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5.2 NORMATIZAÇÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE NATAL E

5.2.4 Lei do Conselho Municipal

Gestão Educacional

Lei PAR de Natal – Dimensão Gestão

Educacional – Área 1: Gestão democrática 1 – Art. 7º Compete ao Conselho Municipal de Educação:

Lei do Conselho Municipal de Educação – Lei n. 5.175/2000

1 – Existência, acompanhamento e avaliação do PME desenvolvido com base no PNE.

IV – Aprovar o Plano Municipal de Educação e suas alterações.

Quadro 9 – Lei do Conselho Municipal de Educação

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados disponíveis em: <www.natal.rn.gov.br>.

A Lei do Conselho Municipal de Educação (Lei n. 5.175/2000) se refere no Art. 7º ao PME com relação a sua competência e responsabilidade na aprovação do respectivo plano e suas possíveis alterações.

Muitas foram as dificuldades de implementação do Plano Nacional de Educação 2001-2010, entre elas destacamos que alguns Municípios e Estados não formularam seus planos correspondentes ao plano nacional ou, ainda, nos territórios que foram elaborados não houve a avaliação desses planos, como aconteceu no Município de Natal. O não alinhamento ou a avaliação dos planos para correção de distorções ou dificuldades inibem a União de atingir suas metas.

A avaliação do PNE pelo INEP, no ano de 2009, aponta alguns avanços na educação básica e superior, como o atendimento das crianças na faixa etária de 4 a 6 anos, que foi de 77% no ano de 2007, apesar desse índice não ter atingido de maneira uniforme todas as regiões e todos os Municípios, além de seu atendimento ser em tempo parcial e não integral. Quanto ao ensino fundamental, os indicadores de acesso mostram uma evolução nos últimos anos, estando o grande desafio relacionado à melhoria das condições de permanência. No ano de 2006, o atendimento da faixa etária de 7 a 14 anos foi de 97,3%.

O INEP aponta, ainda, que o governo federal, no ano de 2004, coordenou discussões sobre a formação profissional técnica de nível médio, o que resultou no Decreto 5.154/04, de forma a promover oferta de educação técnica integrada ao ensino médio, revendo o direcionamento estabelecido no Decreto que fazia essa separação. Quanto à educação superior, segundo o INEP, ocorreu um crescimento acelerado na década de 2000, principalmente em instituições de ensino superior privadas, que respondem por mais de dois terços da matrícula em cursos de graduação e quase 90% do número de IES.

No entanto, Dourado (2011) esclarece que o PNE (2001-2010) foi secundarizado nos processos de gestão e de proposição no governo Lula, que, nesse

momento, não considerou o respectivo plano como o epicentro do processo, corroborando a manutenção do binômio centralização/descentralização, fortemente marcado pelo protagonismo do executivo federal (DOURADO, 2011).

Um fato a ser considerado é que os indicadores encontrados no PAR do Município, já referendados, exceto o assessoramento para a PP das escolas, não necessitavam na época de assistência técnica do MEC, ou melhor, seriam executados pelo Município sem a necessidade de assistência técnica e/ou financeira. Observa-se que há uma dificuldade técnico-administrativa e operacional na execução das ações dos indicadores que são de responsabilidade do Município. Essas dificuldades podem estar relacionadas à definição das ações prioritárias pela equipe local, pois, mesmo já sendo estas normatizadas por lei em outros documentos, essa equipe considerou importante repeti-las como forma de impulsionar sua operacionalização, haja vista que a secretaria de educação não teve condições de operacionalizá-las antes da elaboração do PAR, conforme relata a coordenadora da elaboração do PAR do Município de Natal.

O PAR seria mais, o PME se faz e fica lá, o PAR trazia mais o cotidiano, uma coisa mais para perto. O MEC tinha a compreensão de como estava o Município, por exemplo, quando financiasse uma ação saberia o que estava financiando. É muito interessante o PAR. Era realmente uma necessidade. Foi tudo muito rápido, mas o documento ficou bom. (COORDENADORA DE ELABORAÇÃO DO PAR).

Outro fato que chama atenção é que, ao analisarmos o PAR atual (2011-2014) do Município de Natal, verificamos que a ação de instituição da comissão de acompanhamento e avaliação do PME ainda está presente, o que nos leva a inferir que, no momento de sistematização do PAR, no ano de 2011, essa ação não tinha sido executada pelo Município de Natal. Identificamos essa situação em outros indicadores da dimensão da gestão educacional do PAR do Município de Natal, como, por exemplo, a existência de PP nas escolas, revisão no plano de carreira para o magistério, plano de carreira dos profissionais de serviço e apoio escolar. Como já sinalizado, apenas o indicador de PP nas escolas necessitava da assistência técnica do Ministério da Educação. No entanto, a coordenadora de acompanhamento da execução do PAR sinaliza que as ações que já existiam no PAR 2007 se repetem no PAR posterior, de 2011, porque algumas metas do PME não tinham sido cumpridas.

