• Nenhum resultado encontrado

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96) Lei Federal nº

CAPÍTULO 2: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PARA A ARTE NO BRASIL

2.2. A Formação Oficial em Artes Visuais

2.2.8. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96) Lei Federal nº

Em 20 de dezembro de 1996 é sancionada a Lei Federal nº 9.394/96, a qual estabelece que a educação básica no Brasil seja composta pela educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. O objetivo da educação básica é garantir a formação necessária do educando ―para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores‖. (Lei nº 9394, art. 22).

Quanto ao ensino de arte na educação básica houve uma recente alteração na redação do Art. 26. § 2. Este artigo trata dos currículos do ensino fundamental e médio e estabelece que haja ―uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela‖. O § 1º estabelece que os currículos ―devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil‖. (Lei nº 9394, art. 26).

No segundo Parágrafo a disciplina de arte torna-se obrigatória no ensino infantil, fundamental e médio tendo como objetivo fomentar a formação cultural dos educandos. Teve a sua redação alterada no dia 13 de julho de 2010, para ―O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais31

(grifo nosso), constituirá

componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos‖. (Redação dada pela Lei nº

12.287, de 2010). Com essa modificação fica explicitada a importância determinada pela política educacional às manifestações culturais regionais e a sua preservação.

A seção III, artigo 32, da LDB/96 estabelece nove anos32 de estudo para o ensino fundamental que é o foco deste trabalho, decretando que a formação nesse ciclo deverá cumprir os seguintes objetivos:

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidade e a formação de atitudes e valores;

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. (Lei nº 9394, art. 32 site: planalto.gov.br/ccivil).

A LDB/96 estipula que os estados e municípios devem buscar formas de colaborar na oferta do ensino fundamental. No estado de São Paulo há uma forte pressão para que os municípios se responsabilizem pelo ensino fundamental I (de 1ª a 4ª série), como aconteceu com o ensino infantil, e o governo estadual fica encarregado de repassar verbas para a educação infantil e fundamental I, e o município arca com as demais necessidades, como construção e manutenção de prédios escolares, contratação de novos professores e funcionários, merenda escolar, entre outras.

A LDB/96 atribui autonomia à organização das escolas, ficando ao seu critério o estabelecimento da seriação conforme achar necessário para o processo de aprendizagem, como também, de instalar o calendário escolar adequado às especificidades locais.

Após a deliberação da LDB/96 em 1997, o Ministério de Educação e do Desporto (MEC), por meio da Secretaria de Educação Fundamental (SEF) lança os PCNs que são semelhantes aos ―tratados‖, procurando direcionar a educação

32 O artigo 32 foi alterado pela (Lei nº 11.274, de 2006), quando o ensino fundamental obrigatório

escolar em cada área de conhecimento abrangendo a teoria e a prática em cada disciplina. Norteia a prática docente, no que tange as questões ligadas ao ensino, aprendizagem e avaliação.

Nesse percurso histórico do ensino das artes visuais no Brasil, notamos que existem visões divergentes quanto à importância daquela na educação.

No período colonial, os jesuítas introdutores da educação européia no país, consideram a literatura como uma atividade artística intelectual, renegando às artes visuais uma importância menor, por acreditarem que para a sua realização fosse necessário somente ter certa habilidade manual. O ensino das artes visuais acontece nas oficinas dos colégios, conventos e mosteiros religiosos, sendo seu produtor inicialmente os indígenas e posteriormente os negros e mestiços.

Na introdução de um ensino oficial de arte no Brasil Império, por intermédio da AIBA, notamos que o debate se polariza em priorizar a formação erudita ou a preparação para o trabalho. O acesso restrito da população à educação no início do XIX acaba por priorizar na AIBA a formação erudita, reforçando a ideia de artes visuais como um adorno cultural. Os produtores das artes visuais nesse período são prioritariamente as mulheres das camadas sociais mais abastadas, os escravos e mestiços a quem era destinado o trabalho manual ligado às atividades como a arquitetura, a pintura, a escultura e o entalhe, sendo substituídos no final do século XIX pelos imigrantes, mais adaptados às inovações técnicas, principalmente na construção civil.

No século XX, o ensino das artes visuais no Brasil se apresenta entre duas tendências principais: a ―tradicional‖ ligada à formação acadêmica tem seu foco na cópia e repetição de modelos estabelecidos e a ―livre-expressão‖ que prioriza a criatividade, a expressão dos sentimentos.

A partir da década de 1990 a ―Proposta Triangular para o Ensino da Arte‖ se mostra a metodologia de ensino de arte mais adequada ao tempo presente, na qual o entendimento da obra de arte se processa por meio da produção, da contextualização e da fruição. A ―Proposta Triangular para o Ensino da Arte‖ é indicada para o ensino da arte nos documentos oficiais que analisaremos os PCN- Arte e a PCESP.

No próximo capítulo faremos uma análise do PCN-Arte, para o Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental, por se tratar de um documento federal proposto pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), que objetiva nortear o ensino contemporâneo de arte nas escolas públicas.

Biografia do Orvalho II

A maior riqueza do homem é a sua incompletude.

Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre

portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que

compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora,

que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.

Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manoel de Barros

“Retrato do Artista Quando Coisa” (1998)