• Nenhum resultado encontrado

2 – OS JARDINS ZOOLÓGICOS E A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

2.3. LEGISLAÇÃO SOBRE ESPÉCIES AMEAÇADAS

O Brasil é signatário, desde 1975, da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagem em Perigo de Extinção (CITES), criada em 1973. Os países signatários se comprometeram a fiscalizar e controlar o comércio de fauna e flora dentro de suas fronteira e entre as nações (NILSON 1983; LINS et al., 1997). Na prática isto significa que todo o trânsito de animais silvestres, mesmo entre instituições como jardins zoológicos, carece de uma autorização formal expedida pelo órgão de controle nacional de acordo com normas rígidas. No Brasil este órgão é o IBAMA, e este foi um passo importante para a restrição do tráfico ilegal de espécies silvestres em todo o mundo. Os critérios para a inclusão de espécies em cada um dos três anexos da CITES são apresentados na Quadro 2.2 (NILSON 1983; CITES, 1995a; CITES, 1995b; LINS et al., 1997). Quadro 2.2 – Critérios de inclusão de espécies nos Anexos I, II e III da CITES.

• Anexo I: Inclui todas as espécies ameaçadas de extinção que são ou possam ser afetadas pelo comércio. Seu comércio só é autorizado em circunstâncias excepcionais.

• Anexo II: Inclui todas as espécies que, embora não se encontrem necessariamente em perigo de extinção, poderão chegar a esta situação, a menos que o comércio de espécimes de tais espécies esteja sujeito à regulamentação rigorosa a fim de evitar exploração incompatível com sua sobrevivência.

• Anexo III: Inclui aquelas espécies que requerem algum tipo de regulamentação para impedir ou restringir sua exploração, e que necessitam da cooperação de outras partes para o controle do comércio.

Além disso, o governo brasileiro reconhece os critérios de classificação de espécies ameaçadas de extinção. Em 1948 foi fundada a União Mundial para a Natureza (IUCN) reunindo organizações governamentais e não governamentais. A IUCN atua em mais de 133 países, com mais de 850 membros institucionais e mais de 8.500 pessoas em suas comissões e publica os Livros Vermelhos (Red Data Books) que listam espécies em diferentes status (NILSON, 1983; IUCN, 1994; LINS et al., 1997). As listas de espécies que sofrem algum tipo de ameaça são organizadas pela Comissão de Sobrevivência de Espécies (Species Survival Commission – SSC) que avalia o status de conservação e as ameaças às espécies em nível global e elaboram as Listas Vermelhas de Animais e Plantas Ameaçadas de Extinção (IUCN, 1994; LINS et al., 1997).

Em 1984 a IUCN adotou novos critérios para classificação de espécies ameaçadas de extinção e em 1996 mais de 5.200 espécies foram listadas segundo esses critérios. Até o final do ano 2000 as categorias da IUCN para determinação do status das espécies terão passado por uma nova revisão e

poderão ter sido modificados alguns dos itens hoje válidos (IUCN, 1994; IUCN, 1999). As categorias e critérios em vigor são relacionados no Quadro 2.3 (IUCN, 1994a; LINS et al., 1997).

Quadro 2.3 – Categorias e critérios para a inclusão de taxa em lista de espécies ameaçadas de extinção

• Extinto (EX): Um táxon é considerado Extinto quando não há duvidas de que o último indivíduo morreu.

• Extinto na Natureza (EW): Um táxon é considerado Extinto na Natureza quando ele é encontrado apenas em cativeiro, criação ou como população naturalizada fora de sua área original de ocorrência.

• Criticamente em Perigo (CR): Um táxon é considerado Criticamente em Perigo quando corre um risco extremamente alto de extinção na natureza em futuro imediato.

• Em Perigo (EM): o táxon não está criticamente Em Perigo, mas corre um risco muito grande de extinção na natureza em futuro próximo segundo critérios de declínio da população, distribuição, tamanho e análise quantitativa indicando possibilidade de extinção. • Vulnerável (VU): táxon que não se enquadra nas categorias Criticamente em Perigo ou Em

Perigo nas corre um alto risco de extinção na natureza a médio prazo segundo critérios de

declínio da população, distribuição, tamanho e análise quantitativa indicando possibilidade de extinção.

• Baixo Risco (LR): categoria para táxon que não satisfaz os critérios de Criticamente em Perigo, Em Perigo ou Vulnerável.

• Dados Insuficientes (DD): Um táxon é assim classificado quando não há informações adequadas para se fazer, direta ou indiretamente, a avaliação de risco de extinção baseada em sua distribuição e/ou status da população.

• Não Avaliada (NE): Um táxon que ainda não foi confrontado com estes critérios.

Paralelamente a esta legislação internacional, cada país pode gerar suas próprias leis de proteção à fauna e flora ameaçadas. Assim, a Portaria nº 1.522, do IBAMA, de 19 de dezembro de 1989 – reconheceu a Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção com 216 espécies (BRASIL, 1989d). Com a descoberta de uma nova espécie de mico-leão no início dos anos noventa foi editada a Portaria nº 45-N, do IBAMA, de 27 de abril de 1992, que incluiu Leontopithecus caissara na Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (BRASIL, 1992). Ainda, as Portaria nº 062, de 17 de junho de 1997, e nº 28, de 12 de março de 1998, ambas do IBAMA, incluíram novas espécies na Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção Portaria IBAMA (BRASIL, 1997; BRASIL, 1998b).

Atualmente, alguns estados brasileiros já publicaram listas locais de espécies ameaçadas de extinção, como é o caso do Paraná em 1995, Minas Gerais em 1997, São Paulo e Rio de Janeiro, ambos em 1998. BERGALLO et al. (1999) destacam que num país das dimensões do Brasil as listas regionais são mais consistentes do que as de âmbito nacional permitindo que sejam minimizadas as conseqüências do nosso conhecimento científico sobre fauna não ser homogêneo, havendo regiões muito estudadas e outras das quais se tem muito pouca informação. Cada uma dessas listas foi resultado de trabalho coletivo de especialistas em grupos taxonômicos diversos. Sua elaboração segue uma seqüência que começa com um levantamento preliminar para elaboração de um rascunho, passa pela submissão deste rascunho para análise de um número maior de pesquisadores o que leva a uma reunião de trabalho com todos os envolvidos para se chegar a um documento final. Como última etapa, as conclusões do encontro de especialistas são enviadas ao poder executivo de cada estado para publicação em Diário Oficial na forma de lista.