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Legislações Relacionadas ao Direito Virtual no Brasil

No Brasil, existem algumas leis acerca do Direito Digital, que serão elencadas a seguir.

Cada uma delas trata sobre pontos específicos, mas todas são importantes para construção e efetivação do Direito Virtual.

Também conhecida como Lei Carolina Dieckmann, a Lei n.º 12.737/2012, que “dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos” (BRASIL, 2012),

acrescentou alguns artigos no atual Código Penal.

Antes de 2012 não havia legislação que punia os crimes virtuais.

Registra-se que antes mesmo de entrar em vigor, a lei já havia recebido o nome de Lei Carolina Dieckmann, em razão da repercussão do caso em que a atriz teve seu computador invadido e seus arquivos pessoais extraídos, ocorrendo a publicação de fotos íntimas que se espalharam através das redes sociais.

Sobre o assunto,

Diante do exposto, percebe-se que antes do advento da Lei 12.737/2012, não havia um dispositivo específico para enquadrar quem cometia crime de invasão de dispositivos informáticos. Com o advento da Lei Carolina Dieckmann, quem comete esse tipo de invasão, agora será indiciado, baseado nesta lei. Antes do caso da atriz, muitas vítimas já eram registradas pelo Brasil. (NEIL SILVEIRA; MIRIAN LIMA DE SOUSA; ANTONIA MORGANA DE ALCÂNTARA; JORGE MELO, 2017).

Tem-se que é de extrema importância que a lei proteja os dados

armazenados em meios digitais, pois, atualmente, muitas pessoas usam o meio digital, inclusive, como ferramenta de trabalho.

A Lei Carolina Dieckmann veio para punir os delitos informáticos,

resguardando e protegendo os dados digitais, prevendo pena de detenção de três meses a um ano, e multa, para quem praticar os crimes elencados no novo artigo 154-A do Código Penal. (BRASIL, 2012).

3.3.2 Lei n.º 12.965/2014

A Lei n.º 12.965/2014 é conhecida como o Marco Civil da Internet, haja vista que inovou diversos aspectos da regulamentação das atividades das empresas

relacionadas ao ambiente digital, estabelecendo “princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil” (BRASIL, 2014).

O projeto surgiu em 2009 e foi aprovado na Câmara dos Deputados em 25 de março de 2012 e no Senado Federal em 23 de abril de 2014, sendo sancionado logo depois.

Nesse sentido,

O Marco Civil da Internet, introduzido pela Lei nº 12.965/2014, tem natureza peculiar pela sua idealização, criação e discussão, contando com ampla participação dos cidadãos em fóruns de discussão, na Internet e em audiências públicas, promovidas pelo Congresso Nacional Brasileiro. (DA COSTA; PENDIUK, 2018).

A Lei n.º 12.965/2014 trouxe fundamentos do uso da internet, previstos no artigo 2º, quais sejam: respeito à liberdade de expressão, reconhecimento da escala mundial da rede, direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exercício da cidadania em meio digitais, pluralidade e diversidade, abertura e a colaboração, livre iniciativa, livre concorrência e defesa do consumidor e a finalidade social da rede. (BRASIL, 2014).

A partir da entrada em vigor do Marco Civil da Internet, além de estarem cientes sobre o tratamento conferido pelas companhias aos seus dados pessoais, se tornou obrigatório o consentimento expresso dos consumidores. (BRASIL, 2014).

O direito à liberdade de expressão continua garantido, e por meio da lei os indivíduos podem ser responsabilizados por suas ações nas redes.

3.3.3 Lei n.º 13.709/2018

Também conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a Lei n.º 13.709/2018 entrou em vigor em agosto de 2020.

O dado pessoal, de acordo com o artigo 5º, inciso I, da LGPD, é a “informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável”. (BRASIL, 2018). Desta forma, a lei não protege apenas pessoas físicas, e não pessoas jurídicas.

A Lei n.º 13.709/2018 tem a função de determinar como as empresas deverão fazer o tratamento de dados dos brasileiros, ou seja, estabelecer parâmetros de como estes dados devem ser coletados, armazenados, processados e destruídos. (BRASIL, 2018).

Desta forma, todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que mantém armazenados dados de alguém, de alguma forma estão fazendo o tratamento destes dados.

Sobre o tema,

A lei protege situações que concernem exclusivamente a operações de tratamento de dados, isto é, aquelas “que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração” (art. 5º, X). Percebe-se pelo rol descritivo do que se entende por tratamento de dados, que inúmeras atividades que envolvem dados pessoais sofrerão a limitação e escrutínio da lei. (MULHOLLAND, 2018).

A LGPD permite que o usuário possa solicitar alteração de dados, revogação e exclusão de dados, de modo que as empresas têm que fornecer essas alternativas aos usuários. (BRASIL, 2018).

Porém, assim como não há legislação brasileira acerca da herança digital, a Lei Geral de Proteção de Dados também não menciona como se dá o tratamento de dados após a morte do usuário.

4 HERANÇA DIGITAL: UMA NOVA REALIDADE NO DIREITO SUCESSÓRIO

Recentemente o tema herança digital passou a ser discutido no ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista o rápido desenvolvimento da internet e das mídias sociais.

E, muito embora o Brasil não tenha legislação específica sobre o tema, existem alguns projetos de lei sobre o assunto, bem como alguns casos concretos, conforme será abordado no presente capítulo.

4.1 Considerações Iniciais

Herança digital está relacionada ao conjunto de contas, materiais, conteúdos e acessos em meios digitais deixados por seu titular.

Da doutrina, extrai-se:

Assim, a herança digital é aquele conteúdo e arquivo (documentos, livros, áudios, imagens, vídeos e demais) que tenha origem no meio digital, deixado pelo de cujus após sua morte, integralizando sua herança em um todo. Mesmo se o falecido deixar mais de um herdeiro, a totalidade da herança será sempre uma só, dividida entre seus sucessores. (CONSTANTINO, 2020).

A herança digital pode ser composta de materiais que apresentam valor subjetivo, sem valor econômico, como opiniões, interações e produções criativas sem valor financeiro, bem como pode conter bens com valor econômico, como serviços vitaliciamente pagos, plataformas com algum valor agregado ou, ainda, contas com valor financeiro potencial.

Segundo o entendimento de Marcos Aurélio Mendes Lima:

Em síntese, o patrimônio digital pode ser considerado o conjunto de direitos e deveres de um indivíduo, passíveis de valoração econômica e gravados em suporte digital, ou seja, expressos em códigos de linguagem binária enquanto arquivos ou informações disponíveis em meio ambiente virtual. Assim, pela interpretação extensiva do conceito jurídico de patrimônio, na falta de manifestação do de cujus quanto ao destino no seu acerco digital, somente os bens digitais aos quais se possa atribuir valor monetário serão transmitidos por meio de herança, a exemplo de sites famosos e arquivos digitais não gravados com licença de uso. (LIMA, 2016.

Por não conter legislação própria, o tema encontra diversos questionamentos, considerando o contraponto que deve ser feito entre o direito de personalidade do autor da herança e a transmissão imediata dos bens aos herdeiros quando da sucessão causa mortis.

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