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Lei n° 9.279, de14 de maio de 1996, que regula os direitos e obrigações relativas à propriedade industrial

MATO GRO'

81 Lei n° 9.279, de14 de maio de 1996, que regula os direitos e obrigações relativas à propriedade industrial

violação desta lei é uma das vulnerabilidades que o vendedor ambulante enfrenta na carreira, pois está constantemente sofrendo apreensões das mercadorias e até mesmo levado a delegacia para prestar depoimento sobre a posse da mercadoria ilegal.

As características apontadas nos parágrafos que precedem, referentes às vulnerabilidades do trabalho desses redeiros, favorecem a estigmatização

80 Ibidem

81 Lei n°. 9.279, de14 de maio de 1996, que regula os direitos e obrigações relativas à propriedade industrial

destes na cidade, pois essas são colocadas como principais defeitos dos vendedores ambulantes, por comerciantes e alguns setores da mídia. Elias (2000) destaca a realidade de uma pequena cidade onde grupos sofrem uma série de estigmas. Na relação do considerado estigmatizado, colocado como outsiders e estabelecidos, ocorre a sócio-dinâmica da estigmatização. A citação que segue destaca como ocorre tal relação:

(...) o grupo estabelecido, tende a atribuir ao conjunto do grupo

outsiders as características ruins de sua porção pior de sua

maneira anômica. Em contraste, a auto-imagem do grupo estabelecido tende a se modelar em seu setor exemplar, mais nômico ou normativo na minoria de seus melhores membros. Essa distorção pars pro toto, em direções opostas, faculta ao grupo estabelecido provar suas afirmações a si mesmo e aos outros; há sempre algum fato para provar que o próprio grupo é .bom. e que o outro é .ruim. (ELIAS, 2000, p. 22-23)

As evidencias apontam para um conflito entre os comerciantes lojistas como já mencionei e aqui reitero, que se consideram legalmente estabelecidos e os vendedores ambulantes, os outsiders, que são representados como invasores. Assim há uma corroboração a citação acima, pois os lojistas insistem em colocar as vulnerabilidades jurídicas dos ambulantes, que é um fato, como uma característica do grupo de forma geral.

Nesse sentido, a lei serve como agente regulador do espaço público da cidade e talvez como uma solução para esses problemas.

. A Lei ainda prevê que os ambulantes regulamentados deverão portar, o tempo todo, licença autenticada e crachá com foto e nome. A regulamentação prevê também que estes ambulantes trajem jaleco colorido, ainda a ser definido, para distingui-los de eventuais ambulantes "estrangeiros” que estarão de acordo com a lei banidos da cidade.

Art.13 A autorização para o comercio ambulante é de caráter pessoal e intransferível, servindo exclusivamente para os fins nela vinculados, devendo o ambulante atender os seguintes requisitos:

I - portar crachá com foto, emitido pela Secretaria de Finanças, contendo o nome do licenciado, numero do Alvará de Licença, data de emissão e validade;

III - utilizar jaleco na cor e modelo padrão conforme determinado pela Secretaria de Finanças, devendo conter o numero do Alvará e ano da licença.

[...] 82

Outra novidade da Lei é que serão criadas "áreas de exclusão” onde os ambulantes não poderão atuar. De acordo com a lei, está proibido o comércio ambulante na Avenida Brasil entre as ruas Rio Grande do Sul e Paraná e nos trechos compreendidos entre as Ruas Visconde de Guarapuava e Barão do Cerro Azul.

Fonte: Google. Acesso em 26 de abril de 2016

Art.27. Fica vedada a atividade de comércio ambulante nos seguintes locais:

82 Ibidem.

I - na Avenida Brasil, no trecho compreendido entre as Ruas Visconde de Guarapuava e Barão do Cerro Azul;

II - na Rua Rio Grande do Sul, no trecho compreendido entre as Ruas Visconde de Guarapuava e Barão do Cerro Azul;

III - na Rua Paraná, no trecho compreendido entre as Ruas Visconde de Guarapuava e Barão do Cerro Azul;

IV - na Rua Padre Champagnat entre a Avenida Brasil e Rua Mato Grosso;

VI- na estação rodoviária; [...] 83

Na estação rodoviária os ambulantes também estarão proibidos de atuar. Também estarão impedidos de trabalhar em distância de 20 metros no entorno dos templos ou unidades de preservação permanente. Em distância de 50 metros no entorno de estabelecimentos de saúde e de ensino.

Além disto, os ambulantes terão que observar distância de cinco metros das esquinas e abrigos de ônibus em calçadas de largura inferior a três metros. Estas delimitações são pensadas com o intuito de facilitar o fluxo de pessoas nessas principais ruas da cidade, impedindo que esses trabalhadores no desenvolvimento de suas atividades tumultuem essas áreas.

Embora esta lei já esteja sendo posta pelo menos para fins de licença de Alvará, esses trabalhadores continuaram sofrendo punições, historicamente, a relação dos trabalhadores ambulante com as diferentes gestões municipais foi caracterizada por intolerância por meio de alianças entre trabalhadores com o poder público, como também pela repressão e por ações violentas realizadas pelo "rapa” . Ações como essas a imprensa publicou no dia 15 de abril de 2014 a matéria intitulada "Fiscalização termina em pancadaria e detenção de vendedor”, o jornal O Presente* 84 noticiava o seguinte:

Durante ação de fiscalização da prefeitura aos ambulantes que ficam próximos a Caixa Econômica Federal (CEF) no centro de Cascavel, uma pessoa acabou detida pela Polícia Militar (PM) e vários produtos foram recolhidos. Os servidores, com o apoio da PM, abordaram alguns ambulantes, entre eles Fernando Gabriel Freitas, de 14 anos, que vendia alho no local. Indignado, o rapaz conta que o dinheiro que consegue utiliza para ajudar a mãe nas despesas da casa.

"Eu trabalho aqui para ajudar minha mãe, não to fazendo nada de errado", contou o garoto. "Ei eiei, aqui vocês não colocam a mão, eu tenho documentos da minha mercadoria", gritou outro

Ibidem

84 Jornal o Presente tem sede no município de Marechal Candido Rondon, no oeste do Estado do Paraná.