• Nenhum resultado encontrado

Leste de Mato Grosso do Sul e São Paulo: localização de Três Lagoas, da Fibria, da

Eldorado Brasil e a infraestrutura

Fonte: IBGE, 2016.

O Leste de Mato Grosso do Sul, conforme verificado, possui localização geográfica privilegiada, potencializada em consequência das infraestruturas existentes tanto em Mato Grosso do Sul como em São Paulo. Por isso, as duas plantas agroindustriais de celulose, principais firmas hegemônicas do circuito espacial produtivo de celulose em Mato Grosso do

16 Aeroporto Internacional de Viracopos (VCP).

17 As operações da Voepass em Três Lagoas estavam previstas para serem iniciadas em 29 de março de 2020, todavia foram suspensas temporariamente devido à pandemia do novo coronavírus (COVID-19).

Sul, estão estrategicamente localizadas no extremo Leste desse estado, aproveitando-se de seus benefícios, bem como do estado vizinho, São Paulo.

Como mencionado, a localização das duas fábricas de celulose às margens do rio Paraná, possibilita a utilização do modal hidroviário. Entretanto, a localização estratégica das unidades fabris não visa apenas à possibilidade do transporte hidroviário, pois existe um objetivo ainda maior: garantir o acesso aos recursos hídricos. Este se configura como mais um fator importante para a estruturação e expansão do circuito espacial produtivo de celulose em Mato Grosso do Sul.

Além do rio Paraná, o Leste sul-mato-grossense possui outros rios importantes, afluentes, como os rios Pardo, Verde e Sucuriú. Ademais, a região também está localizada sobre o Sistema Aquífero Guarani (MACHADO, 2006), um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo. Tal característica evidencia a disponibilidade hídrica superficial e subterrânea existente na região Leste.

Embora pesquisas (ALMEIDA; SOARES, 2003; CARNEIRO et al. 2008a; CARNEIRO et al. 2008b; LIMA, 2004; 2010; REZENDE; CAMELLO; REBELO,

2013, entre outras) apontem que o consumo de água pelo eucalipto é similar ao de outras espécies arbóreas nativas, moradores do campo afirmam que o nível dos corpos d’água passou a diminuir em diversos lugares do território brasileiro em razão da expansão do monocultivo de eucalipto, conforme demonstra Perpetua (2016), notabilizando, de certo modo, a divergência entre os saberes científico e tradicional.

Apesar de o período atual ser marcado pela valorização do saber científico e pela baixa valorização do saber tradicional, entende-se que o segundo é fundamental, pois se trata de um conhecimento elaborado a partir da realidade dos sujeitos que vivenciam o lugar. Desse modo, os sujeitos que vivem em áreas próximas aos eucaliptais possuem capacidade de analisar as mudanças ocorridas no lugar, como, por exemplo, a redução do nível dos cursos d’água. Relegar o conhecimento tradicional e valorizar apenas o conhecimento científico pode ser um caminho perigoso, pois a pesquisa científica, cada vez mais, está voltada para atender os interesses dos agentes do capital.

Mesmo que o eucalipto consuma a mesma quantidade de água que qualquer outra árvore, existem duas questões que devem ser levadas em consideração: os poucos estudos existentes sobre a relação entre a água e o monocultivo de eucalipto no Cerrado; e, a grande área ocupada pelo eucalipto no Leste de Mato Grosso do Sul (PERPETUA, 2016).

Por ser planta exótica, não originária do Cerrado brasileiro, bioma predominante no Leste de Mato Grosso do Sul, ainda não é possível ter dimensão dos reais impactos sobre os recursos hídricos em função dos poucos estudos realizados até o momento. Segundo Perpetua (2016), alguns estudos no Sul e no Sudeste do Brasil indicam consumo de água parecido entre os eucaliptais e a mata nativa, mas nas áreas de Cerrado praticamente inexistem pesquisas sobre a temática. Por possuir características morfoclimáticas completamente distintas, mais estudos no Cerrado são necessários para elucidar tal questão.