Muitas das ações que se repetem no PAR posterior se repetem porque não foram realizadas. Eu posso dizer que nem 30% das ações foram realizadas. Não houve vontade política e, de certa forma, as pessoas responsáveis pelas ações ficaram desmotivadas porque não havia vontade para ser executado o PAR, vontade política. (COORDENADORA DE ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO DO PAR).

Dessa maneira, constata-se que, com a mudança dos gestores do executivo municipal no ano de 2009, houve modificação no quadro dos integrantes da equipe da Secretaria Municipal de Educação, conforme relata a coordenadora de elaboração do PAR, ao ser indagada se o PAR serviu como planejamento municipal: “Eu não fiquei para a execução, foi outro grupo”.

A mudança na equipe da SME no Município de Natal dificultou a implementação do PAR. Para a coordenadora de acompanhamento de execução do PAR, o instrumento foi considerado pela nova gestão um planejamento da gestão anterior e, portanto, não serviria para a nova gestão educacional. Dessa maneira, as ações conjuntas, nesse caso, foram negligenciadas pelos interesses locais em detrimento dos interesses gerais, conforme relata a entrevistada:

Na gestão posterior veio um técnico do MEC para monitorar as ações, mas eu nem sequer fui chamada como coordenadora, se eu fosse chamada eu dizia a verdade, que não houve vontade política. (COORDENADORA DE ACOMPANHAMENTO DE EXECUÇÃO DO PAR).

Ainda acerca da continuidade das ações, ressalta:

Quando foi para executar as ações, as pessoas que ficaram responsáveis sentiram muitas dificuldades de trabalhar com as ações, fazer com que elas acontecessem no Município porque a gestão municipal posterior não encarou o PAR como planejamento. Quando chegou o novo coordenador do setor de planejamento da secretaria, eu conversei com ele, expliquei que o PAR era um planejamento que organiza a rede municipal e, caso seguido, poderia ajudar a gestão, mas não houve vontade política. (COORDENADORA DE ACOMPANHAMENTO DE EXECUÇÃO DO PAR).

Abrucio (2010) esclarece que a rotatividade administrativa dificulta a continuidade das políticas e incentiva uma competição entre os níveis de governo que impacta no campo educacional. Por esse motivo, o autor considera que a

coordenação federativa deve ser realizada mediante o processo de negociação constante entre Estados e Municípios, tanto para elaboração das políticas como para sua implementação.

Nesse contexto, na gestão municipal de Natal, no período de 2009 a 2011, o PAR não foi entendido como um planejamento do Estado brasileiro que perpassava governos, e sim como um planejamento de governo local e, portanto, não necessitava de continuidade. Essa assertiva leva-nos a refletir sobre um problema histórico brasileiro, que é a descontinuidade das políticas públicas. Essa descontinuidade revela-se tanto nas leis do Município como no PME e, por conseguinte, no PAR municipal.

Essa descontinuidade incentiva uma competição incomensurável entre os níveis de governo que impacta na implementação das políticas públicas, insurgindo formas de regulação da União, ou seja, do centro para a periferia. No entanto, essa coordenação nem sempre ocorre com sucesso, pois há dificuldades na sua operacionalização pela rotatividade administrativa e governamental que atrapalha a continuidade das políticas.

Diante disso, consideramos que a União possui um papel decisivo na coordenação federativa em relação ao desenvolvimento das políticas públicas, uma vez que tem a capacidade de incentivar a ação conjunta por meio da indução de políticas. No entanto, essas ações precisam ser negociadas, tanto no momento da sua elaboração quanto na implementação dessas políticas governamentais, para que sejam viabilizadas a contento.

Reconhecemos que a não implementação de algumas ações do PAR do Município de Natal resulta da falta de iniciativa da coordenação da União. Essa coordenação, a partir da indução de políticas mediante acordos contratuais com os entes federados, em alguns momentos é necessária. Além disso, as RIGs não foram preservadas para evitar a sobreposição de ações entre os instrumentos de planejamento municipal.

O empenho aqui dedicado foi no sentido de discutir que as ações do PAR do Município de Natal já estavam sinalizadas e planejadas em documentos anteriores, ou mesmo abrindo um leque importante para novas reflexões sobre essas ações que serão discutidas no tópico a seguir.

5.3 A DIMENSÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL – ÁREA DA GESTÃO