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5. LEGISLAÇÃO SOBRE HIDROCARBONETOS E ROYALTIES DO PETRÓLEO NO

5.2 Lei nº 12.734 de 30 de Novembro de 2012

A distribuição exposta acima corresponde à estipulada na Lei nº 9.478 de 1997 e, em consequência, é a que está sendo adotada atualmente, embora a Lei nº 12.734 de 2012 tenha trazido uma nova repartição tanto para o regime de concessão e de cessão onerosa, quanto para o regime de partilha. No entanto, como será explicado posteriormente, há os efeitos suspensos no tocante a esses artigos.

A seguir, será apresentada a nova distribuição determinada para o regime de concessão pela Lei de 2012, que introduz a criação de fundos especiais para a participação de todos os entes da federação e prevê uma diminuição gradual até 2020 da repartição para os estados e municípios produtores, estipulada na Lei nº 9.478 de 1997.

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Para financiar programas de amparo à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico, aplicados à indústria do petróleo, do gás natural, dos biocombustíveis e à indústria petroquímica de primeira e segunda geração, bem como para programas de mesma natureza que tenham por finalidade a prevenção e a recuperação de danos causados ao meio ambiente por essas indústrias (Lei nº 9.478 de 1997).

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Tabela 1- Distribuição de royalties na plataforma continental no regime de concessão nos termos da nova Lei 12.734 de 2012.

Fonte: LIMA, Paulo César Ribeiro. Os ―Royalties do petróleo‖, a Lei nº 12.734/2012 e ação a ser julgada pelo STF. Associação dos consultores legislativos e de orçamento e fiscalização financeira da Câmara dos Deputados 2013. Disponível em: http://www.aslegis.org/2013/04/os-royalties-do-petroleo-lei-n.html

Caso a Lei nº. 12.734 de 2012 entre em vigor, a União perderá um terço de suas receitas de royalties para permitir que os Fundos Especiais destinados aos estados e Municípios (incluídos os não produtores) tivessem mais recursos. Por sua parte, os estados confrontantes teriam uma queda nos royalties de 26,25% para 20% a partir de 2013. Já os recursos destinados aos Municípios confrontantes sofreriam uma queda de 26,25% para 4% dos royalties. No caso dos Municípios afetados pelas operações de embarque e desembarque, a queda seria de 8,75% para 2% no ano 2020.

Além dos contratos de concessão, as atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo podem ser exercidas sob o regime de cessão onerosa ou de partilha de produção. O regime de cessão onerosa foi introduzido pela Lei nº 12.276 de 2010, que autorizou a União a ceder onerosamente à Petrobras o exercício das atividades de pesquisa e lavra de o equivalente a cinco bilhões de barris de petróleo, os royalties devidos nesse regime serão distribuídos da mesma forma como no regime de concessão, no entanto, não haverá o pagamento de participação especial. No regime de partilha de produção, tais atividades podem ser exercidas nas áreas do pré-sal e nas áreas estratégicas. Este novo modelo e a criação do fundo social foram incorporados pela Lei nº 12.351 de 2010, em resposta ao anúncio feito pela ANP sobre as reservas da camada do Pré-Sal no ano 2007.

Por existir diferenciação na distribuição dos royalties, é importante a definição do regime de partilha:

O regime de exploração ou produção de petróleo, no qual o contratado exerce, por sua conta e risco, as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento e produção e, em caso de descoberta comercial, adquire o direito à apropriação do custo em óleo, do volume da produção correspondente aos royalties devidos, bem como de parcela do excedente em óleo, na proporção, condições e prazos estabelecidos em contrato (Art. 2º. Lei 12.351 de 2010).

Por sua parte, a lei estabeleceu que a Petrobrás será a operadora de todos os blocos contratados sob o regime de partilha de produção, sendo-lhe assegurado, a este título, participação mínima de 30% no consórcio a ser constituído caso outro licitante ganhasse. O consórcio será formado tanto com o vencedor, quanto com uma empresa pública à qual caberá a gestão dos contratos.