A segunda questão está ligada à grande área ocupada pelo monocultivo de eucalipto no Leste sul-mato-grossense. Mesmo que a quantidade de água consumida seja similar a de qualquer outra árvore, os eucaliptos foram inseridos em grande quantidade. O problema, então, não é o consumo individual de cada árvore, mas o somatório do consumo de água dos milhões de eucalipto plantados no Leste de MS (PERPETUA, 2012).

Pautado em Carrere (2007), Perpetua (2012) escreve que cada árvore consome, em média, 20 litros de água por dia. Partindo do princípio de que um hectare, em média, possui 1.300 eucaliptos, pode-se auferir que apenas as áreas de monocultivo da Eldorado Brasil e a Fibria, que possuíam juntas, em 2015, cerca de 515 mil hectares, consumiam quase 13,4 bilhões de litros de água por dia. Assim, essa quantidade significativa de eucaliptos plantados possivelmente influencia o balanço hídrico do Leste sul-mato-grossense.

Saindo do debate sobre o consumo de água pelo eucalipto, o fato é que a água é vital para qualquer tipo de agronegócio. Segundo Thomaz Junior (2010), o acesso à água é fundamental para o sucesso do empreendimento agropecuário. Para o autor, existe um “Polígono do Agrohidronegócio” formado pelo Noroeste do Paraná, Oeste do estado de São Paulo, Leste de Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro e Sul e Sudoeste de Goiás. De acordo com Thomaz Junior (2010), dentre outras características, a disponibilidade hídrica, superficial e subterrânea, possui relevância nesse polígono.

A água não é importante apenas para o crescimento dos eucaliptos, mas também para as operações industriais. Durante a produção industrial da celulose a água é utilizada em diversas etapas do processo produtivo, conforme será demonstrado no decorrer da pesquisa. Toda a água utilizada nas operações industriais das fábricas é captada diretamente no rio Paraná.

Segundo a Fibria, em 2015, as operações de manejo florestal das suas três unidades industriais (Aracruz, Jacareí e Três Lagoas) consumiram 362.256 metros cúbicos18 (m3) de

18

água19, enquanto as operações industriais necessitaram de 36.254.494 m3 de água, evidenciando sua importância, principalmente para suas atividades industriais.

A Eldorado Brasil também não fica atrás, pois utiliza grande quantidade de água para suas operações. Em 2016, por exemplo, a companhia consumiu 43.532.160,35 m3 de água (Tabela 7).

Tabela 7. Eldorado Brasil: consumo de água por fonte (2013-2016)

Água retirada (por fonte) 2013 2014 2015 2016 Água superficial (m3) 39.478.754,00 46.588.677,00 45.611.125,14 43.181.518,35 Água subterrânea (m3)* 475.498,00 451.263,00 348.817,00 350.642,00 Total 39.964.252,00 47.039.940,00 45.959.942,14 43.532.160,35

*Referente ao consumo de água do viveiro localizado em Andradina – SP. Fonte: ELDORADO BRASIL, 2016a.

Destarte, apesar de as companhias afirmarem que mais de 90% da água captada para as operações industriais é devolvida ao rio após tratamento, fica nítido que suas localizações às margens do rio Paraná são extremamente estratégicas, visando garantir o acesso à água.

A atuação irrestrita do Estado é o último e mais importante fator para a estruturação e a expansão do circuito espacial produtivo de celulose em Mato Grosso do Sul. O apoio do Estado ao circuito estudado ocorre nas instâncias federal, estadual e municipal e envolve financiamentos, incentivos fiscais, instalação ou melhoramento da infraestrutura, flexibilização da legislação ambiental, entre outros benefícios.

Conforme pôde ser visto anteriormente, a área entre Campo Grande e Três Lagoas, desde a década de 1970, era vista como propícia para a expansão da silvicultura. Apesar do relativo fracasso da primeira tentativa no período do Regime Militar (1964-1985), no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) a atividade florestal foi retomada com êxito, incluindo a instalação de duas grandes unidades industriais produtoras de celulose. Nessas duas fases o Estado foi o grande incentivador da atividade florestal.

Em função da importância da atuação do Estado, um item do Capítulo 5, referente aos círculos de cooperação no espaço do circuito espacial produtivo de celulose, foi destinado especialmente para apresentar detalhadamente essa atuação, nas esferas federal, estadual e municipal, evidenciando o papel do Estado nos círculos de cooperação no espaço do CEPC.

