de outros instrumentos legais motivadores do cumprimento dessa função social, dentre os quais os de natureza tributária. A extrafiscalidade do IPTU, oriunda do princípio jurídico do poluidor-pagador, é indutora de comportamento dos agentes econômicos e se constitui em um dispositivo legal eficiente no que se refere ao controle ambiental das cidades; pela sua aplicação em propriedades imobiliárias não edificadas (terrenos) que não cumprem a sua função social. Portanto, pode-se concluir que o IPTU além de ser um instrumento eficiente de estímulo à sustentabilidade ambiental, pode também inibir a sua degradação. (FELDMAN, 2011).

Os princípios ambientais funcionam como linhas diretivas que atuam como importante instrumento na materialização de uma política pública eficaz direcionada para a preservação do meio ambiente. Sendo assim, o Direito Ambiental dispõe de princípios específicos, os quais se impõem através das normas e sanções a eles relacionadas, tais como:

a) O Princípio do Desenvolvimento Sustentável. Seu objetivo consiste em compatibilizar a atuação da economia com a preservação do equilíbrio ecológico. Destaca-se entre os princípios ambientais por se constituir na meta buscada por todos os outros. Deste modo, o princípio do desenvolvimento sustentável é apoiado pelos princípios da prevenção, precaução e equilíbrio. Na legislação ambiental brasileira, ele integra a lei 6.938/81 (Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA) através dos Artigos 2º e 4º. No Artigo 2º, a PNMA estabelece

como objetivos precípuos: a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. Pretendendo com isto, assegurar ao País condições propícias ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. No Artigo 4º, inciso 1º, a PNMA visa a compatibilização entre o desenvolvimento socioeconômico e a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.

b) O Princípio da Prevenção. Foi estabelecido no caput do Artigo 225 da Constituição Federal, e na Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), precisamente no artigo 2° da Lei N° 6.938/1981, sendo considerado como um dos mais importantes, em razão de se constituir como a melhor forma de inibir risco ou danos ao meio ambiente. Este princípio é baseado nos impactos ambientais já conhecidos. De acordo com Farias (2006), este princípio determina que os danos ambientais devem ser primordialmente evitados, já que são de difícil ou de impossível reparação.

c) O Princípio da Precaução. É similar ao anterior, embora se refira aos danos ambientais que poderão acontecer ao meio ambiente e, portanto, possuindo caráter preventivo. Esse princípio se fundamenta no artigo 4, incisos I e IV da Lei 6.938/1981 (PNMA), o qual expressa a necessidade de haver um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais, de forma racional, inserindo também a avaliação do impacto ambiental. Vale salientar que o referido princípio foi incorporado no ordenamento jurídico nacional, através do artigo 225, § 1º, inciso V, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), e também, no Artigo 54, § 3º da lei 9.605/1998 da Lei de Crimes Ambientais (BRASIL, 1998).

d) O Princípio do Equilíbrio. Este princípio é voltado para a Administração Pública, pois considera que ao implementar uma política que possa interferir no meio ambiente, o poder público deve pensar em todas as implicações que podem ser desencadeadas por essa intervenção, devendo adotar a solução mais compatível com o desenvolvimento sustentável. Então, conhecido também como princípio da equivalência, ou ainda, o princípio do custo/benefício, se caracteriza como aquele pelo qual devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado globalmente positivo.

e) O Princípio do Limite. É também voltado para a Administração Pública, visa fixar parâmetros mínimos a serem observados em casos como emissões de partículas, ruídos, sons, destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e líquidos, dentre outros, visando sempre promover o desenvolvimento sustentável (FARIAS, 2006).

f) O Princípio da Gestão Democrática do Meio Ambiente. Garante ao cidadão o direito à informação e à participação na elaboração das políticas públicas ambientais, de forma que a ele deva ser assegurado os mecanismos judiciais, legislativos e administrativos que efetivam o referido princípio (FARIAS, 2006). g) O Princípio do Poluidor-Pagador. Este princípio está previsto na Lei n° 6 938/1981 referente à Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Determina que, a princípio, o poluidor deve arcar com o custo proveniente da poluição. Ele foi adotado como o princípio 16 da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO/92), e pode ser utilizado em dois sentidos: o impositivo e o seletivo. Com relação ao primeiro, que possui caráter repressivo, o Estado deve cobrar tributos do poluidor em função de sua atividade; fazendo com que ele arque diretamente com os custos relacionados à sua atividade poluidora, visando a recuperação e a preservação dos bens ambientais. No segundo, que possui caráter preventivo, o Estado atua indiretamente através da tributação; utilizando-se da gradação dos tributos para incentivar os processos produtivos e de consumo ecologicamente corretos, e por outro lado, desestimular as atividades iminentemente poluidoras. Feldman (2011) considera que são dois os requisitos de um tributo ambiental: sua função extrafiscal e a concretização do princípio do poluidor-pagador.

h) O Princípio da Responsabilidade. Determina que os responsáveis pela degradação do meio ambiente sejam obrigados a arcar com a responsabilidade e com os custos da reparação ou da compensação pelo dano causado (FARIAS, 2006).

i) O Princípio do Usuário-Pagador. Este princípio também está previsto na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Estabelece que o usuário de recursos ambientais para finalidade econômica deve contribuir pela utilização desses recursos (RAMOS, 2011).