A Lei nº 12.351 de 2010, originada no Projeto de Lei Nº 5.940 de 2009, também contemplava no seu artigo 64 a nova distribuição dos royalties para o regime de partilha; contudo, essa lei foi sancionada com veto neste artigo. De acordo com a mensagem presidencial, esses dispositivos foram vetados porque a redação do artigo suscitava muitas dúvidas em relação à forma como a União implementaria a compensação aos estados e municípios confrontantes. A Lei nº 12.734 de 2012 regulamentará a nova distribuição, baseada no Projeto de Lei Nº 448 de 2011.

No regime de partilha de produção, a União recebe uma parcela do óleo produzido, garantindo a concretização do principal objetivo do governo, com a alteração do regime de produção: ter maior participação nos resultados da riqueza petrolífera nacional (SEABRA et al. 2011). Igualmente são determinadas participações governamentais. No entanto, apenas contempla duas receitas: o bônus de assinatura, devido à União pelo contratado, e os royalties com alíquota de 15% do valor da produção, que de acordo à Lei 12.734 de 2012, teriam a seguinte distribuição:

Quando a produção ocorrer em terra, rios, lagos, ilhas lacustres ou fluviais.

Quando a produção ocorrer na plataforma continental, no mar territorial ou na zona

econômica exclusiva.

20% para os estados ou o Distrito Federal, se for o caso, produtores

22% para os estados confrontantes

10% para os municípios produtores 5% para os municípios confrontantes

5% para os municípios afetados por operações de embarque e desembarque de petróleo, gás natural e outro hidrocarboneto fluido54

2% para os municípios afetados por operações de embarque e desembarque de petróleo, gás natural e outro hidrocarboneto fluido, na forma e critérios estabelecidos pela ANP

25% para constituição de fundo especial, a ser distribuído entre estados e o Distrito Federal, se for o caso55.

24,5% para constituição de fundo especial, a ser distribuído entre estados e o Distrito Federal, se for o caso

25% para constituição de fundo especial, a ser distribuído entre os Municípios56.

24,5% para constituição de fundo especial, a ser distribuído entre os Municípios57

15% para a União, a ser destinado ao Fundo Social, instituído pela Lei No. 12.351 de 2010, deduzidas as parcelas destinadas aos órgãos específicos da Administração Direta da União, nos termos do regulamento do Poder Executivo.

22% para a União, a ser destinado ao Fundo Social, instituído pela Lei No. 12.351 de 2010, deduzidas as parcelas destinadas aos órgãos específicos da Administração Direta da União, nos termos do regulamento do Poder Executivo.

Quadro 4. Distribuição dos royalties com alíquota de 15% no regime de partilha

Fonte: Elaboração própria com base na Lei 12.734 de 2012

Apesar do estipulado na Lei 12.734 de 2012 em relação à distribuição dos royalties, é importante reconhecer a complexidade de tais dispositivos, pois se a lei começasse a ter efeito hoje, mudaria radicalmente a distribuição dos royalties no país, em qualquer dos regimes a ser aplicado. Municípios e estados não produtores nem confrontantes poderiam receber receitas que antes não tinham. Contudo, os conflitos seriam gerados, de fato, pela situação daqueles que perderiam as receitas, relevantemente dependentes desses recursos, e que não estiverem dispostos a assumir a lei sem antes esgotar as medidas institucionais disponíveis para conter sua vigoração.

54 Distribuídos na forma e critérios estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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O rateio dos recursos do fundo especial obedecerá as mesmas regras do rateio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Fundo de Participação dos estados e do Distrito Federal (FPE), de que trata o art. 159 da Constituição.

56 Ibid. 57

Assim sendo, o rearranjo dado pela lei não foi implementado por conta de uma primeira decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendendo seus efeitos baseados na Ação Direta de Inconstitucionalidade requerida pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro em 15

de março de 2013 contra ―as novas regras de distribuição dos royalties e participações

especiais devidos pela exploração do petróleo, introduzidas pela Lei Federal n. 12.734 de

2012‖. A Ministra Relatora Cármen Lúcia deferiu a medida cautelar para suspender os efeitos

dos artigos da Lei 12.734 de 2012, referentes à distribuição dos royalties e atualmente aguardando a decisão do Plenário do STF.