19

Vale salientar que esse consumo de água está relacionado ao consumo registrado. As atividades florestais, certamente, consomem quantidade muito maior de água do que a quantidade informada oficialmente pelas empresas, porém esse consumo não é registrado, pois as empresas captam a água em rios e açudes localizados no interior das fazendas próprias e/ou arrendadas. Essa questão será abordada mais detalhadamente no Capítulo 6.

A combinação dos oito fatores, encontrados nessa fração do território, proporcionou a estruturação e, posteriormente, a expansão do circuito espacial produtivo de celulose no Mato Grosso do Sul, sobretudo na região Leste. Tal situação evidencia que mesmo em tempos de globalização, o lugar ainda tem relevância, sobretudo quando se refere aos circuitos espaciais produtivos. Essa combinação de fatores também revela uma trama locacional bem articulada, composta por características e elementos naturais e artificiais, a fim de viabilizar a estruturação e a expansão do circuito espacial produtivo de celulose na unidade da federação pesquisada.

Os oito fatores, conforme verificado no texto, não se encontram isolados, pelo contrário, são inter-relacionados. A partir dessa combinação de fatores, o circuito espacial produtivo de celulose tem as condições ideais para usar corporativamente o território, submetendo-o a sua lógica pautada em interesses externos ao lugar, comandada pelas verticalidades do mercado global.

3.2 O uso corporativo do território pelo circuito espacial produtivo de celulose em Mato Grosso do Sul

Nas últimas décadas, o uso corporativo do território foi ampliado, substancialmente, por conta da expansão do processo de globalização. A partir desse período, com a expansão das grandes empresas pelo mundo devido ao desenvolvimento dos meios de transportes e telecomunicações, notou-se crescente uso do território com fins corporativos.

Para Bernardes (2001), no Brasil, a ampliação do uso corporativo do território ocorreu a partir da década de 1990 em decorrência das medidas que visavam à abertura da economia nacional. Além disso, segundo a autora, o território nacional foi equipado com o fito de inserir o país no processo de globalização, resultando “[...] numa lógica de uso corporativo do território” (BERNARDES, 2001, p. 53). Nessa perspectiva, de acordo com Chiapetti (2009, p. 114), a partir da década de 1990, “o uso corporativo do território intensificou-se e os sistemas de engenharias criados foram liberados para uso muito mais das empresas e quase proibitivos à maior parte da população” (CHIAPETTI, 2009, p. 114).

Toledo e Castillo (2008) apontam que o território é usado corporativamente a partir dos interesses do capital global. Assim, as grandes empresas, com o apoio do Estado, são as principais responsáveis pelo uso corporativo do território, submetendo frações do território a uma lógica global.

Segundo Bernardes (2001, p. 214), quando o território é usado corporativamente “tanto a base material dos lugares, quanto as ações organizativas, tendem a estar subordinados ao poder econômico e político de um seleto grupo de grandes empresas”.

Os governos, visando à competitividade e o crescimento econômico, mobilizam-se continuamente no sentido de adequar sistemas de objetos e sistemas de ações com o intuito de criar as condições necessárias para as grandes empresas. Além disso, também adéquam as normas para atender aos interesses destas. Essas ações viabilizam o uso corporativo do território (SCHERMA, 2012).

Norteadas pela ideologia do crescimento e da competitividade como forma de superação do subdesenvolvimento, as políticas de desenvolvimento nacional instrumentalizam e permitem esse uso corporativo do território pelas grandes instituições financeiras, à medida que as fronteiras se abrem às atividades, às normas, às ordens, ao dinheiro do sistema financeiro globalizado. (SCHERMA, 2012, p. 70).

