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1 A AGROINDÚSTRIA DE FRANGOS E A PARCERIA COM A

1.9 A LEI DE INOVAÇÃO CATARINENSE

O estado catarinense, numa conduta de alinhamento com a determinação nacional, promulga em 15 de janeiro de 2008 a sua lei sobre inovação. A iniciativa prevê o fomento à inovação nas empresas mediante a concessão de incentivos fiscais, bem como, o destino de dois por cento, pelo menos, das receitas correntes do Estado para o desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica (artigos 26 e 27 da Lei nº 14.328/2008, SC).

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O professor Antônio Diomário de Queiróz coordenou a elaboração da Lei nº 14.328/2008. Foi presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica no Estado de Santa Catarina, no período de 2003-2005.

O então presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina – FAPESC, professor Antônio Diomário de Queiroz, concedeu entrevista à época da publicação da lei, enfatizando ser um marco histórico que colocou o estado catarinense em sintonia com o país, avançando no processo de estruturação e fortalecimento do sistema de ciência, tecnologia e inovação. Na ocasião, manifestou que a lei prima pelo equilíbrio regional e desenvolvimento econômico e social sustentável do Estado (SEBRAE, 2008).

Na mesma entrevista, o professor Diomário exemplificou iniciativas inovadoras que já aconteciam no Estado, como a Rede Catarinense de Tecnologia (RCT), que possibilitava a 18% das pessoas que integravam os 10% mais pobres da população o acesso à internet; e, no ano de 2007, todos os municípios catarinenses foram atingidos com a RCT (ações que desenrolam na inovação). Quanto à inovação nas empresas catarinenses, manifestou:

A pesquisa é o instrumento da inovação, e ela é antecedida pela criatividade. O maior problema de desenvolvimento do Brasil, tanto empresarial quanto social, é o baixo nível de inovação. As empresas, historicamente, compravam equipamentos, copiavam produtos e processos dos países desenvolvidos. Isso modernizou a produção, mas faltavam ao país unidades de pesquisa e desenvolvimento dentro das empresas para a inovação. Aqui em SC temos os excelentes exemplos da Embraco, Weg e Tupy, mas ainda continuam sendo poucas. Os setores têxtil, cerâmico e madeireiro do Estado não avançaram como deveriam devido à falta de inovação. (SEBRAE, 2008).

Destacou, ainda, que no cenário internacional, em países desenvolvidos, de 40% a mais de 50% das empresas que trabalham com inovação contam com apoio do setor público: “Quando se trata de exportações de alta intensidade tecnológica, apenas 12,8% do total do Brasil tem esse perfil. Nos EUA é 38%, Japão 32% e Europa, 30%” (SEBRAE, 2008).

Outro fator positivo da lei catarinense de inovação, além dos incentivos já mencionados, diz respeito ao estímulo à construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação, partir do apoio na criação dos núcleos de inovação tecnológica (artigo 14, Lei nº

14.328/2008, SC). A norma contempla, ainda, a participação do pesquisador público na atividade de inovação (artigo 15, Lei nº 14.328/2008, SC):

Artigo 15. É assegurado ao Pesquisador Público participação mínima de 5% (cinco por cento) e máxima de 25% (vinte e cinco por cento) nos ganhos econômicos auferidos pela ICTESC, resultantes de contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação protegida, da qual tenha sido o inventor, obtentor ou autor, aplicando-se, no que couber, o disposto no parágrafo único do artigo 93 da Lei federal nº 9.279, de 14 de maio de 1996.

Assim, poderá o pesquisador da entidade Instituições Científicas e Tecnológicas do Estado de Santa Catarina (ICTESC)4, quando esta partilhar entre seus membros da equipe de pesquisa e desenvolvimento os resultados econômicos da criação, receber royalties, remuneração ou qualquer benefício financeiro que tenha resultado da exploração da criação da qual ele contribuiu. O inventor independente também está contemplado nesta norma legal (no artigo 19). Permite, também, a realização de termos de parceria, convênios ou contratos específicos para apoiar atividades de pesquisa e desenvolvimento que atendam à lei, firmados entre o Estado e empresas ou entidades de direito privado, sem fins lucrativos, voltadas para atividades de P&D (artigo 21, Lei 14.328/2008, SC).

Ademais, permite a Lei Catarinense de Inovação, por intermédio da FAPESC, a concessão do prêmio “Inovação Catarinense”, entregue a trabalhos realizados no Estado, em reconhecimento à pessoas, instituições e empresas que se destacarem na promoção de inovação (ou conhecimento inovadores) para a geração de processos, bens e serviços inovadores. A lei é composta de trinta artigos, sendo regulamentada pelo Decreto nº 2.372, de 9 de junho de 2009.

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De acordo com o artigo 2º, IV, da Lei nº 14.328/2008 (Lei Catarinense de Inovação), Instituições Científicas e Tecnológicas do Estado de Santa Catarina (ICTESC), significam: “órgão ou entidade da Administração Pública do Estado de Santa Catarina que tenha por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico”.

Santa Catarina foi um dos primeiros estados brasileiros a providenciar sua própria legislação para estender a aplicação da Lei Federal de Inovação, demonstrando a atenção do estado e compromisso com o seu desenvolvimento tecnológico, seguido uma tendência já presente em âmbito internacional.

Após o acompanhamento de todos os sujeitos envolvidos nas atividades de pesquisa e desenvolvimento, a verificação dos dados das agroindústrias do setor de frangos (cujo número elevado está sediado no oeste do estado catarinense), no impacto econômico advindo das atividades de inovação, do cenário favorável no país para o estabelecimento e crescimento de parcerias e de empresas com foco na área da ciência e tecnologia, encerram-se as contribuições dos itens primeiramente traçados para este texto dissertativo.

Na sequência, o segundo capítulo apresentará a forma de realização das parcerias, direcionando ao estudo aos contratos como instrumentos utilizados para permitir a interação entre as instituições de ensino e o setor produtivo, tendo como objeto a atividade de pesquisa, desenvolvimento e inovação, especialmente buscando a criação de ativos passíveis de proteção por meio da propriedade intelectual. Passa- se, assim, ao estudo do segundo capítulo.

2 OS CONTRATOS DE P,D&I

Neste capítulo serão apresentados os conceitos inerentes à propriedade intelectual, abrangendo a proteção dos ativos intangíveis na chamada Sociedade do Conhecimento, os contratos firmados entre a universidade e o setor produtivo para a realização de pesquisa, desenvolvimento e inovação, bem como a relação entre os dois atores. Também serão contempladas as atribuições, direitos e deveres de cada parte, com a abordagem sobre a titularidade, cotitularidade, exploração do resultado e demais especificações contempladas na Lei Federal de Inovação.

Para iniciar esta etapa, o tema a ser abordado trata da propriedade intelectual, apresentando os contratos de inovação como instrumentos que permitem dar segurança jurídica na relação entre as empresas e as instituições de ciência e tecnologia que desenvolvem a criação e outras atividades importantes para encontrar novos produtos e processos industriais ou melhorar os existentes.