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Consoante o exposto, é notório que há necessidade de que as empresas provedoras de armazenamento de dados pessoais, pesquisas, bem com as redes sociais, possuam mecanismos que atendam às necessidades dos indivíduos quando se trata de herança digital.

O Google foi uma das primeiras grandes empresas da internet a colocar o controle de dados após a morte diretamente nas mãos do usuário. A divulgação do novo recurso partiu de Andreas Tuerk, que assim diz no blog de políticas da empresa:

Não muitos de nós gostam de pensar sobre a morte – especialmente a nossa. Mas fazer planos para o que acontece depois que você vai embora é realmente importante para as pessoas que você deixa para trás. Então, hoje, estamos lançando um novo recurso que facilita informar ao Google o que você quer fazer com seus ativos digitais quando você morre ou não pode mais usar sua conta.

O recurso é chamado de Gerenciador de contas inativas – não um ótimo nome, nós sabemos – e você o encontrará na sua página de configurações da Conta do Google.

Você pode nos dizer o que fazer com suas mensagens do Gmail e dados de vários outros serviços do Google se a sua conta ficar inativa por algum motivo. (GOOGLE, 2013).

Desta forma, conforme estabelece a política do recurso de Gerenciador de Contas Inativas do Google, é possível decidir, antes da inativação da conta, como se dará o processamento de mensagens do Gmail, o e-mail do Google, e dados de outros serviços da plataforma.

Após essa ação do Google, o grupo Facebook também tomou algumas atitudes sobre o assunto, permitindo o acesso de um indivíduo designado pelo

falecido para gerir o perfil caso algo aconteça com ele. A ele são designadas algumas possibilidades de uso, com algumas limitações da seguinte forma:

Caso sua conta seja transformada em memorial, o contato herdeiro terá a opção de:

Escrever uma publicação fixada em seu perfil (por exemplo, para compartilhar uma mensagem final em seu nome ou fornecer informações sobre um serviço de memorial).

Visualizar publicações, mesmo que você tenha configurado a privacidade como Somente eu.

Decidir quem poderá ver e publicar homenagens, caso a conta transformada em memorial tenha uma área para homenagens.

Excluir publicações de homenagens.

Alterar quem poderá ver as publicações em que você estiver marcado. Remover marcações suas que outra pessoa publicou.

Responder as novas solicitações de amizade (por exemplo, amigos de longa data ou membros da família que ainda não estavam no Facebook). Atualizar a foto do perfil e a foto de capa.

Se a análise da linha do tempo estiver ativada, seu contato herdeiro poderá desativas a exigência de analisar as publicações e marcações para que elas sejam exibidas na seção de homenagens.

Solicitar a remoção de conta.

Você poderá também permitir que seu contato herdeiro baixe uma cópia de tudo aquilo que você compartilhou no Facebook. Podemos conceder recursos adicionais para o contato herdeiro no futuro.

Não será permitido que o contato herdeiro: Entre em sua conta.

Leia mensagens.

Remova amigos ou faça novas solicitações de amizade. (FACEBOOK, 2019).

O tratamento dado pelo Facebook em relação ao falecimento do usuário, como visto acima, é a transformação da conta em memorial, permitindo que o contato herdeiro, que deve ser escolhido pelo usuário em vida, gerencie a referida conta em formato de memorial, tendo alguns limites em relação ao gerenciamento da conta do usuário falecido.

O Twitter, por sua vez, também dispõe de ferramentas acerca da herança digital. Na referida plataforma, há uma autorização para que os familiares baixem todos os tweets públicos e solicitem a exclusão do perfil. Segundo o que consta na Central de Ajuda do Twitter, “Familiares próximos e pessoas autorizadas a agir em nome do estado podem usar nosso formulário de privacidade para solicitar a desativação da conta de uma pessoa falecida.”. (TWITTER, 2019).

O Instagram também possui, em seus termos de uso, tratativas acerca do tratamento de contas de pessoas falecidas. A ferramenta disponível em muito se assemelha com o Facebook, pois é disponibilizado às partes interessadas a possibilidade de transformar a conta da pessoa falecida em memorial.

Dispõe os Termos de Uso do Instagram acerca de contas transformadas em memorial:

As contas transformadas em memorial são um lugar para lembrar a vida de uma pessoa falecida. As contas transformadas em memorial no Instagram têm as seguintes características principais:

Ninguém pode entrar em uma conta transformada em memorial.

A expressão “Em memória de” será exibida ao lado do nome da pessoa no perfil.

As publicações que a pessoa falecida compartilhou, incluindo fotos e vídeos, permanecerão no Instagram e ficarão visíveis para o público com o qual foram compartilhadas.

As contas transformadas em memorial não aparecem em alguns locais no Instagram, como no Explorar.

Depois que a conta é transformada em memorial, ninguém pode alterar as publicações ou as informações existentes nela. Isso significa que estes itens não podem ser alterados:

Fotos ou vídeos que a pessoa adicionou ao próprio perfil.

Comentários nas publicações compartilhadas pela pessoa no próprio perfil. Configurações de privacidade do perfil.

Foto do perfil atual, seguidores ou pessoas que o perfil segue. (INSTAGRAM, 2020).

Observa-se que o tratamento do Instagram em caso de falecimento, em muito se assemelha com o Facebook, visto que a conta do usuário falecido será transformada em memorial, impondo alguns limites quanto ao gerenciamento da referida conta.

Destarte, observa-se que as medidas tomadas pelas empresas acima mencionadas parecem possuir um cuidado com a personalidade post mortem, diferentemente do que trazem os projetos de lei supracitados, que preveem, em sua maioria, a transmissão automática do patrimônio virtual aos herdeiros do autor da herança.

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