Para Chiapetti (2009), as forças econômicas hegemônicas obtêm a anuência para utilizar o território corporativamente por meio de duas formas principais: a ideologia e a remoção ou alteração de barreiras jurídicas. Para que estas duas formas ocorram em sua plenitude, as grandes empresas utilizam técnicas e instrumentos de comunicação (CATAIA, 2001). Daí a importância do sistema informacional no período atual. Pautado em Cataia (2001), Chiapetti (2009) afirma:

A partir do momento que as corporações adquiriram as facilidades de comunicação em rede, a linguagem pode ser distorcida de sua forma comunicativa original pelos interesses das corporações e, quando a comunicação é sistematicamente distorcida, ela tende a apresentar a aparência de normatividade. Assim, uma rede informacional, sob o domínio das grandes corporações, coopta o apoio das políticas dos Estados e esvazia parcialmente o espaço formal de poder das políticas nacionais sobre a base técnica e também sobre sua base não material do território, o que reforça e permite o uso corporativo do território. (CHIAPETTI, 2009, p. 126).

Segundo Bernardes (2001), os sistemas informacionais são fundamentais para que as empresas consigam utilizar o território corporativamente. Por isso, os círculos de cooperação são essenciais para o desenvolvimento de qualquer circuito espacial produtivo.

Kahil (2010, p. 478) afirma que o uso corporativo do território, no contexto atual, é caracterizado por um

[...] momento em que a ciência, a cultura e a política, dominadas por uma técnica marcadamente informacional e instrumental ao capital e ao serviço das corporações e instituições multinacionais, administram o ritmo de nossas

vidas e a dinâmica dos territórios. É assim que, ao mesmo ritmo e também sob a égide do mercado, o meio geográfico, agora um meio técnico- científico e informacional se organiza para atender, sobretudo aos interesses dos agentes hegemônicos da economia, da cultura e da política.

Nessa conjuntura, segundo Kahil (2010, p. 478) “[...] podemos então afirmar que em nossa época o espírito do capitalismo se universaliza como modo de racionalização do espaço geográfico”. Ainda de acordo com a autora mencionada, o uso corporativo do território é marcado por uma normatividade “[...] hegemônica de ordenamento dos sistemas de objetos e de justificação da conduta das ações (corporativas) [...]”.

A expansão do monocultivo de eucalipto é uma das principais formas materializadas do uso corporativo do território pelo circuito espacial produtivo de celulose no Mato Grosso do Sul. Em razão do crescimento desse circuito, as frações do território ocupadas pelos eucaliptais estão cada vez mais numerosas.

Utilizando como base os dados fornecidos pela Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF) e pela Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), que dispõem de dados mais antigos sobre a área ocupada pelos eucaliptais em Mato Grosso do Sul, nota-se que, entre 2005 e 2015, a área ocupada pelos eucaliptais20 cresceu 628,2%, passando de 113.432 hectares, em 2005, para 826.031, em 2015 (Tabela 8).

Tabela 8. Mato Grosso do Sul: área ocupada pelo

monocultivo de eucalipto (2005-2015)

Ano Área (ha)

2005 113.432 2006 119.319 2007 207.687 2008 265.250 2009 290.890 2010 378.195 2011 475.528 2012 587.310 2013 699.128 2014 803.699 2015 826.031

Fonte: ABRAF (2005-2006) e IBÁ (2007-2015).

O crescimento da área ocupada pelos eucaliptais nos últimos anos inseriu o Mato Grosso do Sul entre os principais estados brasileiros produtores de madeira cultivada. Em

20 Á área ocupada pelos eucaliptais em Mato Grosso do Sul, segundo a IBÁ, foi estimada a partir dos dados obtidos a partir dos questionários respondidos pelas empresas associadas à IBÁ, pela Reflore e pelo contato direto com empresas da cadeia produtiva de árvores plantadas não associadas à IBÁ. A margem de erro pode variar cerca de 15%.

2005, o Mato Grosso do Sul era apenas o 7º colocado entre os estados brasileiros em área ocupada com o plantio de eucalipto, enquanto em 2015 o estado ocupava a 3ª colocação, atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo.

Cabe destacar que enquanto Mato Grosso do Sul apresentou crescimento contínuo durante o período analisado, Minas Gerais, São Paulo e Bahia, que, em 2005, eram os três principais estados em área ocupada com eucalipto, apresentaram oscilações. Entre 2010 e 2015, os três estados registraram declínio da área plantada com eucalipto (Tabela 9). Tal situação é um dos indicativos da redefinição na divisão territorial do trabalho do circuito espacial produtivo de papel, que ocorre nas escalas nacional e global e será abordada no próximo item desta pesquisa.

Tabela 9. Brasil: principais estados em área plantada com eucalipto (hectares)

(2005-2010-2015)

Estado 2005 2010 2015

Minas Gerais 1.063.744 1.400.000 1.395.032 São Paulo 798.522 1.044.813 976.613 Mato Grosso do Sul 113.432 378.195 826.031 Bahia 527.386 631.464 614.390 Rio Grande do Sul 179.690 273.042 308.515 Espírito Santo 204.035 203.885 227.222 Paraná 114.996 161.422 285.125 Maranhão 60.745 151.403 210.496 Mato Grosso 42.417 150.646 185.219 Pará 106.033 148.656 130.431 Fonte: ABRAF (2005) e IBÁ (2010-2015).

A expressividade do monocultivo de eucalipto em Mato Grosso do Sul também pode ser notada pela área ocupada por essa espécie arbórea nos municípios sul-mato-grossenses que possuíam produção de madeira em tora para a indústria de celulose e papel21 nos anos de 2014, 2015 e 201622 (Tabela 10). Em 2016, por exemplo, a área ocupada pelos eucaliptais nos 19 municípios selecionados respondia por 92,4% da área total plantada com eucalipto em Mato Grosso do Sul, que possui 79 municípios.

21 Como verificado, os municípios selecionados não respondem pela totalidade da área ocupada pelos monocultivos de eucalipto em Mato Grosso do Sul, pois o eucalipto pode ser cultivado para outras finalidades além da produção de celulose. No entanto, como o foco desta pesquisa é o circuito espacial produtivo de celulose, a opção metodológica adotada foi de selecionar apenas os municípios que possuíam produção madeira em tora para o abastecimento das fábricas produtoras de celulose. Essa opção permite distinguir os municípios que produzem eucalipto para o abastecimento das fábricas de celulose dos municípios que produzem eucalipto para outras finalidades.

22 Os dados referentes à área ocupada pelo eucalipto começaram a ser divulgados, pelo IBGE, a partir de 2014. Anteriormente, o IBGE divulgava apenas a quantidade produzida e o valor da produção do eucalipto.

Tabela 10. Mato Grosso do Sul: área ocupada pelo eucalipto nos municípios ligados

diretamente ao circuito espacial produtivo de celulose (em hectares) (2014-2016)

Municípios 2014 2015 2016 Água Clara 118.000 120.000 125.000 Anastácio 2.300 2.500 2.000 Aparecida do Taboado 18.000 18.200 19.100 Bandeirantes 2.150 2.700 2.500 Bataguassu 2.000 2.000 2.200 Brasilândia 58.000 60.000 96.000 Campo Grande 24.500 24.500 22.000 Cassilândia 4.000 2.500 3.000 Chapadão do Sul 3.000 3.200 3.000 Dois Irmãos do Buriti 14.000 15.000 16.200

Inocência 40.000 43.500 45.800

Jaraguari 14.500 15.000 14.500

Nova Andradina 12.000 13.386 13.000

Paranaíba 6.450 7.048 9.000

Ribas do Rio Pardo 175.000 196.000 205.000 Santa Rita do Pardo 20.000 21.480 28.500

Selvíria 95.000 74.350 81.500

Terenos 1.600 1.730 -

Três Lagoas 200.000 217.600 230.000 Total – municípios selecionados 810.500 840.694 918.300 Mato Grosso do Sul 886.381 921.404 993.807

Fonte: IBGE, 2016.

Dos cerca de 920 mil hectares23 existentes de eucalipto no MS, em 2015, segundo o IBGE, a Fibria e a Eldorado Brasil controlavam diretamente cerca de 515 mil hectares24, de acordo com os dados disponibilizados pelas companhias em seus respectivos planos de manejo. Esses dados revelam a magnitude e o uso corporativo do território por essas empresas, responsáveis por controlar frações significativas do território, principalmente no Leste do estado.

Vale salientar que boa parte dos eucaliptais não controlados diretamente pela Fibria ou pela Eldorado Brasil também estão ligados ao circuito espacial produtivo de celulose, pois são cultivados pelas empresas de “reflorestamento”, que posteriormente comercializam seus eucaliptos com as empresas mencionadas.

Além de Três Lagoas, a Fibria, em Mato Grosso do Sul, atua diretamente em mais cinco municípios – Água Clara, Brasilândia, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo e

23

Como visto anteriormente, segundo a IBÁ, o Mato Grosso do Sul possuía, em 2015, 826.031 hectares ocupados por eucalipto, enquanto para o IBGE o estado possuía 921.404 hectares. Os números distintos são frutos das diferentes metodologias utilizadas.

24

Vale salientar que esses 515 mil hectares dizem respeito apenas as áreas ocupadas pelos eucaliptais, pois as áreas controladas pelas companhias, somando os outros usos, como as áreas de conservação, ultrapassam os 650 mil hectares. O restante da área, ou seja, cerca de 415 mil hectares, podem ser ocupados por eucaliptais de empresas de reflorestamento que, posteriormente, comercializam a madeira em tora com as fábricas de celulose, ou então, em menor proporção, por eucaliptais destinados a outros fins.

Selvíria –, todos localizados na porção Leste sul-mato-grossense, nas proximidades do município de Três Lagoas. Nesses 6 municípios, a companhia possui base florestal de 342 mil hectares, entre terras próprias, arrendadas e fruto de parceria (Tabela 11).

Tabela 11. Mato Grosso do Sul: terras controladas (em hectares) pela Fibria (2015)

Município Área do

município

Própria Arrendada Parceria Área

ocupada (ha) Área ocupada (%) Água Clara 780.921 5.968,83 24.080,85 - 30.049,68 3,85 Brasilândia 580.690 27.761,81 24.350,85 33.459,51 85.572,17 14,74 Ribas do Rio Pardo 1.730.809 - 44.865,34 - 44.865,34 2,59 Santa Rita do Pardo 614.307 - 922,02 - 922,02 0,15 Selvíria 325.833 14.623,54 11.708,61 - 26.332,15 8,08 Três Lagoas 1.020.695 27.986,63 75.894,39 50.867,09 154.748,47 15,16 Total 5.053.255 76.340,81 181.822,60 84.326,60 342.489,47 7,4

Fonte: FIBRIA, 2016a.

Dos pouco mais de 342 mil hectares controlados pela Fibria, cerca de 225 mil hectares são ocupados pelo monocultivo de eucalipto e quase 100 mil hectares são de áreas destinadas à conservação. O restante, cerca de 18 mil hectares, são destinados a outros usos (estradas, construções, faixa de proteção das redes de alta tensão, gasoduto etc.) (Tabela 12). O destaque da Tabela 12 diz respeito à área controlada pela Fibria nos municípios de Três Lagoas e Brasilândia. Sozinha, a companhia controla 15,16% das terras de Três Lagoas e 14,74% das terras de Brasilândia. Tal situação ocorre devido à sua planta industrial, localizada no município de Três Lagoas e a poucos quilômetros de distância de Brasilândia.

Tabela 12. Mato Grosso do Sul: uso das terras (em hectares) controladas pela Fibria (2015)

Município Área do município Floresta plantada Conservação Outros usos Área ocupada Área ocupada (%) Água Clara 780.921 16.456,52 11.586,14 2.007,02 30.049,68 3,85 Brasilândia 580.690 55.697,71 26.292,98 3.581,48 85.572,17 14,74 Ribas do Rio Pardo 1.730.809 31.157,52 11.941,32 1.766,50 44.865,34 2,59 Santa Rita do Pardo 614.307 554,21 316,72 51,09 922,02 0,15 Selvíria 325.833 17.514,77 7.533,04 1.284,34 26.332,15 8,08 Três Lagoas 1.020.695 103.409,39 41.812,46 9.526,26 154.748,47 15,16 Total 5.053.255 224.790,12 99.482,66 18.216,69 342.489,47 7,4

*Entre esses dados das tabelas não foram considerados pela companhia os Fomentos (2.656,75 ha.) e Compra de Madeira (10.685,98 ha.).

Fonte: FIBRIA, 2016a.

A Eldorado Brasil, por sua vez, no ano de 2015, possuía áreas certificadas nos municípios de Água Clara, Anastácio, Aparecida do Taboado, Dois Irmãos do Buriti, Inocência, Santa Rita do Pardo, Selvíria, Paranaíba, Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e